segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Pe. Mariano Pinho na festa do Sagrado Coração de Jesus de 1942 em Bagunte


No jornal de Vila do Conde a Renovação, de 28 de Fevereiro de 1942, vem esta notícia que informa que o Pe. Mariano Pinho ia em breve pregara Bagunte:

É no próximo dia 4 de Março que principiam nesta freguesia as práticas do tríduo do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa se realiza no dia 8 do mesmo mês.
As práticas e sermões da festa estão confiadas ao distinto orador sagrado Dr. Mariano Pinho.
A parte musical está confiada à menina Maria Gonçalves, gentil filha do nosso bom amigo Sr. António Gonçalves Fontes, e a parte coral a um grupo de meninas desta freguesia.
Oxalá esta freguesia colha frutos abundantes das práticas deste tríduo e que as almas se dêem todas a Cristo a fim de atrair as bênçãos de Deus a todo o mundo, que bem afastado tem andado dele.
Aproveitamos esta boa ocasião para implorar do Sagrado Coração de Jesus a paz para o nosso querido Portugal e para todo o mundo.

No dia anterior,  27 de Fevereiro, a Alexandrina tinha escrito:

Pensava já ter-Vos dado tudo; enganei-me, viestes agora fazer a última colheita. Colhei tudo, colhei depressa e colhei-me depois para Vós.
Dei-Vos definitivamente no dia 20, até quando mo quiseres dar, o meu Paizinho Espiritual. Dei-Vos no dia 24 toda a correspondência que dele tinha, a qual me serviu de luz e encaminhou para Vós.


Significa isto que, mesmo estando ali na freguesia ao lado de Balasar, o Pe. Mariano Pinho não a visitou.

domingo, 20 de setembro de 2015

Carta postulatória do Senhor Arcebispo de Braga


Braga, 13 de Outubro de 1979

Santíssimo Padre

O meu venerando e imediato antecessor de feliz memória, D. Francisco Maria da Silva, iniciou com devoção, em 14 de Janeiro de 1967, e encerrou com alegria, em 10 de Abril de 1973, o Processo canónico para a beatificação e canonização da Serva de Deus ALEXANDRINA MARIA DA COSTA.
Nascida em Balasar, paróquia desta Arquidiocese, em 30 de Março de 1904, ali faleceu em 13 de Outubro de 1955, há precisamente vinte e quatro anos, contando cinquenta e um de idade.
Não a conheci pessoalmente.
No entanto, por várias vias, chegaram até mim, enquanto exerci o múnus sacerdotal em Coimbra e o serviço episcopal em Moçambique e Angola, o eco das suas heróicas virtudes e a fama da auréola de santidade que a envolveu durante a vida – e após a morte.
Verifico agora que a convicção de aquela Serva de Deus ser verdadeira santa está arreigada no povo humilde, tal como nos homens cultos que com ela privaram – nomeadamente sacerdotes e médicos – ou simplesmente a conheceram.
Embora julgue saber que os Bispos de Portugal, constituídos em Conferência, tendo dado o seu apoio ao processo canónico, aguardam como feliz remate a sua canonização, creio dever fazê-lo também a título pessoal, por ser o actual Pastor da Igreja diocesana que ela serviu com as suas orações e enriqueceu com o alto exemplo das suas virtudes durante a vida e após a morte.
O Povo de Deus desta Diocese e circunvizinhas espera ansiosamente a sua glorificação na Terra.
E o Arcebispo de Braga junta a sua voz à do povo humilde mas dotado de sensibilidade e intuição religiosa e leva até junto de Vossa Santidade a expressão viva dos seus ardentes desejos.
Convicto de que a sua glorificação terrestre muito contribuirá para o enriquecimento espiritual da Comunidade cristã, quer na sua configuração local, que mesmo a nível da Igreja Universal, ouso solicitar a Vossa Santidade a graça da próxima beatificação da Serva de Deus ALEXANDRINA MARIA DA COSTA.
+ Eurico Dias Nogueira

Arcebispo Primaz

sábado, 19 de setembro de 2015

Carta do Pe. Heitor Calovi ao Cónego Molho de Faria em 1981 (2)


O Cónego Molho de Faria envolvera-se irresponsavelmente numa situação que agora se tornara embaraçosa e era preciso agora muita humildade para corrigir o mal feito.
O Pe. Heitor Calovi é aqui muito directo e pode até parecer irónico, mas não era com certeza o caso.
Esta carta põe em evidência o papel de motor que os Salesianos tiveram nas várias diligências da Causa e o papel sobretudo burocrático da Diocese.

