sexta-feira, 30 de maio de 2014

Uma freira balasarense

Há um testamento balsarense que menciona uma freira. Chamava-se Ana e viveu o momento escaldante da extinção das Ordens Religiosas. Claro que não tem nada a ver com a Beata Alexandrina, mas alguma coisa tem a ver com a Santa Cruz.
O testamento é de Custódio Alves da Costa, de Guardinhos, e foi aprovado em 27 de Julho de 1849.
O testador era pai de dez filhos, a saber, Custódio Alves, solteiro, que vivia com o pai, José Alves, que casara para Arcos, António Alves, Ana (freira no Convento de Leiria), Josefa e Maria (a viverem com o pai), Francisco Alves dos Santos e Luís Alves dos Santos (ausentes no Rio de Janeiro), Manuel Alves e Ludovina, também solteiros.
O convento em que professara a irmã Ana Alves, de Guardinhos, deveria ser o Convento de Santa Ana.
Nesses tempos antigos as freiras eram originárias principalmente de famílias nobres e não populares, como é aqui o caso.
O Custódio Alves pai era homem abastado (possuía dois prazos e várias terras) e por isso não se entende bem a razão por que tantos filhos continuavam solteiros. 
Representação tradicional de Santa Ana: um senhora adulta, Santa Ana, a ensinar uma menina a ler, Nossa Senhora.

domingo, 25 de maio de 2014

Colóquio de Jesus com a Beata Alexandrina (fragmento de 16 de Março de 1945)

- Arredado de Mim, minha filha, longe, muito longe, está o pecador endurecido e louco pelas paixões. Longe, muito longe vivem os pecadores entregues ao vício e à carne, loucos e cegos de todos os vícios.
Vem cá, minha filha, vem, minha pomba branca, receber do teu Jesus, Pai e Esposo, o remédio, a vida e a luz para os conduzires a Mim.
Jesus uniu o Seu Divino Coração ao meu, assim como o Seu rosto santíssimo e lábios aproximou também dos meus. Acariciou-me e passou dele para mim luz, amor, conforto e vida. Dava-Me tudo o que possuía. E continuou:
- Vai, filhinha, medicina das almas, vai dar tudo isto; escolhi-te para a salvação delas, escolhi-te para amparo delas, escolhi-te para seres a sua luz.
Dá-lha, arranca-as das trevas. Vai com o meu amor e a tua dor inigualável arrancá-las das garras de Satanás; estão presas no lodo e enleadas nos espinhos. Tu és a luz das luzes, a loucura, o amor dos amores.
- Ó meu Jesus, dai-me o que quiserdes, dai-me o que é Vosso, só com o que é Vosso eu posso roubá-las ao demónio, só com a luz do Vosso divino amor eu posso dar-lhes luz. Tenho sede, tenho sede, Jesus, de Vos dar almas, todas as almas.
- A tua sede é a minha, meu encanto: sacia-ma, tenho sede e fome de almas, é sede e fome do que causa a morte. Olha, estão tantas presas, enleadas naqueles espinhos! Se não fores lá tirá-las, lá morrem, de lá passam para o inferno.
- Já, já, meu Jesus, vou, quero ir lá desprendê-las, custe o que custar.
- Minha filha, mas deixas lá tuas carnes…
- Não importa, meu Jesus, quero salvá-las.
- Minha filha, perdes lá o teu sangue…
- Deixá-lo, meu Jesus, também Vós o perdestes até à última gota. Eu quero ir lá, custe o que custar, perca o que perder. Eu vou, Jesus, eu vou ainda que naqueles espinhos se desfaçam e fiquem lá meus ossos. Pelo Vosso divino amor dou tudo e tudo dou pelas almas.
Que tormentosa foi a visão destes espinhos! Sem um grande auxílio, sem a força do Céu, nunca, nunca se desprenderiam de lá tantas, tantas ovelhinhas. 
- Ó pura, ó bela, ó vencedora das almas, tu ostentas a bandeira da vitória! Tu és o lírio dos vales, flor mimosa dos prados! As tuas virtudes são lírios, são açucenas, flores do jardim angélico que adornam o trono da Majestade divina! 
Que bem fará às almas, quando a tua vida for conhecida, pregada e lida, a tua vida celeste, a tua vida sem igual!
Oh, quanto eu anseio que a luz que de Mim recebeste vá penetrar nos corações de toda a humanidade! Oh, como eu anseio que ela aprenda neste livro de virtudes e ciências divinas!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Declarada Venerável

No Diário do Minho de 13 de Janeiro de 1996, foi publicado o artigo que se segue (aqui transcrevemo-lo d'O Notícias da Póvoa de Varzim de 17 de Janeiro). A Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa acabava de ser declarada Venerável.

