Joaquim Pacheco Neves no seu livro Vila do Conde (2.ª edição, 1991, página
37) dá conta de uma pequena batalha que ocorreu na foz do Ave em Setembro de
1833. Não foi um recontro entre poderosos exércitos, mas morreram muitos homens
e outros foram aprisionados; a enorme impressão que ela há-de ter causado deve ter
sido sentida mesmo em Balasar. Era um prenúncio muito mau do que veio a seguir.
Em 6 de Setembro de 1833 a vila foi ocupada
pelas tropas de D. Pedro sob o comando do Tenente General Stubbs. A notícia foi
dada no dia 8 na “Crónica Constitucional de Lisboa”.
As milícias que guardavam Vila do Conde foram
desbaratadas e deixaram nas mãos dos liberais 168 prisoneiros e as ruas e
campos “juncados de mortos subindo o número destes a mais de 200, se se
compreender os que tentavam passar junto à barra em quatro barcos; virando-se
estes com a precipitação da fuga se perderam”.
Deste acontecimento não se dá notícia
nas actas da Câmara, mas lê-se no relato mandado pelo Tenente General Stubbs ao
General Saldanha e transcrito como notícia no citado jornal.
Estranhamente, as actas da câmara e os registos de óbito de Vila
do Conde não dão conta da mortandade resultante desta acção militar. Mas registam
uma, nos meses de Julho, Agosto e Setembro, devida a uma
epidemia de cólera.
Há contudo um assento de óbito de 4 de
Setembro, relativo a um vila-condense que faleceu “por se ter reunido à tropa
que fazia a guerra ao legítimo governo da Rainha”. Se a "guerra ao governo da Rainha" já em 4 de Setembro era coisa do passado, então a batalha de Vila do Conde pode ser ficção.
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