quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Vem, minha filha, recolher mais uma prova do meu esposório contigo, da minha união conjugal


— Meu Jesus, dai-me a dor que eu tanto amo, dai-me a purificação que eu tanto desejo. Guardai-me em Vós e na vossa e minha querida Mãezinha. Ouvi a minha alma num brado contínuo de agonia pela dor que sente e de ânsias de Vos entregar o mundo. Queria-o ver nas minhas mãos para vo-lo oferecer como o sacerdote vê em suas mãos a Sagrada Hóstia e a oferece ao Eterno Pai.
Jesus, olhai para mim, vede as ânsias tão agoniosas e imolai-me como Vos aprouver para Vos dar amor e com ele a humanidade. Queria dizer-Vos muito, mas, como nada sei, nada Vos digo.
No meio destas ânsias veio Jesus:
— Minha filha, anjo da terra, flor mimosa, flor cândida do Paraíso: vem, minha filha, recolher mais uma prova do meu esposório contigo, da minha união conjugal.
Neste momento Jesus tomou a minha mão, beijou-me e acariciou-me e estreitou-me docemente a Ele. Fiquei como que a nadar num mar de gozo, num mar de amor. Jesus continuou:
— Recebe a efusão do meu amor divino, recebe-o porque é a tua vida e tu és a vida das almas.
Coragem, minha filha, mais um pouco, o teu Céu está perto, agora está perto. Em breve a tua alma, desprendida da terra, voará ao Céu como a pomba branca e pura voa ao seu ninho. O teu ninho é o Céu junto do trono da Majestade divina, ao lado da minha bendita Mãe.

Sentimentos da Alma, 29/12/1944

O que aconteceu ao site?


Francamente ao certo não sei, mas, segundo informações que me enviou a Paulette, tratou-se de um ataque sério, que certamente não resultou porque a Beata não deixou. Segundo creio, foi mesmo valente, para acabar com ele. Parece tratar-se de um "hacker".
Afonso Rocha

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

INFORMAÇÃO DO DR. DIAS DE AZEVEDO AO SR. ARCEBISPO PRIMAZ, EM AGOSTO DE 1946, SOBRE OS COLÓQUIOS DE JESUS COM A BEATA ALEXANDRINA

Ex.mo e Rev.mo Senhor Arcebispo Primaz


Ao pegar da pena para dar cumprimento àquilo que se me afigura um dever, acodem-me ao espírito aquelas palavras de Santa Isabel à Virgem Nossa Senhora – Et unde hoc mihi? – e donde a mim esta dita que seja intimado pelo meu Senhor a que, por esta vez, eu participe à Ex.ma Autoridade Eclesiástica uma parte diminuta (sendo essa parte referente a determinado assunto) dos colóquios admiráveis entre Jesus e a Sua serva Alexandrina, da freguesia de Balasar, do concelho da Póvoa de Varzim e Arquidiocese de Braga?
E, nesta justificada perplexidade, deram-me a explicação dos desígnios de Deus e consequentemente a serenidade de espírito as palavras de S. Paulo – as coisas fracas do mundo escolheu-as Deus para confundir os fortes, para que nenhum homem se glorie da presença dele. Neste sentido devem ser interpretado o honroso mandato das palavras de Jesus, confiadas à Doentinha de Balasar, no êxtase de 6 de Julho corrente:
“Diz ao teu médico que ele (…) digam a quem devem dizer, a penitência, a oração, a reparação que Eu peço. Eu quero que quem tem o direito saiba como Eu sou ofendido e o perigo em que está o mundo (…) Isto só para quem tem de ser; para os restantes, o mesmo silêncio, o mesmo sorriso, a mesma firmeza. Coragem, é certa a vitória!”
Por vezes tenho escrito a V. Ex.a Rev.ma, em relatórios mais ou menos extensos, que a sobrevivência da Alexandrina de Balasar não pode ser explicada à face da ciência, sendo esta afirmação confirmada pelo Professor da Faculdade de Medicina do Porto, Senhor Doutor Carlos Lima. Também este distintíssimo Professor (Vice-presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses) e eu afirmamos a V. Ex.a Rev.ma que a dita Alexandrina apresenta fenómenos, às 15 horas solares das sextas-feiras, que não são patológicos nem naturais, mas talvez místicos, devendo a Mística pronunciar-se sobre eles. Relativamente às suas faculdades mentais, também foi dito que essa Doentinha tinha o direito de as ver consideradas normais, e que o estudo psicológico delas não podia seriamente sentenciar o contrário. Tudo isto foi devidamente registado, e não devendo gastar mais tempo, sob este aspecto, passo a lembrar que sua abstinência absoluta de alimentos de há cinco anos, não havendo desde então emagrecimento, não havendo anorexia e não havendo os restantes sintomas, fisiológicos e psíquicos, próprios da anorexia mental. A sua abstinência total de alimentos e líquidos e a sua anúria foram registados em sala conveniente e própria, por um Médico especialista em psiquiatria e por seis pessoas, algumas delas descrentes sem Religião, mas todas interessadas em fazer observação rigorosa, que se revezaram em grupos de duas vigilantes, de dia e de noite, durante 40 dias e não por mais tempo por ser julgado desnecessário para se classificar este facto como único nos registos da Clínica e inexplicável à face da Ciência. Durante este temo, a sua vida psíquica foi, como sempre, normal, como normal se conservou, nos seus elementos constitutivos, o seu sangue, segundo as análises feitas, e que maravilharam os homens de ciência que as fizeram. O estudo da vida psicológica e moral da Doentinha é verdadeiramente admirável e surpreendente por estar esta vida baseada no exercício diário e o constante das virtudes mais sublimes e heróicas, não pertencendo aos médicos fazê-lo, mas nele compartilhar. Num apalavra: estamos na presença duma invulgar e extraordinária paralítica de há 22 anos, com fenómenos extraordinários e místicos (salvo o devido respeito pela sentença definitiva da Igreja), e que, parecendo ter colóquios com Jesus, não podemos menosprezar, porque, sendo, sendo esses colóquios autênticos, é necessário que a Ex.ma Autoridade Eclesiástica saiba o conteúdo verdadeiramente admirável desses colóquios. Mas a Ex.ma Autoridade Eclesiástica continuará a agir conforme achar bem, pois a mim só pertence cumprir aquilo que julgar uma ordem de Deus. E, nesse sentido, vou transcrever uma pequenina parte de vários colóquios, que se relacionam com o que acima já transcrevi e que parece significar que Jesus pede, por forma expressa e impressionante, penitência, oração e reparação, pelas ofensas que Lhe são feitas e põem o mundo em perigo de grandes e iminentes castigos.

