sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Novidades sobre o Santuário da Beata Alexandrina na Onda Viva

Informaram-nos que amanhã, dia 1 de Março, no programa Praça do Almada da Onda Viva, ao meio dia e depois às 19, o Pároco de Balasar e o Presidente da Junta de Freguesia vão falar do projecto do Santuário da Beata Alexandrina.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Espírito Santo


Desta vez introduzimos subtítulos no extracto da página mensal que transcrevemos. Copiámo-los do mesmo colóquio.
A importância das duas primeiras transcrições não precisa de ser realçada, já das finais deve-se evidenciar a sua actualidade, quando os crimes da carne foram legalizados pelos estados como se de coisa normal se tratasse. Da última, há que reter o facto de a Alexandrina ser afirmada como fonte de esperança para o mundo, o que dá carácter de urgência à divulgação da sua mensagem.

Quando assim sofria, principiei a sentir na minha alma um bater de asas: desceu do alto, baixou a mim. Com os olhos da alma vi: era uma pomba cheia de alvura; fez do meu coração o seu ninho. Levantava-se, batia as asas, subia ao alto, descia a esvoaçar à minha volta e com o seu biquito dava-me vida e com o seu brilho dava-me luz. Voltava de novo a descansar no seu ninho. Nestes momentos, embebi-me toda naquele brilho, naquela luz, e a minha alma deixou de sofrer. E Jesus, o meu Jesus, principiou a dizer-me:
- És cheia de graça, minha filha, porque Jesus está contigo.
És cheia de luz, pureza e amor, porque a ti desceu do Céu agora o Espírito Santo.
Já em ti habitava, mas agora como nunca baixou a ti, deixou o seu trono de glória e veio ao meu trono, ao meu paraíso, ao meu céu na terra. Veio ao ninho do teu coração.
Desceu a ti como outrora desceu sobre os apóstolos. De hoje em diante, terás luz, toda a luz, para compreenderes e conheceres a grandeza do Meu amor, o Meu poder, a Minha misericórdia e a gravidade da ofensa feita ao meu Divino Coração.
És um livro de ciências, és o cofre onde estão depositadas todas as ciências divinas, tudo o que pertence ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Oh, maravilha, oh, prodígio sem igual!

A tua vida é a vida de Cristo crucificado

- Ó meu Jesus, sim, quero conhecer a grandeza do Vosso amor, quero conhecer tudo o que me dizeis, porque assim o quereis. Mas ah, conhecer o pecado, a gravidade dele, tenho medo, meu Jesus, tenho medo de Vos ofender!
- Não, minha filha, não.
És a minha esposa amada, quero-te pura, pura, digna de Mim. É por isso que possuis as riquezas da Trindade Divina e as riquezas de Maria. Conhecerás o pecado como ofensa feita a Mim, mas não na gravidade e maldade das criaturas.
A tua vida é a vida de Cristo crucificado.
Há quase vinte séculos que passou no mundo o Redentor e passa agora uma nova redentora escolhida por Ele. Agora, sim, que o mundo precisa dela.
Não veio o Salvador com novo resgate, mas escolheu a salvadora para a mesma obra continuar.
Tudo podes, tudo possuis, porque estou contigo.
Tenho grande anseio de a tua vida ser conhecida, mas não o pode ser sem grande dor, imolação e sacrifício.
A dor é para ti, a glória é para Mim, o proveito é para as almas.
Chegou a hora: haja luz, faça-se luz! O mundo necessita, o mundo tem fome da minha vida oculta em ti.

Depressa, depressa, penitência, reparação para o pecado da carne!

Pede oração, reparação, emenda de vida. Pede-a, pede-a, minha filha; não é feita sem ser pedida, não pode ser pedida sem os meus divinos desejos serem conhecidos.
Depressa, depressa, penitência, reparação para o pecado da carne!
A impureza é uma janela aberta que dá entrada a todos os pecados mortais.

Ó mundo, ó Portugal, vem depressa ao teu Deus, levanta-te do lodo, levanta-te dos teus crimes!

Converta-se o mundo.
Ai dele, se rapidamente não se converte! Ai dele, ai de Portugal! Ditosa pátria, terra privilegiada pela protecção da Virgem e pela vítima que em si encerra as maravilhas e riquezas divinas sem igual!
É teu o mundo, a ti o confiei, mas é mais teu Portugal, porque és o cofre das riquezas divinas que a ele vim colocar.
Ó mundo, ó Portugal, vem depressa ao teu Deus, levanta-te do lodo, levanta-te dos teus crimes! Se assim não fizeres, depressa chorarás e gemerás debaixo do peso da justiça divina.

