sábado, 13 de setembro de 2014

DA IGREJA DO MATINHO À IGREJA NOVA (10)

O que o Pe. Leopoldino escreveu

O Pe. Leopoldino Mateus orgulhava-se da Igreja de Balasar; sobre a sua construção informou ele: 

Com o andar dos tempos, a população aumentou muito e, julgando-se insuficiente a igreja paroquial (anterior) para conter no devido respeito e devoção os fiéis, constituiu-se uma comissão de bons paroquianos para escolher novo terreno onde pudesse ser erigido um templo amplo, majestoso e digno de ser a Casa de Deus.
Escolhido o lugar da Cruz, foi demolida a capela do Senhor da Cruz e erecta essa majestosa igreja que ainda hoje é uma das melhores das aldeias desta circunscrição e que, concluída em 1907, custou a obra de pedreiro, carpinteiro e estucador 12 contos.
Mais tarde procedeu-se ao douramento dos altares que importou em 21 contos e há poucos anos foi adquirido o carrilhão dos sinos, pagando-se 80 contos ao sineiro Jerónimo Serafim, de Braga, que os fundiu e afinou por música.
Hoje, a Igreja de Santa Eulália de Balasar, do concelho da Póvoa de Varzim, arciprestado de Vila do Conde - Póvoa de Varzim, Arquidiocese de Braga, é imensamente visitada pelos forasteiros que admiram a elegância do templo, a linda ornamentação dos altares confiados ao cuidado de devotas zeladoras e sobretudo o espírito de sacrifício deste povo laborioso e crente que, não sendo rico, conserva a sua igreja num asseio e limpeza muito para louvar e imitar.

A igreja do Matinho devia proporcionar cerca de 140 metros quadrados de espaço utilizável, o que equivale a cerca de um terço do que a actual deve oferecer[1].
É errada a data de 1907 para a conclusão das obras, pois é apenas a do seu início.
Sobre os gastos na obra da igreja, fica-se a saber que “custou a obra de pedreiro, carpinteiro e estucador 12 contos”. Como o douramento dos altares “importou em 21 contos” e o carrilhão dos sinos 80, vê-se que com a palavra contos se designam valores muito diferentes (em razão da inflação).
Onde se foi buscar tamanha quantia de dinheiro e em tão pouco tempo para esta obra? Não possuímos nenhuma indicação para responder, mas ultrapassava as capacidades de financiamento da freguesia; os brasileiros balasarenses não hão-de ter negado o seu generoso contributo. Algum, rico, há-de ter entrado com muito dinheiro[2].


[1] Hoje apetece dizer que a localização da igreja não foi a melhor, pois deixou-a encravada entre o morro a sul e uma ladeira a norte e ainda obrigou a demolir a capela da Santa Cruz. Bom seria que ela tivesse sido construída num sítio plano e amplo, com fácil acesso e um grande adro.
Quando Manuel de Almeida estava a construir o cemitério, balasarenses houve que acharam que ele era grande demais – e já foi preciso aumentá-lo para o dobro. Talvez tenha sido o mesmo Manuel de Almeida a defender as avantajadas medidas da nova igreja.
[2] Um dos principais responsáveis da construção, Manuel Joaquim de Almeida, que não devia ser muito abastado, pôde, talvez em simultâneo com a construção da igreja, edificar a sua casa ali ao lado do adro. A casa da família Murado junto ao Cemitério data de 1913.

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