A palavra magnificat é esdrúxula e
costuma-se ler manhíficat; significa enaltece, engrandece.
É com ela que começa a versão latina da oração de Nossa Senhora; no grego vem mεγαλύνει. As versões latina e
grega deste poema podem-se ler na Wikipédia.
É palavra que ocorre em alguns contextos: por
exemplo, Álvaro de Campos, o heterónimo citadino de Pessoa, toma-a para título dum
texto.
Augusto Gil (1873-1929) escreveu uma versão
rimada do Magnificat. Por norma, as adaptações dos textos evangélicos,
sobretudo se se propõem melhorá-los, estragam-nos. Neste caso, também há acrescentos
mais de boa intenção que propriamente de inspiração. Mas ainda assim, cremos
que paga a pena ler:
MAGNIFICAT!
A minha alma
engrandece,
Glorifica o
Senhor!
E todo o meu
espírito estremece
E crepita e
exulta e resplandece
Em Deus, meu
Salvador!...
Beijo de
orvalho na folhinha de erva,
Baixou Deus
da vertigem do infinito
Por sobre
mim, sua humilhada serva,
A eterna luz
do seu olhar bendito...
E fiquei para
sempre iluminada
Nesse piedoso
e límpido clarão!
E hão-de
chamar-me bem-aventurada
Sempre! De
geração em geração...
O seu nome é
sagrado:
E o seu poder
que nunca terá fim
(Por ter em
mim poisado)
Não vistas
maravilhas fez em mim!
E aos que o
temem e a quem dele implora
Misericórdia
e protecção clemente,
Deus
encaminha-os — pela vida fora
E sempre,
eternamente...
Manifestou a
força do seu braço
E aos vãos,
aos de orgulhoso pensamento,
Desfê-los —
como a poeira, pelo espaço,
No turbilhão
do vento...
Derruiu
tronos e reis — pô-los de rastros...
— E aos humildes ergueu-os para os astros!
Deixou os
ricos sem riqueza e nome
— E encheu de
bens os que sentiam fome!
Com desvelado
e carinhoso amor,
Protegeu
Israel, seu servidor,
Marcou-lhe os
firmes passos com sinais
De Bênçãos e
clemência,
Conforme
prometera a nossos pais,
A Abraão e a
toda a sua descendência...
E eis que
será perpetuamente assim
Nos séculos
dos séculos sem fim!...
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