segunda-feira, 4 de junho de 2012

Lino Ferreira, secretário dos democráticos


Veja-se um pouco do que saiu n’O Intransigente de 21 de Dezembro de 1913 pela pena de Manuel Cândido dos Santos. Talvez seja a primeira correspondência jornalística ida de Balasar para a sede do concelho.

Num dos amplos salões do sumptuoso templo, situado no pitoresco lugar do Senhor da Cruz desta linda freguesia de Balasar banhada pelo rio Este, realizou-se a eleição da Junta à hora regulamentar, presidindo o ilustre cidadão João de Matos Monteiro.
Com subido critério, Sua Excelência desempenhou com a maior imparcialidade e rectidão o seu espinhoso cargo, deixando bem gravado no coração de todos os eleitores independentes, desta freguesia as suas altas qualidades de funcionário sabedor e honesto, credor portanto de todas as nossas atenções e amabilidades.
Sua excelência propôs aos eleitores, para secretários, Lino António Ferreira e Agostinho da Costa Lopes e, para escrutinadores, Lino Fernandes de Sousa Campos e António Gonçalves da Costa.
O cidadão Manuel Joaquim de Almeida pediu a palavra para dizer que estava ali a maioria dos eleitores independentes e por isso não podia Sua Excelência nomear para constituir a mesa eleitores só democráticos. Sua Excelência, com a maior amabilidade, anuiu, ordenando que propusesse dois dos eleitores independentes. O cidadão Almeida propôs então, para secretário, António Alves de Sousa e, para escrutinador, Joaquim Alves de Sousa. O Sr. Presidente, em seguida, leu a nova proposta para a formação da mesa, que ficou assim constituída: secretários, Lino António Ferreira e António Alves de Sousa; escrutinadores, Agostinho da Costa e Joaquim Alves de Sousa. […]
O resultado da eleição não podia ser melhor, pois que correu sem mais algum conflito, ficando vencedora a lista independente com uma maioria de 30 votos, isto é, a lista independentes, 65 votos, todos os candidatos, e a democrática, 35, dois dos candidatos e os restantes 33 votos, entrando neste número a lista do presidente desta assembleia.

Os democráticos, liderados por Santos Graça, eram, para utilizar uma palavra dum balasarense do tempo, os mais lídimos representantes do manicómio republicano. Lino Ferreira lá estava do lado errado, como secretário (o que significa que alguma aptidão possuía para a escrita).
Os independentes balasarenses tinham à sua frente Manuel de Almeida, um antigo vereador municipal, e deviam ser gente mais ordeira.
Manuel de Almeida foi uma grande figura de balasarense adoptivo: cuidou da rede viária, inclusive da substituição da velha ponte de pedra dita de D. Benta por uma de madeira, foi um dos importantes impulsionadores da construção da Igreja Paroquial e dinamizará depois a construção do Cemitério.

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