quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Uma fotografia do Pe. Domingos José de Abreu

O Pe. Domingos José de Abreu paroquiou Balasar desde 1834 a 1841, um período extremamente sensível da história da freguesia e do país. Já lá vivia ao tempo da aparição da Santa Cruz, viu serem erguidas as duas capelas da mesma Santa Cruz e foi mais tarde pároco de Rio Mau por muitos anos. Manuel Fernandes Soares Pinho, na sua monografia de Rio Mau, traz uma fotografia dele e dá mais alguma informação sobre a sua acção nessa freguesia. É de lá que, com a devida vénia, copiámos a fotografia que apresentamos. 
Nos livros do Juiz de Paz, o nome do Pe. Domingos José de Abreu ocorre muitas vezes.

sábado, 23 de agosto de 2014

Um calvário aqui ao lado, em Gondifelos


A vida da Beata Alexandrina decorreu, na sua maior parte, no Calvário. No Calvário como lugar e no calvário do sofrimento contínuo.
Desconhecíamos que numa freguesia vizinha de Balasar, Gondifelos, houvesse um conjunto de cruzes a que se chama Calvário, mas há, e bem cuidado.
Calvário em Gondifelos.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O empreiteiro da Igreja Paroquial de Balasar

A documentação relativa à construção da Igreja Paroquial de Balasar perdeu-se. Por isso para estudar essa construção é preciso procurar muito, mas às vezes descobrem-se pequenas informações relevantes. Hoje colocamos aqui uma fotografia do empreiteiro que a edificou; foi-nos facultada por um bisneto dele e não é contemporânea da obra, mas de cerca de 1938.
Este empreiteiro - canteiro - chamava-se António Fernandes Dias e nasceu em Mujães, Viana do Castelo, em 6 de Novembro de 1868. Depois de construir a igreja de Balasar, construiu a da Misericórdia da Póvoa e no fim emigrou para o Brasil.

António Fernandes Dias, o empreiteiro da Igreja Paroquial de Balasar.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Vinde todos, colhei, são flores celestes!

É a tua última fase e a mais dolorosa. Oh, que agonia será a tua! Assim ficarão escritas no livro da tua vida todas as maravilhas e ciências divinas; livro que nunca foi nem será igualado.
Podem vir todos ao jardim que Eu cultivei colher flores de virtudes, flores de pureza, flores de amor, flores de graça, flores de caridade, flores de heroísmo, flores de toda a variedade.
Vinde todos, colhei, são flores celestes!
Depois disto, depressa chegará o Céu.
Que encantadora será a tua morte! Será a morte cheia da maior agonia, mas cheia do maior amor.
Diz-me, minha filha, por quem Me ofereces estes últimos sofrimentos da tua vida?
– Pelo que for da Vossa divina vontade, meu Jesus; é só isso o que eu quero.
– Minha amada, minha loucura, quero que Me ofereças uma parte desses sofrimentos pelos sacerdotes, para os que possuem a luz divina e compreendem a minha vida nas almas a possuírem cada vez mais e compreenderem cada vez melhor e não terem outra vida a não ser a minha; pelos que a não compreendem, para que a estudem e, não estudando nem a compreendendo, não tentem apagar a luz e matar essa mesma vida; e por todos aqueles que Me ofendem gravemente. A outra parte oferece-Ma pelo mundo inteiro, porque todo ele te pertence, porque to confiei.
Podes pedir-Me tudo o que quiseres e por todos. Os que te conhecem vão sentir a tua perda, que não chega a ser perda: continuarás no Céu com todo o poder junto do trono divino a dispensar-lhes todas as graças e a continuares a tua missão.
Vai, filhinha, escrever tudo; para tudo tens toda a luz do Espírito Santo!
– Muito obrigada, meu Jesus, sede sempre a minha força.
Sentimentos da Alma, 23 de Março de 1945

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A propósito duma notícia de Maio de 1951


No Idea Nova de 5 de Maio de 1951, informou o Pe. Leopoldino:

Houve nesta freguesia a concentração das associadas da Liga Agrária Feminina, a que compareceram associadas das freguesias de Amorim, Aver-o-Mar, Rates, Touguinha, Gondifelos e Fradelos. A todas falou com entusiasmo e largo conhecimento do assunto a Sra. D. Amélia Reis, directora diocesana, residente em Braga.
Foi nomeada a seguinte comissão para a fundação da mesma obra e que ficou assim constituída: D. Felismina Santos Martins, D. Maria Mendonça Machado, D. Ana Silva Malta e D. Teresa Ferreira Matias.