Do êxtase de 26/10/1934: “Minha filha, estou contigo, sou o teu Jesus para Quem, tu só queres viver e para Quem Eu só quero que vivas. Aprende com o teu Jesus. Ama-Me muito. Anda para os Meus Sacrários; estou sozinho, tão abandonado! São tantos, tantos os que Me ofendem, como chuva miudinha, e tão poucos os que Me amam! Anda consolar-Me!”
Do êxtase de 1/11/1934:
“Não descanses em reparar; dá-me o teu corpo para o crucificar. Preciso de muitas vítimas para sustentar o braço da Mina Justiça, e tenho tão poucas; anda substituí-las”.
Do êxtase de 25/11/1934: “Sou tão ofendido! Anda para o teu cargo: sofrer, amar, reparar”.
Em 20/12/1934: “A missão que te confiei são os Meus Sacrários e os pecadores; elevei-te a tão alto grau! É o Meu amor. Por ti serão salvos muitos, muitos, muitos pecadores; não por teus merecimentos, mas por Mim, que procuro todos os meios para os salvar”.
Em 27/12/1934:
“Que horror! Mandei o dilúvio e destruí cidades com menos causa. Se não queres que venham castigos assim, dá-Me o teu corpo. Se não queres que vão pecadores para o inferno, deixa-Me crucifica-lo à vontade. Aceitas?”
Em 3/1/1935:
“Assim como antes de Eu vir ao mundo eram imoladas as vítimas no templo, assim Eu quero imolar o teu corpo como vítima. Dá-Me o teu sangue pelos pecados do mundo. Ajuda-Me no Meu resgate. Sem Mim, não podes nada; comigo terás poder para tudo: para acudires aos pecadores e muitas, muitas mais coisas”.
No êxtase de 27/1/1935:
“Sou ofendido tão horrorosamente! Não posso mais. Vou castigá-los. Escolhe: ou condenar muitos ou crucificar o teu corpo muito, muito. Eu aceito o teu corpo para a reparação. Dá-Me a resposta. Com uma deixar-Me-ás muito triste e com outra alegrar-Me-ás muito.
Eu disse a Nosso Senhor: Destruí o meu corpo. Tornei-o em nada, como já foi, e não os condeneis”.
No êxtase de 14/2/1941:
“É tão grande o número dos que pecam e tão pequeno o número dos que amam. Jesus não pode mais; o Eterno Pai quer castigar”.
No êxtase de 9/5/1941:
“Escutai atentos: se não fosse a crucifixão desta heroína, já a voz do canhão tinha ecoado em Portugal. Convertei-vos, pecadores; abrasai-vos, corações! Ainda é tempo de vos salvardes. Jesus chama e espera. O Eterno Pai prepara-se para castigar. Jesus exige de Portugal uma contínua oração. Se se levanta depressa e se reconcilia com Deus, será salvo”.
No êxtase de 18/7/1941:
“Jesus pede reparação e amor. … Se Jesus fosse amado, ao menos por aqueles a quem escolheu, mas aio deles que O ofendem com tanta gravidade! Ai dos imundos, ai dos impuros se não fora a crucificada deste calvário!”
No êxtase de 1/8/1941:
“Que ofensas tão grandes se cometem contra Jesus! Jesus quer suavizar a cruz de seus filhos e não pode. A terra revolta-se contra o Céu. Os pecadores desafiam, dia e noite, a Justiça divina. Ó mundo ingrato, para que te serviu o Sangue de Cristo? Jesus pede orações e bem poucas possui! Jesus pede amor e bem pouco é amado!”
No êxtase de 5/9/1941:
“Oh, como Jesus está ofendido! Os crimes são graves e tão variados! Ai do mundo, ai de Portugal! Pobre mundo, se não se converte! Pobre Portugal, se não corresponde ao amor e à graça que lhe são dadas pelo seu Deus!”
No êxtase de 6/9/1942:
“Ai do mundo, se não se converte! Ai dele, se não ama a Jesus! Ao dele, se não deixa seus vícios; ai dele, se não deixa seus crimes que tanto têm rasgado o Coração divino de Jesus!”
No êxtase de 8/1/1943:
“O mundo não aceitou, não aceita a hora que lhe foi e é dada. Jesus dá-lhe meios para o salvar; ele abusa das graças divinas. O luxo, o maldito luxo, que tantas almas leva ao Inferno! A carne, a maldita carne, que tanto provoca a Justiça divina! Oh, como Jesus está ferido! Oh, como Jesus é ofendido!”
No êxtase de 15/1/1943:
“Os pecados não cessam. O que vai pelo mundo, que gravidade, que gravidade de crimes!
Jesus não é conhecido, o seu divino Coração não é amado!”
No êxtase de 5/2/1941:
“Que malícia, que malícia sem igual! Nunca o mundo conheceu tais crimes, nunca o mundo conheceu tal maldade!”
No êxtase de 17/9/1943:
“A tua vida é um contínuo acto de amor e reparação. A tua vida é tudo e toda para Jesus. Ai do mundo, ai dos pecadores, ai de Portugal, se nele não havia as suas vítimas! Ai de Portugal, se nele não havia a crucificada deste Calvário!”
Em 15/10/1941:
“O Santo Padre por ti será aliviado, minha filha. Associei-te à sua dor, para o libertar de tão grande martírio”.
No êxtase de 22/10/1943:
“Quando estiveres no Céu e da terra o teu nome for chamado para auxílio e salvação dos pecadores, nenhum se deixará de converter, nenhum se perderá”.
No êxtase de 5/11/1943:
“A tua dor é a salvação do mundo inteiro. Portugal, Portugal – quanto te deve, minha filha! Apesar dos muitos castigos, toda a humanidade te é devedora de muito, filhinha amada. Ai deles, sem o teu inigualável martírio! Ai dela, sem a tua nunca vista crucifixão. Nunca o mundo viu nem mais voltará a ver outra”.
No êxtase de 12/11/1943:
“Queres saber, minha filha, para que te digo tantas coisas? Para ensinar a tua humildade, para que as almas conheçam quanto Eu amo os humildes”.
No êxtase de 3/12/1943:
“Espalhe-se, quero que se espalhe, minha filha: estou indignado com os meus filhos. O meu divino Coração não pode resistir a tanta maldade. Pobre mundo! Ai do mundo, o que o espera!...
Diz, diz, meu anjo querido, diz, minha pomba bela: converta-se o mundo, faça-se penitência, faça-se oração”.
No êxtase de 24/12/1943:
“Os homens não se apressam a fazer a minha divina vontade. Diz-lhes que não demorem, que Jesus lhes pede. Os homens são causadores da demora das minhas graças para o mundo”.
No êxtase de 31/3/1944:
“Deixaste de ter a Paixão, tirei-te a alimentação. Não é para ti grande tormento? Não deixei de te crucificar. Acendi novo farol. Se o mundo compreendesse a minha loucura pelas almas!
Tu és o meu encanto, tu és o pára-raios onde caem os raios da Justiça divina que deviam ferir o mundo culpado. Ai do mundo, s e te não tinha! O que teria sido de Portugal!”
Em 7/4/1944:
“Ai do mundo sem o teu corpo! Ai de Portugal sem o teu martírio!”
No êxtase de 21/4/1944:
“Escutai, escutai: é Jesus quem pede, é Jesus quem insiste: exige que se faça luz para o bem, para grande proveito das almas… Que incêndio, que incêndio de maldades e de crimes! A impureza, a impureza! Se não houver, minha filha querida, grande emenda de vida, se não houver um elevado levantamento, ai do mundo, ai do mundo! Levantem-se, levantem-se os homens do lodo e da lama! Que crimes, que horrorosos crimes! É devido aos crimes da impureza, minha pomba amada, é devido aos crimes da impureza que o mundo recebe todos os outros males, males que trazem bens. São castigos para punir, não castigos para perdoar… Encontrei neste Calvário a vítima mais amada, encontrei neste Calvário a vítima mais poderosa junto do trono divino, mas os homens, os homens demoram-se, põem estorvo à minha causa divina. Vêm daí também tantas ofensas para o meu divino Coração: bastam, bastam os crimes dos pecadores, e não venhais vós ferir este divino Coração. Não escandalizeis as almas. Basta, basta de serdes a acusa de fugirem de Mim tantas ovelhinhas queridas…
Ao do mundo, se não fosse a tua imolação contínua! Se assim choram e gemem, o que seria sem ti?”
No êxtase de 19/5/1944:
Que tristeza para Mim, filhinha, não te conhecerem aqueles que Eu desejava que te conhecessem!”
No êxtase de 25/5/1944:
“Os crimes da maldita impureza, minha filha, são a causa da tua imolação da alma e do corpo”.
No êxtase de 21/7/1944:
“O que agora és odiada, em breve, muito em breve, serás amada: remorsos do mal hão-de atormentar muitos corações”.
No êxtase de 18/8/1944:
“Quanto mais os homens te humilham. Mais Eu te exalto… Coragem! Oferece-Me todos os sofrimentos que os homens te causaram e causam; oferece-mos pelos sacerdotes… Faço que cheguem ao teu conhecimento tantos casos para teres deles compaixão”.
No êxtase de 25/8/1944:
“Foi com sangue, desprezos, ódios e humilhações que Eu resgatei as almas, e é com tudo isso que tu continuas a obra de resgate. És a minha vítima; assemelhei-te a Mim”.
No êxtase de 6/10/1944:
“Minha querida, minha amada, minha pomba bela: escreve tudo. O Divino Espírito Santo está contigo.
Avisa o mundo, previne-o. O meu Eterno Pai está triste com ele, e sobre ele cai com terríveis ameaças.
Acabada a guerra, se não se levantar do lodo e da lama, se não se reconciliarem comigo, se não orarem, se não Me amarem e fizerem penitência, terão ainda maior castigo, maiores horrores que os da guerra, e não será poupada nação alguma. Isto é, se não se converterem. É Pai que ameaça para chamar; é Pai que ama e quer perdoar”.
No êxtase de 30/10/1944:
“Minha filha, arca da aliança, estrela da bonança! Minha filha, farol luminoso que guias e iluminas para Mim os pecadores. Minha filha, estrada de oiro finíssimo: dá passagem, ajuda, ajuda os filhos meus a entrarem em meu divino Coração. Olha como ele está ferido. Repara nas minhas mágoas. Não posso, filhinha, não posso, amada, sofrer mais e por mais tempo. Já não posso sustentar o braço de meu Eterno Pai.