As virtudes da tua vida aqui na terra brilharão, cintilarão como estrelas no céu

Filhinha, minha esposa amada, o Céu quer-te, anseia por ti, vem em breve buscar-te. E as virtudes da tua vida aqui na terra brilharão, cintilarão como estrelas no céu; espalharão seu brilho ao mundo inteiro, ao mundo que é teu.
Vens para o Céu, mas a tua bênção, o orvalho fecundo do teu amor cairão sempre sobre a terra, enquanto ela existir. Receberás tudo de Mim para tudo às almas dares. És de Jesus, vives de Jesus, dás às almas o que é de Jesus.
- Obrigada, meu Jesus. Quero repetir a cada momento da minha vida, dia e noite, sem cessar: sou a Vossa vítima, só a Vós quero consolar, só às almas quero salvar.
No mesmo momento em que Jesus me deixou, caí na minha dor; caí na noite e no meu doloroso martírio.
Tudo aceito porque quero consolar e amar o meu Jesus.
Aceitai, Senhor, a minha desconsolação por não saber falar de Vós, por não saber levar ao Vosso Divino Coração todas as almas.
Sentimentos da alma, 9 de Março de 1945

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A dez anos da Beatificação

Completam-se em 25 de Abril dez anos sobre a memorável data da Beatificação da então Venerável Alexandrina. Será uma boa oportunidade para se repensar a caminhada feita na última década.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Leo Madigan


Muitos amigos da Beata Alexandrina de língua inglesa conheceram-na através do livro que Leo Madigan lhe dedicou, que existe à venda em Balasar e que tem tradução para letão. A Wikipedia dedicou uma curta biografia  a este escritor especialista de Fátima e ele criou recentemente um novo site. Paga a pena ver. Veja-se e ouça-se ainda aqui.

Entrega dos pertences da Igreja de Gresufe ao pároco de Balasar


A entrega dos pertences da igreja de Gresufes ao pároco de Balasar ocorreu aquando da morte de Gonçalo Durães, último abade da freguesia anexada. Este foi com certeza o último a ser sepultado dentro da igreja.
Os livros mencionados no documento são ainda cópias feitas à mão, que ainda não havia reprodução tipográfica.

E foram logo aí pelo dito Bento Gonçalves apresentados estes ornamentos que se seguem:
Item, um cálice de estanho.
Item, duas vestimentas perfeitas.
Item, uns pichos e uma caldeira de benzer água.
Item, três ofícios novos.
Item, um livro de benzer água e de baptizar e de encomendar.
Item, um santal e domingal de rezar.
Item, um saleiro francês.
Item, outro saleiro galego.
Item, outros dois livros de sobre altar, que vêm a saber, santal e outro domingal, segundo que o dito João da Fonte e o dito Gil Esteves abades diziam que os ditos livros eram cada dos ditos ofícios de sobreditos.
Item, foram aí mais achados estes bens que se seguem, a saber, uma arca vazia com sua cobertoura.
Item, outra arca velha, desfeita.
E dos ditos bens aí mais não foram vistos nem achados.

Os quais ornamentos e arcas velhas, assim tudo entregue pelo dito Bento Gonçalves ao dito João da Fonte, abade de Balssar e da dita igreja de Gressuffe, como dito é, o dito Bento Gonçalves disse que eu tabelião lhe desse assim dele um instrumento de como se o dito João da Fonte dava entregue dos sobreditos ornamentos e coisa de suso ditas para lhe a ele dito Bento Gonçalves ao depois não serem mais demandas, posto que se ao depois perdessem.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dentro da Igreja Paroquial de Gresufe


O Arcebispo de Braga determinou a anexação de Gresufe a Balasar por carta de 7 de Maio de 1422, mas esta só se tornou efectiva em 27 de Novembro de 1430 por falecimento do último abade. Foi então apresentada a carta emitida pelo Arcebispo Primaz que impunha a anexação e lida dentro da desaparecida Igreja de Gresufe:

Saibam quantos este instrumento virem que no ano da era do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e quatrocentos e trinta anos, vinte e sete dias do mês de Novembro, dentro na Igreja de Gresufe, terra de Faria, termo da vila de Barcelos, em presença de mim Afonso Martins, tabelião na dita vila e em seus termos pelo senhor Conde D. Afonso, senhor da dita vila e termos, e testemunhas que adiante são escritas, estando aí presente João da Fonte, abade de Balassar e raçoeiro do Mosteiro de São Pedro de Rates, e outrossim estando aí presente um homem que se por nome dizia Gil Esteves, abade que se dizia que era da Igreja de Laundos, outrossim da dita terra e termo, e logo aí pelo dito João da Fonte, abade de Balassar, foi apresentada uma carta de anexação de Dom Fernando, Arcebispo de Braga, escrita em pergaminho e selada do selo pendente redondo, posto em cera branca, colgado por uma fita miscrada de linhas pretas e brancas e subscrita pelo dito senhor Arcebispo, segundo pela dita carta parecia (…)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Nó da A7

O jornal A Voz da Póvoa anuncia que o ansiado nó da A7 se irá concretizar, em Balasar ou nas proximidades. Traz mesmo este título: "A construção do Nó da A7 está em marcha". Quando porém se lê a notícia até ao fim, parece que continua tudo bastante vago.

