quinta-feira, 31 de julho de 2014

Fugir ou morrer

Já temos participado em muitas campanhas de assinaturas em favor de diversas causas. A título excepcional, convidamos os visitantes a aderir a esta: o assunto é gravíssimo.

Os extremistas do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS, na sigla em inglês) dão duas opções aos cristãos: ou se convertem ao Islão e se submetem ao pagamento de impostos abusivos, ou morrem.
Não se trata de ficção. Milhares de cristãos já foram assassinados ou sequestrados. Outras dezenas de milhares tiveram de fugir para salvar suas vidas. Em Mosul, que fica no norte do Iraque, já não há mais cristãos (outrora havia mais de 60.000).
Os grandes meios de comunicação permanecem em silêncio, mesmo com esse verdadeiro genocídio. A ONU, apesar de duas declarações, não dá sinais de que tomará medidas mais incisivas. Diante disso, não podemos ficar calados. Precisamos fazer aquilo que está ao nosso alcance. Primeiro, é claro, oferecer nossas orações por essas pessoas. Em segundo lugar, exigir que a ONU e a Liga Árabe intervenham em defesa dessas pessoas.
Escreva às duas instituições para pedir que intervenham em defesa dos cristãos perseguidos no Iraque:
​​

Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, já se manifestou a respeito:
Ao longo de poucas semanas, comunidades minoritárias que viveram juntas durante milhares de anos em Mosul e na província de Nínive sofreram ataques directos e perseguição de grupos armados.
Agora é hora de passar das palavras à acção. Peça a intervenção da ONU e da Liga Árabe para frear esse genocídio imediatamente:


O problema tem um fundo político. Desde as eleições de Abril os políticos não foram capazes de formar um governo. O bispo de Bagdad comenta a situação:
Com uma maior estabilidade interna, não haveria lugar esses grupos de fanáticos que pretendem governar o nosso país.
Os bispos caldeus, sírio-ortodoxos, sírio-católicos e arménios também exortaram os políticos Iraquianos a garantirem a protecção necessária para os cristãos e a frearem a catástrofe.
A responsabilidade é dos políticos iraquianos, mas diante da incapacidade deles devemos pedir uma intervenção internacional que interrompa a perseguição dos cristãos, detenha os responsáveis pelos crimes e permita o retorno dos exilados.



Em meio a essa barbaridade há testemunhos comoventes, como o do professor de Mosul que, apesar de ser muçulmano, enfrentou os extremistas e deu sua vida para proteger os cristãos.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Certezas e conjecturas sobre Belsar, o construtor da Igreja original do Matinho


Quem estuda a Beata Alexandrina, mais tarde ou mais cedo, sente natural curiosidade sobre a história de Balasar.
Quanto ao Belsar (leia-se Belzarque construiu a igreja original do Matinho e deu o actual nome à freguesia podem-se considerar duas perguntas da maior importância: quando viveu? Quem era  ele?

Quando viveu?

Viveu antes de 1220 pois nessa altura a freguesia já era Santa Eulália de Belsar. Viveu depois de 1090 pois então ainda era de Lousadelo (da vila de Lousadelo, como a de Bagunte era da vila de Bagunte e a do Outeiro Maior era da vila do Outeiro).
A igreja e a freguesia hão-de ter deixado de ser de Lousadelo quando esta vila foi doada ao Mosteiro de Landim, ao tempo da infância de D. Afonso Henriques, talvez aí por 1115.

Quem era ele?

Belsar ou tinha ligação familiar aos antepassados dos Cavaleiros do Outeiro Maior ou aos antepassados dos Correias, então a família nobre dona de Gresufes. Não se vê que seja de considerar terceira possibilidade.
Dos antepassados dos Cavaleiros do Outeiro Maior conhecem-se muitos nomes, mas não consta que haja entre eles nenhum Belsar; dos antepassados dos Correias não se conhece nome nenhum anterior a cerca de 1150.
Estes Correias possuíam uma casa em Fiães e foi nela, com algumas probabilidades, que viveu Belsar. Um Correia por afinidade, cuja mulher residiu em Fiães, administrou o reguengo de Agistrim (este topónimo daria depois Gestrins) antes de 1220.

A que ajuda esta síntese?