Diz, minha amada, ao mundo que se converta; diz ao mundo que se reconcilie comigo.
- Como, meu Jesus? Bem sabeis que quero viver escondida e bem sabeis que agora nada posso dizer.
- Sossega, meu encanto. Consola-Me a tua obediência aos cegos que não querem ver aquilo que Eu quero que eles vejam, que não querem ver aquilo que é meu.
Escreve tudo e tudo entrega a quem cuida de ti e da minha causa divina. Isso basta, eles tudo resolvem.
Diz, minha amada, diz ao mundo que oiça a voz de Jesus ecoar na mais alta montanha, no meio da mais tremenda tempestade:
Haja emenda de vida, faça-se oração, faça-se penitência.
Ou fogo, sangue e condenação, ou reconciliação, fogo do amor divino, paz e perdão.
Alerta, Portugal! É Jesus que te avisa pelos lábios da sua vítima!
Alerta, mundo inteiro, escuta a voz de Jesus! Levanta-te, emenda-te, reconcilia-te. Escuta o Pai que chama, te avisa, quer salvar-te.
Criei-te para Mim, escolhi-te para seres a minha esposa e vítima mais amada. És pura, és bela, ó minha redentora, ó minha salvadora querida. Coragem, coragem, salva, salva os filhos meus!
- Ó meu Jesus, acredito em Vós; porque sois Jesus, não posso duvidar da vossa divina palavra. Duvido de mim, aterra-me a minha miséria. Só Vós sabeis o que eu sou.
- Coragem, confiança, meu anjo! Não pecas, não Me ofendes; estou contigo no meio dos mais tremendos combates.
Como está o mundo! Que vejam os que te estudam e cuidam da minha divina causa a reparação que Eu exijo dos crimes da humanidade. Só uma virgem inocente, só a maior das vítimas crucificada podia tirar tal reparação.
Vistam-se os nus, vistam-se os impuros! Haja modéstia, acabe-se a vaidade.
Penitência, penitência; oração, muita oração!
É Jesus que o pede, é Jesus que quer salvar o mundo…”
No êxtase de 1/12/1944:
“Já sabes que necessito da tua miséria para esconder em ti as minhas grandezas e omnipotência. Escreve tudo, escreve, minha filha. Se o que te digo ficasse oculto, de nada valia ao mundo.
Mãe dos pecadores, nova redentora, salva-os, salva-os. És a nova redentora escolhida por Cristo. Nunca houve nem voltará a haver no mundo sofrimento que se iguale ao teu. Nunca houve nem voltará a haver vítima desta forma imolada, porque nunca houve tanta necessidade como hoje, nunca o mundo pecou assim.
Dezanove séculos são passados que Eu vim ao mundo e trouxe agora a nova redentora escolhida por mim para relembrar ao mundo o que Cristo sofreu, o que é a dor, o que é o amor e loucura pelas almas. És a nova redentora que vens salvá-los, és a nova redentora que incendeias na humanidade o amor de Jesus. Nova redentora que serás falada enquanto o mundo for mundo. Minha filha, livro onde estão escritas com dor e sangue letras de oiro e pedras preciosas todas, todas as ciências divinas!”
No êxtase de 1/12/1944:
“Quanto te deve o mundo por e que por ele tens feito e por Eu o ter guardado no cofre riquíssimo do teu coração. És um mar de dor, és um mar de amor. Estás transformada no infinito, tens sobre as almas poder infinito. Quanto te é devedora a humanidade, quanto te é devedor Portugal. O mundo devia estar destruído. Foi para evitar males maiores que permiti haver ainda os males presentes. Pede, pede de novo muita oração e penitência”.
No êxtase de 2/2/1945:
“És a nova redentora. Passo para ti tudo pelo canal da minha Bendita Mãe; és tu com Ela que salvas o mundo. Não te entristeças, minha filha, por não me receberes na Eucaristia. Quanto mais fores humilhada e a minha divina causa combatida mais maravilhas, maiores prodígios opero em ti”.
No êxtase de 23/2/1945:
“Pede, pede, minha filha, pede oração e penitência e emenda de vida, pede, e que peçam aqueles que desejam ver o reinado do meu divino coração. Oh! O que espera o mundo, se não se levanta e se reconcilia comigo. … Vês o meu divino coração aberto? É o pecado, é o prazer da carne; é o pecado, é o mundo. Salva-o, salva-o, minha filha, não deixes perder o meu sangue. Pede-lhe  que se converta, faz que as almas venham a mim, reúne em meu divino coração as minhas ovelhas, todo o meu rebanho. Pede, pede em nome de Jesus. Penitência, oração e sincera reconciliação. … Ai do mundo, mas ai mais ainda de Portugal, se não agradecer os benefícios que por ti recebe. Espalha pureza, espalha a graça, incendeia amor, amor, amor. E descansa, vítima inocente, em meu divino coração, toma conforto para a tua dor sem igual e inigualável martírio”.
No êxtase de 2/3/1945:
“Vê o mundo, vê o lodo, vê a lama. A maldade que por aí! Olha como sofre o meu divino Coração. Olha como está ferido. Já que de tão boa vontade, tão alegremente dás tudo, privo-te da minha alegria, da minha consolação, assim como te privei da consolação e alegria daqueles que te são queridos. Só receberás o meu conforto para poderes sofrer, para poderes vencer. Só receberás espinhos, de todos os lados espinhos: foi a visão que te mostrei. Viverás entre eles e entre eles expirarás. A tua alma pura romperá por entre eles, voará ao céu a arder de amor. É um anjo seráfico que voa à sua pátria. Os teus espinhos não são espinhos que secam, a tua dor cultiva o terreno desse bosque imenso que eu te mostrei; o teu sangue rega-os; são espinhos que brotam, são espinhos que dão rosas. Que jardim brilhantíssimo deles vai nascer! O orvalho que sobre esse jardim cai é orvalho de sangue, é maná celeste que vem abrilhantá-las, conservá-las, dar-lhes a vida. Tu partes para o Céu, mas a tua graça, as tuas virtudes ficam na terra, é perfume que se estende a toda a humanidade. Tu partes para a Pátria e ficas comigo na Eucaristia; serás a pombinha eucarística que não abandona o seu ninho. É como a pombinha e pastorinha das almas que te quero pintar nas portinhas e cortinas dos meus sacrários. Assim o quero, minha filha, rainha do mundo, rainha dos corações. Quero, minha filha, tenho pressa, muita pressa que a tua vida seja conhecida; o mundo necessita disso. É por ti, através de ti que eu mostro o meu amor, a minha misericórdia, as ânsias que tenho de ver salvas as almas. Custa tanto o Pai castigar o filho que erra e se revolta contra ele. Como não há-de custar ao meu divino Coração imolar, sacrificar a minha filha amada, a minha vítima inocente?
Vê, ó mundo, a minha loucura e amor por ti. Aqueles que se opõem à minha divina causa, ao que se passa em ti, opõem-se contra Mim, opõem-se à salvação das almas. Todo o teu martírio é por meu amor, é por amor às almas. Depressa, depressa a salvar, pelo que opero em ti, o mundo inteiro”.
No êxtase de 9/3/1945:
“A tua vida é a vida de Cristo crucificado. Há quase vinte séculos que passou no mundo o Redentor e passa agora uma nova redentora escolhida por Ele. Agora, sim, que o mundo precisa dela. Não veio o salvador como novo resgate, mas escolheu a salvadora para a mesma obra continuar. Tudo podes, tudo possuis, porque estou contigo. Tenho grande anseio de a tua vida ser conhecida, mas não o pode ser sem grande dor, imolação e sacrifício. A dor é para ti, a glória é para mim, o proveito é para as almas. …
O mundo necessita, o mundo tem fome da minha vida oculta em ti. Pede oração, reparação, emenda de vida. Pede-a, pede-a, minha filha; não é feita sem ser pedida, não pode ser pedida sem os meus divinos desejos serem conhecidos. Depressa, depressa, penitência, reparação para o pecado da carne. A impureza é uma janela aberta que dá entrada a todos os pecados mortais. Converta-se o mundo. Ai dele, se rapidamente não se converte. Ai dele, ai de Portugal. Ditosa pátria, terra privilegiada pela protecção da Virgem e pela vítima que em si encerra as maravilhas e riquezas divinas sem igual. É teu o mundo, a ti o confiei, mas é mais teu Portugal, porque és o cofre das riquezas divinas que a ele vim colocar.
Ó mundo, ó Portugal, vem depressa ao teu Deus, levanta-te do lodo, levanta-te dos teus crimes. Se assim não fizeres, depressa chorarás e gemerás debaixo do peso da Justiça divina”.
No êxtase de 6/4/1945:
“Retratei-me em ti, és a cópia mais fiel de Cristo crucificado. O mundo exultará de alegria ao ter conhecimento do que foi a tua vida na terra”.
No êxtase de 4/5/1945:
“Minha filha, esposa minha, olha como estou coroado de tão agudos espinhos. São os sacerdotes que assim me ferem. Ofendem-me tanto! E esta chaga, que vês aberta, foi feita pela ambição das nações, mas aprofundada mais, muito mais ainda por todas as maldades e todos os vícios. A impureza, a impureza! Os pais não respeitam as suas filhas, as filhas não respeitam as suas mães. Os maridos não são fiéis a suas esposas, e as esposas a seus maridos. Ofendem-me gravemente irmãos com irmãs. Não há modéstia nas famílias, desapareceu dos lares o temor de Deus. Que dor a minha! Repara, lírio puro, lírio casto, pureza angelical; repara por tudo isto.