O Tombo da Comenda de 1830 e a antiga Igreja Paroquial de São Salvador de Gresufe


Ao tempo do Tombo de 1542, estava ainda de pé o edifício da Igreja Paroquial de Gresufe, mas não era assim em 1830, ao tempo do Tombo da Comenda. Vejam-se porém as “medições” correspondentes aos prédios de 1542 assinalados na penúltima mensagem. Aquele campo sem nome onde ficava a igreja é agora o Campo da Oliveira de São Salvador:

Item o Campo da Oliveira de São Salvador no mesmo lugar de Além que sendo medido do nascente ao poente, pelo lado norte, junto do caminho que vai para a igreja fazendo um cotovelo de fronte da entrada do caminho que vai para o Campo da Searinha, tem oitenta e seis varas; do norte ao sul pelo poente tem oitenta e duas varas; do poente ao nascente pelo sul tem setenta e duas varas; e do sul ao norte pelo nascente tem noventa e uma varas e meia.
Parte do norte com o caminho que vai para a igreja, do poente com o Campo do Ribeiro deste mesmo casal, que possui Manuel Francisco Malta, e pelo sul parte com o Campo dos Valacos, do casal de Vila Pouca, que possui António da Costa Raposo; pelo nascente parte com o primeiro assento deste casal, que possui António Domingues. Levará de semeadura doze alqueires de centeio. Tem árvores de vinho em volta e possui-o o caseiro António Domingues.

O Campo do Ribeiro cuja medição se segue era o antigo Cortelho da Igreja:

Item o Campo do Ribeiro, circundado sobre si, no mesmo lugar de Além, que sendo principiado a medir junto do caminho que vai para a igreja, tem de comprido pelo lado do nascente oitenta varas, pelo poente tem oitenta e nove varas, de largo pelo norte tem trinta e cinco varas, pelo sul tem trinta varas.
Parte pelo nascente com o Campo da Oliveira deste mesmo Casal, que possui António José Domingues, pelo poente parte com ribeiro, pelo norte parte com caminho que vai para a igreja e pelo sul parte com o Campo chamado da Água, foreiro ao Mosteiro de Landim, que possui Manuel Francisco Ferreira. É terra lavradia com árvores de vinho e dentro tem um moinho. Levará de semeadura quatro alqueires de centeio e possui-o Manuel Francisco Malta.

Por fim o Campo da Searinha era o antigo Cortelho da Searinha embora a medição não condiga:

Item o Campo da Searinha no mesmo lugar de Além, lavradio, com uveiras por todos os lados à excepção do norte, o qual medido do norte ao sul pelo lado do nascente tem dezoito varas, e do nascente ao poente pelo norte tem setenta e sete varas, e do poente ao nascente pelo sul tem setenta e nove varas.
Parte do nascente com o caminho da serventia para os campos desta comenda e do norte parte com o Campo da Vinha do Abade, que antigamente se chamava a Vinha Velha deste casal e com a Vinha do caseiro que antigamente se chamava o Cortelho do Pevidal do casal de Vila Pouca desta Comenda, que possui António da Costa Raposo, do poente parte com o ribeiro, e do sul parte com o caminho que vai para a igreja. Levará de semeadura quatro alqueires de centeio e o possui o caseiro António José Domingues.

Nestas medições o caminho que vai para a igreja é o que vem de Além para Vila Pouca, pois por igreja entendia-se então a do Matinho. Pela maior parte das confrontações vê-se facilmente que que os prédios são os mesmos de 1542.
Para o presente caso, o Campo da Oliveira de São Salvador é o que mais interessa. São Salvador parece continuar a equivaler a Igreja Paroquial de São Salvador de Gresufe. A oliveira deve lembrar as antigas oliveiras do adro destinadas a concorrer para a manutenção da lamparina do Santíssimo.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quem foi Gresufe?


A Beata Alexandrina nasceu em Gresufes e daí a importância que queremos dar à identificação do local preciso em que ficava a desaparecida Igreja Paroquial de Gresufe. Era questão que há muito, sem grande expectativa, gostávamos de ver esclarecida.
Gresufe, ou Gresufo ou talvez Gresulfo, era um homem, presume-se que do século X, muito abastado e devia ter residência no actual lugar de Gresufes, de que era dono; mas era ainda dono de Vila Pouca, de Além, de Vila Nova e Outeiro, talvez de parte de Agrelos, com certeza de toda a Santa Marinha de Vicente e boa parte de Cavalões. E porque era assim abastado pôde dotar com largueza a paróquia que criou.
Doou-lhe dois casais em Além e um em Vila Pouca. Por casais, neste caso, entende-se amplas casas de lavoura. Mas a sua generosidade ainda foi mais longe: doou-lhe a Quinta de Cruges, em Santa Marinha de Vicente (hoje, Gondifelos).
Um dos casais que ficava em Além chamou-se Casal de Gresufe, sem dúvida por ser do tal Gresufo, e foi nele que fez construir a pequena igreja. Ela devia ser mesmo muito pequena: bastaria que lá coubessem, certamente de pé, umas 30 a 40 pessoas. Talvez tivesse dimensões não muito diferentes das da Capela da Senhora das Neves ou da Igreja de Santa Marinha de Ferreiró (a antiga, não a da Santíssima Trindade).
Nas Inquirições de D. Dinis a Gresufo chama-se “Grissoffy”: “freeguisia de Sam Salvador de Grissoffy”. Mas devia-se ler Grisofe. Muito antes, no Censual do Bispo D. Pedro, escreveu-se “Gresulfi”.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A antiga Igreja Paroquial de São Salvador de Gresufe no Tombo de 1542


