O Magnificat
responde à saudação
de Isabel, que declara a sua jovem prima “Mãe do Meu Senhor” (Mãe de Deus) e
“bendita entre as mulheres” (a mais notável e a mais santa entre as
mulheres). S. Lucas não estava lá para a ouvir a saudação, mas
procedeu como era uso dos historiadores do tempo, reconstituindo inspiradamente
o que poderia ter sido o cântico original, se é que não ouviu mesmo Nossa
Senhora sobre o assunto.
É curioso notar que o Magnificat tem muito evidentes
aproximações a um cântico antigo,
que vem no livro Primeiro de Samuel e
atribuído a uma senhora de nome Ana.
S.
Lucas distingue-se dos outros evangelistas por vários traços: é o mais
mariano de todos eles, é o que mais relevo dá à acção do Espírito Santo e o seu
evangelho é atravessado por um radicalismo muito curioso (considere-se por
exemplo a sua versão das Bem-Aventuranças[1]).
É no seu evangelho que se encontram narrativas como a do Filho Pródigo,
a do Bom
Ladrão (a quem Jesus promete “hoje” o Céu – apesar de ser ladrão – só
porque ele Lho pediu numa atitude de respeito e arrependimento) e a dos Discípulos de Emaús.
Paga a pena ver também a sua versão do Pai-Nosso,
muito diferente da de S. Mateus.
Mas S. Lucas é também o autor dos Actosdos Apóstolos, com aquela manifestação
grandiosa do Espírito Santo e com a história dos primeiros passos dados pela
Igreja, que a levam até à capital do Império.
Nos Actos, há muito outros textos a
merecer atenção, mas aquele solene encontro
entre o cristianismo e o mundo da cultura pagã no coração de Atenas é especial.
Chega-se a mencionar filósofos e a citar um poeta grego.
[1]
As Bem-aventuranças em S. Lucas não são proclamadas no cimo da colina, como em
S. Mateus, que vê em Jesus o novo Moisés (que proclamou os Dez Mandamentos no Sinai), mas na planície: Jesus quer-Se ombro
a ombro com os homens, onde eles estiverem: “Paz aos homens de boa vontade!”
O radicalismo desta versão das Bem-aventuranças consiste em colocar frente a frente os que não têm nada - e esses é que são bem-aventurados - e os que têm tudo ("Ai de vós ... !") Este extremar dos campos já estava no Magnificat: o Senhor derruba os poderosos dos seus tronos e exalta os humildes.
A Ela, a humilde Maria, todas as gerações A proclamarão bem-aventutrada.
O radicalismo desta versão das Bem-aventuranças consiste em colocar frente a frente os que não têm nada - e esses é que são bem-aventurados - e os que têm tudo ("Ai de vós ... !") Este extremar dos campos já estava no Magnificat: o Senhor derruba os poderosos dos seus tronos e exalta os humildes.
A Ela, a humilde Maria, todas as gerações A proclamarão bem-aventutrada.
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