Eu quero, filhinha amada, que a voz do Santo Padre ecoe no mundo inteiro muitas e muitas vezes, enquanto ele for mundo, a convidá-lo à oração, à penitência e ao amor. A oração é a arma mais forte, a penitência é o meio mais poderoso para atrair para ele as bênçãos, graças e misericórdias do Senhor. O amor purifica o mundo. Quero ser amado e quero ver a minha Bendita Mãe amada. Quero que toda a humanidade veja e ouça no Santo Padre a voz do próprio Jesus. É ele que o convida a entrar em meu Divino Coração. Sou eu que pelos seus lábios o chamo para Mim. Minha filha, assim como por teus lábios foi pedida a consagração do mundo à minha Bendita Mãe, peço agora, antes da partida para o Céu, que o Santo Padre, com a sua doce voz de Pai, convide repetidas vezes a pobre humanidade a reconciliar-se comigo, a sair da sua cegueira, a viver a vida da pureza, da oração e do amor. Peço-te hoje e vou pedir-te ainda mais vezes antes do meu retiro, do meu exílio em ti. Escreve tudo, não duvides. O Espírito Santo está contigo. Eu nunca permiti, nem nunca permitirei que te enganes”.
No êxtase de 11/5/1945:
“Tu és o porta-voz de Jesus para o Santo Padre. Diz, minha filha, ele que fale à humanidade inteira. Ele, que é o pai da terra, que peça em nome do Pai do Céu. Quero uma reconciliação firme e sincera, quero um mundo novo de pureza e de amor. Penitência, penitência e oração. Penitência no lugar dos prazeres, oração em vez das vaidades e passatempos ilícitos. União comigo, amor puro, amor abrasado ao meu Divino Coração. Se houver, minha filha, a verdadeira transformação, receberá o mundo inúmeras graças, uma chuva de bênçãos cai sobre ele. Mas, ai dele, se assim não for”.
No êxtase de 1/6/1945:
“- Jesus, então está o mundo em risco de se perder?
- Sim, minha filha. A justiça divina não pode resistir mais. Ele não se converte. Eu não sou amado. São tão poucas as almas que me amam! São tão poucas as que praticam, como devem, a piedade! São tão poucas as que sofrem bem, conhecem o valor da sua cruz e a amam! E é tão grande o número dos que me ofendem! Há tanta maldade! Está a desaparecer do mundo a castidade. Ó impureza que tanto me ofendes. Repara, sofre, filhinha amada, e vê quanto sofre o meu divino coração. Sofre contente, sofre comigo.
- Sofrer, sim, meu Jesus, mas convosco não. Quero sofrer eu, mas não Vós. Quero a Vossa força para resistir, mas não quero a Vossa dor.
- Diz, diz, minha pomba bela, porta-voz de Jesus para o Santo Padre. Que todo o mundo escute a voz do seu pastor, que é a voz de Jesus. Peço amor, peço pureza, peço emenda de vida. Que a voz do Santo Padre seja para o mundo segundo aviso de Noé. Se não quiserem ouvir a voz do seu pastor, se não atenderem ao chamamento do céu, hão-de ouvir o eco da destruição e obedecer à sentença de condenação eterna. Que o Santo Padre fale às nações, a todos os governantes: podem eles pôr termo a tanta desmoralização, a tantos males que fazem perder a humanidade”.
No êxtase de 22/6/1945:
“Meu Jesus, usai de compaixão, não os castigueis; antes movei-lhes o coração.
- São pedras duras, são corações sem amor, resistem, não se movem aos meus desejos. Confia, a causa é minha. Eu tudo vencerei. Repete, minha filha, flor mimosa e pura, a tua mensagem ao Papa. Sou eu que peço; quero que ele brade, brade ao mundo, como pai de todos, pai escolhido por mim, que lhe peça para não me ofender, que haja emenda de vida. Que mande os seus bispos e todos os que governam a convidarem os fiéis ao amor, à penitência. Que fechem as portas dos vícios, que oponham barreiras aos caminhos da perdição. Pede, pede, ó mensageira de Jesus”.
No êxtase de 6/7/1945:
“Filhinha, filhinha, o mundo está em muito perigo. Depressa, depressa, a preveni-lo disso. É a voz de Jesus por meio da sua vítima; é Jesus que o chama e quer salvar; é Jesus que os convida e dá à sua esposa querida todos os meios de salvação.
- Como, meu Jesus? O que hei-de eu fazer? Sabeis que nada posso.
- Filhinha, filhinha, di-lo aos meus amigos, basta que eles o saibam, para tudo comunicarem. Depressa, depressa, o mundo está em perigo, os seus crimes desafiam a justiça divina. Jesus o convida, Jesus o quer, Jesus deu-lhe a sua vítima para de novo o salvar. É Jesus com ela a prevenir os pecadores; é Jesus a prevenir os caluniadores e perseguidores da sua divina causa, a causa mais poderosa e rica. Não posso, minha pomba bela, deixar ocultos por mais tempo os meios de salvação e todas as maravilhas que em ti depositei. Grande crueldade, grande responsabilidade, que prejuízo para as almas!”
No êxtase de 13/7/1945:
“Vives de mim, tens a vida de Cristo; dá-te às almas, sofre por elas. Sabes, esposa amada, quem dentro de ti toma o cálice e o levanta ao céu? Sou eu, que o ofereço ao Eterno Pai repetidas vezes, para aplacar a justiça divina. É o cálice da tua dor e amargura. A tua agonia, dor e amargura assemelham-se às minhas, e ao meu se assemelha o teu amor às almas. És o retrato mais semelhante a Cristo. A tua vida é a vida de Cristo, o teu coração o coração de Cristo. Como a tua vida é a minha, e estás toda transformada em mim, uno a mim os teus sofrimentos, a tua crucifixão e duro martírio e nesta união ofereço ao Eterno Pai, para suster o braço da Sua justiça, e tu continuares a vida de resgate na terra. Não enganas, minha filha, e eu não te engano; a minha divina causa triunfa”.
No êxtase de 20/7/1945:
“Se ele soubesse agradecer! Se correspondesse às graças que por ti lhe dou! Ai dele, se continua a sua infelicidade. Ai de Portugal, se não aprende em ti as lições que por ti lhe dou e se não for agradecido pela riqueza que lhe dei. … Consola-me então na minha amargura, repara por tantos crimes que se cometem. Desapareceu do meio dos lares, na maior parte, o verdadeiro temor de Deus. Não há bons pais, não pode haver bons filhos. Que horror essas praias, casinos, cinemas e casas de vícios! Não põe termo a isto quem lho podia pôr, não lhes acode quem lhes podia acudir. Acode tu ao mundo, dá-me a reparação que te peço, suaviza, alegre, a dor do meu divino Coração”.
No êxtase de 27/7/1945:
“Vai, diz, minha filha, que se ouça repetidas vezes a voz do Pastor do Universo, que só será salvo por uma completa emenda de vida. Nunca, nunca, minha filha, se pecou como hoje! Não há justos na terra que apaguem tanta maldade, tanta gravidade de crimes. Isto é uma queixa amorosa do meu Divino Coração ao teu. Haja penitência, faça-se penitência”.
No êxtase de 3/8/1945:
“Sabes porque sofreu abalos a minha divina causa? Porque não foi estudada; não a estudaram, não tiveram as minhas luzes. E sabes pelo quê? Não a estudou quem a devia estudar. Não receberam a luz do céu, porque não estavam preparados para a receberem”.
No êxtase de 24/8/1945:
“Tu és para o mundo e não és do mundo. Ai dele, se não me corresponder. Ai dele, se não escuta a voz do seu pastor, a voz do Santo Padre. Depressa será queimado e destruído”.
No êxtase de 12/10/1945:
“Em que perigo está o mundo! Em que grande perigo estão as almas! Em que grande perigo está Portugal! Depressa, depressa, a humanidade inteira a ouvir a voz do seu pastor, a voz do Santo Padre, que é a voz de Jesus. Escuta, ó mundo, a sua voz, como trombeta que alguma coisa vem anunciar. Oração, oração e penitência, se não queres ser carbonizado”.
No êxtase de 8/3/1946:
“Tenho pedido penitência e continuo a pedir para não castigar. Confiei-te a humanidade e por ti será salva. Se houver pureza, se houver amor, vem do céu a compaixão. Se não for assim, será salva com dor, só com dor. Fogo e guerra, dor e sangue. Já vês, filhinha, o valor do teu sofrimento. És a primogénita do amor, és a primogénita da pureza, da dor, da imolação e do sacrifício”.
No êxtase de 15/3/1946:
“Coloquei-te neste Calvário, numa imolação contínua, nos dias mais trágicos da humanidade. Quanto ela fere e faz sofrer o meu divino Coração! Como ela está em perigo! Sofre alegre, salva-a!”
No êxtase de 29/3/1946:
“O mundo corre para um tremendo precipício. Que abismo medonho! Não cessam as paixões, a imodéstias, a impureza, as modas e tantos lugares vergonhosos e de crimes; não cessam de ferir o meu divino Coração. Pobre mundo, se assim continua! O que o espera!”
No êxtase de 3/5/1946:
“Está o mundo em perigo. O que o espera por não ouvir a minha divina voz que fala em teus lábios! Penitência, penitência e muita oração. Faz, breve, reparação, mundo, se te queres salvar!”
No êxtase de 17/5/1946:
“Subiram muitas preces ao céu, foi grande a reparação na Cova de Iria, mas, no meio da multidão, ainda houve muitos que Me ofenderam. E o que são tantos louvores para tão graves ofensas? Ai da pobre humanidade, o que a espera! Ai dela, se não se levanta e vem a Mim!”
No êxtase de 24/5/1946:
“A minha fome e sede é de almas, é de corações. Dá-mos, dá-mos, sacia o meu divino Coração. Venho com frio e quero aquecer-me no calor do teu amor, no fogo do teu coração. Venho gelado e expulso de corações gelados e tíbios; gelei na sua frieza. Mas, mesmo assim, nunca os abandonei, e fui agora obrigado a deixá-los. Expulsaram-Me para dar lugar ao demónio, mas antes disso apunhalaram-Me, feriram-Me, cobriram-Me de espinhos. Dentro dos seus corações, bati e chamei tantas vezes! O meu bater e chamamento eram cheios de doçura e ternura, eram ternura de Pai. Pedi-lhes para acenderem o fogo do meu amor nos seus corações; não Me escutaram, não Me quiseram ouvir e deram lugar ao demónio. E tantos nesta noite e já neste dia! E sabes quem? Escuta o meu desabafo de Esposo: foram padres e alguns religiosos, freiras e almas piedosas. Como Me ofenderam, como Me feriram! E sem falar no número incalculável dos pecadores que me ofenderam horrivelmente. E tantos, que em breve vou pedir contas! Sara as minhas feridas. Tremo de frio, aquece-Me no teu amor.