Esta síntese ajuda a apertar o cerco a Belsar, a limitar o tempo e o espaço onde o podemos procurar.

sábado, 26 de julho de 2014

Jesus, Maria, José e o Anjo da Guarda


Fiquei numa amargura indizível, a dor abafava-me. Depois de dizer a Jesus que não queria pecar, fiquei a repetir muitas vezes: “Jesus, Maria, José”. Ouvi uma voz, que me dizia:
- Ó vítima, ó esposa querida de Jesus, eu sou o teu Anjo da Guarda, anjo escolhido por Jesus para te amparar e defender, para te servir e guiar. Venho em nome do mesmo Jesus afirmar-te que não pecaste, não pecaste, e levar-te à tua costumada posição.
Fiquei logo nas minhas almofadas e, apesar de tão grande afirmação, a dor e o receio de ter pecado continuaram. Eu continuei a invocar os doces nomes de Jesus, Maria e José, não com o fim de nenhuma visão, pois nem nisso pensava, mas sim porque costumo invocar estes santos nomes centenas de vezes ao dia, mesmo em silêncio, quando estou acompanhada.
Não sei as vezes que os tinha repetido e vi à minha frente Jesus, Maria, José, todos três sentados. Jesus estava no meio. Era modesta a habitação em que Eles estavam, mas toda ela era iluminada pelo brilho que deles saía. Oh, como era belo!

Sentimentos da Alma, 22 de Março de 1945

As falas do Anjo da Guarda da Alexandrina têm a solenidade, a grandeza das de São Gabriel à Jovem Maria de Nazaré que ia ser a Mãe de Deus ou da do Anjo que falou a Zacarias, o pai de São João Baptista.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A catequista da Beata Alexandrina

A catequista da Beata Alexandrina chamava-se Josefa Alves de Sousa e era de uma família de dezasseis irmãos. Um deles, o Joaquim, foi professor primário em várias freguesias, mas na parte final da vida exerceu em Balasar. A Josefa vivia com ele no edifício da escola, que só possuía uma sala, mas tinha, a norte, residência para o professor.
À catequista da Alexandrina não chamavam Josefa, mas talvez Zefinha ou então Zefinha-Escola.
Segundo a Deolinda e a Sãozinha declararam ao Pe. Humberto, ela há-de ter exercido grande influência na espiritualidade da Alexandrina. Esta refere-a uma vez:

Gostava muito de ir à igreja e chegava-me para junto da minha catequista e rezava quanto ela queria.

A igreja era já a nova.
É curioso que a Josefa Alves de Sousa ocorra na acta da câmara municipal de 28 de Fevereiro de 1910. Era então frequente os seus conterrâneos apresentarem reclamações e queixas e dessa vez ela mais outros também apresentou. Diz a acta:

De Josefa Alves de Sousa e outros da freguesia de Balasar reclamando contra a abolição do caminho do lugar do Calvário constante do respectivo processo em reclamação. Resolveu-se que fosse junto ao respectivo processo.

É possível que o visado fosse Manuel Joaquim de Almeida.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (8)

Final

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus teve um momento alto nas décadas que precederam e se seguiram à Consagração do Mundo ao Sagrado Coração de Jesus. Nos escritos da Alexandrina ela tem também um lugar relevante. Quisemos aqui reunir informação sobre alguns daqueles que, nas cercanias de Balasar, a defenderam e promoveram. Não ficou tudo dito. Por exemplo, não abordámos essa grandiosa obra que foi a construção da Basílica do Sagrado Coração de Jesus ou a história doutra grande obra poveira, o Colégio das Doroteias da mesma invocação. Mas a elas já nos tínhamos referido. Seja como for, o caminho ficou desbravado.
Terminamos recordando as célebres palavras de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque:


Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar o seu amor.

Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia.

Na imagem: Aparição de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, na Póvoa de Varzim. A estátua do Sagrado Coração de Jesus foi adquirida em tempo que o Pe. Mariano Pinho vivia na Póvoa e lá colaborava no Mensageiro.

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (7)

Os Jesuítas sob ataque republicano

Os Jesuítas, os responsáveis do Mensageiro do Sagrado Coração de Jesus, foram a principal vítima dos republicanos, o que nem era bem novidade pois o anti-jesuitismo deles vinha de trás.
Recorde-se o que o padre balasarense António Gomes Ferreira escreveu n’O Liberal, em 20 de Maio de 1923 sob o título de “Coincidência”:

Os revolucionários por toda a parte perseguiam tudo o quer cheirasse a religião, espatifando tudo, arrastando tudo com uma fúria que dava a ideia que foram muitos manicómios que vomitaram para a rua os seus moradores. Tudo foi perseguido, mas nomeadamente os Jesuítas… Esses foram monteados como feras da pior espécie e passaram os trabalhos e as inclemências que se lêem com lágrimas nos Proscritos.

Considere-se agora este grave mas ridículo ataque à Companhia que saiu no jornal Republica em Vila do Conde em 8 de Janeiro de 1911. Tem como antetítulo “A República e a Religião” e como título “Os Jesuítas”. Saiu em forma de carta dirigida talvez ao director do periódico.

Meu Amigo
Deixe que lhe recorde ainda alguns depoimentos esmagadores acerca da conduta dos jesuítas, largamente justificativo da montaria geral que na Europa sofreram, e que decerto contribuirão, por sua insuspeita autoridade, para o fazerem adoptar o asserto que expendi de que eles só podem ser nocivos à religião.