Alexandrina Maria da Costa, que fa­leceu em Balasar, Póvoa de Varzim, em 1955, foi declarada Venerável, no dia 12 do corrente.
Juntamente com aquela Mística por­tuguesa foram declarados veneráveis mais sete servos de Deus. A Alexan­drina aparece em oitavo lugar por ser, de todos eles, a que faleceu há menos tempo.
A leitura dos respectivos decretos teve lugar no Vaticano, pelas 12.00 horas, na presença do Santo Padre, dos mem­bros da Congregação para as Causas dos Santos e dos postuladores das várias causas de beatificação.
Isto significa que a Igreja reconhece ter Alexandrina Maria da Costa prati­cado acima do comum - em grau he­róico - as virtudes cristãs. Deixou de ser chamada Serva de Deus para ter o título de Venerável. Agora segue-se a análise dos milagres que são atribuídos à sua intercessão, podendo o Santo Padre vir a declará-la Beata.
O título de Venerável não dá, todavia, direito a que se lhe preste culto público, com o qual só é lícito venerar os servos de Deus que pela autoridade da Igreja foram incluídos no álbum dos Beatos e dos Santos, conforme o Cânone 1.187, do Código de Direito Canónico.
Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balasar no dia 30 de Março de 1904. Frequentou, durante ano e meio, a escola primária na Póvoa de Varzim, onde aprendeu a ler e a escrever, mas não fez nenhum exame. Dos 8 aos 14 anos, viveu um período intenso de oração e de trabalho, tendo aos 12 anos sido acometida de uma doença grave que a levou às portas da morte. Aos 14 anos, para fugir de um homem que abusiva­mente entrou em sua casa, Lino Fer­reira, deitou-se abaixo da janela, de uma altura de quatro metros. Em con­sequência disso sujeitou-se durante sete anos a dolorosos tratamentos, mas a partir de 14 de Abril de 1925 ficou imóvel, tendo de permanecer na cama du­rante trinta anos. Veio a falecer a 13 de 1955.
Compreendendo que a sua vocação era o sofrimento - sofrer, amar, repa­rar - ofereceu-se a Deus como vítima pela salvação das almas.
Foi porta-voz da vontade de Deus no pedido de consagração do mundo ao Coração ­Imaculado de Maria, proclamada por Pio XII, em 1942.
Teve uma grande amor à Santíssima Eucaristia fazendo da sua vida uma contínua adoração eucarística. Não podendo já engolir nem sequer uma gota de água, viveu os últimos treze anos alimentada apenas pela comunhão diária, à semelhança do que aconteceu com Teresa Neumann e outras místicas.

Foi grande também o seu amor pela Paixão de Cristo tendo-a vivido misticamente de modo cada vez mais intenso. Sofreu as dores das chagas, da coroação de espinhos, da flagelação.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Faleceu D. Eurico Dias Nogueira

D. Eurico Dias Nogueira, o arcebispo do tempo em que a actual Beata Alexandrina foi proclamada venerável, faleceu hoje. Veja também aqui.
Colocamos a seguir o Decreto das Virtudes Heróicas que permitiu a elevação da "Serva de Deus" Alexandrina a "Venerável": 

CONGREGAÇÃO PARA AS CAUSAS DOS SANTOS
Bracarense

Processo de Beatificação e Canonização
da Serva de Deus

ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

Virgem secular
Membro da Associação dos Cooperadores de S. João Bosco

(1904-1955)
  

DECRETO SOBRE AS VIRTUDES

 Mas vós sois corpo de Cristo e seus membros” (1 Cor 12, 27).
Membro vivo de Cristo foi a Alexandrina Maria da Costa, que rece­beu do Senhor a vocação de participar nos sofrimentos da paixão do Senhor Jesus, que se “humilhou a si próprio, feito obediente até à morte e morte de cruz” (Fil 2, 8). Unida ao Divino Esposo, seguiu-o com amor e por amor se devotou no caminho do calvário pela conversão dos pecadores e pela conversão das almas, desempenhando a sua missão, que lhe fora confiada pelo Céu, de “amar, padecer e expiar”.

