sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Basílica do Sagrado Coração de Jesus e a Beata Alexandrina


Enviámos para um jornal um pequeno trabalho com o título acima. É uma síntese certamente incompleta do que haveria a dizer sobre este tema.

A Beata Alexandrina conheceu provavelmente a Basílica do Sameiro, aquando do Congresso Eucarístico Nacional de 1924 – se é que, tão debilitada como já estava, subiu então àquele monte. Afora essa, não deve ter conhecido mais nenhuma.
A do Sagrado Coração de Jesus tinha as obras suspensas e confiscadas pelos republicanos, quando ela para cá veio, em pequena, há 100 anos; tê-las-á visto de novo já jovem. Não se tinha construído mais nada, mas a capela-mor, já utilizável, estava agora aberta ao culto.
À pequena e à jovem Alexandrina, as obras paradas e a parte construída do edifício nas mãos dos inimigos da Igreja não poderiam senão parecer muito mal. Aliás tratava-se duma obra que se pretendia de grande impacto regional ou até nacional.
As obras tinham começado em 1890 e só iriam estar concluídas cerca de 1950. A continuação dos trabalhos iria recomeçar mais de dez anos após a passagem do P.e Mariano Pinho pela Póvoa. Muito do esforço financeiro levado a acabo para custear a construção decorreu em tempo em que a Alexandrina, adulta, estava acamada. Terá ela dado algum contributo para ele? Quase de certeza, mas não conhecemos documento que o comprove.

Os Dois Corações nas revelações feitas à Beata Alexandrina


Seria interessante verificar em que medida a progressão das obras da Basílica acompanha ou não as revelações feitas à Beata de Balasar sobre os Dois Corações, o Imaculado Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus. Como não nos achamos habilitados para estudar este caso, limitamo-nos a fazer algumas observações.
É sabido que desde muito cedo se detecta a influência na Alexandrina das revelações feitas a S. Margarida Maria Alacoque; depois do célebre lema amar, sofrer, reparar, no primeiro pedido da consagração do mundo ao Imaculado Coração, o nome desta santa surge explicitamente. Estava-se em 1935, ano em que se começa a pensar seriamente em relançar as obras da Basílica.
Nove anos à frente, estão já as obras a andar. Ora é em Dezembro desse ano que Jesus se dirige assim à Beata Alexandrina:

Minha filha, jardim celeste de flores divinas, prado mimoso que apascentas os pecadores. Apascenta-los de graça, pureza e amor; guarda-os, guia-os, pastorinha divina, pastorinha escolhida por Jesus. Purifica-os, purifica-os para Mim; guia-os, encaminha-os ao meu divino Coração.

Dez anos mais adiante, quando a obra está pronta, veja-se o que a Alexandrina ditou:

Era o Coração Divino de Jesus. Enquanto Ele assim falou, estava ao seu e ao meu lado o Coração Imaculado de Maria, que me cobria de carícias.
Dos dois Corações terníssimos, mas coroados de espinhos, saíam raios luminosos que iam ao encontro uns dos outros, faiscando como nuvens que se chocam. Pelo meio saía o rosário e parecia passar pelo centro dos Corações.
O meu coração compartilhou de tudo isto.
Ó Mãezinha, que quer dizer o rosário nos vossos Corações?
Falou-me a Mãezinha, beijando-me e pegando-me ela na mão:
- Fala dele, minha filha. Jesus te pediu e eu te peço também. Pedimos-te o rosário, pedimos-te a Eucaristia, amores dos nossos Corações.
No mesmo ano, já pedira Jesus:

Por ti quero que este amor seja incendiado em toda a humanidade, assim como por ti foi con­sagrado o mundo à minha Bendita Mãe.
Faz, esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos Nossos Corações.

Não se deve esquecer que, antes de se retomarem as obras da Basílica, houve a construção do Colégio do Sagrado Coração de Jesus. A Póvoa fez então um investimento gigantesco para promover esta devoção.
Em 1945, foram a própria vila da Póvoa e o seu concelho consagrados ao Sagrado Coração de Jesus.
No quarto da casa da Alexandrina falam-nos deste certa imagem de S. Teresinha (a quem foi pedido, com grande êxito, protecção para as obras quer do Colégio quer da Basílica), as próprias estátua do Sagrado Coração e até a de S. João de Brito, provavelmente relacionada com a grande celebração promovida na Basílica aquando da canonização deste santo.

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Ilustrações, de cima para baixo:

Monumental imagem do Sagado Coração de Jesus sobre o zimbório da Basílica.
Representação do Sagrado Coração de Jesus no frontão da mesma igreja.
Painel da aparição de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, na fachada.
Fachada do Colégio do Sagrado Coração de Jesus na Póvoa de Varzim.

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