Posto este intróito, que desde há tantos anos é desmentido ao longe e ao largo nos cinco continentes, vejamos como continua o anónimo articulista.

A Faculdade de Teologia de Paris, em 1554, classificou-os de “inimigos da piedade, perturbadores da paz da Igreja e do sossego público, sediciosos e usurpadores”.

Deve tratar-se apenas de um caso da frequente incompreensão no começo das grandes obras. Nessa data estavam activos ou tinham morrido havia pouco jesuítas como S. Inácio de Loiola, S. Francisco Xavier, S. Francisco de Borja… Não consta que merecessem nenhum destes epítetos.

Em 1599, a Universidade da mesma cidade chama-lhes cruamente “assassinos de reis, exortadores de parricidas, monstros, sacrílegos” e outros epítetos assim contundentes.

Desconhecemos as circunstâncias que motivaram tão cruéis afirmações, mas devem ter a ver com os Aforismos dos Confessores do vila-condense Manuel de Sá que aceitava que era legítimo afastar o príncipe tirano, como toda a gente hoje admite.

Representando a Pio IV, em 1564, o clero de Roma declarava-os “usurpadores de todos os direitos e maus mestres da mocidade”.

Estava-se em tempo do Concílio de Trento quando os sacerdotes precisavam duma urgente e “reverendíssima” reforma. Natural é que se sentissem incomodados por quem a promovia. Que diriam certos padres que então residiam em Vila do Conde com as suas mancebas…?

Aníbal Codreto, que foi da famigerada ordem, acusou-os de “corruptores da juventude, impostores e assassinos”.
O parlamento de Tolosa, em 1595, julgou-os “falsos profetas, envenenadores da mocidade, perturbadores.
O parlamento de Paris, em 1597, classificou-os de hipócritas, desmoralizadores e astuciosos.
O clero de Inglaterra dizia, em 1601, a Clemente VIII que eles eram “uma causa das desgraças dos católicos”.
Jerónimo de Lanusa, teólogo e bispo, qualificava-os perante Filipe II, em 1597, de “inimigos de Deus, comediantes, soldados iníquos de Jesus”.
A Universidade de Cracóvia, em 1622, chamava-lhes “envenenadores”.
E … outros depoimentos virão ainda a elucidá-lo concludentemente.

E podiam vir outros depoimentos (não se encontram na colecção em linha da biblioteca municipal). Podiam vir as falsidades que escreveu o Marquês de Pombal, por exemplo. 
Mas não veio nada sobre o Pe. António Vieira nem nada que afectasse os jesuítas portugueses que os republicanos tinham banido para sempre; era deles que se devia tratar. Não veio nem uma palavra menos conveniente que se encontrasse no Mensageiro ou que tivesse sido dita pelos jesuítas da vizinhança, que eram os da Póvoa.
O que está no artigo é o mesmo ódio que enchia o decreto de Afonso Costa que extinguiu as Ordens Religiosas (os Jesuítas tiveram nele este tratamento particular: Continua a vigorar como lei da República Portuguesa a de 3 de Setembro de 1750, promulgada sob o regime absoluto e pela qual os jesuítas foram havidos por desnaturalizados e proscritos, e se mandou que efectivamente fossem expulsos de todo o país e seus domínios “para neles mais não poderem entrar”) e talvez a leitura de alguma espécie de vade-mécum a que se recorreria para estes efeitos.
Naquele ano de 1911, em Outubro, o ex-administrador da Póvoa Sebastião Tomás dos Santos afinou por diapasão semelhante. Também veio com factos antigos ou distantes, esquecido de que, enquanto administrador, atacara com violência a igreja, principalmente os seus sacerdotes ou leigos activos; que, como o seu antecessor e sucessor, nada fez para repor a verdade a respeito do roubo republicano do Colégio do Sagrado Coração de Jesus; que, como o seu antecessor e sucessor, nada fez para defender o bom nome dos padres jesuítas da Póvoa, que nem mesmo eles ousaram denegrir porque sabiam que ninguém o toleraria; que, como o seu antecessor e sucessor, nada fez para impor alguma decência na imprensa republicana que denegria a imagem dos sacerdotes poveiros diocesanos.
Parcialidade e mais nada, ridícula parcialidade.
Em 1913, se não nos enganamos, os jesuítas portugueses na Bélgica quiseram retomar o Mensageiro e enviaram um número novo para Portugal: os republicanos escandalizaram-se a ponto de queimar exemplares da revista em público. Foi então que se alterou o nome dela para O Apóstolo, o que fez calar a vozearia.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (6)