A Serva de Deus, segunda filha natural de Ana Maria da Costa, nas­ceu no dia 30 de Março de 1904, no lugar de Gresufes, na aldeia de Balasar, no território da Arquidiocese de Braga, Portugal, e recebeu o Baptismo no dia 2 de Abril seguinte. A mãe dela, abandonada pelo esposo pouco antes do casamento, suportou com dignidade o peso da família e educou as filhas com fortaleza e diligência segundo as leis de Deus e da Igreja, dando-lhes admiráveis exemplos de oração e de prática de caridade, sobretudo para com os doentes.
Desde a meninice, a Alexandrina sofreu os efeitos de dura pobreza quando a família, perdidos todos os bens, contraíra um grande emprés­timo para ajudar um parente necessitado. Frequentou a escola primária durante pouco tempo na cidade da Póvoa de Varzim, onde, com grande alegria, fez a Primeira Comunhão. Depois do regresso à sua aldeia natal, trabalhou nos campos e aprendeu costura. Gozava de óptima saúde, era de espírito alegre, folgazão, afável e vivaz. Dedicava-se à oração com assiduidade, estudava o catecismo, participava nas actividades paro­quiais e empenhava-se na correcção dos seus defeitos. Assistia de boa­mente doentes e moribundos.
 No Sábado Santo do ano de 1918, para defender a virgindade de alguns homens que se tinham infiltrado em sua casa, atirou-se de uma janela abaixo e a partir daí caminhou com dificuldade e com sofrimento. De início, os médicos não conseguiram fazer um diagnóstico acertado, mas mais tarde chegaram à conclusão de que ela sofria de mielite com­primida da medula. Todo o tratamento resultou ineficaz e os sofrimen­tos foram aumentando de dia para dia, até que no ano de 1925 viu-se obrigada a acamar definitivamente. A paralisia dos membros foi aumen­tando cada vez mais e por fim a atrofia dos músculos foi tal que a impe­diram de qualquer movimento.
Nos primeiros anos da doença, como é natural, pediu instantemente a cura, mas foi-lhe concedida a graça de aceitar a vontade de Deus e também desejar sofrer ainda mais. Deste modo o seu leito tornou-se um altar do sacrifício, o seu corpo um templo no qual Deus realizou mara­vilhas e a alma transformada numa chama ardente de caridade. Começou por sentir uma grande pena de “Jesus prisioneiro dos Sacrários”, ao mesmo tempo que tomava consciência mais clara­mente da sua vocação de vítima. Instruída pelo próprio Cristo e por Ele guiada na sabedoria da Cruz, ofereceu-se como vítima de expiação, acei­tou ser crucificada e tornar-se participante da Redenção através dos seus sofrimentos, que foram muitos, atrozes e contínuos. Experimentou na sua carne e no seu espírito os sofrimentos da paixão de Jesus, moléstias diabólicas, a que se juntaram tentações, períodos de aridez e de trevas interiores, dúvidas contra a fé e morte mística. Tinha desgosto de não poder ir à igreja e de não ter possibilidade de comungar frequente­mente, bem como de que fossem demasiado divulgadas as suas admirá­veis experiências. Sofreu igualmente devido aos transtornos causados pelas visitas de muitas pessoas, devido ao afastamento do seu primeiro director espiritual, aos inquéritos eclesiásticos e dos médicos, devido às repreensões deles, por não acreditarem na sua sinceridade e honesti­dade. Deus favoreceu-a com êxtases, visões, conhecimento de factos futuros, perscrutação dos corações. Nos últimos treze anos de vida não tomou qualquer alimento a não ser o Pão eucarístico.
Apesar de doente, exerceu um grande e frutuoso apostolado: rece­bia com amabilidade as muitas visitas às quais dirigia palavras de fé e de consolação exortando-as a receberem os sacramentos da Penitência e da Eucaristia, a rezarem o terço e não raramente obteve a conversão dos pecadores. Ensinou durante muito tempo o catecismo às crianças; foi zeladora da Pia União do Apostolado da Oração, promoveu a edição de livros católicos e das missões; fomentou as vocações sacer­dotais e religiosas; aderiu às Filhas de Maria e à Associação dos Cooperadores Salesianos. Com as ofertas recebidas de benfeitores favo­receu o culto divino, a pregação da Palavra de Deus, ajudou a sua paró­quia, as missões, os alunos dos seminários e jovens necessitados, pobres e desempregados. Interessou-se pela celebração das festas religiosas e da Santas Missas; contribuiu para a construção de casas para os que delas careciam. No ano de 1936 pediu ao Sumo Pontífice a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, o que fez Pio XII no dia 31 de Outubro de 1942.