Do que não restam, dúvidas – pois também dispomos de documentos para o afirmar – é do facto de VR. se ter servido, para elaborar o “Parecer”, das informações veiculadas pela ex-religiosa Maria Machado, melhor dito, das suas acusações e insinuações maldosas e ressentidas, próprias do seu temperamento arrebatado e conflituoso. Da Maria Machado e de outra ex-religiosa, a Felismina dos S. Martins, espírito débil dominado por aquela.
No depoimento da Felismina lê-se o seguinte: “Muito amargurada, resolvi-me escrever uma carta ao meu confessor, o Dr. Molho de Faria, para desabafar. A Teresa F. Matias incitou-me a isto e prontificou-se a ajudar-me a escrever a carta por ser mais esperta do que eu”. Da primeira, é interessante e sintomático verificar como no seu depoimento, em 1965, aparecem como que em embrião certas apreciações que encontramos perfilhadas e desenvolvidas por VR. no “Parecer”.
Foi na base de tais informadoras, sem se preocupar de verificar se quanto elas afirmavam correspondia à verdade, que VR. emitiu o seu juízo negativo, concluindo “nada haver encontrado que ateste algo de sobrenatural extraordinário…”, antes acrescentando “haver indícios seguros para se afirmar o contrário”! Um mínimo de isenção e de preocupação por descobrir a verdade implicava que fosse ouvida a irmã, a mãe, o Pároco, outras pessoas de reconhecido critério e isenção, mas sobretudo fosse ouvida a Alexandrina.
Tem graça! Tenho aqui diante de mim os originais de duas cartas que VR. escreveu ao P. Pinho, uma datada de 2.3.1943 e outra sem data, mas provavelmente anterior à data do “Parecer” (envio-lhe fotocópia das duas). Na segunda escreve textualmente: “No dia 31 de Maio estive em Balasar. Fui chamado ao lugar do Calvário. Disse aquilo que julguei então fazer falta, não pretendendo substituir aquilo que não se substitui, mas ajudar a obra de Deus. Fiquei bem impressionado… Adiantei-me a exigir uma reserva escrupulosa seja diante de quem for, mesmo diante de mim. Sem nada tomar desde Sexta-Feira Santa, lá continua a formidável e misteriosa agonia tão necessária no momento que passa…”
E, na primeira, há passagens verdadeiramente curiosas, que nos deixam perplexos sobre a mudança de linguagem empregue no “Parecer”: “… Li ainda a carta que se dignou enviar, com excertos dos escritos da Alexandrina, em que parece já se vai historiando o acontecimento máximo qual a Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria… Gostei e admirei muito… Admirei sobretudo o espírito de simplicidade e máxima confiança em Deus. Há tanta beleza e exactidão em algumas coisas de real dificuldade teológica que, ao sabermos donde provêm, não podemos não ver claramente o dedo de Deus”.
Fico francamente intrigado e custa-me a acreditar que a mudança de 180 graus operada em VR. a respeito do “caso” da Alexandrina se tivesse processado a partir de informações intriguistas e coscuvilhice. Não quero adiantar mais alvitres, mas deixo à sua consciência a resposta sobre as verdadeiras causas…
E pronto, acabei.
Se com esta minha insistência magoei Vossa Reverendíssima, peço-lhe sinceramente desculpa, mas afianço-lhe que não esteve nas minhas intenções. O que procurei, talvez com uma certa vivacidade – aliás compreensível – foi esforçar-me por fazer ver a VR. a justeza da causa que defendo, não certo para proveito meu, mas sim, repito-o, por amor à Causa e à verdade, que tem de ser o seu suporte.
Com sentimentos de respeito e consideração, creia-me
dev.do (devotado) in Domino (no Senhor)
Pe. Heitor Calovi
(Vice-Postulador)

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Carta do Pe. Heitor Calovi ao Cónego Molho de Faria em 1981 (1)


Esta carta, e há pelo menos outra semelhante, é um documento histórico de grande importância: em 1981, a Causa da Alexandrina estava parada e era preciso que o Cónego Molho de Faria se retractasse de muitas das afirmações infundadas do “Parecer” de 1944.
Porque o documento é extenso, dividimo-lo em duas partes.