O que há de mais original nesta notícia é conter os nomes das três balasarenses penitentes do Pe. Molho de Faria (Felismina Martins, Mariazinha Machado e Teresa Matias), a que o Pe. Humberto atribuiu influência decisiva na comissão que em 1943 elaborou o relatório pedido pelo Arcebispo e de que iria resultar a nota de Junho de 1944 tão dolorosa para a Alexandrina.
A Liga Agrária Feminina integrava-se certamente na Acção Católica, que o Pe. Molho dinamizava.
A Felismina devia ser então muito conceituada para o seu nome ocorrer antes do da Mariazinha Machado, uma vez que não era propriamente agricultora e era pobre. Claro que a Mariazinha Machado também não era agricultora, mas era filha de um grande lavrador, Joaquim Machado.
Há um autor que diz que a principal informadora do Pe. Molho fora uma ex-doroteia. Felismina Martins não foi propriamente uma doroteia, apenas postulante doroteia, se não erramos.
Teresa Matias havia de ser a principal informadora da Prof.ª Zulmira quando ela escreveu o seu trabalho sobre aspectos etnográficos de Balasar. Vem lá uma fotografia dela.
Da Mariazinha Machado, sabemos que escreveu uma carta ao Pe. Heitor a negar que tenha tido a responsabilidade que o Pe. Humberto lhe atribuiu. 
Porque é que uma concentração destas, como outras, decorreu em Balasar? Com certeza pelas invulgares dimensões da igreja paroquial.

domingo, 17 de agosto de 2014

Uma carta do Pe. Leopoldino sobre a Alexandrina

Traduzimos esta carta que vem nas págs. 773-774 de Cristo Gesù in Alexandrina. Ela é interessante sob muitos aspectos, sendo dois deles a situação médica concreta da Alexandrina naquele momento e o distanciamento que o pároco mantinha frente a ela.
Não sabemos nada sobre o destinatário.

Balasar, 30/4/1942

Rev. Pe. Ifigénio Adão Pinto Casalta, amigo e colega

Recebi a sua a que respondo.
A doente Alexandrina está tão grave que lhe administrei a sagrada Unção. Há cinco semanas que não ingere nada excepto a santa Comunhão diária e uma vez ou outra um pouco de água que nem sempre retém. A sua fraqueza é tal que não pode receber injecções: tudo lhe faz mal. Fala muito pouco e não dorme; geme apenas. O médico assistente, Dr. Azevedo de Ribeirão, disse-me que não sabe como possa viver; e está surpreendido que demore tanto a morrer.
Os fenómenos das sextas-feiras continuam mas noutra forma; até à sexta-feira de Abril (?), saía da cama e reproduzia ao vivo a Paixão; de sexta-feira santa para cá, entra em êxtase ao meio dia até às três e meia, mas não desce da cama, e tem dores horríveis…
Por isso não poderá sair de casa tão cedo e creio muito próxima a sua morte.
A doente é muito pobre; era uma camponesa e vive de esmolas porque não pode trabalhar; a mãe também é pobre.
Desde que está doente já foi duas vezes ao Porto para exames médicos, mas estes não conseguiram saber qual é a doença de estômago que a faz vomitar tudo; tiraram-lhe a radiografia. Quem tratou destas viagens foi o confessor e director espiritual Pe. Pinho, que arranjou os meios para o transporte e permanência no Porto para ela e para a irmã, que a acompanhou.
Tenho-me conservado estranho ao caso, limitando-me como pároco só a dar-lhe a Comunhão e a assistir como simples espectador aos fenómenos da sexta-feira.
Vieram cá Padres da Companhia (de Jesus) e seculares, médicos e outras pessoas, mas só com autorização do Pe. Pinho porque eu não tenho poder para isso a não ser que venha oficialmente, autorizado pelo Ordinário.
Na freguesia pouquíssimas pessoas sabem do facto e se alguma coisa transparece é pelos automóveis que estacionam frente à casa; mas agora são raríssimos por falta de gasolina.
Deverá ir a Coimbra?... Em Braga ou no Porto não haverá médicos competentes e de confiança do nosso Arcebispo para examinar a doente?
Ela nunca foi a Coimbra e a viagem é muito longa. Quando foi ao Porto o médico receou que morresse na viagem; e então estava muito mais forte do que agora porque se alimentava.
A Beata Alexandrina em êxtase. Ao lado esquerdo, fundo, vê-se a mão do Pe. Pinho e o caderno em que toma apontamentos.

A pedido do Pe. Pinho, o Dr. Elísio de Moura veio examiná-la e declarou que precisava de observá-la alguns dias para lhe estudar a doença.
Poderá ele fazer o que não conseguiram os médicos do Porto?
A doente ficou mal impressionada com médico do Dr. Elísio, que no exame usou modos muito bruscos, mesmo grosseiros, próprios para dementes mais que para pessoas mentalmente normais.
Informado dos fenómenos da sexta-feira disse tratar-se de histerismo; contestado com argumentos fundamentados nesta sua opinião declarou que ignorava tais fenómenos espirituais e que nenhum médico em Portugal está à altura de responder nestes assuntos.
Estando assim as coisas porquê mandar a doente a Coimbra? Para martirizá-la e matá-la, mesmo que involuntariamente?
Gostaria de ir a Braga para falar disto ao Arcebispo; e se o Dr. Ferreira de Macieira de Rates estivesse disposto a acompanhar-me explicaria a doença desde o seu princípio porque foi ele o médico que a assistiu mais tempo. Mas estou numa paróquia sem comunicações pelo que me é difícil a viagem a Braga. Vamos ver se a posso fazer.
À espera de novas ordens creia-me colega e amigo.
Pe. Leopoldino Rodrigues Mateus

sábado, 16 de agosto de 2014

Sacerdotes naturais de Balasar


O nosso estudo sobre Balasar permitiu identificar os nomes de cerca de trinta párocos. Tendo em conta os que não foi possível identificar, conclui-se, sem exagero, que nos últimos 1.000 anos, que é, aproximadamente, desde quando existe a organização paroquial actual, a freguesia deve ter precisado de uns 40, a passar[1]. É de crer que tenha dado à Igreja cerca de outros tantos. E deu também sacerdotes regulares.
As inquirições de genere[2] em linha dão conta apenas de treze. Ordenámo-los cronologicamente, pela data em que foi promovida a inquirição, que segue o nome entre parêntesis:

Valentim Rodrigues Costa (1709-07-31), de Vila Pouca;
Eusébio António Soares (1730-11-03), do Casal;
Francisco Álvares Santos (1833-06-18) xxxx
Manuel Lopes Costa (1851-09-03), do Casal;
Miguel Fernandes Sousa Campos (1851-09-09), da Tinta;
José António Costa Reis (1856-10-17), de Gresufes;
José Lopes Silva (1856-10-17) xxxx
Manuel Fernandes Sousa Campos (1877-02-27), do Lousadelo;
Alexandre Lopes Alves Silva (1884-12-05), de Casal;
António Gomes Ferreira (1886-03-03), do Lousadelo;
Joaquim Costa Machado (1890-11-04), de Gresufes;
António Ferreira Matias (1908-05-14), de Vila Pouca;
Celestino Domingues Silva Furtado (1910-05-09), da Gandra.

Houve ainda o Pe. João Costa, de Escariz, falecido em Balasar em 2 de Setembro de 1774, do qual parece que não está em linha a respectiva inquirição; houve depois dois sacerdotes regulares (não diocesanos), recentes, Lino Martins da Silva Araújo, missionário, nascido no Matinho a 26 de Julho de 1861 e falecido em Moçambique, e o “Dr. Manuel Fernandes da Silva Campos, que se ordenou sacerdote e entrou para a Companhia de Jesus” (Pe. Leopoldino Mateus) e deve ter falecido no Brasil[3]. E há dois sacerdotes diocesanos vivos, o Pe. José Gomes da Silva Araújo e o Pe. Bernardino Alves de Sá.




[1] E, além dos párocos, houve os curas, os coadjutores e outros sacerdotes que residiram na freguesia de modo mais ou menos permanente.
[2] A inquirição de genere era uma investigação sobre a idoneidade moral do candidato a sacerdote diocesano; a investigação estendia-se também aos pais e avós.
[3] Quem menciona também este sacerdote é o Pe. António Gomes Ferreira no seu artigo sobre o Pe. Álvaro Matos. Em 1910, quando teve de suportar os desmandos da República, o Pe. Manuel Fernandes da Silva Campos ensinava no colégio de Guimarães.

Devoção a Nossa Senhora de Fátima em Balasar


Em Junho de 1934, o Pe. Leopoldino Mateus benzeu uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, oferecida pela célebre Mariazinha Machado, filha de Joaquim Machado. Pela Autobiografia da Alexandrina, sabemos que em Balasar a devoção a Nossa Senhora de Fátima já vinha de há muitos anos. A a nova imagem, que uma procissão trouxe de Gresufes para igreja, significava um largo passo em frente. Transcreve-se a notícia d’A Propaganda saída com data do dia 16:

Aproveitando a oferta da nova imagem, feita pela Sr. D. Maria Mendonça Machado, virtuosa filha do nosso amigo Sr. Joaquim António Machado, proprietário desta freguesia, o nosso pároco, Rev. Leopoldino Rodrigues Mateus, iniciou o culto de Nossa Senhora de Fátima, de um modo solene e eficaz.
No dia 12 à noite, saiu da casa da oferente (Gresufes) uma grandiosa procissão de velas em que tomaram parte cerca de 1000 pessoas, empunhando lanternas com a figura da Senhora e os pastorinhos da Cova de Iria, adquiridas na Póvoa. A maior parte do cortejo era constituído pelos homens que sem respeito humano cantavam com entusiasmo os versos de Fátima. Seguiam-se os Cruzados Eucarísticos, andor da Virgem e as mulheres e crianças atrás, todos rezando e cantando. As casas da passagem da procissão conservaram-se iluminadas, o que na noite escura e serena produzia um lindo efeito.
À entrada da igreja o nosso zeloso pároco, junto do andor da Senhora, proferiu uma alocução preconizando a necessidade da hora presente em que os católicos de credo e mandamentos se deviam integrar na acção social sob a bênção da Padroeira de Portugal.
No dia 13, houve de manhã missa solene em que comungaram 300 pessoas e à tarde exercício do mês de Maria e procissão do Terço, que também foi largamente concorrido pelo povo da freguesia e das vizinhas, notando-se o mesmo entusiasmo dos homens no canto. As ruas do trajecto estavam magnificentemente decoradas, apresentando lindos e artísticos tapetes de verdes e flores à moda da Póvoa.
Junto da igreja, o nosso Rev. Pároco proferiu uma bela alocução referindo-se ao património de Nossa Senhora que, olhando com benignidade e amor para o velho Portugal, com justa razão denominado Terra de Santa Maria, dignou-se visitá-la por ocasião da grande conflagração europeia, incitando-o à oração e penitência, para conservar a sua autonomia, naquele momento tão em perigo. É dever do povo português corresponder a esta ternura de Maria com uma vida de dedicação e sacrifício pela causa de Deus; por isso, o culto da Senhora de Fátima ia-se alastrando em todo o país para honra de Deus, glória da Virgem e santificação do povo cristão.