A Igreja Paroquial de São Salvador de Gresufe (no Tombo da Comenda de 1830 continuava a escrever-se assim) ocorre no Tombo de 1542 ao fazer-se a delimitação de três propriedades. Estas ficavam no lugar de Além, mas pertenciam a um “casal de Gresufe”, certamente uma casa de lavoura que era de alguém do lugar de Gresufe ao tempo em que mandou edificar a igreja. Escreveu-se no tombo:

Pegado com São Salvador, um campo todo tapado e valado sobre si: parte da parte do mar com a igreja e cortelho da mesma igreja e do norte com caminho e da terra com Campo da Eira e do vendaval com Landim; tem de comprido setenta e oito varas e de largo setenta varas; levará de semeadura dez alqueires.
Pegado com a mesma igreja, um cortelho tapado e valado sobre si; tem de comprido sessenta e sete varas e de largo vinte e sete varas; leva de semeadura três alqueires e meio; e parte da terra com Searas e do norte com caminho e do mar com ribeiro de Oucela e do vendaval com o valo do moinho e terra de Landim.
O Cortelho que se chama da Searinha, todo tapado e valado sobre si; tem de comprido noventa e cinco varas e de largo trinta e cinco varas; leva de semeadura dois alqueires e meio; parte do vendaval com caminho da igreja e do mar com ribeiro da Oucela e da terra com a Vinha da Seara e do norte com Vinha do Abade.

Por São Salvador entende-se Igreja de São Salvador de Gresufe; os pontos cardeais são identificados respectivamente como norte, vendaval (sul), terra (nascente) e mar (poente). O caminho que fica a norte do primeiro campo e do cortelho da igreja e a sul do cortelho da Searinha corresponde à actual rua que vai de Vila Pouca para Além. O ribeiro de Oucela é o ribeiro que vem de Gresufes para o rio Este. A palavra Landim refere-se a terras foreiras ao Mosteiro de Landim.
Para o balasarense de hoje, é a delimitação do Cortelho da Searinha que mais claramente garante esta localização da antiga Igreja de São Salvador de Gresufe: ele ficava a nascente do ribeiro, a norte do caminho da igreja e a sul da Vinha do Abade. Ora este último nome continua ainda hoje em uso. O cortelho de que aqui se fala hoje não é cortelho pois uniu-se à Vinha da Seara fazendo assim um largo campo.

Outra "Balazar"

Na Corunha, em Ordes, na Rua Fonte, há qualquer lugarejo com o nome de "Balazar".

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Vejo que todo o mundo é noite


Na Dinamarca, abateram uma girafa e isso gerou uma “onda de revolta”; em Portugal, foram provocados 100.000 abortos. Quantas ondas de revolta se levantaram? E com aquele caso dos alunos que se masturbavam durante as aulas?
Nos Sentimentos da Alma de 10 de Outubro de 1947, a Beata Alexandrina escreveu:

Vejo que todo o mundo é noite, que todo o mundo é revolta.
Quero acudir-lhe, quero salvá-lo e não posso.
Como é grande a minha dor! Quero levá-la com alegria.
Jesus, vinde e vencei em mim!

No evangelho do último domingo, os católicos eram convidados a ser “luz do mundo”, luz que deve iluminar tão escura noite como aquela que caiu sobre ele.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Cruzada Eucarística das Crianças no Outeiro Maior


No primeiro número da Cruzada e igualmente no número de Janeiro do Mensageiro do Coração de Jesus do mesmo ano de 1930 vem uma fotografia dos Cruzados do Outeiro Maior. Não vem é nenhuma notícia da erecção do centro. Apesar de tudo, não é despropositado colocar aqui a fotografia do pequeno grupo de Cruzados, até porque…
O pároco do Outeiro Maior era então o balasarense Pe. Celestino Furtado, dos Furtados da Gandra. Era um homem com curiosidades intelectuais: a sua biblioteca particular tinha algumas centenas de volumes, de temas variados. Chegou a assinar a Brotéria e até o Mensageiro do Coração de Jesus nos anos de 1929-1935. Devia conhecer o Pe. Mariano Pinho.
Ao centro desta fotografia dos Cruzados do Outeiro Maior, certamente tirada em 1929, vê-se o Pe. Celestino Furtado, dos Furtados da Gandra. É uma fotografia de estúdio e tem a assinatura de Marques de Abreu.

Parte dessa biblioteca foi entregue à Paróquia de Balasar e encontra-se ainda um ou outro livro na Casa da Gandra.

Há um documento paroquial relativo à instituição da Cruzada naquela freguesia, em duas páginas, frente e verso da mesma folha, sobre a recolha de fundos para a aquisição da bandeira da Cruzada: “a bandeira custou 378$00 e as insígnias para a inscrição da Cruzada custaram 123$00”. Naquele tempo ainda era dinheiro para uma freguesia tão pequena. As bandeiras da Cruzada, a parte de pano naturalmente com o distintivo e os dizeres, se não erro, eram confeccionadas no Colégio do Sagrado Coração de Jesus, da Póvoa.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Marques de Abreu colaborador do Pe. Mariano Pinho, em 1929


“O ano de 1929 foi um ano fecundo e rico de bênçãos para a Cruzada Eucarística em Portugal: multiplicaram-se durante ele os centros, cresceu o número e a actividade dos Cruzados; as suas forças, que ainda há pouco eram apenas algumas energias dispersas, formam agora, ao findar-se o ano velho e ao surgir risonho o novo, um esquadrão de milhares de braços. A Deus em primeiro lugar as mais fervorosas acções de graças, que dele desça sobre a terra tudo quanto é bom”.
Estas palavras são do Pe. Mariano Pinho, no número do Mensageiro do Coração de Jesus de Janeiro de 1930 e dão bem conta do sobressalto que aconteceu nesta associação infantil ao longo do ano de 1929.