Proibida a festa do Sagrado Coração de Jesus

Ao tempo em que a pequena Alexandrina estudava na Póvoa, o pároco da Matriz, que era o da Alexandrina, tinha um jornal, O Poveiro, que teimava em usar da antiga liberdade de expressão do tempo da Monarquia. E, em persistente desafio à tirania republicana, sobreviveu algum tempo. Mais adiante, depois de ter sido levado a tribunal quatro vezes e ganhar sempre, o administrador Santos Graça, em acto da mais flagrante incompreensão do que é o convívio democrático, conseguiu que o Governo o silenciasse e mandasse o pároco para o exílio. Foi nesse jornal que o pároco do Outeiro Maior publicou esta notícia em meados de 1911:

Outeiro, Vila do Conde, 2/8/1911
Realizou-se no domingo passado a festividade do Coração de Jesus, precedida de práticas preparatórias feitas pelo novel orador sagrado Adelino Anselmo de Matos, pároco de Curvos, Esposende, que muito agradou e tirou abundante fruto, não obstante ter sido chamado à última hora.
De manhã houve comunhão geral, distribuindo-se o Pão dos Anjos a umas trezentas pessoas.
De tarde realizou-se uma procissão em honra do SS. Sacramento, promovida por um grupo de devotos e que este ano quiseram cooperar com a Associação do Coração de Jesus, revestindo a festa mais solenidade em virtude de se ter levantado um novo e lindo cruzeiro oferecido à freguesia por um grupo de briosos rapazes que daqui foram para o Brasil e que, entregues ao labutar constante da vida, não se esqueceram da sua terra natal nem da sua fé.
À frente da procissão ia uma bandeira que, pela sua frente, em puro veludo de sedas, ostenta os emblemas do Coração de Jesus, circundados por um ramo a ouro, entrelaçado por uma fita a matiz, rematando tudo em uma espécie de dossel, que produz um efeito surpreendente. Do lado oposto, encontra-se, também bordado a ouro, o emblema JHS, tendo ao fundo um ramo a matiz de belo gosto, e ao cimo a palavra “particular”, em semicírculo.
Como que a pôr um embargo à alegria que todos sentiam no meio de tão linda e religiosa festividade, por ser a única que agrada e consola o coração do verdadeiro cristão e está no ânimo de todos os habitantes desta freguesia, apareceu um ofício do cidadão Administrador do Concelho de Vila do Conde, com a nota de “urgente”, que ao conhecer-se produziu o efeito de um frigidíssimo duche. Dizia assim:

Ao cidadão regedor da freguesia de Outeiro.
Tendo conhecimento de que nessa freguesia se costuma anualmente fazer umas práticas e confissões, sob a denominação de Coração de Jesus, tenho a dizer-lhe que tais práticas são proibidas e punidas por lei. Queira pois não consentir e participar-me, caso não sejam acatadas as minhas ordens.
Saúde fraternidade.
Vila do Conde, 27 de Julho de 1911.
O Administrador do Concelho – Luís da Silva Neves.

Está claro que se a autoridade da freguesia – o Sr. António Gonçalves de Azevedo – não fosse um cavalheiro prudente, um católico prático a quem agradam sobremaneira os actos da nossa santa religião, na qual se esmera por educar toda a sua família, este ofício viria privar este bom povo da sua querida festa, contristando-o e talvez exaltando-o. Felizmente tudo se fez sem o mais pequeno incidente e no meio da mais franca alegria. – P. A.
(Informação saída no jornal O Poveiro, da Póvoa de Varzim, em 10/8/1911)

A comunicação enviada ao pároco do Outeiro Maior foi também recebida em Parada, Bagunte e Junqueira.
O administrador de Vila do Conde não era melhor que Santos Graça. Viera para ali do Porto, pelo que se pode supor que tivesse alguma coisa de carbonário.
Quando a República completava um ano, houve no país movimentações para lhe pôr termo. Isso foi oportunidade para o soba vila-condense se desembaraçar de empecilhos: mandou prender alguns vila-condenses socialmente notáveis e acrescentou-lhes os párocos da Junqueira, de Bagunte, do Outeiro Maior, de Parada e o de Tougues. Era porém tão evidente que alguns destes sacerdotes nada podiam ter a ver com o caso que em breve foram libertados, caso do Pe. Pombal Amorim, do Outeiro Maior. O de Bagunte ainda foi levado para Lisboa, apesar de desde cedo swer reconhecida a sua inocência. Os da Junqueira e de Tougues tiveram pior sorte: cem dias depois ainda penavam no Forte do Alto do Duque ou no de Caxias, juntamente com outros vila-condenses.
É claro que uma mensagem como a transcrita significava uma pressão no sentido de domesticar os párocos e indiciava também o ódio republicano aos Jesuítas, que haviam sido os principais propagadores da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Mas Luís da Silva Neves tantas fez que foi expulso quando agrediu um tal Dr. Manuel da Cunha Reis: foi a casa dele, chamou-o e agrediu-o logo ali.
Começo da notícia da agressão de Luís da Silva Neves contra o Dr. Manuel da Cunha Reis no jornal vila-condense O Ave de 26.11.1911.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (5)

A consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus

A encíclica Annum Sacrum, que ordenava a consagração do mundo ao Sagrado Coração de Jesus, terminava com estas palavras:
Por estas razões, ordenamos que nos dias 9, 10 e 11 do próximo mês de Junho (de 1899), na igreja principal de cada cidade e aldeia, se digam algumas orações e em cada um destes dias se acrescente às outras orações a Ladainha do Sagrado Coração aprovada por nossa autoridade. No último dia, veneráveis ​​irmãos, deve ser recitada a fórmula de consagração que vos foi enviada com esta Carta.
A imprensa poveira não conta pormenores do que se passou naqueles dias nas freguesias rurais, mas a Estrela Povoense de 11 de Junho conta assim o que se estava passar na Póvoa:
Conforme a Encíclica do Santo Padre, houve na sexta-feira e ontem na matriz, por ocasião dos piedosos exercícios do mês eucarístico que ali se realizam, recitação das Ladainhas e fórmula da Consagração prescritas por Sua Santidade para a Consagração universal de todos os povos ao adorável e Santíssimo Coração de Jesus. Hoje, último dia do tríduo da consagração ordenada pelo Santo Padre, estará exposta na matriz em brilhantíssimo trono a bela Imagem do Sagrado Coração de Jesus, tendo lugar no fim da festividade do Santíssimo Coração de Maria a recitação solene das ladainhas e pronunciada a fórmula da Consagração universal de todo o mundo ao Amantíssimo Coração de Jesus.
Cerca de um mês mais tarde, o mesmo jornal informa que foi “grandiosamente solene e deslumbrante a festividade do Santíssimo Coração de Jesus no último domingo na igreja matriz desta vila”. Na missa solene pregou o Rev. Padre Costa, da Companhia de Jesus. Importante esta menção do padre jesuíta já que era a Companhia quem mais dinamizava a divulgação da devoção ao Sagrado Coração.
Também se dá notícia do que se passou na “festividade anual ao Sagrado Coração de Jesus” havida em Beiriz, que o Pe. António Martins de Faria paroquiava, e fala-se duma associação, certamente a Associação do Sagrado Coração de Jesus.
A consagração o mundo ao Sagrado Coração de Jesus foi o ponto de chegada de uma grande caminhada e um ponto de partida. Um momento de êxito. A força dessa devoção manteve-se décadas a fio, chegou bem ao tempo da Beata Alexandrina, mas hoje quase se apagou. Mas Jesus pediu que ela a espalhasse.

Na imagem de origem italiana, a Beata Alexandrina como "Pastorinha que leva ao Coração de Jesus".

domingo, 6 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (4)

Padre João José da Silva, antigo abade de Bagunte

Justifica-se aqui a menção deste pároco de Bagunte, freguesia confinante com Balasar. Foi sem dúvida um apaixonado do Sagrado Coração de Jesus a ponto de esculpir uma imagem de Santa Margarida Alacoque e retocar a do Sagrado Coração de Jesus, que certamente adquirira.
Quando faleceu, naqueles republicanos meados de 1911, dois sacerdotes escreveram sobre ele, um creio que era o pároco do Outeiro Maior, confinante com Balasar e com Bagunte, e o outro era o arcipreste, o Pe. António Martins de Faria.
O Pe. João José da Silva começou a fazer assentos de baptismo em Bagunte no final de 1867 e deve ter continuado na paróquia até 1904.
Vem do tempo em que se começaram as obras da Basília do Sagrado Coração de Jesus na Póvoa de Varzim e de quando em Balasar, e talvez em todas as freguesias vizinhas, se criaram as associações do Coração de Jesus.
Se é certa a memória do que vimos no arquivo paroquial daquela freguesia (o que esperamos verificar), ele era assinante do Mensageiro do Coração de Jesus.

Este bom e simpático velhinho, grande e prestimoso amigo nosso, marchou para junto de Deus, como nós piamente acreditamos, no dia da Festa do Corpo de Deus, às duas horas da madrugada (de 1911). Parece que havia lá no Céu necessidade da presença de tão bom sacerdote para solenizar o aniversário das bodas do Cordeiro Imaculado.
É deste santo homem que se pode dizer com verdade que passou por este mundo a fazer bem.
Muito inteligente e muito bondoso, pensando mais nos seus parentes e amigos do que na sua pessoa, a todos fazia bem.
Para os amigos, era daquela antiga e tradicional franqueza dos velhos portugueses que não conheciam paredes meias e não tinham ferrolhos nas portas, quando se tratava de receber pessoas de amizade.
Muito crente e muito confiante na Providência de Deus, nada lhe faltou a ale, que ia repartindo sempre do que tinha.
Pastoreou a igreja de Bagunte por quase meio século. Aí foi pároco zeloso e cumpridor dos seus deveres.
Foi ferreiro e pedreiro e estatuário e arboricultor e engenheiro nas horas vagas do seu múnus paroquial.
Como ferreiro, fez por sua mão na forja, todo gradeamento do cemitério.
Como pedreiro, fez a pia do lavatório na sacristia e um fontanário que fica ao lado da igreja.