Lisboa, 21 de Janeiro de 1981
Reverendíssimo Senhor Cónego
Tenho estado bastante tempo indeciso sobre se haveria ou não de lhe escrever novamente, uma vez que Vossa Reverendíssima deu por encerrado o assunto que esteve na origem da minha recente correspondência. Afirmando que “não há nenhuma oposição entre os dois testemunhos (o de 1944, desfavorável à Alexandrina, e a deposição no Processo Informativo Diocesano, favorável); eles completam-se”, e que na sua “resposta está tudo”, VR. pensa que está tudo bem e que a Causa segue normalmente o seu curso. Mas não é assim. Numa carta que o Postulador da Causa me enviou antes do Natal, ele insiste em advertir que o “Parecer” (de 1944) não pode ir às mãos do Promotor Geral da Fé sem que se lhe junte uma declaração sobre a falta de objectividade das afirmações que nele se fazem a respeito da Alexandrina ou, então, sem explicar em que bases assentam as mesmas afirmações e quais os critérios de credibilidade que tais bases oferecem. A Causa está parada à espera dessa declaração – vinda do Autor do “Parecer” ou, se este se negar, do Senhor Arcebispo. Sim, do Senhor Arcebispo, porque, diz o Postulador, “a Causa, antes de ser dos Salesianos ou do Pároco de Balasar, é do próprio Arcebispo de Braga”, e portanto a ele compete tomar as providências necessárias para o desbloqueamento da situação.
Posso adiantar-lhe que já falei com o Senhor D. Eurico e que lhe entreguei todo o “dossier” referente a este assunto (o “Parecer”, fotocópia das afirmações de VR. ao tribunal de Braga em 1968, cópia da minha correspondência, da sua resposta e da carta do Postulador). Transmiti-lhe igualmente o pedido para que se fizesse depressa, pois é só isto que ainda falta juntar à documentação destinada ao Promotor Geral da Fé.
Como afirmei no início, pensava ter esgotado as diligências que estava incumbido de fazer neste sentido. Há dias, porém, tive conhecimento, pelo Pároco de Balasar, de que VR. estivera de visita à campa da Alexandrina no primeiro sábado deste ano… Decidi-me, então, fazer à sua compreensão – para não dizer à sua consciência – um último apelo que, a ser correspondido, viria abreviar este compasso de espera em que a Causa se encontra.
O que VR. deveria declarar é mais ou menos o seguinte:
“No “Parecer” por mim elaborado em 16.6.1944, como Presidente da Comissão de Teólogos encarregada pelo Senhor Arcebispo Primaz de Braga de estudar o caso da Alexandrina de Balasar, foram feitas diversas afirmações acerca da mesma Alexandrina que não se basearam num conhecimento directo da Serva de Deus (nunca foi interrogada por nenhum dos membros da Comissão), mas tão-somente em informações colhidas de viva voz, e por escrito, de pessoas de Balasar que eram notoriamente movidas por sentimentos malévolos contra a mesma Alexandrina”.
Reconhecendo que o documento – ao menos no respeitante às afirmações negativas sobre o comportamento da Serva de Deus – está viciado à partida por esta falta de objectividade, o seu valor probativo cai completamente, pese embora o crédito e o aval que na altura o Senhor Arcebispo lhe deu.

Confirmo, pois, tudo o que expus a VR. na minha carta do ano passado e asseguro-lhe que não me move nesta insistência outra razão que não seja o amor à Causa e à verdade. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Carta postulatória do Bispo de Setúbal D. Manuel da Silva Martins

Chegou-nos recentemente às mãos cópia da carta postulatória do Bispo de Setúbal D. Manuel da Silva Martins a pedir ao Santo Padre a Beatificação e Canonização da Alexandrina. É um notável, sereno, belo testemunho:
Beatíssimo Padre
Humildemente venho rogar a Vossa Santidade que eleve às honras dos altares a Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa que, depois duma vida de exemplo heróico de amor a Deus e ao próximo, admirada e venerada por todo o Povo de Portugal, faleceu em odor de santidade em 13 de Outubro de 1955, na pequena aldeia de Balasar, da Arquidiocese de Braga.
Conheci pessoalmente a Alexandrina; visitei-a várias vezes, chegando até a ministrar-lhe a Sagrada Comunhão; assisti, maravilhado, a um dos seus êxtases. Tudo nela me impressionou e edificou profundamente.
Estou convencido que era verdadeiramente uma alma de Deus e era evidente o amor especial com que o mesmo Deus privilegiava esta Sua Serva.
Pouco ou nada inclinado à aceitação destes fenómenos de “santidade” que aparecem um pouco por todo o lado, no caso presente julgo coram Deo que se trata realmente de um fenómeno de real e extraordinária santidade.
Permito-me, pois, com tanta gente de Portugal, pedir confiadamente a Vossa Santidade que, se for para honra e glória de Deus, proclame solenemente a santidade desta nossa companheira de testemunho Alexandrina Maria da Costa.
Setúbal, Portugal, 17 de Outubro de 1979.
+ Manuel da Silva Martins, Bispo de Setúbal