Jesus estava a tiritar de frio e todo dilacerado, coberto de sangue. Que pena eu tive! Como a minha alma O viu e sentiu! …
A tua vida é semelhante à minha. É um conjunto da vida de Cristo e da minha Bendita Mãe.
Quando te disse, minha filha, que era o teu Director, via tudo isto, sabia bem o abandono em que havias de estar. Sou o teu Director para ser a tua luz e força, mas não por muito tempo. Não dispenso os homens para te ampararem e à minha divina causa”.
No êxtase de 31/5/1946:
“Não és mártir de um momento, mas de muitos anos. Não é a imolação e a agonia de umas horas, mas sim de uma vida inteira. O mundo fere-Me, maltrata-Me. Aqui estás tu a reparar tanto mal.
Diz mais uma vez, minha filha, Jesus te pede, diz ao mundo que virei em breve e virá meu Pai com a sua Justiça.
Uma coisa bastava para ele não ser castigado: não pecar. Ele não quer. Mas ai dele se não se levanta do abismo em que está, se não ressuscita para a graça!
Pede oração, penitência para reparar o passado; pede-lhe para não pecar mais. …
Ditoso dele, se fosse salvo pela graça, pelo amor e não pelo temor. Que bom para ele e glória para Mim!”
No êxtase de 14/6/1946:
“Ai do mundo, se não se converte! Eu venho e vem meu Pai a castigá-lo.
Se ele não vem ao meu divino Coração, dias ainda mais tristes o esperam. O ódio, a vingança, soberba e ambição continuam ainda no coração dos homens. Pensam e preparam-se para novas lutas. Eu queria prostrar-Me à frente de cada homem e pedir-lhes para não Me ofenderem. Eu queria prostrar-Me à frente daquele que representa o Pai da humanidade e sobre ela tem todo o poder, a pedir-lhe: manda fazer oração e penitência, manda reparar o meu divino Coração e da Minha Bendita Mãe, para o mundo poder ser salvo. Pede-lho tu, Minha esposa querida, pede-lho tu em nome de Jesus.
- Meu Jesus, é mais que humilhação: isso não é para um Deus, Rei e Senhor de tudo; não posso resistir tanto, não posso consentir que desçais a tal ponto.
Deixai-me ir a mim ajoelhar diante de todos os homens e diante do nosso Pai da terra, a pedir-lhe tudo, sujeitando-me assim a todos os sofrimentos, para ser o mundo salvo e Vós glorificado e para sempre louvado”.
No êxtase de 12/7/1946:
“Amas-Me, e não hás-de sentir que Me amas; dás-Me tudo e sempre hás-de sentir que nada Me dás. És a minha vítima. Ai do mundo sem a tua dor!
Sou ofendido gravemente, desde a criança ao jovem, do jovem ao ancião; ricos e pobres, sacerdotes e religiosas. Que mundo horroroso de crimes!
Não haja demora. Novo mandado ao meu querido Santo Padre: o mundo está em perigo e para breve; falsas armadilhas se preparam. E de quem se queixar? Cada um de si mesmo. O remédio é fácil: oração, emenda de vida, uma reparação sincera ao meu divino Coração.
Pobre mundo, se não atende ao pedido de Jesus: ai dele, se não corresponde ao amor do meu divino Coração! E mais ainda Portugal, que está mais devedor…”
No êxtase de 19/7/1946:
Depois de descrever os sentimentos da alma daqueles dias, bem como os grandes combates que tem tido com o demónio, vem Jesus que lhe diz:
“- Vem dizer-Me, minha filha, uma palavra que alegre e console o meu divino Coração. Vem esposa minha, com o bálsamo do teu amor, com a tua dor e reparação, curar este Coração ferido, este Coração que tanto amou e ama, e nada ou quase nada é correspondido pela maior parte dos homens.
Vem dizer-Me que Ma amas, vem dizer-Me que és a minha vítima, e isso Me basta, esposa querida.
- Sim, Jesus, amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos, sou toda vossa, sou a vossa vítima.
Fazei de mim o que quiserdes; com bem pouco Vos contentais.
A quem vindes, Jesus, pedir amor e pedir que Vos console? A esta miséria? Oh, pobre de mim!
- Sim, em ti, minha filha, em quem encontrei tudo e a quem tudo dei para acudir à humanidade. Encontrei em ti um coração forte e generoso, e é com esse coração que Eu salvo o mundo.
Tu já não vives, mas sim vivo Eu, vive Cristo.
Vou, dentro do teu coração, convidar o mundo a entrar nele, mas ele recusa a entrada, é ingrato, não atende ao meu chamamento. Vou dentro do teu coração a espalhar, a incendiar o meu divino amor às almas; tudo Me recusam, não querem deixar-se incendiar de mim. Mas Eu não descanso, dia e noite: é insaciável a sede e fome que tenho delas. É a tua fome, é a tua sede, é Cristo crucificado em ti.
Amei-te tanto, para até este ponto te assemelhar a Mim! Quando principiei a fazer-te viver sem a alimentação, já tinha em vista o teu doloroso martírio para acudir às almas.
- Só Vos sabeis, Jesus, as minhas saudades e o quanto me custa. Faça-se a vossa vontade. Sede Vós o meu amor.
- Para não deixar de existir o teu sangue e de sempre em tuas veias correr o sangue de Cristo, vou fazer de novo uma transfusão para viver Cristo na sua crucificada e a sua crucificada em Cristo.
Vou dar-te uma só gota do Sangue do meu divino Coração, com uma infusão de amor. É a tu vida, é a vida para dares às almas.
Que maravilha! Que alegria e que confusão para muitas almas ao terem conhecimento dos tesouros, das riquezas divinas que te dei e como te fiz poderosa para o mundo. …
Vai dizer, minha filha, vai dizer para que saibam: o mundo está em perigo, como bomba que explode e incendeia. É necessário um freio, freio que prenda os homens loucos pelo pecado, loucos pelas paixões. Seja o freio do amor.
Faça-se oração, faça-se penitência.
- Meu Jesus, eu quero salvar o mundo, mas que medo e horror eu tenho pela escrita; não queria escrever mais.
Jesus, a sorrir, foi-me dizendo:
- É assim que só queres a minha divina vontade? Vai ditar tudo. Tu não vais falar de ti, vais falar de Mim e das minhas maravilhas divinas. Não falas das tuas coisas, mas sim das coisas do Céu.
- Tendes razão, meu Jesus. É verdade que só quero o que Vós queres, mas já estou cansada de escrever tanto.
- Já escreveste mais, muito mais que o que tens para escrever.
No êxtase de 28/7/1946:
“Minha filha, sacrário da Trindade Augusta, da Trindade Divina, escuta-Me, estou aqui. Olha como Eu venho, olha como o mundo Me faz sofrer. Quero descansar nos teus braços como uma criancinha descansa nos braços da mãe. …
Minha filha, estou coberto, cingido de espinhos da cabeça aos pés. Olha a crueldade do mundo, a malícia dos homens. Não posso mais.
Vai dizer que não posso esperar mais; já era para meu Pai ter castigado o mundo com todo o rigor da sua Justiça divina, se não fosse a tua dor e contínua imolação.
Vai dizer que são precisas escoras que sustentem o braço de meu Pai.
Vai dizer às almas que Me amam, que bem pequenino número é, que redobrem de amor, que reparem tantas ofensas, que desagravem o meu divino Coração.
O que vai pelo mundo! Tanta maldade, tanta imodéstia, tantos crimes!
Penitência, penitência e oração.
Depressa, depressa para acudir a toda a humanidade!
Dá-Me, minha filha, toda a dor do teu corpo e da tua alma. És a primeira na dor, no amor e a que em meu divino Coração ocupa o primeiro lugar.
Dá-Me a tua imolação contínua, deixa-Me que te crucifique com uma crucifixão sem igual, para o desempenho da tua missão, para acudires ao mundo que te dei, que te confiei.
Ai dele, ai dele se não lhe acodem!
No êxtase de 2/8/1946:
“Vai dizer, minha filha, que o mundo se incendiou numa loucura de vícios (não é dum só vício), de todos os vícios.
Vai dizer que sou muito ofendido, vai dizer ao mundo que se converta.
Dá-Me a tua dor, sofre para o salvar”.
Em 3/8/1946:
“A dor é um instrumento de salvação, é o que há de mais poderoso para as almas. Salva-Mas, salva-Mas.
Diz-Me muitas vezes: Jesus, quero que o mundo se salve; Jesus, quero salvar-Vos estas e aquelas almas, e vai-Mas lembrando e nomeando os seus nomes.
Como és a esposa a quem mais amo, a maior vítima que tenho na terra, não te dou uma recusa, nada te negarei.
Minha filha, minha filha, vou pedir-te para esta noite grande sofrimento e grande reparação para tantos pecados, tantos crimes que nela se vão cometer nos bailes, cinemas, casinos e mias, muito mais. Aceitas? Dás-Me esta reparação? E dás-Me mais ainda a reparação que te pedir, uns dias desta semana por um sacerdote que está em riscos de se perder? Digo-te depois quem ele é”. …
“A Mãezinha vinha muito triste e disse-me:
- olha, minha filha, o meu santíssimo Coração cercado com tantos espinhos. Sofro com meu divino Filho. Os homens são tão ingratos! São tantas as blasfémias! São tantas as injúrias contra Mim e meu divino Filho! Consola-Me tu ao menos, tu que tanto Me amas e tanto amas Jesus. Sofre para Nos consolares e pede às almas a quem amas para Nos desagravarem. E dá-lhes em meu nome como prémio o amor de Jesus e de Maria”.