Conjunto escultórico da Igreja Paroquial de Bagunte relativo às aparições do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque. É certamente à imagem desta santa que se refere o autor desta notícia necrológica.

Como estatuário, fez a imagem, e bem bonita que ela é – de (Santa) Margarida Alacoque, e trabalhou na do Sagrado Coração de Jesus, que existem na sua igreja de Bagunte, ao lado da epístola e em altar, no corpo da igreja.
Como arboricultor, plantou um olival, no largo da igreja. Vimo-lo outro dia quando fomos assistir aos seus funerais.
Há ali muitas dezenas de oliveiras, de seis ou sete anos de vida, carregadas de flor e prometedoras dum belo futuro.
Como engenheiro, reformou todo esse monte árido de oliveiras e fez uma calçada de pedra onde existia um lamaçal que dava caminho para a igreja.
Quando cegou e pediu a sua aposentação, veio viver para esta vila, onde nós o conhecemos melhor e melhor apreciámos os quilates daquela alma de ouro.
Completamente cego como estava, há talvez sete anos, tinha sempre uma conversa agradável e atraente, amenizada de antigas e tão escolhidas anedotas e ditos que mais éramos nós que o procurávamos para passar uns bons momentos de cavaco, do que ele, o pobre ceguinho, que lucrava e se divertia com a nossa companhia.
Nestes termos se foi formando quase um Club de cinco ou seis pés de banco, que assentavam em redor do seu presidente extinto, do pranteado presidente, o nosso querido velhinho, na Alfaiataria do Álvaro, e, ali, passavam duas horas de cavaco ameno.
Eu, o mais incompetente do grupo, encarregado desta triste missão de prantear o que foi nosso presidente, o que melhor tenho feito com lágrimas doo que faço agora com este ligeiro sentir, parece-me bem lembrar-lhes que na próxima quinta-feira, 22 do corrente, hei-de celebrar uma missa por alma do nosso querido presidente, na Misericórdia, pelas seis e meia horas da manhã, a que espero ninguém falte.
A todas as pessoas amigas respeita o mesmo convite, sem cartões nem etiqueta.
L. Amorim in O Poveiro, 24.6.1911

João José da Silva
Abade de Bagunte

Não era padre só, que bem podia
Dizer-se um cumpridor do seu dever;
Era um padre também, que bem sabia
A todos bem amar e bem fazer.

Como pastor, que foi por muitos anos,
De tal modo guardava a sua grei
Que debalde tentava com enganos
Ditar-lhe Satanás a sua lei.

Amigo delicado dos amigos,
Que sofressem qualquer necessidade,
Sem medo de trabalhos ou de p’rigos,
A todos acudia o bom abade.

Para mim, que tive a dita de contá-lo
Entre os amigos meus por principal,
Nunca amigo nenhum, posso jurá-lo,
Encontrei mais sincero e mais leal.

E que sã não era a sua mente!
E que bom que não era o seu conselho!
Que doce que não era, finalmente,
O ver-se a gente sempre a tal espelho!

Espelho tão formoso e tão polido,
De tão soberba traça e qualidade,
Que bem se via logo ser fundido
Nos moldes da virtude e santidade.

Mas tudo tem um fim, e já chegado
Era o dele também. Foi ont’o dia.
E um momento bastou para, alquebrado,
Esse padre cair em agonia.

Té que em pouco morreu!... Mas, hoje, ao vê-lo
Inerte e frio, desbotada a face,
Não houve ninguém, não, que não chorasse
Esse tipo de padre - esse modelo.

António Martins de Faria

sábado, 5 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (3)

O abade Manuel Fernandes de Sousa Campos, criador da Associação do Coração de Jesus em Balasar

