sábado, 7 de julho de 2012

Faz agora 100 anos… (5)


Nossa Senhora das Dores

A Póvoa possui três igrejas marianas, a Matriz, a Senhora das Dores e a Lapa. A Alexandrina, que frequentou a Matriz com regularidade, mostra uma ligação vincada à Senhora das Dores. Anuncia-se aqui já a sua paixão pela "Mãezinha" e mesmo a sua atracção pelo Calvário, que não será só o nome do lugar da sua residência, mas quase a sua vivência de cada hora.
Quando ia a passeio com a patroa para o campo, acompanhada com outras meninas, fugia do convívio delas e ia apanhar flores, que desfolhava para fazer tapetes na igreja de Nossa Senhora das Dores. Era em Maio e toda me comprazia em ver o altar da Mãezinha adornado de rosas e cravos e de respirar o perfume dessas flores. Algumas vezes, oferecia à Mãezinha muitas flores, que minha mãe propositadamente me levava.
Nos seus diários a Alexandrina conta inúmeras vezes a sua vivência pessoal do drama do Calvário. Veja-se um pouco do que ela ditou no dia 9 de Maio de 1947 e onde recebe o título de "Alexandrina das Dores": 
Esta manhã não podia respirar, não podia viver, estava tomada de terror.
Sentia os olhos colados pelo sangue que brotava do grande capacete de penetrantes espinhos que me cingiam a cabeça.
Assim segui as escuras e estreitas ruas do Calvário. ...
Oh como foi dolorosa a viagem!
Quanto me custou chegar ao Calvário![1] (...)
Veio Jesus; deu luz a toda a minha alma e disse-me:
- Minha filha, minha filha, minha Alexandrina, Alexandrina das dores:
Deixa-me que te dê mais este título de Minha esposa:
Alexandrina das Dores!
Tem coragem!
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[1] Embora só íntima, a vivência da Paixão não era menos dolorosa do que quando a revivia visivelmente..


Imagens: exterior da Capela da Senhora das Dores, em cima, e nicho da mesma Senhora no altar-mor, em baixo. 

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