Exmo. Sr. Arcebispo Primaz

Será tempo de terminar a transcrição de parte do muito que há neste género e considero uma maravilha que o futuro admirará, não sabendo compreender a indiferença de uns por estas coisas que outros consideram sobrenaturais. Várias vezes, falando e escrevendo, tenho dito a V. Ex.a Rev.ma que virá a ser um caso quase inacreditável o desinteresse pelo estudo dos fenómenos verdadeiramente extraordinários que se desenrolaram e estão desenrolando na freguesia de Balasar, únicos na agiografia mística, dos quais alguns se realizaram, durante três anos e meio e já não podem ser observados, embora não se perdesse o meio de os comprovar, a seu tempo, posto que palidamente, e outros ainda podem ser constatados.
Fui bastante longo nesta exposição que venho entregar a V. Ex.a Rev.ma e que terá a bondade de relevar-me, pois este trabalho foi executado na convicção fundamentada de que é o cumprimento dum dever.
Com os mais sinceros votos pela felicidade de V. Ex.cia Rev.ma, sou

De V. Ex.cia Rev.ma
At.o Ven.or e servo muito ob.o
Manuel Augusto Dias de Azevedo

Ribeirão, Minho, 6 de agosto de 1946.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

À atenção dos genealogistas (2)

Embora a genealogia não seja matéria que me interesse particularmente, informo o Mário Joaquim Carneiro e outros eventuais interessados que há uma "Notícia genealógica" sobre os Grã-Magriços" de Balasar saída no Boletim Cultural Póvoa de Varzim.

As pessoas não entendem

Há tempos, uma colega nossa natural de Balasar dizia-nos que as pessoas, mesmo aquelas que à partida sentiam mais empatia com a Beata, não entendiam os escritos. E não parece de admirar falando eles da alma-vítima, do sentido da Cruz, da Eucaristia, etc. No excerto seguinte, é a própria Alexandrina que, não entendendo como há-de cumprir um convite de Jesus, Lhe pede esclarecimento. Este esclarecimento é importante para qualquer leitor da sua obra.

- Diz, minha amada, ao mundo que se converta; diz ao mundo que se reconcilie comigo.
- Como, meu Jesus? Bem sabeis que quero viver escondida e bem sabeis que agora nada posso dizer.
- Sossega, meu encanto. Consola-Me a tua obediência aos cegos que não querem ver aquilo que Eu quero que eles vejam, que não querem ver aquilo que é meu.
Escreve tudo e tudo entrega a quem cuida de ti e da minha causa divina. Isso basta, eles tudo resolvem.

De facto, repetidos apelos de Jesus parecem muito mais dirigidos à nossa geração que à da Alexandrina, bem mais praticante que a actual.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Uma página do Boletim de Graças


O Dr. Azevedo, no nº 8 do Boletim de Graças (Março de 1058), aborda a questão da veracidade dos factos extraordinários que aconteceram com a Alexandrina e a esse propósito lembra Lurdes e singulares casos lá ocorridos. Escreve ele:

Ao serem constatadas várias curas em Lurdes, o romancista ateu Emílio Zola convidava os Mestres da Medicina a saírem da sua indiferença e do seu mutismo, gritando-lhes, querendo abafar a verdade: “se os factos são verdadeiros, estudai-os; se são falsos, desmascarai-os” (Moraldi, A Ciência Moderna e os Milagres). E um dos então incrédulos, Alexis Carrel – pouco depois Prémio Nobel da Medicina – ao verificar, admiradíssimo, a cura de Maria Bailly, rendendo-se à evidência, disse que “não podia duvidar. Estamos em presença dum milagre” (Alexis Carrel, Milagres de Lourdes). Pouco antes, tinha afirmado: “se aquela rapariga (Maria Bailly, que estava já moribunda devido a uma peritonite tuberculosa) se cura, seria evidentemente um milagre. Acreditarei em tudo, e faço-me frade”. Não se fez frade, mas converteu-se ao Catolicismo, vindo a ser uma das maiores glórias da Ciência.
Ao ver o registo das curas de Lurdes, dizia o Santo Padre Pio X ao Dr. Boissarie: “o Secretariado das verificações médicas vale uma Basílica”. E o grande Pio XI também afirmou ao Dr. Vallet, em Dezembro de 1933: “Os médicos necessitam muito da Virgem santíssima, mas a Virgem Santíssima necessita também dos médicos, para que se reconheçam os seus milagres” (Dr. Henri Bom, Compêndio da Medicina Católica).
É certo que nos fenómenos médico-religiosos pertence à Igreja Hierárquica pronunciar a última palavra, mas também é verdade que a mesma Igreja quer saber qual o parecer dos médicos na classificação dos fenómenos biológicos extraordinários que têm relação com a vida religiosa dos seus filhos. Na verdade, a Medicina recebeu, como disse o Dr. Henri Bon, “o magnífico privilégio de ser a Ciência que com mais frequência é chamada a ser testemunha de Deus”.
No caso de Balasar, ao considerarmos os fenómenos ou os factos de que era protagonista a Alexandrina, sentiríamos o desejo de dizer aos seus contraditores, se os houvesse: se os factos são verdadeiros, estudai-os; se são falsos, desmascarai-os, se podeis, mas não os difameis sem estudo e de opinião antecipada, porque será grande a vossa responsabilidade e grande o ridículo em que caireis.

O Emílio Zola, de que começa por falar a citação, é um dos inspiradores de Eça de Queirós, mesmo d’O Crime do Padre Amaro. Esse romance foi escrito em obediência “a uma espécie de instinto”. Para se avaliar esse instinto (esse mau instinto), veja-se aqui.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

DISCURSO DE MONS. HORACIO DE ARAÚJO

na abertura do Processo Informativo Diocesano

Se os primeiros responsáveis do Processo Informativo Diocesano da Beata Alexandrina foram os italianos P.e Humberto Pasquale e P.e Heitor Calovi, o Mons. Horácio de Araújo, da Arquidiocese de Braga, teve na abertura esta brilhante intervenção.
O sentido das latinas citadas pode-se descobrir através duma rápida pesquisa no Google.

Em 13 de Outubro de 1955, na freguesia de Balasar, adormeceu santamente, nos braços do Pai, Alexandrina da Costa, vulgarmente conhecida por "Alexandrina de Balasar”.
A notícia da sua morte na sua casa do Calvário – assim se intitulava o lugar onde vivia – para o esplendor da Glória da imortalidade, correu célere por todo o País, trazendo para junto do seu cadáver, alguns milhares de pessoas desejosas de prestar as últimas homenagens a quem, durante a vida terrena, só teve a preocupação de fazer a vontade do Senhor. Eu tive conhecimento dessa notícia, na freguesia de Arcos – Vila do Conde – onde então me encontrava no ministério da pregação. Manhãzinha cedo, quando me dirigia para a Igreja Paroquial, ouvia, aqui e além, grupos de pessoas comentando o acontecimento com estas simples, mas significativas palavras: “Morreu a santa de Balasar”. Quis a bondade do Senhor que participasse no seu funeral. E do que observei pude concluir que o funeral da Alexandrina foi o primeiro dia da exaltação das suas virtudes. Na verdade, a Igreja de Balasar, embora ampla e espaçosa, tornou-se bem pequena para comportar o número de pessoas que ali acorriam de perto e de longe, a fim de venerar um corpo que foi instrumento dócil duma alma que sempre o dominou e venceu. E não era apenas a gente humilde do campo ou da fábrica, eram pessoas de todas as classes sociais. Enquanto se celebravam os ofícios fúnebres, vi homens da indústria, do comércio, militares graduados a desfilarem ininterruptamente diante do seu cadáver, e beijavam aqueles pés que jamais vacilaram no cumprimento do dever. Talvez, minhas Senhoras e meus Senhores, pareça estranho que eu comece a falar da sua morte… é que a morte, bem sabem, é o reflexo da vida, e preferi começar a falar sobre a sua morte para, agora, algo dizer sobre a vida da Alexandrina de Balasar.
Será essa dissertação um humilde depoimento do que eu vi, do que observei e do juízo que faço sobre os factos que observei e de que fui testemunha ocular na sua vida. Devo até dizer que evitei qualquer leitura ao preparar este modesto trabalho, para não me deixar influenciar por essa mesma leitura. Vou sintetizar este meu depoimento, este testemunho sobre a Alexandrina, nestes dois pontos: como conheci a Alexandrina? qual a minha opinião pessoal sobre a sua vida?