Esquecida de si mesma, viveu só para Deus e para o próximo e, entre os espinhos do sofrimento, cultivou muito belas e perfumadas virtudes cristãs. A fé foi a luz dos seus pensamentos, dos seus afectos, das suas palavras e acções. Acreditou firmemente em Jesus Cristo, no Evangelho, nas verdades reveladas e no magistério da Igreja. Cumpriu perfeita­mente os mandamentos de Deus, obedeceu prontamente à vontade de Deus e foi instrumento dócil nas suas mãos para o desempenho da mis­são que lhe foi confiada para bem da humanidade. Elevada à contem­plação dos grandes mistérios da fé e da oração, nutriu uma particular devoção à Santíssima Trindade, à Eucaristia e à Virgem Maria. Identificada com Cristo pregado na cruz até ao ponto de afirmar: “Não sou eu que sofro: é Jesus que sofre em mim”; e de poder repetir de si com S. Paulo: “Estou crucificada com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gál 2,20), e acrescentar: “Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo Seu Corpo, que é a Igreja” (Col 1,24).
O seu coração ardia de amor para com Deus, a Igreja e as almas. Escreveu:
Amarei a Jesus nas trevas, amá-Lo-ei nas humilhações, nos sofrimentos e nas angústias da alma; amá-Lo-ei com transportes de ale­gria, esforçando-me por cumprir em tudo a sua vontade.
 Afirmava ao mesmo tempo que estava disposta a sofrer até ao fim do mundo pela salvação dos pecadores.
Na lápide do seu sepulcro quis que fossem gravadas estas palavras, compêndio do seu apostolado:
Pecadores, se as cinzas do meu corpo vos podem servir para a vossa salvação, vinde, calcai-as aos pés até elas desa­parecerem, mas não continueis a pecar, nem ofendais mais o nosso Jesus!
Pecadores, quereria dizer-vos muita coisa! Este cemitério não chegaria para as conter!
Convertei-vos!
Não ofendais a Jesus, não queirais perdê-lo eternamente!
Ele é tão bom!
Basta de pecados!
Amai-O! Amai-O!
Não foi menor a sua caridade para com a mãe e a irmã Deolinda que a assistiram carinhosamente, para com os pobres, os doentes, as almas do Purgatório; e aqueles que lhe causaram qualquer desgosto, recebe­ram imediatamente o seu perdão e a sua benevolência. Sinceramente humilde, tinha-se em conta de nada diante de Deus e indigna de qual­quer reputação diante dos homens; evitava louvores e regozijava-se quando era desprezada. Alheia às coisas do mundo, abraçou com alegria a temperança e a pobreza, colocando a sua esperança em Deus e na Providência; tendia continuamente ao prémio eterno, que esperava alcançar não pelos seus méritos, mas pelos de Cristo. Conservou-se livre e pura de qualquer afecto desordenado e observou perfeitamente a cas­tidade, superando não leves tentações. Em todas as circunstâncias falou e agiu com prudência sobrenatural. Foi justa para com Deus e o pró­ximo: foi forte na obediência aos superiores eclesiásticos, nos sofrimen­tos do corpo e do espírito, na fidelidade ao dever e no cumprimento quotidiano da vontade divina. Também na proximidade da morte, quando os sofrimentos atingiram o máximo, perseverou com fortaleza e generosidade na entrega de si mesma e da sua vida. Com ânimo sereno foi ao encontro da eternidade murmurando:
Sou feliz, porque vou para o Céu.
Confortada com os sacramentos, concluiu o seu caminho doloroso e com a lâmpada acesa entrou na morada de Deus no dia 13 de Outubro de 1955.
O povo, que a tinha em conceito de santa, afirmou:
“ Morreu a mãe dos pobres, o auxílio dos necessitados; foi-se a consoladora dos aflitos”.
Uma multidão imensa visitou o seu corpo e esteve presente nas suas exé­quias. No ano de 1977, o seu corpo foi trasladado para a igreja paroquial de Balasar, onde presentemente se encontra, venerado pelos fiéis, que numerosos acorrem e se encomendam à sua intercessão.
Conhecida a grandeza e a consistência da fama de santidade, de que a Serva de Deus deu mostras em vida, na morte e depois da morte, o Arcebispo de Braga deu início à Causa de beatificação e canonização, celebrando o processo informativo ordinário (1967-1973), cuja autori­dade e valor foram reconhecidos pela Congregação para as Causas dos Santos com decreto promulgado no dia 16 de Novembro de 1990. Completada a preparação da Posição, discutiu-se se a Alexandrina teria exercido as virtudes como os heróis. No dia 13 de Maio de 1995, reali­zou-se, com êxito feliz, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. Depois, os Cardeais e Bispos, na Sessão Ordinária do dia 7 de Novembro do mesmo ano, sendo Ponente da Causa o Ex.mo Senhor D. Ottorino Pedro Alberti, Arcebispo de Cagliari, reconheceram que a Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa tinha observado de maneira heróica as vir­tudes teologais, cardeais e suas anexas.

