Veja-se
um pouco do que saiu n’O Intransigente de 21 de Dezembro de 1913
pela pena de Manuel Cândido dos Santos. Talvez seja a primeira correspondência jornalística
ida de Balasar para a sede do concelho.
Num dos amplos
salões do sumptuoso templo, situado no pitoresco lugar do Senhor da Cruz desta
linda freguesia de Balasar banhada pelo rio Este, realizou-se a eleição da
Junta à hora regulamentar, presidindo o ilustre cidadão João de Matos Monteiro.
Com subido
critério, Sua Excelência desempenhou com a maior imparcialidade e rectidão o
seu espinhoso cargo, deixando bem gravado no coração de todos os eleitores
independentes, desta freguesia as suas altas qualidades de funcionário sabedor
e honesto, credor portanto de todas as nossas atenções e amabilidades.
Sua excelência
propôs aos eleitores, para secretários, Lino António Ferreira e Agostinho da
Costa Lopes e, para escrutinadores, Lino Fernandes de Sousa Campos e António
Gonçalves da Costa.
O cidadão Manuel
Joaquim de Almeida pediu a palavra para dizer que estava ali a maioria dos
eleitores independentes e por isso não podia Sua Excelência nomear para
constituir a mesa eleitores só democráticos. Sua Excelência, com a maior
amabilidade, anuiu, ordenando que propusesse dois dos eleitores independentes. O
cidadão Almeida propôs então, para secretário, António Alves de Sousa e, para
escrutinador, Joaquim Alves de Sousa. O Sr. Presidente, em seguida, leu a nova
proposta para a formação da mesa, que ficou assim constituída: secretários,
Lino António Ferreira e António Alves de Sousa; escrutinadores, Agostinho da
Costa e Joaquim Alves de Sousa. […]
O resultado da
eleição não podia ser melhor, pois que correu sem mais algum conflito, ficando
vencedora a lista independente com uma maioria de 30 votos, isto é, a lista
independentes, 65 votos, todos os candidatos, e a democrática, 35, dois dos
candidatos e os restantes 33 votos, entrando neste número a lista do presidente
desta assembleia.
Os democráticos,
liderados por Santos Graça, eram, para utilizar uma palavra dum balasarense do
tempo, os mais lídimos representantes do manicómio
republicano. Lino Ferreira lá estava do lado errado, como secretário (o que
significa que alguma aptidão possuía para a escrita).
Os independentes
balasarenses tinham à sua frente Manuel de Almeida, um antigo vereador municipal,
e deviam ser gente mais ordeira.
Manuel de
Almeida foi uma grande figura de balasarense adoptivo: cuidou da rede viária,
inclusive da substituição da velha ponte de pedra dita de D. Benta por uma de
madeira, foi um dos importantes impulsionadores da construção da Igreja
Paroquial e dinamizará depois a construção do Cemitério.
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