sábado, 2 de julho de 2011

A Alexandrina Maria da Costa e a Santa Cruz


Após a Beata Alexandrina falecer, vários sacerdotes escreveram sobre ela.
Escreveu o Mons. Mendes do Carmo no Diário do Minho, o P.e Leopoldino no Ala Arriba e o P.e Humberto no Boletim Salesiano. Além disso, o P.e Pinho, no Brasil, começou a redigir Uma Vítima da Eucaristia, que ficou pronta poucos meses depois, em Janeiro do ano seguinte.
O artigo do P.e Leopoldino que agora transcrevemos saiu em 3 de Dezembro de 1955 e tem o mérito de, pela primeira vez em letra de forma, relacionar a Beata Alexandrina coma a Santa Cruz. O que é importantíssimo. Que santos na história da Igreja foram anunciados de semelhante modo?
Deve-se porém assinalar um pequeno erro no artigo: o documento não foi enviado ao “Sr. Dr. António Pires de Azevedo Loureiro, Desembargador-Provisor e por ausência do Governador, Vigário Capitular, sede vacante, encarregado interinamente do governo temporal e espiritual do Arcebispado de Braga”, pois ele só viria para Braga quase dois anos mais tarde - como intruso.
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Junto da igreja paroquial de San­ta Eulália de Balasar, deste conce­lho, existe uma capela dedicada à Santa Cruz, levantada em memória da aparição em Junho de 1832, de uma cruz de terra, no lugar de Cal­vário.
O pároco de então, Reitor António José de Azevedo, narra essa apa­rição numa representação dirigida ao Sr. Dr. António Pires de Azevedo Loureiro, Desembargador-Provisor e por ausência do Governador, Vigário Capitular, sede vacante, encarregado interinamente do governo temporal e espiritual do Arcebispado de Braga.
Eis o teor da representação:

Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor
Dou parte a Vossa Excelência de um caso raro acontecido nesta freguesia de Santa Eulália de Balasar.
No dia de Corpo de Deus próximo pretérito, indo o povo da missa de manhã em um caminho que passa no monte Calvário, divisaram uma cruz descrita na terra: a terra que demonstrava esta cruz era de cor mais branca que a outra: e parecia que, tendo caído orvalho em toda a mais terra, naquele sítio que de­monstrava a forma da cruz não tinha caído orvalho algum.
Mandei eu varrer todo o pó e terra solta que estava naquele sítio; e continuou a aparecer como antes no mesmo sítio a forma da cruz. Mandei depois lan­çar água com abundância tanto na cruz como na mais terra em volta; e então a terra que demonstrava a forma da cruz apareceu de uma cor preta, que até ao presente tem conservado.
A haste desta cruz tem quinze palmos de comprido e a travessa oito; nos dias turvos divisa-se com clareza a forma da cruz em qualquer hora do dia e nos dias de sol claro vê-se muito bem a forma da cruz de manhã até as nove horas e de tarde quando o Sol declina mais para o ocidente, e no mais espaço do dia não é bem visível.
Divulgada a notícia do aparecimento desta cruz, começou a concorrer o povo a vê-la e venerá-la; adornavam-na com flores e davam-lhe algumas esmolas; e dizem que algu­mas pessoas por meio dela têm implorado o auxílio de Deus nas suas necessidades e que têm alcançado o efeito desejado, bem como: sararem em poucos dias alguns animais doentes; acharem quase como por milagroso animais que julgavam perdidos ou roubados e até algumas pessoas terem obtido em poucos dias a saúde em algumas enfermidades que há muito padeciam. E uma mulher da freguesia da Apúlia, que tinha um dedo da mão aleijado, efeito de um penando que nela teve, tocando a Cruz com o dito dedo, repentinamente ficou sã, movendo e endireitando o dedo como os outros da mesma mão, cujo facto eu não presenciei, mas o atestam pessoas fidedignas que viram.
Enfim, é tão grande a devoção que o povo tem com a dita cruz que nos domingos e dias santos de guarda concorre povo de muito longe a vê-la e venerá-la, fazem romarias ora de pé ora de joelhos em volta dela e lhe deixam esmolas; e eu nomeei um homem fiel e virtuoso para guardar as esmolas.

É a esta Cruz que, no colóquio de 14 de Janeiro de 1955, Nosso Senhor se refere quando disse à doente Ale­xandrina:

Há mais de um século que mostrei a cruz a esta terra amada, cruz que veio esperar a vítima. Tudo são provas de amor!
Oh, Balasar, se me não correspondes!...
Cruz de terra para a vítima que do nada foi tirada, vítima escolhida por Deus e que sempre existiu nos olhares de Deus!
Vítima do mundo, mas tão enriquecida das riquezas celestes que ao Céu dá tudo e por amor às almas aceita tudo!
Confia, crê, minha filha! Eu estou aqui. Repete o teu «creio». Confia!
Toda a tua vida está es­crita e fechada a chave de ouro.
Aqui a tenho nas minhas mãos…

E Alexandrina continuou até à hora da morte, abraçada à Cruz, a pedir, a sofrer a martirizar-se pelos pecadores!
Quanto lhe devemos!!!

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