É pouco o que sabemos do abade Manuel Fernandes de Sousa Campos, o Pe. Sousa, mas em seu tempo, em 2 de Julho de 1893, foi criada em Balasar a Associação do Coração de Jesus. Certamente adquiriu então a pequena imagem do Sagrado Coração de Jesus que se encontra na igreja paroquial. A Sãozinha, a Deolinda e a Alexandrina viriam a ser membros da associação.
Quando, em 16 de Agosto de 1933, o Pe. Mariano Pinho veio pela primeira vez a Balasar, fê-lo no quadro duma festa em honra do Sagrado Coração de Jesus.
Foi o Pe. Sousa que baptizou a Beata Alexandrina. 
Vamos actualizar aqui a sua biografia, partindo do que sobre ele escreveu o Pe. Leopoldino.
O abade Manuel Fernandes de Sousa Campos era natural do lugar de Lousadelo, Balasar, onde nasceu em 27 de Janeiro de 1855. Seu pai foi o vereador António Fernandes Campos de Sousa.
Depois de ordenado, dedicou-se à vida paroquial.
Tendo sido nomeado pároco encomendado da vizinha freguesia de Macieira de Rates, foi elevado a Reitor de Balasar, tomando posse no dia 18 de Fevereiro de 1885, sendo a entrega feita por seu tio, Padre Miguel Campos; só passou a assinar como pároco em meados de 1888.
Paroquiou esta freguesia durante 35 anos e tão bons serviços à Igreja prestou, particularmente na distribuição das Bulas da Santa Cruzada, que o Arcebispo de Braga D. Manuel Baptista da Cunha o elevou à dignidade de abade.
Uma das suas maiores preocupações de pároco era a construção duma igreja paroquial, ampla e majestosa, porque a antiga, no lugar do Matinho, de uma só nave, pequena e escura, não tinha a capacidade bastante para conter o povo da freguesia que assistia apertado e contrafeito às cerimónias do culto, ficando uma boa parte de fora da Casa do Senhor.
O Rev. Abade Sousa nomeou para o efeito uma comissão de que fazia parte, como tesoureiro, seu irmão José Fernandes de Sousa Campos. As obras começaram em 1907 e terminaram em começos de 1910.
Foi uma obra bastante rápida, mas pensada ao longo de muitos anos.
A Independência de 11 de Junho de 1893, ao noticiar o falecimento do brasileiro balasarense “José António dos Santos Reis, casado, negociante à Praça do Almada”, informava que ele tinha deixado “50 000 réis à Junta de paróquia daquela freguesia para auxílio da construção duma igreja paroquial”.
Em 1903, na sequência de graves desacatos acontecidos na romaria do Senhor da Cruz, o Pe. Sousa suspendeu a festa.
Esta decisão talvez se enquadrasse nos seus planos para a construção da nova igreja já que as diligências para a aquisição da capela da Santa Cruz (a que foi demolida) e terreno anexo remontavam a 1897 (a aceitação por parte da Confraria tinha sido publicada no Diário do Governo n.º 195 de 1 de Setembro daquele ano).
Em 1904, baptizou a Alexandrina; em seu tempo foi ela estudar para a Póvoa de Varzim, regressou e mudou-se de Gresufes para o Calvário e depois, já jovem, fez-se cantora e catequista e teve a gesto heróico do salto.
Coube ao Pe. Sousa também redigir e entregar o documento exigido pelos republicanos quando lhe nacionalizaram a igreja acabada de edificar[1].
Fez o testamento em 12 de Dezembro de 1910, já sob a República e com a igreja acabada, e faleceu em 10 de Setembro de 1919.
Não conhecemos escritos deste pároco de Balasar além do seu testamento, que é banal. Mas se aceitarmos que a obra da Igreja Paroquial é um testemunho a seu favor, em particular o interior dela, então devemos concluir que tinha um apurado sentido estético e mesmo teológico, que era homem de vistas largas, que era convincente nas suas palavras pois foi capaz de, em poucos anos, concluir uma obra grandiosa. 
Ao que nos informaram, o Pe. Manuel Fernandes de Sousa Campos está sepultado no cemitério de Balasar, no jazigo do irmão, que era muito rico, e da irmã Rita Fernandes de Sousa Campos. Deixou os seus haveres a esta sua irmã, então viúva e que com ele vivera.

Na imagem, diploma da Cruzada do Rosário, sem data, com a assinatura do Pe. Manuel Fernandes de Sousa Campos.


[1] Quem dirigiu os arrolamentos dos bens paroquiais foi António de Santos Graça, então administrador do concelho, que se portou como um verdadeiro carrasco para a Igreja naqueles tempos difíceis. A atitude do administrador que o precedeu, o professor provisório do Liceu da Póvoa de Varzim Sebastião Tomás dos Santos, fora ainda mais combativa, persecutória. Deles não se pode dizer que cumpriam ordens, pois exerciam o cargo por opção livre.

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (2)

Novo Mensageiro do Coração de Jesus

Desconhecemos pormenores quer da efectiva divulgação popular da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, quer do órgão que a popularizou, o “Mensageiro do Coração de Jesus”. À primeira vista, porém, parece que alguma relação há-de ter com a construção da monumental Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Paris, posterior à Comuna. Esta basílica começou a ser construída em 1875.
O Padre António Martins de Faria tem um poema sobre o Novo Mensageiro do Coração de Jesus. A revista tomou esse nome em Abril de 1881, substituindo o Mensageiro anterior, que começara em 1874.
Novo Mensageiro do Coração de Jesus
Órgão do Apostolado da Oração

Como és belo, ó Mensageiro
Do Coração de Jesus!
Como brilha nos teus olhos
O lume da eterna luz
Quando nos mostras zeloso
A senda que ao Céu conduz!
Como és belo, ó Mensageiro
Do Coração de Jesus!