Feita, finalmente, por parte do abaixo assinado Pró-Prefeito, uma cuidada relação de tudo isto ao Sumo Pontífice João Paulo II, Sua Santidade acolheu e ratificou os votos da Congregação para as Causas dos Santos, e mandou que fosse publicado o Decreto sobre as Virtudes heróicas da Serva de Deus.
Cumprido fielmente o estabelecido, chamados hoje à sua presença o abaixo assinado Pró-Perfeito, o Ponente da Causa e eu, Bispo Secretário da Congregação, bem como os demais como é hábito convocar, a todos eles o Santíssimo Padre solenemente declarou:
Consta que a Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa, Virgem Secular, Membro da Associação dos Cooperadores de S. João Bosco, no caso e para os efeitos que lhe estão ligados, praticou as virtudes teologais da Fé, Esperança e Caridade para com Deus e para com o próximo, bem como as Virtudes cardeais da Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza, e suas anexas, em grau heróico.
E deu ordem para que este decreto fosse tornado público e referen­ciado nas actas da Congregação para as Causas dos Santos.

Roma, 12 de Janeiro de 1996.

                          †       Alberto Bovone
                         Arcebispo titular de Cesareia na Numídia
                         Pro-Prefeito

                          †       Eduardo Nowak
                         Arcebispo titular de Luna

                          Secretário

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Com que idade foi para o Brasil e para que cidade se dirigiu o pai da Beata Alexandrina

Veio-nos agora à mão o “consentimento” dado ao pai da Beata Alexandrina, António Xavier, para  ir para o Brasil.
De uma freguesia não muito populosa como Balasar, deviam estar nesse grande país sul-americano lá para uns cem homens nela nascidos. Só homens, nenhuma mulher. Balasar chegou a “exportá-los” para lá à razão de uma dezena por ano (no de 1860, que foi o da vinda do Comendador do Maranhão,  foram doze). Era uma debandada.
Vamos ao documento:
Consentimento que dá José Joaquim Gonçalves Xavier, do lugar de Vila Pouca, freguesia de Balasar, deste concelho, a seu filho António, de 13 anos de idade, para se transportar para o Brasil.
Aos doze dias do mês de Janeiro do ano de mil oitocentos e oitenta e nove, nesta administração concelho da Póvoa de Varzim, onde estava o meritíssimo administrador deste concelho, doutor Domingos José da Costa Amorim, comigo, Manuel Luís Monteiro Júnior, secretário da mesma administração, compareceu José Joaquim Gonçalves Xavier, do lugar de Vila Pouca, freguesia de Balasar, deste concelho, e declarou que dava consentimento a seu filho António, nascido aos vinte e oito dias do mês de Abril do ano de mil oitocentos e setenta e cinco, para se transportar para o Brasil, declarando mais que vai para a cidade do Pará, com destino de se empregar no comércio, indo recomendado a António da Costa Reis Júnior, residente na mesma cidade (…)
Tinha então treze anos e ia para o Pará. Alguns conterrâneos tinham ido para destino semelhante com menos idade; para o Pará iam poucos, iam sobretudo para o Maranhão e Rio de Janeiro.
O documento tem a assinatura de dois homens de Gresufes, Manuel da Costa Boucinhas e o pai de António da Costa Reis Júnior, que o ia acolher. Devia tratar-se de dois lavradores abastados. António da Costa Reis pai era padrinho do António Xavier.
De tudo isto seguem-se algumas observações:
A jovem Ana Maria da Costa, embora conhecesse desde a infância o António Xavier, já o não veria há muito quando o encontrou no tratamento no Gerês, antes de nascer a Deolinda.
O pai do António Xavier, que era padeiro, devia gozar duma situação económica folgada e sobrepôs esse bem-estar à obrigação moral do filho para com a vizinha de Gresufes.
Perante a debandada masculina, a situação das mulheres jovens era penosa: onde haviam de encontrar marido? Porque era assim em Balasar e nas freguesias vizinhas.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A Beata Alexandrina na Polónia