O Pe. Mariano Pinho utilizou repetidas vezes este quadro fotografado por Marques de Abreu. 

A partir de então, a Cruzada Eucarística das Crianças tem um dinamizador entusiasta que também é um excelente comunicador; tem um manual para orientar os zeladores; tem uniforme para os Cruzados; tem bandeira; tem emblemas, livros de registo dos inscritos; e anunciava-se uma revista para promover formação e divulgar informação. Tem um hino.
Os párocos entusiasmaram-se e sem dúvida também os pais.
Uma razão, sem dúvida secundária, deste sucesso foi a publicação de fotografias de grupos de Cruzados e outras. E não eram umas fotografias quaisquer pois tinham a assinatura de Marques de Abreu.
Este fotógrafo, cuja actividade devia estar centrada no Porto, colaborava desde há muito com o pároco e depois ex-pároco de Vila do Conde, o Mons. José Augusto Ferreira. Agora encontramo-lo a colaborar com o Pe. Mariano Pinho.
Grupo da CEC da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, então com as obras paradas desde 1910.

As fotografias de 1929 são ora de estúdio ora de interiores de igreja ora de ar livre. O que são sempre é de qualidade. As primeiras dizem respeito aos grupos do Colégio do Sagrado Coração de Jesus, da Basílica do mesmo Sagrado Coração de Jesus, do Colégio poveiro de D. Bosco, do colégio vila-condense das Doroteias. Mas já surgem duas de mais longe, de Viana e do Porto.


À frente do Colégio do Sagrado Coração de Jesus estava a dinâmica Madre Sá, também regressada do exílio republicano. Os Jesuítas davam lá apoio religioso.

Transcrevemos o Hino da Cruzada:

Hino da Cruzada

Solo

Nós somos a infância
De espírito ardente;
Gozamos da vida
A quadra inocente.
Mas fortes, audazes
Da Cruz ao valor,
Nós somos os Cruzados
De Nosso Senhor.


Grupo do Colégio de D. Bosco.

Coro

Solto ao vento o estandarte
Do Sagrado Coração
Pela Pátria, pela Infância,
Nossos braços lutarão.

Levamos ao peito
A Cruz redentora
Que lembra as façanhas
Da pátria de outrora.
Mais belos extremos
De heroísmo e valor
Farão os Cruzados
De Nosso Senhor.


Se os Jesuítas davam apoio ao colégio poveiro das Doroteias, também o deviam da ao seu congénere vila-condense.

A força vem do Alto,
Do Pão sacrossanto
Que os Anjos trespassa
De místico encanto.
É o Sangue fervente
No cálix do amor
Que alenta os Cruzados
De Nosso Senhor.


Uma fotografia vinda de mais longe, do Porto.

Quem não desafiara
O inferno e a morte?
A Cruz do Calvário
Broquel é do forte.
Maria nos segue
Com olhos de amor.
Avante, Cruzados
De Nosso Senhor!



Por fim, uma fotografia dum grupo de Viana aonde o Pe. Mariano Pinho foi intervir num congresso que lá decorreu.
Clique nas imagens para as ver em tamanho maior.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Antes da aparição da Santa Cruz (1)


Já noutra ocasião mostrámos como é importante conhecer certos documentos emanados de Braga para avaliar o contexto religioso e político concreto em que ocorreu a aparição da Santa Cruz em Balasar. É sabido que a década de vinte do século XIX foi conturbadíssima desde o seu princípio. A Junta Provisional de Supremo Governo do Reino saída da revolução do Porto, em Agosto, logo em Setembro impôs à Igreja um “juramento de fidelidade ao Rei, às Cortes e à Constituição que elas fizerem e de obediência ao Supremo Governo do Reino”. Jurar fidelidade a uma constituição que não existia era passar um cheque em branco aos revolucionários. Mas que se havia de fazer?
O extenso documento que se transcreve abaixo regista o juramento feito em Braga e a ordem para que o efectuassem todos os sacerdotes da Diocese. Como nele se manda, foi lido em todas as paróquias, logo também em Balasar.