Teus modos têm o donaire
Do mais fino cortesão;
Tuas falas elegantes
O feiticeiro condão
Que tem a frase inspirada
De calar no coração.
Teus modos têm o donaire
Do mais fino cortesão.

Se tratas com os amantes
De Jesus, Nosso Senhor,
Nesse trato não revelas
Somente santo fervor,
Mas também toda a ternura
Do mais terno trovador
Se tratas com os amantes
De Jesus, Nosso Senhor.

Quando cantas, o teu canto
É de celeste harmonia
Que nele nos contes casos
De prazer e de alegria,
Quer de mercês, quer de graças
Que à terra o Céu nos envia.
Quando cantas, o teu canto
É de celeste harmonia.

Nos combates contra o erro
És um herói, um gigante;
Tua pena a destra espada,
Tão fina, tão penetrante
Que não há quem lhe resista
Impunemente um instante.
Nos combates contra o erro
És um herói, um gigante.

Por isso, quando te vejo,
Não tiro os olhos de ti;
E só sinto que não possas
Estar sempre ao pé de mim,
Novas falas ajuntando
Às falas que já te ouvi.
Por isso, quando te vejo,
Não tiro os olhos de ti.

É justo, porém que partas,
A cumprir tua missão.
É justo que a todos mostres,
Quer muitos queiram, quer não,
Qual o rumo que nos leva
Ao porto da salvação.
É justo, porém que partas,
A cumprir tua missão.

Parte, pois, ó Mensageiro,
Por essas terras além,
Mostrando os doces encantos
De Jesus, meu rico bem,
Não só aos justos, aos santos,
Mas aos perversos também.
Parte, pois, ó Mensageiro,
Por essas terras além.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Amigos do Sagrado Coração de Jesus (1)

Dois poemas ao Sagrado Coração de Jesus

Vamos tecer algumas consideração sobre o Sagrado Coração da Jesus na relação que o tema tem com a Beata Alexandrina, com a sua terra e com algumas terras vizinhas. Começamos com uma citação dos "Sentimentos da Alma", de 1 de Outubro de 1954.
Neste momento, pela chaga do Seu Divino Coração, saiu um clarão tão grande e uns raios tão luminosos que irradiavam tudo. Pouco depois, de todas as Suas chagas divinas saíam raios que me vinham trespassar os pés e as mãos. Da Sua sacrossanta cabeça para a minha passava-se também um sol que me trespassava todo o cérebro.Falando do primeiro clarão e raios que saíam do Seu Divino Coração, disse Jesus com toda a clareza:
- Minha filha, à semelhança de Santa Margarida Maria, Eu quero que incendeies no mundo este amor tão apagado nos corações dos homens. Incendeia-o, incendeia-o!
Eu quero dar, Eu quero dar o meu amor aos homens, Eu quero ser por eles amado!
Eles não mo aceitam e não Me amam.
Por ti quero que este amor seja incendiado em toda a humanidade, assim como por ti foi consagrado o mundo à minha Bendita Mãe.
Faz, esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos Nossos Corações!
Jesus fala aqui do seu amor, do amor do seu Coração, e quer que a Beata Alexandrina o espalhe no mundo todo. Grande tarefa para que os amigos dela também são chamados.
Vejamos agora dois poemas ao Sagrado Coração de Jesus por um antigo pároco de Balasar, o Padre António Martins de Faria (1837-1913).

Súplica

Coração do meu Jesus,
Que na Cruz,
Pela lança do soldado,
Ser varado
Sofreste para deixar
Um lugar
Que servisse nesta vida
De guarida
Sempre aberta ao pecador –
Por amor
Ou, melhor, por compaixão,
O perdão
A meus crimes concedei –
E fazei
Pela vossa santa garça
Que a desgraça
Eu não tenha outra vez, não,
De ofender,
Por querer,
Vosso terno Coração.

Suspiros

Quem me dera ter a lira
Do profeta de Sião
P’ra cantar com melodia
De Jesus o Coração!

Quem em dera ter a voz
Dum dos Anjos do Senhor
P’ra cantar sua bondade,
Sai ternura e amor!

Quem, me dera ter o génio
Dum, arcanjo ou querubim
P’ra cantar suas finezas
Em hinos de amor sem fim!

Mas, ai de mim, que não tenho
nem génio, nem vos, nem lira!
Apenas uma alma tenho
Que por Vós, Jesus, suspira.

Aceitai pois da minha alma,
Ó Jesus, o suspirar,
Já que Vosso Coração
Não posso nem sei cantar.