Eu
queria esconder a minha dor, não queria falar mais dela, queria abafá-la por
completo. Parece-me que o coração chora de amargura. De longe a longe as mágoas
que ele sente fazem-me bailar nos olhos as lágrimas.
Quero
encobrir tudo, bastava que Jesus soubesse, mas não posso; manda-me a obediência.
E, embora como que arrastada, vou descobrindo, vou arrancando de dentro para
fora alguma coisa do que sofro, do que sinto. Não sei se pelo estado grave do
sofrimento em que me encontro, ou se é a realidade, sinto-me no pôr-do-sol da
vida; parece-me que a morte se avizinha de mim. Curvo-me, inclino-me de boa
vontade a receber o golpe que Jesus lhe aprouver dar-me. Sinto no meu coração a
separação dos que me são queridos. Vou para a minha Pátria, mas alguma coisa quero
deixar entre eles para os animar e consolar na sua dor. Não sou daqui, vou para
o meu lugar, depressa nos veremos nessa glória sem fim.
Meu
Deus, meu Jesus, o que será isto?
Quero
partir, tenho de partir e custa-me tanto esta separação. A dor que isto me
causa parece-me arrancar o coração e com ele todas as veias do meu corpo.
Seja
tudo pelo amor do meu Jesus e pela salvação das almas.
Sinto
que o mundo está em tanta desordem, tanta miséria e crimes! E eu quero pôr
termo a tudo isto e não posso; queria remediar todo este mal e não sei como;
não tenho mais que dar por ele.
Ah,
se houvesse alguém que por ele quisesse sofrer, que o pudesse salvar, o que lhe
daria eu?! O meu amor, tudo o que possuísse, o Céu com toda a glória, se esse
me pertencesse.
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