Informam-nos que na Polónia a devoção à Beata Alexandrina tem tido um crescimento surpreendente. A uma reunião a ela dedicada acorreram muitos milhares de pessoas.
Veja aqui o site duma revista em polaco com texto sobre a Beata Alexandrina.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O Sangue do Cordeiro

A editora brasileira Petrus publicou o livro de Afonso Rocha sobre a Beata Alexandrina intitulado O Sangue do Cordeiro. Confirme aqui ou aqui
Este livro é biográfico, mas não ao modo de quem conta principalmente factos externos, mas antes a caminhada mística da biografada, como por exemplo em Solo per Amore! E é para essa meta que é preciso dirigir os admiradores da Alexandrina, aquela que foi declarada a mais perfeita imagem de Cristo crucificado.
Nela, o que conta é o amor.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Tarde Vos amei!

Segundo um jornal poveiro de há muitos anos, em 1722, foram aprovados os primeiros estatutos da Confraria de Santo Antão em Balasar. Paroquiava na altura a freguesia o Pe. João Silva, que viera em 1701 e deixou o cargo em 1731. Santo Antão do Deserto ou Santo Antão o Grande ou Santo Antão o eremita não é um santo propriamente popular, mas a sua confraria bem como a sua imagem subsistem em Balasar até à actualidade.
Talvez vinda do mesmo tempo, também existe em Balasar uma imagem de Santo Agostinho. O nome deste santo teólogo terá sido um pouco mais conhecido entre os fiéis, mas, como Santo Antão, nunca foi um santo popular.
Presumimos que o culto destes dois ilustres da Igreja tenha sido divulgado pelos cónegos regrantes de Santo Agostinho do Mosteiro da Junqueira, que então existia a poucos quilómetros de Balasar. Um monge dele foi padrinho de D. Benta, em 1727.
Aparentemente, este mosteiro terá vivido um momento de brilho desde as duas décadas finais do século XVII até perto de meados do século XVIII. Foram então reconstruídos a sua bela e espaçosa igreja e também a parte de habitação.
Numa freguesia confinante com Balasar e com a Junqueira, guarda-se um importante conjunto de livros que pode ter tido origem no mosteiro: são pesados livros escriturísticos (em latim, com citações em grego e hebraico), de teologia, de história da Igreja, de ascética, de pregação, etc. E as datas das suas publicações situam-se aproximadamente entre 1670 e 1740.
A Beata Alexandrina tem um pequeno texto, que dispusemos em verso e que evoca a frase de Santo Agostinho “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!”
Escreveu ela:
Meu doce Jesus, tão tarde Vos conheci
E tarde, ainda muito mais tarde, Vos amei!
Fazei que agora viva só para Vós
E para o vosso amor!
Quem lhe terá dado conhecimento da frase de origem? Desconhecemos, mas deve ter sido a propósito da imagem do santo.

sábado, 3 de maio de 2014

Anúncio da apresentação pública do livro "Balasarenses"

Já está em linha no Portal Municipal a informação da apresentação pública do nosso livro sobre os notáveis de Balasar. Se dele está quase ausente a Beata Alexandrina, nem por isso "Balasarenses" deixa de interessar a quem a estuda: ela não viveu à margem da tradição e das pessoas da sua terra.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Por um grande memorial à Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria pedida pela Beata Alexandrina ao Papa é um feito de transcendente importância. Por várias razões, sendo duas delas a glorificação da Mãe de Deus e o encaminhamento para o seu fim da destruição mundial que a guerra provocava.
A frase de Churchill já várias vezes referida que diz que antes de El Alamein os Aliados nunca tinham tido uma vitória e depois de El Alamein nunca tiveram uma derrota (“Before Alamein we never had a victory. After Alamein we never had a defeat”) é muito significativa: os preparativos desta batalha decorriam ao tempo da Consagração, como se verifica no fragmento da primeira página do Jornal de Notícias de 1 de Novembro, que informa também sobre a proclamação de Pio XII. 
Agora que se pensa em grandes obras em Balasar era ocasião para erguer um digno monumento a este grande feito.


Imagem de cima, fragmento da primeira página do Jornal de Notícias de 1 de Novembro de 1942 onde se vêem, à esquerda, notícias do andamento da guerra no Egipto (onde fica El Alamein) e, à direita, a notícia da alocução papal em que foi feita a Consagração.
Imagem de baixo, tanques em El Alamein em 1942.
Clique sobre as imagens para as ver em tamanho maior.