Naturalmente, quem passa pela vida sem
atropelar as regras elementares da moral e sobretudo quem passa pela vida
dentro do espírito genuíno do cristianismo é merecedor de todo o aplauso. Mas
também merece aplauso quem, se alguma vez falhou, se recompôs.
Cremos que foi o caso dum balasarense
que fez o seu testamento em 20 de Junho de 1899. Copiámos a parte inicial,
que é a que interessa para o nosso caso.
Registo de testamento cerrado com que no
dia 30 de Novembro de 1910 faleceu no Rio de Janeiro, Brasil, António Alves de
Sousa Campos, de Balasar
Em nome da Santíssima Trindade, Pai,
Filho e Espírito Santo, três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro, digo
eu, António Alves de Sousa Campos, solteiro, lavrador, de maior idade, natural
da freguesia de Santa Eulália de Balasar, do concelho da Póvoa de Varzim, filho
legítimo de António Alves de Sousa e de Rita Alves, da dita Balasar, que, temendo
a morte, as contas que hei-de dar a Deus e tencionando ausentar-me para o
Império ou República do Brasil, resolvi fazer o meu testamento, o qual
efectivamente faço pela seguinte forma:
Em primeiro lugar, encomendo a minha alma
a Jesus Cristo, que a remiu com o seu preciosíssimo Sangue, à Virgem Santíssima,
ao Anjo da minha guarda, ao Santo do meu nome, a todos os Santos e Santas da
Corte do Céu para que orem a Deus por mim. E, dispondo do temporal, declaro,
como acima foi dito, que sou filho legítimo de António Alves de Sousa e de Rita
Alves e que por fraquezas humanas tive relações ilícitas com Ana Domingues da
Costa Gomes, filha de António Domingues Gomes e de Maria da Costa e Silva, de
cujas fraquezas humanas houve uma criança do sexo feminino, a que se deu o nome
de Felisbina, a qual considero como filha minha e instituo por herdeira; assim
como, por iguais fraquezas, tive relações com uma filha de José Domingues
Martins e de Maria da Costa Lopes, do lugar de Gestrins, da mesma de Balasar, a
qual nesta data se acha em estado de gravidez, e por isso também instituo como
meu herdeiro ou herdeira o fruto que esta der à luz e venha a salvamento, e
isto se entende não só dos adquiridos como das legítimas paterna e materna (…)
António Alves de Sousa Campo, arrependido, assumiu a paternidade
dos seus filhos, não fez como o pai da Alexandrina.
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