Tanto na véspera como no dia, ao recolher da nova e linda imagem, feita na Casa Fânzeres & C.ª, de Braga, houve uma grande manifestação do povo a Nossa Senhora, dando-Lhe palmas, vivas e acenando com lenços. Foi uma festa que deixou saudades não só ao povo da freguesia como ao povo das freguesias vizinhas e às famílias da Póvoa que vieram assistir. 

Temos algumas dúvidas se a inauguração decorreu em Junho se em Maio, que é o mês de Maria.

Joaquim Machado (2)


Em Fevereiro de 1944, Balasar homenageou Joaquim António Machado como se pode ler n’O Comércio da Póvoa de Varzim de 10 desse mês. A homenagem decorreu nas Fontainhas. De facto, ele integrara a Comissão Organizadora da feira local, tendo sido o principal colaborador do Chefe Sá, dados os seus grandes conhecimentos e amizades no meio agrícola, pagara de seu bolso as árvores e a respectiva plantação tanto no largo da feira como na avenida e presidiu sempre aos concursos pecuários e corridas de cavalos lá realizados.
Transcreve-se a notícia d’O Comércio na qual intercalámos a itálico informação sobre alguns dos participantes:
Um grupo de admiradores do nosso amigo Sr. Joaquim António Machado, presidente da Junta de Freguesia de Balasar, promoveu-lhe uma homenagem de regozijo pelas suas melhoras a que se associaram as principais personalidades da mesma paróquia e algumas de fora.Houve missa em acção de graças pelo Rev. Abade, acompanhada de demonstrações festivas, e um lauto almoço em que tomaram parte muitos convivas, entre eles os Srs. Pe. Leopoldino Mateus (pároco), Lino António Ferreira (vendeiro do Calvário), Dr. João António Ferreira da Costa (médico das Fontainhas, futuro vereador), José António de Sousa Ferreira (industrial das Fontainhas, ex-vereador, presidente local da União Nacional), Dr. Arlindo de Carvalho (farmacêutico das Fontainhas), António José de Sousa Ferreira (industrial das Fontainhas), António Alves da Costa, João de Sousa Pereira Júnior, Cândido Manuel dos Santos (funcionário do registo civil), Manuel Dias da Silva, Antero Alves da Costa Reis (presidente da Junta), Alberto Gomes Ervalho, Laurentino da Silva Malta, Delfim da Costa Machado (tio do homenageado), Carlos Gomes de Carvalho, António Gomes dos Santos Reis, António Domingos da Silva Furtado (anterior presidente da Junta), António Alves dos Santos, Amadeu dos Santos Leitão, Celestino Gonçalves de Sá, Dr. José Ferreira Gonçalves da Costa (médico, irmão do Dr. João), Joaquim Furtado Martins, Manuel Rodrigues Gomes, José Rodrigues Gomes, José Ferreira da Silva e Sá (filho do Chefe Sá), Carlos da Costa Reis (antigo político republicano, natural de Gresufes como o homenageado), Severino da Silva Campos, António Mariz, Alexandre Lopes Alves da Silva, Manuel dos Santos Cunha Pereira, António Alves Ferreira, Joaquim da Costa Gomes, Joaquim Pereira da Silva Costa, Joaquim de Araújo Santos, Armindo Oliveira e Silva, José Rodrigues, António Malheiro Correia Brandão, Manuel Rodrigues da Costa, José Joaquim dos Santos, Carlos Teixeira de Sousa e Manuel Ferreira Guimarães.
Ao toast fizeram-se calorosos brindes ao homenageado, que foi alvo de muitas atenções e recebeu cartas de felicitações de amigos que não puderam assistir à festa.De coração nos associamos à referida homenagem, fazendo votos pela saúde e prosperidade do nosso querido amigo Sr. Joaquim António Machado.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Algumas pessoas estavam doidas de alegria!


O regresso de Joaquim Machado à prática religiosa há-de ter sido visto como uma grande vitória, até pelo que ele representava na freguesia. Na carta de 21 de Março de 1941 da Alexandrina ao Pe. Pinho, ela evoca esse momento.

Jesus preparava-me para o sofrimento do dia seguinte, terça-feira. Não sei pelo que foi. Seria por ir daqui a Braga aquela alma resolvida a reconciliar-se com Nosso Senhor? Jesus é quem o sabe; eu ofereci-Lhe a minha dor, o meu sacrifício para que aquele pecador fizesse uma boa confissão. A minha dor era imensa, já quase não podia com tanto esmagamento. Não sentia alegria por aquela ovelhinha que ia para Jesus.
Na quarta-feira, dia de São José, logo de manhãzinha, recebi os tercinhos que o Padre por ele me enviou. Algumas pessoas estavam doidas de alegria ao vê-lo comungar no princípio da missa diante de toda a gente.

