Pelo P.e
Mariano Pinho
Por
Maria a Jesus! É o programa de todos os Congregados; é o lema de todos os
cristãos, o roteiro seguro de todos os predestinados para a eternidade! Atraídos
por Maria, deram com Jesus; iluminados por Maria, viram-se iluminados por
Jesus; alentados por Maria à contrição, à confiança, encontraram-se no oceano
das Misericórdias infinitas de Jesus.
É
esta a economia divina de Maria: quer-nos muito, mas para Jesus; busca-nos, se
andamos fugidos, mas para nos levar a Jesus; deseja e pede-nos o nosso coração,
o nosso amor, mas para que mais amemos a Jesus.
É este também o resultado da nossa devoção a
Maria
Santíssima, se é sincera, se é ardente, se é ilustrada, se é enfim, devoção
verdadeira: per Mariam ad Jesum.
Então há de ser este também o resultado
principal de
todas as nossas práticas marianas durante o mês de Maio, se forem
práticas de verdadeira e sólida devoção a Maria.
Todo este mês deve ser um ir crescendo sempre
em luz e
calor: luz que nos mostre cada vez mais nítida aos olhos da nossa alma, a
imagem infinitamente deslumbrante
e dulcíssima de Jesus; calor que nos inflame e transforme em serafins de
caridade para com o Amor que não é amado,
para com o seu Coração Amantíssimo.
Assim será, se o nosso mês de Maio não se
limitar só
ao afã de andarmos colhendo pelos prados e canteiros as melhores
rosas e lírios e açucenas para com elas adornarmos o altar da Virgem Pura: faz bem à
alma descansar a vista sobre um altar de Maria, aformoseado com gosto, com sobriedade,
com mimo, pelas florinhas com que Deus Nosso Senhor dá afinal também mimo e encanto aos nossos prados: — as florinhas,
as estrelas e os olhos dos inocentes, diz um autor, são as únicas lembranças que na natureza nos ficaram do Paraíso
terreal. — Mas flores só — não são
devoção a Maria.
Faz bem ao espírito escutar durante o mês de
Maio os cânticos escolhidos e
religiosos e dignamente executados em
louvor da Mãe da Deus: porém música, tão somente, ainda não é devoção a Maria e o mês de Maio que se
limitasse apenas a cantos e flores,
não nos levaria a Jesus por Maria.
O mês de Maio, para dar resultado tem que ser
um mês
de estudo e de oração.
Mês de estudo. Estudo em que o Mestre é o Divino Espírito Santo e a potência que mais se aplica é a inteligência informada pela fé; estudo, que melhor lhe chamaremos meditação, desta Obra-prima do Criador, a Virgem Imaculada. Ah! e não bastará um mês, porque também não há de bastar uma eternidade, se queremos penetrar, nas grandezas, nos privilégios, no poder e nas misericórdias de Maria!
Mês de estudo. Estudo em que o Mestre é o Divino Espírito Santo e a potência que mais se aplica é a inteligência informada pela fé; estudo, que melhor lhe chamaremos meditação, desta Obra-prima do Criador, a Virgem Imaculada. Ah! e não bastará um mês, porque também não há de bastar uma eternidade, se queremos penetrar, nas grandezas, nos privilégios, no poder e nas misericórdias de Maria!
Mas por pouco que se medite, se é com
reverência e humildade e desejo ardente de conhecer tão boa Mãe, logo a nossa
inteligência se arrebatará, ao ver que «nada há mais esplêndido do que Aquela a
quem o mesmo Divino Esplendor escolheu: quid splendidius ea quam Splendor elegit?» como diz Santo
Ambrósio. Logo o nosso coração se sentirá prendado e preso da Sua amabilidade de Mãe do Amor
Formoso, de Mãe dos pequeninos, de Mãe de Misericórdia. Em Maria condensou Deus
tudo o que
fora de Si há de amável, de belo e de bom.
Logo finalmente nos veremos impelidos a
trabalhar por
nos parecermos com tão acabado modelo: quem ao meditá-la tão bela e perfeita e ao
lembrar-se que é sua Mãe, não sentirá desejos de se parecer com ela?
Mas quem não adverte que estudar e chegar
pela meditação
ao conhecimento de Maria é estudar e conhecer a Jesus? Quem não vê que imitá-la a Ela é
imitar a Jesus?
Maria foi quem melhor se pareceu na terra e quem melhor no céu se parece com Jesus;
aproximar-se por isso das perfeições de Nossa Senhora, é caminhar para as perfeições de
Jesus: per Mariam ad Jesum.
Depois, o mês de Maio há de ser mês de oração.
Já o
meditar nas grandezas de Maria é orar: a verdadeira meditação ascética é oração. Mas
havemos de orar, louvando-a
e por Ela ao Criador,
vendo «quão grandes coisas operou em Maria
o Todo-poderoso; a nossa alma engrandece
ao Senhor, e o nosso espírito exulta em Deus nosso Salvador, ao ver a Bondade com que olhou para a humildade da sua servazinha: magnificat anima
mea Dominum et exultavit
spiritus meus in Deo salutari meo: quia
respexit humilitatem ancillae suae. E à porfia com todas as
gerações a proclamamos Bem-aventurada, bendita entre todas as mulheres, toda bela e Imaculada, glória do nosso povo,
alegria dos céus e da terra e advogada dos pecadores.
Orar louvando e orar dando graças a
Deus por nos ter outorgado tão boa Mãe e dando graças a Maria por tão plenamente se
desempenhar dessa sua missão de Mãe.
Orar ainda pedindo: ele há tanto que
pedir! A oração é a maior necessidade do género humano, e é também a nossa omnipotência:
«tudo o que pedirdes em meu nome vos será dado» — dizia Jesus, «pedi e recebereis». Ele há tanto
que pedir! Então peçamos e receberemos: só pedindo e pedindo muito, é que o
mês de Maria
será para nós o mês de graças e de bênçãos.
Então peçamos e receberemos; peçamos para
nós e peçamos
para os outros. Peçamos pela Igreja e pelo Papa; pelos Bispos e pelo Clero e pelos
Religiosos e Religiosas, peçamos pela pátria, pela sociedade e pela família; peçamos pelos adultos e pela
juventude de um e outro sexo; peçamos pela
infância: ele há tanto que pedir! Mas peçamos e receberemos; vamos com
confiança ao trono da graça. Vamos a
Jesus por Maria, peçamos a Jesus por
Maria. Peçamos a Maria que nos mostre a Jesus, agora, pelo conhecimento
cada vez mais claro e o amor mais abrasado e
depois deste exílio, face a face, para
o gozarmos eternamente no Céu: et Jesum benedictum fructum ventris tui nobis post hoc exilium
ostende.
Se assim se passar o nosso mês de Maio, dará
o resultado
de toda a verdadeira e sólida devoção, especialmente quando essa devoção é devoção a
Maria Santíssima, que é: aproximar-nos, levar-nos a Jesus: per Mariam ad Jesum.
M. Pinho (Maio de 1932)
Sem comentários:
Enviar um comentário