sábado, 28 de março de 2015

Faleceu D. Felismina Martins

D. Felismina Martins faleceu hoje com 101 anos. Possuía uma notável memória e por isso recordava com muita exactidão variadas peripécias ocorridas na casa da Beata Alexandrina, onde foi criada, ou  na sua freguesia de Balasar.
O funeral é amanhã às 14h30.

domingo, 22 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (8)

No Estado Novo

A adesão ao regime saído do 28 de Maio não deixava dúvidas sobre a recusa popular da Primeira República e do seu projecto. O que mais adiante se passou com os republicanos espanhóis e mesmo com os comunistas soviéticos confirmava o acerto dessa recusa.
Na Póvoa destacavam-se então algumas figuras ilustres como o Dr. Abílio Garcia de Carvalho, a Madre Sá e outros. Todos tinham sido vítimas dos republicanos e eram cidadãos impolutos e católicos militantes e esclarecidos. Não os movia a vingança.
O médico Dr. Abílio Garcia de Carvalho, com uma nomeada de activista católico que ia muito além dos limites da Póvoa, capitaneava as hostes do novo regime e viria a ser presidente da câmara. O jornal Idea Nova de 29 de Julho de 1933 noticia a dinamização da criação da União Nacional que ele promoveu em Balasar.
Nesta freguesia, a substituição do Pe. Manuel Araújo pelo Pe. Leopoldino fora muito benéfica.
É neste ambiente do Estado Novo que vai viver agora a Alexandrina, um meio em que as pessoas se sentem gratas ao regime que lhes devolveu a liberdade e a dignidade que outros lhes tinham roubado.
Dr. Abílio Garcia de Carvalho, que havia de ser médico da Alexandrina.

sábado, 21 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (7)

A vinda do Pe. Mariano Pinho

O dia 16 de Agosto de 1933 foi um dia grande para Balasar: concluiu-se então um tríduo em honra do Sagrado Coração de Jesus e houve a inauguração da Cruzada Eucarística das Crianças da freguesia. O tríduo esteve a cargo do notável orador Pe. Mariano Pinho e vieram o arcipreste António Gomes Ferreira, que era balasarense, o Pe. José Cascão e pelo menos mais dois sacerdotes. O Pe. Leopoldino Mateus paroquiava a freguesia desde há cerca dum mês.
Fotografia da Cruzada Eucarística de Balasar no dia da sua instituição em 16 de Agosto de 1933. Em primeiro plano, vêem-se os miúdos da Cruzada, ao centro, mais para trás, as meninas, do lado direito devem estar as zeladoras e do lado esquerdo está o Pe. Leopoldino; por trás dele, alguns curiosos terão aproveitado para figurar no retrato. A jovem à frente do pároco deve ser a Mariazinha Machado. Os fotografados encontram-se nas "escadas do Calvário", que parece que ficava à frente de onde foi construída a residência paroquial.

Foi então que o Pe. Mariano Pinho assumiu a direcção da espiritual da Alexandrina, o que constituiu um marco na vida dos dois.
Ela tinha à sua frente uma caminhada originalíssima e difícil e sozinha perder-se-ia no caminho. Mas agora ia ter a seu lado um homem santo e sábio para a aconselhar.
Veja-se o que contou sobre esse dia:

Em 16 de Agosto de 1933, Sua Reverência veio à nossa freguesia fazer um tríduo ao Sagrado Coração de Jesus, tomando-o então para meu director espiritual.
Não lhe falei nos oferecimentos que fazia ao sacrário, nem nos calores que sentia, nem na força que fazia elevar, nem nas palavras que tomei como uma exigência de Jesus. Pensava que era assim toda a gente.
Só passados dois meses é que lhe falei nas palavras de Jesus e do resto nada disse, porque nada compreendia como coisas de Nosso Senhor. Apesar de Sua Reverência não me dizer que eram palavras de Nosso Senhor, eu continuei sempre e cada vez mais unida a Nosso Senhor. Quer de dia quer de noite eram os sacrários os meus lugares predilectos.