Joaquim Machado (1)

No nosso livro Balasarenses colocámos bastante informação sobre o grande bairrista e lavrador abastado que foi Joaquim Machado (10/4/1888-23/6/1970). Embora soubéssemos que era o pai da Mariazinha Machado, não víamos que o seu nome devesse figurar numa página da Beata Alexandrina. Mas deve. No Cristo Gesù in Alexandrina, o Pe. Humberto dedica-lhe uma porção de linhas sob a epígrafe “ritorno di una pecorella”, regresso duma ovelha.
Sob este título, na página 93 (do mesmo Cristo Gesù in Alexandrina), Alexandrina fala duma conversão. O Pe. Humberto questionou a Deolinda sobre este convertido anónimo. Ela respondeu em 6 de Setembro de 1973:
Sobre o pedido que me faz, é verdade o que me disse, mas não tenho uma lembrança muito clara. Aconteceu com o Sr. Machado, pai da Mariazinha. Ele não frequentava os sacramentos desde há muito e quando visitava a Alexandrina ela falava-lhe sempre nisso. Um dia finalmente decidiu-se e exprimiu o desejo de se confessar ao Pe. Pinho. A minha irmã deu-lhe um bilhete de recomendação e ele foi a Braga. Voltou muito contente e veio agradecer à Alexandrina. Devo dizer que este homem teve sempre uma grande estima pela minha irmã. É verdade, como diz V. Rev., que se apresentou à mesa eucarística sem respeitos humanos.
O episódio remonta a Março de 1941.
Em Agosto de 1935, Joaquim Machado ofereceu vários bancos para a Igreja Paroquial e muito mais tarde fez parte das comissões para a compra dos sinos novos e para a do Cruzeiro Paroquial.

Joaquim Machado e a filha, Mariazinha Machado.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ainda as vindas do Pe. Molho de Faria a Balasar

No início da década de quarenta (antes portanto de integrar a tristemente famosa comissão), o Pe. Molho e Faria voltou a fazer serviço para a paróquia de Balasar ao menos duas vezes, como está documentado nos noticiários do Pe. Leopoldino Mateus. Mas é provável que tenha vindo noutras ocasiões pois os noticiários que se conservam devem ser apenas uma pequena parte dos que foram publicados ou então dos que poderiam ter sido publicados. Os que se conservam desta década são menos que os dos sete anos da década anterior.
Em Junho de 1940, o Pe. Molho de Faria foi pregar a Rates.

Verificou-se hoje (8/12) a festa da Imaculada Conceição com sermão pelo Rev. Dr. Molho de Faria, abalizado professor do Seminário de Braga (13/12/41, Idea Nova).


Têm sido concorridas as novenas do Menino Jesus, cuja festa, promovida pela Acção Católica, se realiza no dia 1 de Janeiro. A festa será precedida de tríduo, sendo conferente o Sr. Dr. Molho de Faria, abalizado professor do Seminário de Braga (27/1/43, A Propaganda).

Desta vez deve ter visitado a Alexandrina pois em Março escreveu ao Pe. Pinho sobre ela.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Teatro, canto e outras artes em Balasar ao tempo da Beata Alexandrina


A memória mais antiga de representações dramáticas em Balasar remonta a 1903, quando Manuel Sá criou o seu Grupo Cénico “que levou ao palco dramas sacros e comédias hilariantes”. Uma vez que na altura a população das Fontainhas era muito reduzida e não seria possível improvisar qualquer espaço para as representações, estas devem ter ocorrido próximo da igreja, que ainda era a do Matinho.

As Reisadas

Em 1926 ou 1927, um tal Vieira levou à cena o Auto de Natal[1] ou as Reisadas, uma extensa, diversificada e antiga produção popular de tema natalício. Era uma obra aberta, em verso (a comum redondilha), onde cabiam momentos sérios de reflexão sobre o nascimento do Salvador, mas também se encaixavam momentos burlescos, anedóticos ou outros.
O Vieira, que descendia do tecelão da Gandra, levou a peça à cena em várias freguesias da vizinhança.
A figura principal era a do tirânico Herodes; uma figura secundária do auto era o Conde Alberto (que ocorre no rimance de D. Silvana, que foi também muito popular). Uma personagem que os espectadores fixavam era Bambalho, o capitão da polícia de Herodes.
Vejam-se dois fragmentos da obra. No primeiro, em que Herodes conversa com Bambalho, há um quiproquó um pouco primário:

Diz Herodes:
Olá!
Ou eu variei do sentido
Ou então, se penso bem,
Bambalho está doido varrido.

Bambalho... Bambalho...
Acorda, Bambalho!

Diz Bambalho estremunhado:

A corda foi na burra!

Neste outro o rei alteia o tom para expressar a desorientação que o atormenta:

Diz Herodes:

Ó Céus dos sacros impérios,
Vós não me desampareis,
Que eu prometo fielmente
Cumprir sempre as vossas leis.

Mas este caso é sério
E resolver-me não sei.
Vou para o meu gabinete
Considerar no que farei.

Reparar no assomo vago de fé do sanguinário Herodes e na anacrónica menção do seu gabinete.
O êxito das Reisadas deve ter sido grande a ponto de o responsável delas chegar a ser convidado a repeti-las no Brasil.
De facto, as Reisadas já se deviam representar em Balasar desde muito antes: já eram célebres aí por 1914.
Um noticiário de meados de 1935 fala da Tuna de Balasar; este agrupamento musical devia intervir no espectáculo das Reisadas.

