Conheceria a Beata
Alexandrina a revista O Apóstolo, que
os jesuítas publicavam na Póvoa de Varzim? Ela fornecia informação que parece
indispensável para a tomada da extraordinária decisão, ocorrida talvez em 1928, de se oferecer como vítima:
Sem saber como,
ofereci-me a Nosso Senhor como vítima, e vinha, desde há muito tempo, a pedir o
amor ao sofrimento.
“Sem saber como”
deve corresponder a por inspiração,
mas ela sabia em que consistia oferecer-se como vítima, o que não era comum.
Ora O Apóstolo, por essa altura, falava mensalmente
da reparação e de cristãos que se ofereciam como vítimas pela salvação da humanidade.
Além disso, em
Balasar, desde 2 de Julho de 1893 (tempos do P.e Sousa), havia a Associação do
Coração de Jesus, o que torna provável que a revista aí fosse conhecida. A
Sãozinha, a Deolinda e a Alexandrina foram membros da associação.
Há uma acta da reunião dos Zeladores e Zeladoras da
Associação do Sagrado Coração de Jesus, de 1933, a que presidiu o P.e Manuel de
Araújo, mas a poucos meses de deixar a paróquia, onde se valoriza a frase
evangélica “Deixai vir a Mim as criancinhas!” A reunião foi secretariada pela
Prof.ª Maria da Conceição Proença, a Sãozinha.
Ora esta frase não é só uma citação do Evangelho, é
também citação da Cruzada, que lhe deu
grande destaque na capa de números sucessivos.
Isto quase garante que a Cruzada e certamente o Mensageiro
eram recebidos na freguesia, que a Sãozinha os conhecia e que a Alexandrina
deles ouviria falar com insistência. Estas revistas sucederam a O Apóstolo e continuaram-no.
Na mesma acta é referido o tema da reparação – da Comunhão
reparadora.
Noutra acta encontrámos a expressão deste desejo: “Oh,
quem dera que Portugal do século XX fosse o Portugal dos nossos avós! Que
costumes tão santos se respeitavam!...
Mas ainda bem que um movimento geral se está operando no
sentido de levantar a nossa Pátria!”
Estas frases sintonizam também com o que se vê nas
referidas revistas jesuítas.
Bandeira
da Associação do Sagrado Coração de Jesus fotografada no Cemitério de Balasar.
Esta associação completou 120 anos em Julho de 2013 e foi criada pelo pároco
que baptizou a Beata, que está sepultado no jazigo cujo cimo se vê ao lado
direito da bandeira.
O que era O
Apóstolo?
Os Jesuítas portugueses, após a debandada
imposta pela República, que os proscreveu (foram havidos por desnaturalizados e
proscritos, e se mandou que fossem expulsos de todo o país e seus domínios
"para neles mais não poderem entrar"), logo que surgiu oportunidade
retomaram a sua obra e as suas publicações. O
Apóstolo, surgiu em 1915 e veio tomar o lugar do Mensageiro do Coração de Jesus. Apresentava o subtítulo de “Revista
Mensal – Órgão oficial do A. O., da Consagração da Família ao Sagrado Coração
de Jesus e da Cruzada Eucarística das Crianças em Portugal”.
Cada número obedecia a uma grelha temática
que era bastante comum. Saía com cerca de 50 páginas e considerava-se que os
diversos números de um ano eram para encadernar no fim dele, por isso a
numeração das páginas não era independente por edição, antes se ia acumulando
mês após mês.
Temos connosco a colecção d’O Apóstolo de 1926 e 1927, mais o número de
Janeiro de 1928. Em 1929, a revista retomou o título original.
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