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Novo número do Boletim de Graças

Se o número passado do Boletim de Graças nos pareceu estar abaixo do nível habitual, este melhorou francamente.
Além da Reparação, tema maior da mensagem da Beata, salientamos a notícia, por Maria Rita Scrimieri, dum eloquente testemunho de uns poucos de peregrinos filipinos. Encantador.
Gostámos também de ver a notícia ilustrada do falecimento da D. Eugénia Signorile, o testemunho de um antigo visitante da Alexandrina e um trabalho sobre o Pe. Leopoldino com o anúncio duma palestra sobre este antigo pároco de Balasar.

A concluir, faz-se um apelo no sentido de as pessoas emprestarem aos responsáveis da causa quaisquer escritos que possuam (foi já a pensar nele que transcrevemos o que vinha no caderninho da Felismina Martins). 

sábado, 5 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (5)

O último fragmento do caderninho da Felismina Martins já o tínhamos transcrito. Veja-se aqui. É de 1943, do dia 16 talvez de Junho. A Felismina já estaria a preparar-se para deixar a casa da Alexandrina. É uma mensagem que incentiva à luta.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (4)


Nestes êxtases, a Alexandrina ainda não faz o seu enquadramento narrativo, como acontecerá mais tarde. Os temas deste reaparecem em muitos outros.
Isto não é a versão oficial por isso pode haver erros de copista, como há. Como tenho feito, corrijo os de ortografia e pontuação, mas desta vez assinalo com itálico dois de redacção.
Desconheço o canto final. Se algum dos leitores o conhecer, agradeço que o transcreva em comentário.
  
Sexta-feira dolorosa, 4 de Abril de 1941

- Que lindo, que encantador que é o Céu! Como é bela e deliciosa a morada que Jesus preparou para as almas que O amam!
Ditosa a alma que ama a Jesus e só a Ele tem por esposo! É mais feliz que os Anjos. O anjo ama a Jesus e é puro porque Jesus o criou puro. A alma que ama a Jesus e é esposa de Jesus sobe alto e muito alto.
Ó alma ditosa, ó alma abrasadora, que és mais do que os Anjos!
Vive, alma amante, só para o teu Deus! Vive, alma amante, só para Lhe dares as almas!
A consolação de Jesus está em receber em Si os pecadores. Toda a alegria de Jesus está em possuí-los em seu divino Coração.
Jesus é louco pelas almas que Lhe dão almas. É por isso que Jesus todo Se enlouqueceu pela sua Alexandrina. É por isso que Jesus a ama e Jesus lhe quer como a nenhuma outra alma.
- Jesus, que véu negro veio cobrir o meu coração! Agradeço-Vos o vosso amor, agradeço-Vos a vossa loucura comigo, mas confunde-me e envergonha-me. Estou coberta de defeitos, só vejo em mim misérias.
Quase que não posso consentir a loucura do vosso amor por mim. Que Vós amásseis, que Vos enlouquecêsseis pelas almas puras que Vos amam, agora que descêsseis tão baixo, ao mais baixo que encontrais na terra…
- É debaixo de todas essas misérias, de toda essa pequenez que Jesus encobre toda a sua grandeza e amor.
Se Jesus não tinha onde Se esconder, logo era descoberto. Jesus quer esconder-Se na sua heroína para que ela seja pequenina e vá passando e vá despercebida aos olhos do mundo.
Jesus quer fazer da louca da Eucaristia grande, muito grande, mas só depois da morte. É por isso que caiu sobre ela as humilhações e o mal-entendido.
Jesus é grande nas almas pequeninas. Foi desde sempre que Jesus só com os pequeninos se encontra bem.
- Quero ser assim pequenina para oferecer ao meu Jesus o lugar mais consolador onde Ele Se possa encontrar.

Já vou ver o meu Jesus!
Já vou ver o meu Jesus!