A Morte de Abel

Em 31 de Janeiro de 1937, inaugurou-se o salão paroquial de Balasar. Em Março, o professor primário António Costa criou na freguesia um novo Grupo Cénico. Mas fala-se também do grupo Rambóias, que em Abril representou a engraçada comédia em um acto “Medicomania”. Talvez se tratasse do mesmo.
Uma obra teatral de tema bíblico repetidamente aí representada foi A Morte de Abel. Pessoas há na freguesia que ainda dela se recordam, pois tinha cenas que impressionavam muito vivamente.
Um dos actores era certamente Celestino Manuel dos Santos, um homem que se dava também a fazer versos.
Em 19 de Maio, o grupo Os Rambóias ensaiavam-na e em breve devem ter começado as representações pois em Agosto o Pe. Leopoldino informava que “o salão recreativo tem tido bastante concorrência desde a apresentação da Morte de Abel, que tem agradado muito. Acompanha os cânticos a piano o Sr. Professor Carvalho Costa”.
Veja-se agora o que noticiou o Pe. Leopoldino em Abril de 1939:

Realizou-se há dias uma festa escolar. O teatro encheu-se por completo e muita gente não assistiu por falta de lugar, tal o interesse que o espectáculo despertou no ânimo do povo desta freguesia e das freguesias circunvizinhas.
Pelo enunciado do programa, ver-se-á a sua importância: A Avozinha, o Riso, A Floreira, Os Ninhos, Sou gente, A Poveira, Fábula Polaca, Homem do Campo, O Lobo e o Cordeiro, O Lagarto e a Cobra, Já Sou uma Senhora, a patriótica canção José Maria, O Edital, A Tabuada, O Delicado, O meu Gatinho, o Rantaplão, A Caminho da Feira, O que eu Faço, Lição de História.
Terminou com o cântico A nossa Bandeira pela menina Maria Adelaide Ferreira da Costa.
Insano trabalho tiveram os professores António Costa e D. Conceição Reis para ensaiar as crianças, fazendo de rudes moradores do campo lindos actores que se houveram muito bem no desempenho dos seus papéis, merecendo fartos aplausos.

O entusiasmo devia ir em grande pois nas Fontainhas criou-se um salão-teatro:

Em 2 de Outubro de 1938, inaugurou-se o novo teatro das Fontainhas, explorado pelos irmãos Gomes, da oficina de consertos de automóveis e bicicletas. Da parte cénica está encarregado o grupo recreativo de Balasar, habilmente dirigido pelo professor Sr. Carvalho da Costa. O pequeno teatro tem tido grandes enchentes, agradando as peças representadas.


Ida do Grupo Cénico a Forjães

Pouco depois da Páscoa de 1939, o Grupo Cénico foi a Forjães, Esposende, e deu um espectáculo no Teatro Escolar da freguesia. Foi um sucesso, como o Pe. Leopoldino deu conta n’A Voz da Póvoa de 1 de Junho:

A propósito da representação do nosso grupo cénico, diz o correspondente de Forjães para o Esposendense:
“Como noticiámos, realizou-se no passado domingo realizou-se na passado domingo um espectáculo no Teatro das Escola Rodrigues de Faria pelo Grupo Recreativo de Balasar, Póvoa de Varzim. Nos diversos números exibidos, foi destacada a Sra. D. Maria Adelaide da Costa que bem demonstrou a sua competência teatral.
Pelos seus admiradores que mais aplaudiram foi-lhe posto o nome de ‘O Rouxinol de Balasar’.
Ao grupo apresentamos os nossos cumprimentos sinceros pela forma gentil como se despediram desta freguesia. A canção de saudade que dedicaram a Forjães mereceu bem a congratulação que lhe foi manifestada”.
Congratulamo-nos com o bom êxito do nosso interessante Grupo Recreativo, que parece ter chegado ao termo da sua efémera existência pelo casamento do Rouxinol e retirada para o Brasil de um dos seus mais categorizados membros.
No Salão-Teatro das Fontainhas, um grupo de amadores de Laundos exibiu o lindo drama sacro Santo Patriarca Abraão. De principiantes nada mais se pode exigir, todavia o nosso povo, a quem falta a educação cívica e literária, antes prefere as obscenidades dos cantadores de aldeia à existência duma representação educativa.
A Mário Santos, dirigente do novo Grupo, enviamos o nosso cartão de parabéns pelo bom êxito da sua arrojada empresa, que educa os componentes e preserva-os dos meios corruptores da taberna.

Com a Rouxinol casada, deve ter acabado o teatro.
Mas nas Fontainhas ainda se há-de assinalar… cinema.



[1] Júlio Dinis, n’A Morgadinha dos Canaviais, fornece uma ideia de como em seu tempo se vivia a representação do Auto de Natal: era um acontecimento artístico que prendia as atenções duma freguesia. Alguns actores improvisavam partes do seu texto.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A mais antiga notícia do Pe. Leopoldino sobre a Beata Alexandirna


Copia-se a seguir a mais antiga notícia que o Pe. Leopoldino deu nos seus noticiários sobre a Beata Alexandrina: fala duma das suas idas ao Porto. Deixamos para outra ocasião o fazer o enquadramento da ida no contexto da biografia e da vivência da Paixão. As próximas menções da Alexandrina nos noticiários só acontecerão nas décadas seguintes.

