sábado, 9 de agosto de 2014

O Padre Molho de Faria em Balasar


Com o título de “Acção Católica” e o subtítulo de “JAC", saiu em 13 de Fevereiro de 1937, no Idea Nova, uma pequena reportagem sobre o nascimento da JAC em Balasar. Não era o vulgar noticiário do Pe. Leopoldino e trazia assinatura, M., mas devia ser ele o autor. O texto é importante por várias razões: porque marca o nascimento da Juventude Agrária Católica na freguesia, porque dá conta do papel que o Padre Molho de Faria nele teve e até porque nos informa de que foi então inaugurado o salão paroquial.

Acção Católica
JAC

Merecem calorosas felicitações os grupos de jacistas da freguesia de Balasar, deste concelho, pelo luzimento e entusiasmo da sua inauguração oficial como organis­mo da Acção Católica. Esta festa marcou, pelo seu brilho, fervor e concorrência de fiéis da freguesia e doutras vizinhas, que ficaram sabendo o fim desta santa obra tão preconizada pelo actual Pontífice Pio XI.
Teve, a abrilhantá-la, o verbo eloquente e persuasivo do nosso conterrâneo, Sr. Dr. Molho de Fa­ria, ilustre professor de Teologia e Moral no Seminário Conciliar de Braga.
No sábado, 30, à noite, houve adoração ao SS.mo Sacramento, exaltado num lindo e artístico trono como nunca esteve naquela religiosa freguesia. O Sr. Dr. Molho fez um bom sermão sobre os deveres dos católicos na hora presente, incitando-os à frequência dos Sacramentos e a ingres­sar nas fileiras da Acção Católica.
No domingo, 31, à missa das 7 horas, fez o notável pregador uma substancial prática sobre a Acção Católica, seu fim, organiza­ção e necessidade – sendo escuta­do com atenção e interesse pelo povo crente que enchia o vasto templo. Comungaram todos os jacistas, acompanhados de suas famílias, em número aproximado de 200 pessoas.
Às 11 horas, começou a mis­sa solene, cantando os jacistas à Missa dos Anjos, acompanhados a harmónio pelo Sr. Abade de Ra­tes. Às 14 horas, procedeu-se à inauguração do grande salão paroquial, onde, doravante, se ensinará a doutrina cristã e se reali­zarão as reuniões das juventudes, a horas diversas. Quando o Sr. Dr. Molho de Faria, ilustre delegado das Comissões Diocesanas, entrou no vasto salão, lindamente ornamentado com motivos agrícolas, acompanhado pelo Rev. Abade de Balasar e de Rates, foi vivamen­te saudado pela numerosa assem­bleia, ansioso de assistir à sessão recreativa e ao mesmo tempo da propaganda da Acção Católica.
Falaram, e muito bem, sobre o objecto da Acção Católica, os dignos presidentes dos grupos, sendo muito aplaudidos. Segui­ram-se diversos recitativos, diá­logos, canções, cenas e o cântico do hino jacista. Todos os intér­pretes, apesar de ser a primeira vez a aparecer em público e sim­ples trabalhadores do campo, houveram-se muito bem e podiam apresentar-se em qualquer vila, o que denotou grande esforço dos dirigentes.
Pouco depois das 15 horas, ve­rificou-se no templo, repleto de fiéis que seguiam com curiosida­de as fases da festa jacista, a comissão oficial no organismo da Acção Católica, de novos mem­bros, sendo 14 rapazes, 13 rapari­gas para a Juventude e 10 benja­minas. Foi impressionante o acto da imposição do distintivo, acom­panhado de uma quente alocução do Sr. Dr. Molho, bem como o compromisso tomado diante do SS.mo Sacramento exposto. Foi uma cerimónia que deveras como­veu a assembleia. Terminou o religioso acto com a recitação do terço e bênção eucarística.
Os dirigentes dos grupos jacis­tas foram vivamente felicitados pelo povo da freguesia e estranhos que ficaram conhecendo o objectivo da Acção Católica.
Daqui, também lhes endereça­m os quentes aplausos, desejando que prossigam eficazmente na sua obra tão recomendada pela Igreja, para benefício espiritual da sua freguesia e ressurgimento cristão do nosso velho Portugal, tão for­temente fustigado pelo comunismo. M.

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