Como a conheci.
Decorria o ano de 1933: era eu aluno do Seminário Conciliar de Braga e, num retiro espiritual preparatório para as Ordenações, o conferente falava de almas que se entregavam ao Senhor numa doação total e sem reservas, oferecendo-se vítimas pela conversão dos pecadores. Recordo-me que ele citava várias dessas almas e acrescentou: mas não é preciso recorrermos ao passado: no presente nós temos destas almas, elas abundam em todo o mundo e temos uma na nossa Diocese. E citou o caso de Balasar. Passados anos, a obediência aos meus superiores hierárquicos levou-me para a freguesia de Ronfe, onde me encontro. Várias vezes me falaram da Alexandrina de Balasar. Confesso que, no princípio, mostrava-me um pouco indiferente. Depois, comecei por dizer: ou isto é obra de Deus ou obra humana. Se for obra de Deus, Deus a começou e Deus a completará. Se for obra humana, por não ter bases, num futuro mais ou menos próximo, ela há-de ruir, porque nada é estável e duradoiro que se baseie simplesmente naquilo que é humano. Passaram-se os anos e os fenómenos místicos iam-se repetindo e a fama das suas virtudes voava de um extremo ao outro do País, ultrapassando até as próprias fronteiras da Pátria, levada talvez por emigrantes que fixavam a sua residência lá longe.
Tive então que conhecer a Alexandrina, e bendigo ao Senhor por me ter proporcionado essa ocasião. Um dia o correio trouxe-me às mãos uma carta da Alexandrina: era um convite para pregar na sua freguesia, depois de prévia autorização do respectivo pároco, convite este a que se seguiram alguns outros. Recordo-me da ocasião, e vale bem a pena citar neste momento - porque vem mesmo a propósito - o porquê desse convite. Creio que foi pelo ano de 1953, época em que várias incursões se repetiam na Índia Portuguesa, numa tentativa de arrebatar aquilo que era nosso, muito nosso. Tentativa essa que se tornou, bem o sabemos, um facto consumado. Mas a Alexandrina era uma alma toda de Deus e amava a sua Pátria (e amar a Pátria também é virtude, não é defeito), e, doente como estava na sua cama, sabendo do que se passava, escreve-me uma carta a pedir-me para pregar uma vigília em que durante a noite inteira a gente boa de Balasar se havia de ajoelhar diante do Rei da paz, a pedir ao Senhor a integridade da nossa Pátria. Fui, conversei com a Alexandrina e, desde então, as minhas visitas repetiram-se, não tantas quanto eu desejava, porque a isso não mo permitiam os meus deveres paroquiais. Só posso dizer, e devo dizer, que, sempre que falava com a Alexandrina, eu vinha mais sacerdote, tinha mais zelo pela salvação das almas. Nunca nos lábios da Alexandrina uma conversa banal: ou falava de Deus ou das coisas que a Deus conduziam. E isto, meus Senhores, não constitui surpresa para ninguém: a palavra transborda do coração, e quando um coração está cheio de Deus, a palavra sabe ao divino. Por isso na boca da Alexandrina ou se falava de Deus ou das coisas que ao Senhor conduzem.
Um dia, durante cerca de meia hora, falava-me a Alexan­drina do mistério da SS. Trindade, da vida íntima de Deus e da graça santificante. Recordo esse dia como se fosse: e não sei que mais admirar nessa conversa que teve comigo, se a elevação, a sublimidade dos conceitos, se a clareza da linguagem. E nós sabemos muito bem que tratando-se destes assuntos não é fácil aliar as duas coisas. Pergunto: donde veio este conhecimento à Alexandrina? Ela tinha uma cultura rudimentar. Ela não leu grandes compêndios de teologia... Donde lhe veio, Senhores, esta ciência? Esta ciência veio do Autor de toda a ciência da, da Ciência incriada, da Ciência infalível, veio-lhe do Senhor. Falava desta ciência, da vida íntima de Deus, como o mais hábil teólogo, como ninguém podia falar de coisas tão altas, tão sublimes. Uma alma que vivia sempre na maior intimidade com Deus! É que o Senhor esconde estas coisas aos sábios e dá-as a conhecer aos humildes: Abscondisti haec a sapientibus.
O Senhor, junto do Mar de Teberíades, prega um dia um grande sermão, que poderemos reduzir em oito capítulos – oito pontos fundamentais - as oito bem-aventuranças. E uma dessas era: Bem-aventurados os puros do coração! É que, meus Senhores, as almas puras vêem a Deus contemplam a Deus, não como eu contemplo os meus ouvintes nem como os meus ouvintes me contemplam a mim, mas para me servir da imagem do Apóstolo, como através de um espelho, assim como o sol quando se reflecte num cristal puríssimo parece condensar-se naquele cristal e quando eu olho o cristal atravessado pelos raios solares tenho a impressão de que ali vejo o próprio sol, sem no entanto o vidro deixar de ser vidro, assim também na alma pura reflecte-se a divindade e ela tem um conhecimento profundo de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Deus e da Sua vida íntima. Porquê encontramos nós criancinhas inocentes e humildes a falarem de Deus com uma elevação que nos espanta? Por causa da sua pureza. Assim a Alexandrina. Não admira, pois, que ela mais falasse.
Estive presente em alguns dos seus êxtases, com licença do assistente, Sr. Dr. Azevedo, a quem me confesso muito grato por esta deferência, mas confesso que não foram os êxtases que mais me impressionaram, se bem que ao assistir aos êxtases da Alexandrina concluí que nesses havia a intervenção sobrenatural. Eram êxtases místicos, muito diferentes de fenómenos provenientes de origem mórbida, em que o paciente, após o êxtase – se assim lhe podemos chamar - quando regressa ao seu estado normal, encontra-se abatido, cansado, fatigadíssimo, a ponto de por vezes nem poder articular palavra. Mas eu vi como a Alexandrina - permita-se-me a expressão - despertava do seu êxtase: ela perecia outra, mas sempre a mesma. A limpidez do seu olhar, o equilíbrio dos seus gestos, das suas atitudes, a suavidade das suas palavras, enfim, tudo nela fazia crer que estávamos perante uma criatura normal. Nunca duvidei dos seus êxtases. Mas o que mais me impressionou eram as ­palavras que a Alexandrina dirigia aos circunstantes – e não eram muitos - que tomavam parte nesses êxtases. Estava, belo dia, com cinco sacerdotes da Diocese da Diocese do Porto. A Alexandrina entra em êxtase. No fim do êxtase olhou ­para nós, falou do sacerdócio, da necessidade de padres santos… e confesso que nunca ninguém me falar assim. E um dos presentes, da Diocese do Porto – tenho pena de não recordar o seu nome, para o citar - voltou-se para mim e disse: “Padre, que diz de tudo isto?” E eu disse-lhe: “Colega, gostei mais do após-êxtase do que do êxtase até. Nunca ninguém me soube falar assim da santidade, da necessidade da santidade do sacerdote. Tenho a impressão, acrescentei, que o Espírito Santo falou pela boca da Alexandrina”. Os colegas presentes concordaram todos plenamente comigo. Era assim a Alexandrina, assim a conheci.

Que penso eu da Alexandrina? Que juízo faço dela através desses contactos pessoais?
De tudo tirei uma 'conclusão: a Alexandrina era uma alma que vivia na intimidade com Deus. Intimidade esta que a levava à contemplação do divino. Só assim se pode explicar a maneira como ela falava de Deus e dos mistérios Fé. Em segundo lugar, a Alexandrina era uma presença de Cristo, presença viva, presença irradiante. Cristo transparecia nela como a luz através do cristal. Transparecia na pureza do seu olhar, na serenidade do seu rosto, nos seus gestos, nas suas atitudes: vê-la era ver a Cristo. Sim, presença viva e irradiante, pois que, meus Senhores, quando Deus está presente puma alma, não está inactivo, e esta presença manifesta-se, revela-se, é um fogo que aquece, e quem está junto de nós tem a noção desta presença. E quantos se aproximavam da Alexandrina, desencontrados com Deus e quando se afastavam do seu quartinho, modesto e simples, já tinham encontrado a Deus! Afastavam-se chorando os seus pecados - há testemunhas - e dali corriam pressurosos para junto de um confessor, a fim de lavar as suas culpas no banho salutar da Penitência. Era assim a Alexandrina: uma presença de Cristo, viva e irradiante. Era apaixonada pelos pecadores; vivia para eles. Por eles oferecera a sua vida ao Senhor, estava em tudo associada à Paixão do Senhor, era uma co-redentora com Cristo. Algumas vezes lhe ouviu estas palavras: “Os pecadores não ouvem, não ouvem os pedidos de Jesus, não acolhem as ­suas súplicas. Que pena eu tenho de Jesus!" - E assim oferecia os seus sofrimentos. Com que resignação e inalterável paciência sofria a Alexandrina de Balasar! Como ela sabia falar aos pecadores! Como ela penetrava no íntimo das suas almas e como ela conseguia transformar os ­corações! Dir-se-ia que o Senhor escolhera no século XX aquela vítima para Lhe dar almas, muitas almas, e ela cumpriu a sua missão.
Porque ele amava tanto a Jesus, com amor ardente e generoso, ela também não podia deixar de amar ardentemente a Mãe de Jesus, a Virgem Imaculada. Algumas vezes, entrando no seu quarto, encontrei-a com uma imagem de Nossa Senhora de Fátima nas mãos. Olhava para ela com aquela ternura, com aquele carinho com que uma filha olha para a mãe. Chamava-lhe muitas vezes a Mãezinha do Céu, a quem recorria nas duras provas a que o Senhor a submeteu. Não esqueçamos que as almas a quem Deus­ mais ama são as almas a quem o Senhor faz passar as maiores provações; e ela teve-as, porque o Senhor a amava muito.
Pois bem, no meio dessas provações, ela recorreu continuamente à Mãezinha, como ela dizia. - E de Jesus e de Maria ela aprendeu a virtude da humildade. Aprendeu na escola do Mestre: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração”, diz o Senhor. E permitam-me que lhes conte como em certo dia eu quis experimentar a sua humildade. Perdoe-me o Senhor esta temeridade. Diz-lhe esta pergunta: Alexandrina consta por aí que recebeu do Céu o dom, o carisma especial do discernimento dos espíritos, isto é, consta que a Alexandrina sabe o que se passa nas consciências. Eu mesmo estava à espera duma res­posta afirmativa ou negativa. Se me respondesse sim, eu não tinha que duvidar, porque a humildade é verdade; no entanto devo dizer que gostei muito mais da resposta que me deu, porque vi mais uma vez que e Alexandrina de Balasar procurava esconder-se - ama nesciri. Era o lema da sua vida; ela gostava de ocultar as suas virtudes aos olhos do mundo. E querem saber a resposta? Vale a pena ouvi-la. “O senhor Padre, disse ela, dedica-se a pregação, e tem-lhe acontecido, certamente, uma vez ou outra, tratar de um assunto determinado nos púlpitos sagrados, e alguém talvez o tenha abordado no fim do sermão para lhe dizer, a propósito ou até a despropósito: - O senhor parece que adivinhou a minha vida, o senhor acertou em cheio o que se passa cá dentro da minha alma. Como é que o senhor soube isto? – Ora, comigo dá-se a mesma coisa. Como sabe, recebo frequentes visitas, diariamente. Olho para as pessoas (pela aragem em se vê quem vem na carruagem), falo para essas pessoas, dou-lhes os meus conselhos, tendo em conta o que ouvi no decorrer da conversa, tendo em conta a idade, as condições da vida, o estado, o ambiente em que vivem, etc. portanto, eu vejo mais ou menos os conselhos que competem a esta ou àquela classe depois e é natural que o chapéu assente multas vezes e perfeitamente nesta ou naquela pessoa. Ora, é a razão por que dizem que adivinho, tal e qual como acontece com V. Rev.cia”. Devo dizer que gostei imenso daquela resposta. Compreendem a razão da minha pergunta...