A automaca dos Bombeiros dessa vila conduziu desta freguesia ao Porto, onde foi radiografada e se encontra em tratamento, a doente Alexandrina Maria da Costa (Vicente), do lugar do Calvário, que entrevou há catorze anos. Acompanhou-a o médico-assistente Sr. Dr. João Alves Ferreira, de Macieira de Rates.
A Voz da Póvoa, 15/12/38

O Pe. Molho de Faria de novo em Balasar

O Pe. Molho de Faria pregou em Balasar em Maio de 1935 no âmbito duma festa em honra de Nossa Senhora de Fátima, voltou a pregar nesse mesmo ano por altura da “festa do Sagrado Coração de Jesus promovida pelo Apostolado da Oração", em finais de Janeiro de 1937 inaugurou a Acção Católica em Balasar, e voltou um ano depois.
Veja-se a notícia desta última vinda:

Foi também um sucesso a festa jocista ultimamente realizada. A Hora de Adoração Nocturna, no sábado, foi concorridíssma, estando Jesus Hóstia exaltado num elegante trono adornado de profusão de lumes e lindas flores. O sermão do Sr. Dr. Molho de Faria agradou muitíssimo. Findo o acto religioso, os assistentes dirigiram-se em grupos, alumiados por fachos ardentes e cantando versos a Jesus Sacramentado, o que constituiu um espectáculo único.
No domingo, pela manhã, houve missa dialogada, homilia pelo Sr. Dr. Molho de Faria e comunhão geral a que concorreram algumas centenas de fiéis. De tarde, realizou-se a tocante cerimónia de entronização do Sagrado Coração de Jesus no salão paroquial, a que presidiu o nosso Rev. Abade Leopoldino Rodrigues Mateus, que foi incansável na organização da festa. Benzida a imagem na igreja, foi conduzida pelos jocistas cantando versos ao Senhor até ao salão, onde foi entronizada e onde ficou a presidir às reuniões da Acção Católica. A seguir houve sessão solene de propaganda católica, presidida pelo Sr. Dr. Molho de Faria, em que falaram da Acção católica os presidentes dos grupos locais, o nosso Rev. Abade e o Sr. Dr. Molho, recitando poesias algumas benjaminas. 
Na igreja paroquial fez-se a seguir a admissão nas fileiras católicas de algumas jocistas e benjaminas, fazendo sobre o acto um eloquente discurso o Sr. Dr. Molho de Faria. O religioso acto terminou com a recitação do terço, bênção eucarística e canto do novo hino a Cristo-Rei, acompanhado a harmónio pelo Sr. Abade de Rates. Assistiram à festa muitas pessoas das freguesias vizinhas e da Póvoa de Varzim afectas à interessante obra da Acção Católica. Parabéns às jocistas pelo brilhantismo da sua festa que marcou nos anais religiosos desta freguesia.


Quando, sete anos mais tarde, presidir à lamentável comissão para estudar o caso da Alexandrina, não era um novato na freguesia. E o salão paroquial ficava bem perto da casa dela e para lá chegar passava-se frente a essa humilde habitação.

sábado, 9 de agosto de 2014

O Padre Molho de Faria em Balasar


Com o título de “Acção Católica” e o subtítulo de “JAC", saiu em 13 de Fevereiro de 1937, no Idea Nova, uma pequena reportagem sobre o nascimento da JAC em Balasar. Não era o vulgar noticiário do Pe. Leopoldino e trazia assinatura, M., mas devia ser ele o autor. O texto é importante por várias razões: porque marca o nascimento da Juventude Agrária Católica na freguesia, porque dá conta do papel que o Padre Molho de Faria nele teve e até porque nos informa de que foi então inaugurado o salão paroquial.

