Durante quase todo o tempo, ou mesmo durante todo o tempo, em que paroquiou Balasar, o P.e Leopoldino enviou para jornais poveiros, breves, mas variados noticiários da freguesia. Primeiro, foram enviados para A Propaganda, depois para a Idea Nova e por fim para o Ala Arriba. Escrevia na terceira pessoa e assinava apenas por C, pelo que só com algum estudo se pode deduzir, mas com uma segurança quase completa, que fosse ele. Ainda complica a identificação o facto de o noticiarista nutrir uma grande simpatia pelo pároco…
Como o P.e Leopoldino esteve lá entre 1933 e 1956, compreende-se que essas notícias se revistam de significativa importância para o conhecimento do contexto da vida da Beata Alexandrina, embora o nome dela lá não apareça por vezes durante anos inteiros.
Desses anos todos, temos connosco cerca de 50 noticiários. Um dos mais antigos e certamente dos mais interessantes para o nosso caso saiu em 3 de Setembro, mas fora enviado em 23 de Agosto de 1933, e é o que se segue:
Balasar
Realizou-se nesta importante freguesia do nosso concelho uma grandiosa festividade em honra do Sagrado Coração de Jesus, precedida de um tríduo de práticas pelo Rev.o P.e Mariano Pinho, apostolado orador sagrado.
Realizou-se nesta importante freguesia do nosso concelho uma grandiosa festividade em honra do Sagrado Coração de Jesus, precedida de um tríduo de práticas pelo Rev.o P.e Mariano Pinho, apostolado orador sagrado.
A pregação do ilustre orador foi tão frutuosa que toda a população da freguesia, com poucas excepções, se abaixou à Mesa Eucarística, recebendo o Pão dos Anjos, administrado pelo novo pároco, Rev.o P.e Leopoldino Mateus, que foi incansável na organização e direcção desta solenidade. À Mesa Santa curvaram-se criaturas que já há alguns anos não davam preceito às Igrejas [sic], o que muito alegrou o coração do nosso pároco.
Na mesma ocasião, a pedido e esforço do nosso Rev.o Pároco, foi fundada pelo Director Diocesano, Rev.o P.e Pinho, a Obra das Cruzadas Eucarísticas, inscrevendo-se 20 crianças [70 segundo a Cruzada] de ambos os sexos, devidamente uniformizadas.
A festa concluiu com uma linda procissão eucarística em que tomaram parte as Confrarias da freguesia com os seus estandartes, cruzados eucarísticos entoando lindos hinos a Jesus Sacramentado, passando por caminhos tapetados de verdes e por entre alas compactas de povo desta freguesia e das circunvizinhas.
Recolhida a procissão, todas as crianças da cruzada, devidamente vestidas com os seus uniformes, tiraram com o Rev.o Pároco uma fotografia nas escadas do Calvário, encarregando-se deste serviço um hábil amador.
Merecem parabéns pelo bom êxito da festa e da Obra das Cruzadas o Rev.o pároco, Leopoldino Mateus, a distinta professora oficial, Sra. D. Maria da Conceição Leite Reis Proença, e mais algumas zeladoras que foram incansáveis na sua organização. Foi uma festa que muito devia agradar ao SS. Coração de Jesus e santificar os fiéis desta laboriosa freguesia.
Estiveram nesta freguesia os Rev.os Arcipreste António Gomes Ferreira, Manuel de Amorim, P.e José Cascão e P.e António Flores, dessa vila, que vieram coadjuvar o nosso Rev. pároco no serviço de tríduo.
Encontram-se nesta freguesia a passar uma longa temporada as famílias dos nossos amigos Dr. Armindo Graça, António Caetano Calafate e Adelino Silveira.
Está gravemente enferma a Sra. D. Ana Murado, veneranda sogra do nosso amigo Sr. Luís Murado Torres, abastado proprietário desta freguesia. C.
A fotografia acima saiu na Cruzada e deve ter sido tirada por Cândido dos Santos, talvez também autor da mais antiga fotografia da Beata Alexandrina. Está lá o P.e Leopoldino, à esquerda.
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