A sua segunda filha de D. Ana há-de ter sido uma
adolescente e uma jovem atraente. Os Signoriles descrevem-na assim ao tempo da
cura na Póvoa, uns dois anos após o Salto:
A Alexandrina
não era mais a menina de 7-8 anos, mas uma bela jovem, com fartos e longos
cabelos negros que emolduram um vulto expressivo, avivado por dois olhos
negros, vivos, luminosos e que às vezes o sorriso ilumina com uma bela fila de
dentes branquíssimos.
Era alta e bem proporcionada, vigorosa e
determinada, briosa e inteligente quanto baste, folgazã e sensível (na verdade, dotada de veia lírica), apaixonada pelo
trabalho.
O facto de ter na irmã uma boa
costureira também ajudaria ao seu visual.
Com razão concluem os mesmos Signoriles:
É por isso
compreensível que fosse objecto de atenções da parte de jovens, mesmo sérios.
Na Autobiografia, ela mesma dá notícia
de vários pretendentes que a cortejaram.
Uma vez conta esta brincadeira:
Com os meus dezasseis anos, e já doente,
fui à casa de uma vizinha onde minha irmã estava a trabalhar de costura. Ao
deparar com um fato de rapaz, vesti-o e apareci junto da minha irmã e da dona
da casa. Riram-se a escangalhar. Depois disse-me a dona da casa:
- Olha, vai pela estrada fora, que os
meus filhos e o meu marido andam a podar as videiras por cima da estrada.
Eu pensei que me conheceriam, mas resolvi
e fui. Os senhores não me reconheceram e, muito admirados, pararam de
trabalhar, para ver se conheciam o cavalheiro. Da janela da casa, minha irmã e
a dona da casa encheram-se de rir.
Entre outras histórias, conta também este
jogo de força:
Quando tinha
doze ou treze anos, tinha muita força. Um homem começou a fazer-se muito forte
com outras raparigas. Ele estava sentado. Eu dirigi-me a ele e voltei-o. Ele
pôs-se a gritar: “Deixa-me! Deixa-me!” Mas deixei-o só quando quis. O meu fim
era só: como ele era homem, que mostrasse a sua força.
Para o caso do Salto, convém ter
presente que, em termos práticos, a Alexandrina era órfã de pai. Isto dá um
carácter ainda mais sabujo ao acto dos três energúmenos. Se o pai por lá
estivesse, o Lino Ferreira não chegaria ao atrevimento de rebentar o alçapão à
martelada.
A mãe da Alexandrina era uma mãe solteira, mas o seu porte irrepreensível garantia-lhe o direito a ser respeitada. E não era propriamente pobre: possuía uma pequena casa e alguns terrenos para cultivo.
A mãe da Alexandrina era uma mãe solteira, mas o seu porte irrepreensível garantia-lhe o direito a ser respeitada. E não era propriamente pobre: possuía uma pequena casa e alguns terrenos para cultivo.
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