Juramento de Fidelidade à Junta Provisional de Supremo Governo do Reino (1820)

O Dr. João José Vaz Pereira, Reitor do Seminário de São Pedro, Chantre na Sé Primaz, Desembargador, Provisor e Vigário Geral nesta Corte, Comarca e Arcebispado pelo Ex.mo e Rev.mo Arcebispo Primaz, etc., faço saber aos Rev.dos Párocos da visita abaixo declarada que da parte do mesmo Ex.mo e Rev.mo Arcebispo Primaz me foi enviada a Portaria e Auto abaixo copiado a fim de se expedir a presente para sua devida execução, o qual Auto e Portaria é do teor seguinte:

Auto de Juramento de Fidelidade
Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e vinte, aos vinte e um de Setembro do dito ano, nesta cidade de Braga e Paço Arquiepiscopal, em presença do Ex.mo e Rev.mo Senhor Arcebispo Primaz D. Fr. Miguel da Madre de Deus, compareceram o Rev.do Cabido da Santa Sé Primacial, os Rev.dos Ministros da Relação Eclesiástica, os Rev.dos Párocos das freguesias da mesma cidade e outros que nela se achavam presentes, como também os Rev.dos Reitores dos Seminários de S. Pedro e S. Caetano, os Capelães das Religiosas da dita cidade abaixo assinados a fim de prestarem juramento de fidelidade ao Rei, às Cortes e à Constituição que elas fizerem; e de obediência ao Supremo Governo do Reino. E assim com efeito o prestaram nas mãos de Sua Excelência Reverendíssima, conformando-se em tudo com as ordens do mesmo Supremo Governo e com o que se praticou no Auto de Câmara Geral da cidade do Porto e com a Portaria e Exortação de Sua Excelência Reverendíssima a todo o Clero do Arcebispado para satisfazerem o sobredito juramento, a qual Portaria é do teor seguinte:

Em observância das Ordens da Junta Provisional de Supremo Governo do Reino que mandam aos Rev.dos Párocos e mais eclesiásticos deste Arcebispado prestar juramento de fidelidade ao Rei, às Cortes, à Constituição que elas fizerem e obediência ao Supremo Governo, ordenamos ao nosso Cabido e aos Rev.dos Ministros da nossa Relação e aos Rev.dos Párocos desta nossa cidade compareçam perante Nós no dia vinte e um do corrente mês, pelas onze horas da manhã, a fim de prestarem o juramento na forma exposta, assinando o Auto que se há-de formalizar conforme o Auto da Câmara Geral feito e assinado na cidade do Porto, o que também praticarão os Rev.dos Vigários Gerais das comarcas nas mãos dos Rev.dos Vigários Gerais das vagantes e, achando-se algum destes impedido, nas mãos do pároco mais antigo da vila em que assiste.
E outrossim determinamos a todos e cada um dos Rev.dos Párocos do mesmo Arcebispado compareçam, os desta Comarca de Braga perante o nosso Rev. Desembargador Provisor e os da Comarca de Valença, Vila Real, Chaves e Moncorvo perante os Rev.dos Vigários Gerais respectivos a fim de igualmente prestar o juramento mencionado, o qual poderão satisfazer por seu bastante procurador aqueles que mostrarem achar-se gravemente impedidos por moléstia, o que hão-de cumprir dentro do peremptório termo de oito dias depois da intimação desta nossa Portaria, assim como serão obrigados todos os Clérigos de todas as Paróquias a comparecerem na Igreja, perante o seu respectivo Pároco para prestarem com toda a solenidade o mencionado juramento, que será remetido à cabeça da Comarca donde nos será enviado com o que aí mesmo se formalizar para ser por Nós remetido ao Supremo Governo em tempo breve.
Esperamos do patriotismo e mais virtudes do nosso respeitável Clero que gostosamente cumpra este dever, muito conforme à doutrina do Apóstolo que manda obedecer às autoridades constituídas, não só pelo temor, mas por consciência, roborando com palavras e exemplo a união e concórdia que tão felizmente tem reinado entre todos os Portugueses em crise na qual eram para recear-se os horrores da guerra civil e da anarquia, louvando por isso a Deus, dirigindo ao mesmo Senhor orações fervorosas a fim de que o desígnio e fadigas do Governo restaurador consigam a desejada reparação dos males que vão levando ao precipício esta nação digna de melhor sorte e que tanto se tem distinguido entre os povos cristãos mais civilizados esperando que recobre seu esplendor antigo conservada em toda a sua pureza a Santa Religião do Nosso Salvador Jesus Cristo, restituídos os nossos foros e regalias que a desgraça dos tempos tinham posto em deplorável esquecimento em que pelas Cortes Constitucionais se nos hão-de conservar ilesas, salva sempre a fidelidade e vassalagem que se deve ao nosso adorado Monarca Senhor D. João VI e à Augusta Dinastia da Casa de Bragança.
Confiamos no Senhor que nos dará os auxílios necessários para o complemento desta grande obra conservando no meio de nós a pureza da Fé, as doçuras da Esperança e os ardores da Caridade e todas as mais virtudes de que o Governo se prepara dar-nos o exemplo e por que este reino foi sempre tão feliz e privilegiado.
Redobremos as nossas orações, esperemos na misericórdia do Altíssimo que não desampare os que O invocam com a prática das boas obras; façamo-nos dignos da sua protecção e nossos desejos serão plenamente satisfeitos.
E para que chegue a notícia de todos, ordenamos ao nosso Rev. Desembargador Provisor mande passar as ordens do estilo com o teor desta nossa Portaria para as visitas desta Comarca e para todas as do Arcebispado, com ordem aos Rev.dos Párocos para copiarem esta no livro competente e a publicar a seus fregueses à estação da Missa conventual.
Braga, 20 de Setembro de 1820.
Com a rubrica de Sua Excelência Reverendíssima.