Acção Católica
JAC

Merecem calorosas felicitações os grupos de jacistas da freguesia de Balasar, deste concelho, pelo luzimento e entusiasmo da sua inauguração oficial como organis­mo da Acção Católica. Esta festa marcou, pelo seu brilho, fervor e concorrência de fiéis da freguesia e doutras vizinhas, que ficaram sabendo o fim desta santa obra tão preconizada pelo actual Pontífice Pio XI.
Teve, a abrilhantá-la, o verbo eloquente e persuasivo do nosso conterrâneo, Sr. Dr. Molho de Fa­ria, ilustre professor de Teologia e Moral no Seminário Conciliar de Braga.
No sábado, 30, à noite, houve adoração ao SS.mo Sacramento, exaltado num lindo e artístico trono como nunca esteve naquela religiosa freguesia. O Sr. Dr. Molho fez um bom sermão sobre os deveres dos católicos na hora presente, incitando-os à frequência dos Sacramentos e a ingres­sar nas fileiras da Acção Católica.
No domingo, 31, à missa das 7 horas, fez o notável pregador uma substancial prática sobre a Acção Católica, seu fim, organiza­ção e necessidade – sendo escuta­do com atenção e interesse pelo povo crente que enchia o vasto templo. Comungaram todos os jacistas, acompanhados de suas famílias, em número aproximado de 200 pessoas.
Às 11 horas, começou a mis­sa solene, cantando os jacistas à Missa dos Anjos, acompanhados a harmónio pelo Sr. Abade de Ra­tes. Às 14 horas, procedeu-se à inauguração do grande salão paroquial, onde, doravante, se ensinará a doutrina cristã e se reali­zarão as reuniões das juventudes, a horas diversas. Quando o Sr. Dr. Molho de Faria, ilustre delegado das Comissões Diocesanas, entrou no vasto salão, lindamente ornamentado com motivos agrícolas, acompanhado pelo Rev. Abade de Balasar e de Rates, foi vivamen­te saudado pela numerosa assem­bleia, ansioso de assistir à sessão recreativa e ao mesmo tempo da propaganda da Acção Católica.
Falaram, e muito bem, sobre o objecto da Acção Católica, os dignos presidentes dos grupos, sendo muito aplaudidos. Segui­ram-se diversos recitativos, diá­logos, canções, cenas e o cântico do hino jacista. Todos os intér­pretes, apesar de ser a primeira vez a aparecer em público e sim­ples trabalhadores do campo, houveram-se muito bem e podiam apresentar-se em qualquer vila, o que denotou grande esforço dos dirigentes.
Pouco depois das 15 horas, ve­rificou-se no templo, repleto de fiéis que seguiam com curiosida­de as fases da festa jacista, a comissão oficial no organismo da Acção Católica, de novos mem­bros, sendo 14 rapazes, 13 rapari­gas para a Juventude e 10 benja­minas. Foi impressionante o acto da imposição do distintivo, acom­panhado de uma quente alocução do Sr. Dr. Molho, bem como o compromisso tomado diante do SS.mo Sacramento exposto. Foi uma cerimónia que deveras como­veu a assembleia. Terminou o religioso acto com a recitação do terço e bênção eucarística.
Os dirigentes dos grupos jacis­tas foram vivamente felicitados pelo povo da freguesia e estranhos que ficaram conhecendo o objectivo da Acção Católica.
Daqui, também lhes endereça­m os quentes aplausos, desejando que prossigam eficazmente na sua obra tão recomendada pela Igreja, para benefício espiritual da sua freguesia e ressurgimento cristão do nosso velho Portugal, tão for­temente fustigado pelo comunismo. M.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A doente de Balasar


Em 1953, o nome da Beata Alexandrina surgiu na imprensa com uma insistência nunca antes vista. Então também o Pe. Leopoldino, até aí, e mesmo depois, tão reservado, abriu por uma vez o jogo e falou dela sem entraves no Ala-Arriba de 18 de Julho.

Já uma vez nos referimos aqui àquela doente que vai para trinta anos se vê presa ao leito devido à paralisia de que é portadora e que há uns doze não pode alimentar-se porque o seu organismo não aceita qualquer alimento.
Fizemos essa afirmação baseados em informações de médicos, e entre eles o que é seu médico assistente há mais de uma dezena de anos.
Caso extraordinário, é motivo de dúvida para uns e descrença para outros, mas em muitos provoca já a convicção de que só pode verificar-se por intervenção divina.
Há mais de dez anos sumidades médicas do Porto quiseram tirar a prova e, desconfiados de que se tratasse de embuste, exigiram o internamento em casa apropriada on­de pudessem exercer fiscalização aturada e eficaz.
Foram quarenta dias de exame e tortura para a paciente, que re­signadamente suportou no Porto quanto quiseram exigir-lhe a fim de poderem desfazer o logro que su­punham encontrar.
E a ciência não descobriu o se­gredo do alimento que sustenta aquele corpo franzino e atrofiado e aquela alma generosa e boa, gran­de e pura, que Deus conserva na terra até à hora senta em que a sua Divina Vontade lhe conceda o merecido lugar junto de Si.
Esse alimento das almas não é, nunca foi dispensado pela paciente Alexandrina Maria, e é-lhe levado diligente e diariamente pelo velho abade da sua freguesia, a ridente, airosa e ampla Balasar.
É tal informação que nós não demos aos nossos leitores quando pela primeira vez nos referimos a este caso.
Fazemo-lo hoje, convictos de que nem a Igreja nem os seus ministros nos censurarão por isso, porque a doente segue e defende a verdade, a eterna doutrina que Je­sus Cristo instituiu na terra.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uma pequena novidade sobre o Salto


Os energúmenos que naquele Sábado Santo de 1918 quiseram violentar a Alexandrina, a irmã e a sua amiga eram, além do Lino Ferreira, os irmãos Camilo da Costa Faria, o casado, talvez o dos anéis, e António da Costa Faria. Nascidos em Gresufes, vizinhos da casa onde nascera a Alexandrina e a Deolinda, eles tinham ainda em comum - serem brasileiros.
Há uma correspondência saída n’O Comércio da Póvoa de Varzim e datada de 16 de Maio de 1919, certamente da autoria de Cândido Manuel dos Santos, onde se lê:
De regresso do Rio de Janeiro, chegaram a esta freguesia os nossos prezados amigos Srs. António e Camilo da Costa Faria, cunhados do também nosso amigo e correligionário Sr. Carlos da Costa Reis.
Eram cunhados dum republicano mulherengo…
Como no ano anterior já tinham vindo, não deviam passar dificuldades.