Há aqui também uma espécie de ponto da situação sobre a sua evolução espiritual.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Tempo de Via-Sacra

A Quaresma é tempo especial de Via-Sacra, de reflectir sobre o mistério da loucura da Cruz. A Beata Alexandrina, ao menos nas proximidades de Balasar, deveria ser uma referência, mas não nos parece que seja.
Soubemos que a Felismina Martins, agora com 101 anos, está bastante doente. Voltará ainda a recordar para os amigos momentos significativos da vida da Alexandrina?

quarta-feira, 18 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (6)

Protestantes em Balasar

A todo o mal que impuseram à Igreja, os republicanos ainda acrescentaram a exaltação do protestantismo, como a imprensa poveira do tempo testemunha. Foram também republicanos, em concreto Lino Ferreira e Carlos da Costa Reis, que o trouxeram para Balasar. E isso, em 1932, deu azo a um episódio de recusa que teve aspectos graves. A mãe da Alexandrina esteve entre os protagonistas dessa recusa e sofreu-lhe as consequências. Os biógrafos da Beata ignoram o acontecido, que deve ter contribuído para a pobreza em que viveu a D. Ana com as filhas em parte da década de 30. A Alexandrina, que já acamara, na Autobiografia não faz referência ao episódio.
Ainda era tempo do Pe. Manuel Araújo.
Ataque aos protestantes em Balasar, em 1932.

terça-feira, 17 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (5)

O Salto

No Sábado Santo de 1918, no dia em que a Alexandrina fazia 14 anos, Lino Ferreira, juntamente com dois emigrantes brasileiros (naturais de Gresufes) vindos em visita à família, forçaram, com fins criminosos, a entrada da sala onde ela, a Deolinda e mais outra jovem se encontravam. Para se livrar deles, a Alexandrina saltou duma janela abaixo. Aquele salto heróico de três metros e meio afectou-lhe a coluna e veio a imobilizá-la na cama a partir de 1925, com 21 anos.
Após o fracasso da Monarquia do Norte, os democráticos tomaram a Junta e Lino Ferreira foi então presidente. Pôde mostrar aí de novo o seu jeito de primário moralista ... republicano. Teve a companhia de um tal Carlos da Costa Reis, que ficou conhecido pela sua libertinagem.
A Alexandrina saltou da  janela que a seta assinala para a horta.

sábado, 14 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (4)

Adolescência

Regressada a Balasar, a Alexandrina foi em breve viver para o lugar do Calvário, para um pequena casa que a mãe herdara. Tornou-se depois catequista e cantora na igreja; era muito activa na prática da caridade e dada à oração, sem perder as suas qualidades de menina brincalhona e ciosa do seu vigor físico.
Aos doze anos, trabalhou durante algum tempo em casa de um vizinho, o Lino Ferreira, que chegou a propor-lhe que se tornasse sua amante e foi para ela um carrasco.
Na Junta os ditos democráticos, alinhados com Santos Graça, iriam ser afastados principalmente por mérito de Manuel de Almeida e a freguesia viveria então um período produtivo e pacífico.
Lino Ferreira, sempre do lado errado, alinhava com os democráticos.
Uma das raras correspondências balasarenses de Lino Ferreira para o "Comércio". Repare-se no tom moralista do escrito. Em Janeiro de 1914, a Alexandrina ainda tinha só 9 anos.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (3)

Na Póvoa de Varzim

Aos seis anos, a mãe enviou a Alexandrina para a Póvoa de Varzim para estudar, onde já estudava a Deolinda. A menina não se aplicou, preferindo dar largas à brincadeira. Quando regressou, sabia pouco do que lhe quiseram ensinar.
Mas a sua passagem pela Póvoa mostrou-lhe a vida urbana duma pequena cidade – muito diferente da da sua freguesia rural –, deu-lhe a conhecer o mar e permitiu-lhe sentir o que era a Igreja sob a perseguição republicana.
 A senhora ao centro do último plano desta fotografia foi a professora da pequena Alexandrina.

As leis despóticas de Afonso Costa eram apoiadas sobretudo pelos sucessivos administradores – Dr. Pedro Campos, Prof. Tomás dos Santos e Santos Graça – e pelos jornais A Propaganda, O Intransigente e O Comércio da Póvoa de Varzim.
Nesta perseguição, o maçónico Santos Graça tem um lugar especial por ter ocupado o cargo mais tempo, por ter feito os arrolamentos dos bens das paróquias, por ter promovido o silenciamento do jornal O Poveiro e o exílio do prior local.
Além disso, sabendo muito bem que o Colégio do Sagrado oração de Jesus não era das Doroteias, mas sim de uma delas, não as defendeu como era seu dever.
Foi neste período que a Alexandrina fez a Primeira Comunhão e o Crisma.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (2)

Infância

Na casa onde nasceu a pequena Alexandrina devia então haver uma grande família: avó, várias tias jovens, porventura algum tio que não tivesse ido para o Brasil e um ou outro pequeno primo, filho do tio Joaquim.
O pai de D. Ana chamou-se António José da Costa e o avô paterno Manuel José da Costa. A sua casa terá chegado a ser uma das abastadas do lugar.
A Alexandrina nasceu num frio dia de Março frente a esta lareira.