Depois cantou assim:

Estava a Virgem chorosa
No Calvário, agonizante.

Etc.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (3)


Este terceiro fragmento, que também parece um êxtase muito completo, vem de 9 de Maio de 1941, de quando se preparava a consagração do mundo devastado pela guerra ao Imaculado Coração de Maria.

- Escutai atentos!
Se não fosse a crucifixão desta heroína, já a voz do canhão tinha soado em Portugal!
Convertei-vos, pecadores, abrasai-vos, corações!
Ainda é tempo de vos salvardes! Jesus chama e espera.
O Eterno Pai prepara-se para castigar. Jesus exige de Portugal uma contínua oração.
Se se levanta depressa e se reconcilia com o seu Deus, será salvo.
Há uma força na terra irresistível ao Coração de Deus: Jesus atende às almas que O amam, Jesus atende às almas que por Ele se deixam crucificar.
Neste Calvário está o farol que ilumina o mundo e atrai para si as bênçãos do Céu.
Jesus delicia-Se no arminho desta alma, Jesus consola-Se na pureza. É dele que recebe o mais puro e santo amor, é da heroína deste Calvário que Portugal tudo tem de esperar.
- Jesus, não posso resistir a mais. Que vergonha, que confusão a minha!
Não vedes como estou manchada? Não vedes como estou cheia de defeitos?...
Sei que não enganais nem Vos podeis enganar. Perdoai-me, mas quero dizer-Vos que Vos confundis comigo.
Jesus sorriu-Se com o seu sorriso divino.
- É na humildade que está toda a consolação e glória de Jesus, é na pequenez da alma que Jesus Se exalta.
Jesus deixa estas manchas para nelas Se esconder. Jesus esconde-Se na alma que vive só, escondida.
Jesus quer dizer tudo da sua heroína, da pupila dos seus solhos.
Quanto mais a alma se humilha, mais Jesus a há-de exaltar. Quanto mais a alma se diz pobre, Jesus mais a há-de enriquecer.
Jesus eleva-se às alturas (?) pela alma que de rastos quer viver.
Que loucura de amor Jesus tem pelos corações puros e inocentes!
Jesus enlouquece-Se pela alma que Lhe dá almas.
- Ó Jesus, enlouquecei-Vos por mim e fazei-me enlouquecer por Vós!
Eu quero dar-Vos almas, quero salvar-Vos a humanidade.
- Avante, ó louca da Eucaristia, pede oração e penitência!
A oração e a penitência e as vítimas de Jesus são a salvação da humanidade.
- Imolai-me, Jesus, a cada momento, não me poupeis a dor, mas poupai o mundo aos tremendos castigos do Eterno Pai!

Já vou ver o meu Jesus, está tão triste o meu Amado!

Está triste o meu Jesus,
Chora lágrimas de dor.
Quer salvar o mundo,
Quer salvar o pecador.

Vem, vem, pecador,
Vem contrito,
Vem contrito e arrependido!
Vem, vem, vem,
Vem ao Sacrário,
Nele mora o Infinito!

Jesus, vem ao meu coração! Se Te possuo, nada mais quero, meu Senhor!
Tu és a minha riqueza, ó meu amor da Eucaristia!
Tu és a minha loucura, ó Amor sacramentado!
Vem, Jesus, vem depressa para mim!
Quero-Te amar, quero-Te possuir!
Vem, ó loucura do meu coração, abrasa-me com os raios do teu amor!

Vou descansar, meu Jesus (?).
- Ó Mãe, salva Portugal!
Ó Mãe, com as tuas dores!
Ó Mãe, salva Portugal
E converte os pecadores!
Mãezinha, roga por nós a Jesus.
Ó Mãe, ó Mãe, atende a tua filhinha!
Não quero a guerra em Portugal, quero paz no mundo inteiro!

Não esqueças os meus pedidos, ó Mãe!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (2)

Palavras de Nosso Senhor a uma alma

De 24 de Janeiro de 1941, o caderninho recolhe estas “palavras de Nosso Senhor a uma alma”, que parecem ser um êxtase bastante completo e que é constituído pelo diálogo de Jesus com a Alexandrina, a que se segue o que presumo que seja a visita ao Santíssimo (a Alexandrina ia até à janela donde se divisava a torra da Igreja Paroquial e daí adorava Jesus no Sacrário). Nesta segunda parte, a Alexandrina cantava improvisando. E era excelente cantora. O texto é intencionalmente mais poético.
No diálogo com Jesus, a Alexandrina repetia as palavras que ouvia e que por isso as suas secretárias faziam terminar com um ponto de interrogação, que aqui retirámos.

