Enviámos para um jornal um pequeno trabalho com o título acima. É uma síntese certamente incompleta do que haveria a dizer sobre este tema.
A do Sagrado Coração de Jesus tinha as obras suspensas e confiscadas pelos republicanos, quando ela para cá veio, em pequena, há 100 anos; tê-las-á visto de novo já jovem. Não se tinha construído mais nada, mas a capela-mor, já utilizável, estava agora aberta ao culto.
À pequena e à jovem Alexandrina, as obras paradas e a parte construída do edifício nas mãos dos inimigos da Igreja não poderiam senão parecer muito mal. Aliás tratava-se duma obra que se pretendia de grande impacto regional ou até nacional.
As obras tinham começado em 1890 e só iriam estar concluídas cerca de 1950. A continuação dos trabalhos iria recomeçar mais de dez anos após a passagem do P.e Mariano Pinho pela Póvoa. Muito do esforço financeiro levado a acabo para custear a construção decorreu em tempo em que a Alexandrina, adulta, estava acamada. Terá ela dado algum contributo para ele? Quase de certeza, mas não conhecemos documento que o comprove.
Os Dois Corações nas revelações feitas à Beata Alexandrina
Seria interessante verificar em que medida a progressão das obras da Basílica acompanha ou não as revelações feitas à Beata de Balasar sobre os Dois Corações, o Imaculado Coração de Maria e o Sagrado Coração de Jesus. Como não nos achamos habilitados para estudar este caso, limitamo-nos a fazer algumas observações.
É sabido que desde muito cedo se detecta a influência na Alexandrina das revelações feitas a S. Margarida Maria Alacoque; depois do célebre lema amar, sofrer, reparar, no primeiro pedido da consagração do mundo ao Imaculado Coração, o nome desta santa surge explicitamente. Estava-se em 1935, ano em que se começa a pensar seriamente em relançar as obras da Basílica.
Nove anos à frente, estão já as obras a andar. Ora é em Dezembro desse ano que Jesus se dirige assim à Beata Alexandrina:
Minha filha, jardim celeste de flores divinas, prado mimoso que apascentas os pecadores. Apascenta-los de graça, pureza e amor; guarda-os, guia-os, pastorinha divina, pastorinha escolhida por Jesus. Purifica-os, purifica-os para Mim; guia-os, encaminha-os ao meu divino Coração.
Dez anos mais adiante, quando a obra está pronta, veja-se o que a Alexandrina ditou:
Dos dois Corações terníssimos, mas coroados de espinhos, saíam raios luminosos que iam ao encontro uns dos outros, faiscando como nuvens que se chocam. Pelo meio saía o rosário e parecia passar pelo centro dos Corações.
O meu coração compartilhou de tudo isto.
Ó Mãezinha, que quer dizer o rosário nos vossos Corações?
Falou-me a Mãezinha, beijando-me e pegando-me ela na mão:
- Fala dele, minha filha. Jesus te pediu e eu te peço também. Pedimos-te o rosário, pedimos-te a Eucaristia, amores dos nossos Corações.
No mesmo ano, já pedira Jesus:
Por ti quero que este amor seja incendiado em toda a humanidade, assim como por ti foi consagrado o mundo à minha Bendita Mãe.
Faz, esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor dos Nossos Corações.
Não se deve esquecer que, antes de se retomarem as obras da Basílica, houve a construção do Colégio do Sagrado Coração de Jesus. A Póvoa fez então um investimento gigantesco para promover esta devoção.
Em 1945, foram a própria vila da Póvoa e o seu concelho consagrados ao Sagrado Coração de Jesus.
No quarto da casa da Alexandrina falam-nos deste certa imagem de S. Teresinha (a quem foi pedido, com grande êxito, protecção para as obras quer do Colégio quer da Basílica), as próprias estátua do Sagrado Coração e até a de S. João de Brito, provavelmente relacionada com a grande celebração promovida na Basílica aquando da canonização deste santo.
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Ilustrações, de cima para baixo:
Monumental imagem do Sagado Coração de Jesus sobre o zimbório da Basílica.
Representação do Sagrado Coração de Jesus no frontão da mesma igreja.
Painel da aparição de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, na fachada.
Fachada do Colégio do Sagrado Coração de Jesus na Póvoa de Varzim.
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