O pai do António Xavier foi José Joaquim Gonçalves Xavier; era padeiro e nasceu em 1838; faleceu em 1905, em 19 de Julho, com 67 anos. Tinha feito testamento em 11 do mesmo mês e ano. Nele, as meninas da Maria Ana, ali de tão perto, não foram reconhecidas como netas pelo avô…
Alexandrina foi uma criança saudável, vigorosa, divertida, vaidosa, com gosto pelo trabalho e com sensibilidade poética para as belezas da criação. Passou a infância no campo, no seu lugar de Gresufes, recebendo uma educação profundamente cristã.
Ao tempo da sua infância foi construída a actual igreja paroquial (entre finais de 1907 e começos de 1910).
A Igreja Paroquial de Balasar foi construída ao tempo da infância da Alexandrina.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Pequena biografia da Beata Alexandrina (1)

Nascimento da Alexandrina

Os pais da Beata Alexandrina Maria da Costa foram Maria Ana da Costa e António Xavier. Eram vizinhos, mas solteiros. António Xavier emigrou para o Brasil e foi em duas sucessivas vindas que foram concebidas primeiro a Deolinda e depois a Alexandrina.

D. Ana, a mãe da Beata Alexandrina.
Quando Maria Ana da Costa engravidou da Alexandrina, ainda antes de a menina nascer, em 30 de Março de 1904, António Xavier cometeu a cobardia de casar com uma rapariga da Póvoa de Varzim.
Confrontada com esta situação, a jovem mãe assumiu-se como viúva e passou a cuidar unicamente do sustento e educação das filhas.

Gresufes. A seta indica a casa onde nasceu a  pequena Alexandrina.
Foi depois uma mulher exemplar, empreendedora e de muita oração.
Há-de ter sofrido muito, mas Jesus prometeu à Alexandrina que levaria a mãe dela para o Céu sem passar pelo Purgatório.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Morreu o Pe. João Marques

Recebemos no passado dia 6 a notícia da morte do Pe. João Marques (1929-2015). Conhecíamo-lo desde há muitos anos e por isso no dia 7 fomos à celebração eucarística em seu sufrágio a que presidiu na Misericórdia poveira o Sr. Arcebispo. Não fomos porém ao enterro.
Se não erramos, ao tempo da beatificação o Pe. João Marques era o único sacerdote professor catedrático na área do arciprestado, mas não lhe conhecemos uma linha escrita sobre a Beata Alexandrina. Isto é de estranhar.
Uma vez ele explicou-nos o seu ponto de vista sobre ela. Pareceu-nos então, e ainda nos parece, de muito reduzido alcance. Mas mais, indicou-nos uma publicação dum intelectual de raiz poveira donde a Beata se saía pobremente – e que por isso consideramos que só pode vir de quem não a entendeu.
Mas não é isso suficiente para o lembrarmos. Nós ouvimos várias conferências deste professor e já tínhamos decidido não o voltar ouvir, tal o desencontro entre o que dele ouvíamos e o que pensávamos. Era o caso principalmente de Santos Graça, que consideramos um dos perseguidores republicanos da Igreja na Póvoa e que o Pe. João Marques exaltava.
Como podia isso ser? Como podia a pequena Alexandrina ter conhecido uma Igreja perseguida e virem agora louvar os que a perseguiam?
O Pe. João Marques confessava um débito grande para com o Pe. José Cascão, antigo reitor da Capela da Senhora das Dores, e para com a sua biblioteca (que conhecemos). Foi este Pe. Cascão que incitou crianças como a pequena Alexandrina a angariarem donativos para essa capela.

sábado, 7 de março de 2015

Da capela da Senhora da Piedade à da Senhora da Lapa

No espaço de 20 anos, no século XVIII, ergueram-se em Balasar duas capelas marianas, a da Senhora da Piedade, no Casal, e a da Senhora da Lapa, na Quinta. Da da Senhora da Piedade, resta-nos a imagem arruinada e umas pedras que lhe devem ter pertencido. A da Senhora da Lapa, bem conservada no exterior, tem o interior em ruína. Ainda não conhecemos a imagem que lá se venerou.

Sendo a piedade da Beata Alexandrina intensamente mariana, devia haver o cuidado de guardar toda a memória destas capelas e do seu recheio.

Estas três pedras devem ter feito parte da porta de entrada da Capela da Senhora da Piedade.
Arruinada imagem da Senhora da Piedade que se venerou no Casal.