E depois de lido e subscrito, Auto e Portaria foi por todos assinado, com Sua Excelência Reverendíssima.
Eu, Custódio Luís de Araújo, secretário da Câmara Eclesiástica, o subscrevi.

Fr. Miguel, Arcebispo Primaz
D. António Alexandre da Cunha Reis, Deão
Manuel Ramos de Sá, Chantre
Mestre Escola Teotónio de Magalhães e Meneses
Manuel Inácio de Matos Sousa Cardoso, Tesoureiro-mor
Luís da Costa Lobo, Desembargador
Gaspar do Couto Ribeiro de Abreu
Bento José da Silva Camirão (?)
Joaquim José Félix de Oliveira e Silva
António Joaquim de Sá
João Correia Botelho
João Teodósio de Araújo Leão
José Maria de Melo
José Joaquim de Araújo Figueiredo
Joaquim de Mota
D. António do Amaral Castelo-Branco Noronha
José Joaquim de Cruz Vieira
João José Vaz Pereira, Provisor do Arcebispado
Manuel José Leite Pereira, Vigário Geral
João Marcos da Costa Pereira
José António Henriques de Moura
António Bernardo da Fonseca Memas (Moniz?)
José Pereira de Azevedo
João Ribeiro Pereira, Abade de S. João do Souto
Manuel da Cunha, Vigário da Sé Primaz
António José da Silva, Abade de Mazarefes
Tomás José de Carvalho, Prior de S. Vítor
João Álvares de Araújo, Vigário de S. Tiago da Cividade
Gaspar João Domingues da Costa, Vigário de S. José de S. Lázaro
Manuel José Antunes de Carvalho e Santos
António Luís da Cunha Peixoto e Campos
António José dos Santos, Abade de S. Cruz de Lima
José Pereira Guedes, Arcipreste de Viana
Manuel Joaquim Peixoto de Carvalho, Abade de Mós
Fr. Lopo António da Graça Barros, Reitor de Vilarelhos
João António Pereira Antas, Abade de Estevães
O Vice-Reitor João (ilegível) Magalhães
O Reitor, José António Barbosa de Araújo
O Pe. Francisco Martins Correia
O Pe. Miguel António Fernandes, Capelão de S. Teresa
Capelão das Órfãs José Domingues Machado
O Pe. Manuel José Gonçalves, Capelão da Conceição
O Capelão do Colégio, Manuel António de Oliveira
O Capelão de Salvador, Henrique José Carneiro
José da Costa Lobo, o Capelão dos Remédios
Manuel José Gomes, o Capelão
João da Silva Machado
João Evaristo Lino da Costa, Secretário de Sua Excelência Reverendíssima
João José da Cunha Tavares, Servo (?) Tercenário, Capelão de Sua Excelência Reverendíssima
O Abade Capelão Miguel António da Silva Portugal
João Rodrigues Ferreira, Capelão da Santa Cruz
José Bernardino Pereira Prestes, Tercenário Familiar de Sua Excelência (ilegível)
(Ilegível) Miguel António da Mota de Santo António
João Álvares, Capelão de S. Domingos

E não continha mais o dito Auto e Portaria e assinaturas, o qual, sendo-me dirigido da parte do mesmo Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor, por meu despacho mandei passar a presente dirigida aos Párocos da visita ao diante declarada para que em tudo observem e façam observar como nela se contém e copiando-a no respectivo livro a publiquem aos seus fregueses à estação da Missa conventual fazendo girar esta pela ordem do roteiro ao diante descrito e remetendo-a ao Pároco mais vizinho pelo mordomo da freguesia com a brevidade possível, sendo o último obrigado a remetê-la ao secretário da Câmara Eclesiástica que esta subscreveu, passando cada certidão do dia e hora em que lhe foi entregue para por este modo me constar da sua inteira observância.
Dada em Braga, sob sinal somente, aos quatro de Outubro de 1820.
E eu, Custódio Luís de Araújo, secretário da Câmara Eclesiástica, o subscrevi.

João José Vaz Pereira

Antes da aparição da Santa Cruz (2)


As autoridades eclesiásticas bracarenses parecem ter-se mantido fiéis ao juramento prestado, mesmo com muito custo. Mas três anos mais tarde consideraram-se desligadas dele. Afinal os revolucionários de Vinte faziam pressão sobre o Rei, como se verificou após a Vila-Francada. Ora isso, viciava irremediavelmente o jogo político: não respeitavam a fidelidade que deviam ao Rei. No documento menciona-se o Conde de Amarante, primeiro militar a levantar-se contra os liberais.