Não queria abusar mais da vossa paciência e, portanto, vou sintetizar num minuto tudo o que disse em todo este tempo:
Primeiro: a Alexandrina foi uma apaixonada de Deus e uma apaixonada dos pecadores.
Segundo: a Alexandrina adoptou por lema da sua vida o do Apóstolo: Mihi vivere Christus est, o meu viver é Cristo.
Terceiro: os caminhos que levaram a Alexandrina à santidade, melhor direi, ao encontro de Cristo foram os da pureza e de humildade. Evidentemente isto supõe uma fé viva e ao mesmo tempo um esperança, uma confiança ilimitada.
Quarto: a Alexandrina ­ofereceu-se como vítima ao Senhor, e o Senhor aceitou esta oferta.
E um dia, numa casa de Balasar, modesta e pobre, onde ela vivera o seu-martírio prolongado, um dia, um quarto transformou-se em autêntico calvário, uma cama transformou-se numa cruz, pregada nessa cruz uma vítima, essa vítima é a Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa.
E Deus, que se compraz em premiar aqueles que Lhe são fiéis, cumprirá ou cumpre a Sua palavra; e a palavra do Senhor é esta, que todos conhecemos muito bem: Aquele que se humilha será exaltado, será glorificado. Per crucem ad lucem. Pela cruz à luz imarcescível da glória.
E, para finalizar, permitam-me os de Balasar: sê digno do grande tesouro que a tua freguesia encerra, dá graças ao Senhor!
Tenho dito.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

À atenção dos genealogistas


Em comentário à mensagem “O Assento de Baptismo de Custódio José da Costa”, de 7/1/11, escreveu há dias Mário Joaquim Nogueira de Azevedo da Costa Carneiro, do Recife, Pernambuco, Brasil, o que se segue:

O parentesco entre a Alexandrina e o Custódio José é que ambos eram descendentes do casal Custódio da Costa e Catarina Fernandes (casamento em Balasar a 31.01.1701); o filho deste casal, outro Custódio da Costa que foi antepassado da Alexandrina, casou com Tereza da Costa Carneira, descendente de Pedro Carneiro da Gram.

Sendo assim, a Beata Alexandrina ainda é muito remotamente aparentada com D. Benta...
Obrigado, Mário.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Juventude à procura de Deus

No enorme Brasil acontecem coisas de que a gente nem suspeita. Coisas boas.
Navegue no site do Instituto Hesed. O nome da nossa Beata não é lá estranho.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A primeira visita do P.e Humberto à Alexandrina

O que me determinou a ir a Balasar foi uma série de comentários desfavoráveis da parte de alguns sacerdotes a respeito da doente, e os factos fora do comum que lhe diziam respeito. As opiniões formuladas levaram-me a este raciocínio: - Está em causa uma alma. É preciso ajudá-la. Se é uma alma iludida ou culpada de mistificações, é preciso iluminá-la quanto antes, para que não se perca. Se, ao contrário, é uma alma recta ou mesmo santa, é preciso confortá-la e defendê-la, custe o que custar.
Quebrou as minhas últimas indecisões a Rev. Madre Chantal, superiora da Visitação em S. Miguel das Aves. Assim satisfazia os pedidos da menina Mariana Inês de Mello Sampaio, a qual se me tinha dirigido, por ocasião duma peregrinação aos Valinhos, em nome do primeiro director da Alexandrina e um outro padre da Companhia, o P.e Abel Guerra, superior do Colégio de Macieira de Cambra.
Satisfazia também os pedidos de D. Maria Joaquina, de Pardilhó, irmã do Arcebispo de Curza, que tinha encarregado o P.e Ismael de Matos, salesiano, de me pedir que fizesse ao menos uma visitazinha à Alexandrina.
Antes de ir a Balasar, pedi licença ao médico assistente, Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, conforme resulta de uma carta dele que conservo.
Entrei pela primeira vez no quartinho da doente no dia 22 de Junho de 1944 e hospedei-me em casa dos Costas até ao dia 25.
A minha atitude foi de quem observa, de quem tudo escuta.
Confesso que me atormentavam dúvidas acerca de tudo e um certo cepticismo que me esforcei por ocultar, para não agravar a situação dolorosa daquela família, alvo de falatórios e de suspeitas da parte da Autoridade eclesiástica.
Os colóquios demorados com a Alexandrina e com a Deolinda deram-me imediatamente mais do que a sensação, a certeza de me encontrar perante uma alma virtuosíssima e toda de Deus.
Depois deste meu encontro, a pedido da menina Mariana Inês Mello Sampaio, enviei à mesma umas ligeiras impressões que ela queria entregar ao Superior dos Jesuítas de Macieira de Cambra. Ei-las:

“Visitei a Alexandrina em 22 do mês de Junho de 1944 e fiquei em sua casa até 24 – tendo ocasião de falar com ela longas horas e assistir ao êxtase de sexta-feira, dia 23.
Impressionou-me a sua simplicidade rara, o seu equilíbrio, a sua união com Deus, a sua serenidade no sofrimento.
Não sei como, mas desprende-se dela uma irradiação tão grande de bondade que infundiu em mim duas coisas: um conceito mais claro e firme da misericórdia e do amor de Jesus, e uma vontade mais viva de corresponder a Deus Nosso Senhor.
Os mesmos sentimentos consta-me ter deixado em outras pessoas, até em pessoas afastadas do bom caminho.
Interrogada por mim acerca de umas provações que muito a devem ter feito sofrer, respondeu com a maior naturalidade, sem tomar atitude de vítima, com sorriso até, e sem a mais pequena recriminação contra ninguém, declarando só, e com expressões breves, que a magoava o pensamento de que estas coisas entristecem muito o Coração de Jesus.
As conversas dela, mesmo sobre mistérios e coisas espirituais, são todas de uma ortodoxia clara, impecável… superior à instrução duma rapariga do povo que não leu tratados nem vidas de santos, a não ser uns opúsculos ou uns artigozitos de alguma revista popular.
É de uma lucidez admirável, quando se pensa que ela sofre de uma doença tão grave e tão antiga. O jejum completo de dois anos é coisa que observações cuidadas dos médicos comprovam e não souberam explicar.
Tem uma linguagem simples, mas elevada, como pessoa culta… e grande propriedade de expressões para retratar certos estados de espírito, que manifestam uma vida interior excepcional.
Ao pé da sua cama não há a atmosfera duma enfermaria, mas respira-se a alegria mais suave e santa, como numa capela.
É uma rapariga acolhedora, de uma caridade finíssima, previdente, providente… faz-nos lembrar a bondade de um São Francisco de Sales.
Vive de amor de Deus, vive de amor pelo próximo; esquecida de si, só deseja o bem e a salvação das almas.
Se eu quisesse dizer tudo, seria um nunca mais acabar. E tudo o que eu disse encontra-se nela sem pretensões, sem atitudes forçadas ou estudadas. O extraordinário que nela se passa é como que uma coisa só com a simplicidade e a prudência singela que, a meu ver, são as qualidades mais precisos numa alma daquelas.
Não sou eu quem deva julgar a Alexandrina; mas, no entanto, pelos elementos que tenho, ninguém me convence de que não se trata duma pessoa fidedigna e que, em vez de ser abandonada e posta de lado, devia ser acompanhada na sua vida espiritual, para que Nosso Senhor, embora não precise dos homens, possa, pela direcção de um sacerdote culto, prudente e santo, levá-la pelos caminhos por que a chama. E sabemos como Nosso Senhor, infinitamente sábio, não dispensa a obra do sacerdote.
Estará próxima também a hora em que o seu director virá dirigi-la? Oxalá que sim! Creia que o desejo vivamente, peço-o a Deus, e quem me dera poder fazer alguma coisa para isso.
Aqui vão as impressões que me pediu. Faça destas regras o uso que quiser. Oxalá que elas sirvam para o bem…”