terça-feira, 5 de março de 2013

A IGREJA PAROQUIAL DE BALASAR (4)


A reconstrução da Igreja do Matinho no século XVIII

Embora possuamos o dossiê relativo à bênção da capela-mor da Igreja do Matinho, há certamente em Braga vários documentos que desconhecemos e que têm a ver com a construção do corpo principal desta igreja.
Em 2001, o Mons. Manuel Amorim escreveu esta nota para a exposição Terras de Balasar que decorreu no Museu Municipal da Póvoa de Varzim:
Quando em 1740 o Comendador Fernando Xavier de Miranda Henriques mandou construir uma nova capela-mor e uma nova casa da residência do reitor, autorizou o empreiteiro a servir-se dos materiais aproveitáveis, que seriam retirados da capela demolida e das velhas moradias ali existentes. O Comendador executou a obra por imposição do tribunal da Mesa da Consciência e tal sugere que os fregueses tinham de há muito feito a sua parte, ou seja, a reconstrução do corpo da Igreja.
Há aqui alguma coisa que não deve estar certa. De facto, a capela-mor da Igreja de Balasar foi reedificada antes do começo de 1736. O pedido de autorização para a benzer não tem data:
Ilustríssimo Senhor
Dizem os moradores da freguesia de Santa Eulália de Balasar, termo de Barcelos, Arcebispado Primaz, que arruinando-se a capela-mor da sua igreja e freguesia e para haver de se reparar foi necessário erigi-la sendo de novo feita e acabada e juntamente emadeirada, telhada e caiada, com seu altar feito e tribuna benzida, capaz para nela se poder celebrar o Santo Sacrifício da Missa, pelo que pede a Vossa Ilustríssima seja servido conceder-lhe licença para se benzer e dizer nela e celebrar o Santo Sacrifício da Missa.
Mas tem-na a resposta a um esclarecimento depois pedido ao reitor de Balasar:
Ilustríssimo Senhor
O que os suplicantes alegam na sua petição é verdade porquanto a capela está feita e acabada e juntamente emadeirada e telhada e caiada e tem seu altar e tribuna benzida, capaz para nela se poder celebrar o Santo Sacrifício da Missa. É o que posso informar (?) informar a Vossa Ilustríssima, que mandará o que for servido.
Balasar e de Março dezasseis de 1736.
O Reitor António da Silva e Sousa
Tem também data a provisão que autorizou a bênção:
Nós, Deão, Dignidades, Cónegos, Cabido, sede vacante, Primaz das Espanhas, etc., pela presente e visto o requerimento retro dos suplicantes e moradores da freguesia de Santa Eulália de Balasar e por informação (?) dela concedemos a licença ao (?) Reverendo Pároco para que na forma do Missal Romano possa benzer a capela-mor da sua freguesia visto constar da sua informação se achar reedificada com a decência devida e com isso na mesma se celebrar nela na forma do estilo.
E por assim havermos por bem mandamos passar a presente que depois de por nós assinada se trasladará no livro do Registo Geral desta Corte sem o que não valha.
Dada em Braga sob nosso selo capitular aos 27 dias do mês de Março de 1738 anos.
Entre os suplicantes contar-se-iam os Grã-Magriços Manuel Carneiro e seu filho Alexandre Carneiro e o António da Costa Soares, do Porto, que ia edificar a capela da Senhora da Piedade, bem como os lavradores mais representativos.

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