Edital de 1823 contra “um governo intruso, tirânico e despótico, filho de uma facção rebelde”

O Doutor Manuel José Leite Pereira, Abade de S. Pedro de Maximinos, Desembargador, Provisor e Vigário Geral nesta Corte e Arcebispado pelo Ex.mo e Rev.mo Senhor D. Fr. Miguel da Madre de Deus, Arcebispo e Senhor de Braga, Primaz das Espanhas, etc., faço saber aos Rev.dos Párocos que, da parte dos Senhores Governadores do Arcebispado, me foi dirigida a Exortação seguinte:

Os Governadores do Arcebispado Primaz aos Rev.dos Párocos, ao Venerável Clero Secular e Regular e aos mais súbditos desta Santa Igreja.
Aparecendo a luz, dissipam-se as trevas e, aparecendo a verdade, dissipam-se os erros, os enganos, tais foram aqueles que motivaram a nossa exortação datada no dia 15 de Março de 1823, expedida por força da Régia Portaria do teor seguinte:

Manda El-Rei pela Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça:
Atendendo a que o terrível exemplo de perjuro dado pelo Conde de Amarante pode alucinar alguns incautos desconhecedores de seus verdadeiros interesses e consequentemente deixarem-se arrastar por mal-intencionados que só desejam ver derramado o sangue dos irmãos, parentes e amigos para, no meio da desordem, da confusão e da carnagem, darem cruento pasto a inveterados ódios e antigas rixas, sem lhes importar transpor todas as barreiras da humanidade, da honra e da probidade, virtudes inatas em verdadeiros Portugueses, contanto porém que imaginam conseguir assim os seus perversos e danados intentos, que o Reverendo Arcebispo Primaz ou quem suas vezes fizer ordene a todos os Párocos da sua Diocese instruam os seus fregueses no horror em que devem ter os que, violando um tão sagrado juramento como o que há pouco prestaram à Constituição da Monarquia, única forma de governo que pode fazer a felicidade dos Portugueses, se hão deixado, desapercebidos, fascinar por aquele rebelde, que verdadeiramente lhes façam sentir os iminentes males que lhes caberiam em partilha se deixassem contaminar-se com um tão execrando modelo, cumprindo ao mesmo tempo fazer-lhes conhecer quanta obediência devemos prestar à Constituição e leis regentes (vigentes?), o respeito devido às autoridades constituídas e quanto enfim seria terrível a Sua Majestade que mais sectário encontrasse o detestável exemplo de Vila Real, cujo estranho procedimento entre Portugueses tem profundamente magoado seu coração paternal.
Palácio da Bemposta, em 5 de Março de 1823.
José da Silva Carvalho

Por outras e por uma carta da Câmara, assinada por El-Rei, se expediram outras ordens que circulam por este Arcebispado isentas (?) às quais sacrificamos as nossas opiniões e vontades, obediência e respeito devido às reais determinações.
Soou depois a voz do nosso Augusto Soberano, Rei e Senhor, livre de coacção a que imperiosas circunstâncias o tinham sujeitado, e dissiparam-se os erros invencíveis, inculpáveis, e o engano com que nos tinha iludido um governo intruso, tirânico e despótico, filho de uma facção rebelde, que pretendeu destruir a autoridade do Rei Soberano, independente, em nome do mesmo Rei, e reconhecemos terem sido extorquidas, demos aquela exortação e outra ordem posterior com a mais criminosa fraude e opressão aos verdadeiros sentimentos de Sua Majestade e por isso revogamos, rescindimos e anulamos e abolimos a dita exortação e ordens posteriores e mandamos que sejam consideradas como se nunca tivessem existido e escusamos perpetuamente tudo aquilo que nelas se achar contrarie as verdadeiras intenções de Sua Majestade, ao qual (palavra ilegível) juramento de inalterável fidelidade e obediência.
E o Rev.do Desembargador-Provisor mandará passar ordens circulares com o teor deste edital para ser copiado nos livros respectivos das paróquias.
Dado em Braga aos catorze de Junho de mil oitocentos e vinte e três.

E não se continha mais no dito edital, em consequência do qual, por meu despacho, mandei passar a presente ordem para o Rev.dos Párocos da visita ao diante declarada para que em tudo a cumpram e guardem e façam observar publicando-a a seus fregueses à Missa conventual, copiando-a no respectivo livro, fazendo-a girar pela ordem do roteiro ao diante descrito e remetendo-a ao Pároco mais vizinho pelo mordomo da freguesia com a brevidade possível, sendo o último obrigado a remetê-la ao secretário da Câmara Eclesiástica que esta subscreveu, passando cada um recibo do dia e hora em que lhe foi entregue para por este modo me constar da sua inteira observância.
Dada em Braga, sob o meu sinal somente, aos vinte e um de Junho de 1823.
Eu, Custódio Luís de Araújo, secretário da Câmara Eclesiástica, a subscrevi.
Manuel José Leite Pereira

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Congregação Mariana dos Jovens de Balasar

Quem abre esta página do site do Arquivo Distrital do Porto verifica que se conservam nesse arquivo alguns documentos bem interessantes quer para o estudo da história de Balasar quer mesmo para o da Beata Alexandrina.
Estão lá uns estatutos da Confraria do Santíssimo Sacramento (1913-1914), os da Confraria das Almas (1911-1914), os da Corporação Fabriqueira (1919 e 1988) e um documento relativo à Congregação Mariana dos Jovens (1931), entre outros.

Os dois primeiros destes documentos são certamente actualizações impostas pelos republicanos. O da Congregação Mariana dos Jovens pode ter um interesse muito especial pois possuirá relação estreita com o Pe. Mariano Pinho, que então dirigia esta congregação na Póvoa de Varzim, e com a Deolinda - e consequentemente com a Beata Alexandrina.