- O amor de Jesus são raios que penetram no coração das suas esposas.
Jesus dá amor, mas quer recebê-lo também.
Jesus enriquece, mas quer ser agradecido.
A alma que ama a Jesus toma a cruz e segue sem nenhum amparo.
Jesus quanto mais ama mais quer ser amado.
Jesus quanto mais ama mais mimos coloca na cruz dos que O seguem.
O sofrimento é a pérola mais brilhante. O sofrimento… uma riqueza indizível.
Quem sofre conquista almas.
Quem sofre por amor de Jesus tudo de Jesus recebe e salva os pecadores.
- Ó Jesus, enriquecei-me de sofrimentos para que eu possa ser rica do vosso amor!
Dai-me todo o martírio possível para que eu possa salvar os pecadores!
Não quero viver sem dor para não viver sem amor: Jesus, quero amar-Vos, quero sofrer por Vós!
Se a dor é assim tão rica, dai-me uma dor sem fim…
Dai-me essa riqueza com a qual eu possa comprar as almas…
- O Louco da Eucaristia, Jesus, dá as dores mais atrozes.
À louca da Eucaristia Jesus dá sofrimentos quase ilimitados (?).
Mas à mesma louca da Eucaristia e crucificada do amor divino Jesus dá a graça e o amor com toda a abundância.
Jesus é doce e terno para aqueles que O ofendem.
Jesus ama a todos e a todos quer salvar.
- Ó meu Jesus, e todos são vossos filhos! Por todos destes o vosso Sangue divino. Usai de compaixão para todos que Vos ofendem!
Perdoai, perdoai, perdoai!
Dou-Vos o meu sangue e a minha vida para todos obterem perdão.
- Descansa, louca de Jesus, que as tuas ânsias são as mais sublimes!
- Ó meu Jesus, um grande e eterno obrigada! Salvai a todos.

Vou ver Jesus!

- Eu Vos adoro no Santuário,
Ó Deus de amor…
Eu Vos adoro, eu Vos bendigo,
Ó Pão dos Anjos, ó Pão dos Anjos,
Ó meu Senhor!
Oh, vem, oh, vem a mim!
A minha alma anseia!
Não pode mais viver sem Ti!
Oh, leva-me, Jesus, oh, leva-me para o teu Céu,
Para a tua Pátria!
Oh, leva-me, Jesus, não posso mais viver aqui!
Jesus é o meu amor e todo meu.
Vem, vem, Jesus, vem depressa!

- Descansa comigo.
- Vou descansar.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (1)

A Felismina Martins ofereceu-nos um dia uma preciosidade que possuía: um caderninho de formato pequeno (12,5×9,2 cm), de vinte e quatro páginas e com uma capinha preta mais rija que as folhas do interior.
Abre com esta frase: “Este livro pertence a Felismina dos Santos Martins”; e no começo da última página vem esta anotação: “Dia em que entrei no noviciado, 17 de Julho de 1939”.
A sua pretensão a ser doroteia vem do tempo do Pe. Mariano Pinho e do tempo em que a Beata Alexandrina revivia a Paixão visivelmente. Parece-me que o caderninho reflecte esse contexto.
Ela não o foi aceite para doroteia porque acharam que tinha pouca saúde; avaliação muito errada já que ela passou dos 100 anos...
Ao caderninho parecem faltar algumas folhas. As primeiras que se conservam estão em branco, mas há umas quinze páginas escritas, que recolhem pequenos excertos de êxtases da Alexandrina.
Não deve haver lá nada que o Pe. Humberto não tivesse recolhido, mas ainda assim vamos colocar aqui tudo o que lá se encontra.

Quem criou o amor foi o Amor

Este é o fragmento mais antigo, de 8 de Novembro de 1940, e encontra-se numa folha despegada. 
O amor de Jesus consome o coração das suas esposas.
Quem muito sofre muito ama.
Quem muito ama muita consolação dá a Jesus.
Quem muito sofre muito desagrava e repara.
O sofrimento dá a vida, salva os pecadores.
Jesus quer salvá-los e eles só buscam a perdição.
Jesus quer deles receber amor e só recebe ingratidão.
Vinde, ó almas-vítimas, sofrer sem descansar para sem descansar amar!
Quem criou o amor foi o Amor.