sexta-feira, 1 de julho de 2011

À memória de Alexandrina Maria da Costa


Pelo P.e Leopoldino Mateus

O P.e Leopoldino Mateus, que em vida da Alexandrina nada publicou sobre ela, com excepção duma ou outra brevíssima referência, desde que ela faleceu, escreveu repetidamente sobre a sua paroquiana mais ilustre. O artigo abaixo é o primeiro de cerca duma dúzia.

Na freguesia de Balasar deste concelho baixou à paz do túmulo Ale­xandrina Maria da Costa “Vicente”, tão conhecida, pelo menos de nome, em quase todo o País.
Nasceu a 30 de Março de 1904 e faleceu a 18 de Outubro de 1955, isto é, nasceu no ano de Nossa Senhora (ano do 50.º aniversário da defini­ção dogmática da Imaculada Concei­ção) e faleceu no dia da mesma Senhora, no dia último das suas apa­rições aos pastorinhos de Fátima.
Recebeu a primeira Comunhão na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Póvoa de Varzim e recebeu os últimos Sacramentos administrados por um sacerdote poveiro, o seu pároco.
Diz-se de Nosso Senhor, no seu Evangelho, que pausou a vida fazendo bem; da saudosa Alexandrina tam­bém se pode garantir que passou a sua vida espalhando benefícios.
Todos os donativos que alguns visi­tantes lhe deixavam espontaneamente, nada queria para si, distribuía-os pelas igrejas e pelos necessitados e pelas Missões.
É conhecida a história da sua vida: era uma humilde pastorinha do campo quando, qual outra Goretti, perseguida para fins criminosas, não encontrou outro meio de escapar do crime do que lançar-se de uma jane­la ao quintal, o que lhe ocasionou uma doença que a prendeu ao leito da dor, perto de 40 anos, e sofrendo com a maior resignação.
Era uma alma de Deus toda entregue ao sacrifício pela conversão dos pecadores, salvação dos moribundos e alívio das almas do Purga­tório.
O segredo da sua resignação cristã estava na Vida Eucarística pois que recebia diariamente o Pão dos Anjos com fervor edificante e piedade singular.
A Sagrada Comunhão, já há bas­tantes anos, era a sua única comida, porque não tomava alimento algum. Nas últimas horas de vida, já ­mais do Céu que da terra, quando a sua família chorava e soluçava, assegurava-lhes:
- Não chorem que eu vou para o Céu!
Sim, Alexandrina con­tava ir para o Céu mas como os desígnios de Deus são insondáveis, é bom sufragá-la para lhe apressar o seu triunfo, se carecer de se purificar.
O seu funeral, em que assistiram cerca de 40 sacerdotes e mais viriam se soubessem ou pudessem, foi um triunfo, uma apoteose. O seu cadá­ver, inumado por entre lágrimas e suspiros na terra fria, tem ainda a visita de muitos admiradores. É uma romagem constante para sua sepul­tura, uns a chorar outros a suplicar graças à Sacrificada que já não vêem mas acreditam estar no Céu.
Aqui deixamos estas linhas à me­mória daquela que foi o modelo da vida cristã.
Ala Arriba, 22/10/1955

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