É muito pouco o que sabemos (o que sabe o autor deste texto) sobre o período terrível que a Arquidiocese de Braga e a Paróquia de Balasar viveram ao longo das décadas de vinte e trinta do século XIX. Mas terá sido, quer num caso quer noutro, um dos mais difíceis períodos da sua história.
Entre 1827 e 1843, Braga não teve arcebispo ou, segundo a terminologia eclesiástica própria, esteve sede vacante. O clero diocesano dividiu-se entre apoiantes de D. Miguel e de D. Pedro. A Igreja em Portugal viveu nesses anos em cisma, isto é, sem bispos aprovados por Roma.
Em Balasar, sucederam-se estes párocos:
António José de Azevedo – 1824-1832. Em finais de 1832, deixa de paroquiar a freguesia, não sabemos se por morte natural, se por morte violenta, se por expulsão. Foi ainda em seu tempo que ocorreu a aparição da Santa Cruz: 21 de Junho de 1832, dia do Corpo de Deus.
Manuel José Gonçalves da Silva – 1833-1860. Foi expulso da paróquia em 1834, o que era comum no agitado momento político que então o país vivia. Durante os cerca de oito anos em que esteve fora (regressou em 1841), substituiu-o o P.e Domingos José de Abreu.
“O pároco chama-se Manuel José Gonçalves da Silva, de idade de trinta e sete anos; tem o título de reitor; foi provido por concurso em mil oitocentos e trinta e três e expulso em mil oitocentos e trinta e quatro, dando-se-lhe por motivo ter sido mercê no tempo da usurpação e depois foi reintegrado em mil oitocentos e quarenta e um. Nunca exerceu outros empregos eclesiásticos, só, sim, em Braga, antes de provido, mestre de Moral. Frequentou Filosofia, Retórica e Teologia Dogmática e Moral.
Quanto à sua conduta religiosa e política, agora é boa, mas antes foi cismático-miguelina; a moral é menos má. Tem aptidão para continuar a ser pároco e desempenha bem as suas obrigações; tem os livros todos com legalidade”.
Por norma, quando o P.e Domingos da Soledade Silos diz mal dum pároco, isso deve ser entendido como um elogio, sabido como é que ele foi um cismático ferrenho, adepto cego do liberalismo.
O relatório (representação) sobre a aparição da Santa Cruz enviado pelo P.e António José de Azevedo ao Vigário Capitular da Arquidiocese data de 6 de Agosto de 1832; é pois apenas mês e meio posterior ao acontecimento; o seu conteúdo foi a seguir confirmado no essencial por outros relatórios dos párocos de Gondifelos e de Macieira.
De notar também que o desembarque do Mindelo data de 8 de Julho desse ano.
A vitória liberal de Maio de 1834 iria ter consequências catastróficas para a Igreja. Neste sentido, a aparição era um sinal de alento à fé. E esta mensagem há-de ter sido claramente entendida, como o comprova o extraordinário afluxo de pessoas que lá vinham.
A autorização para construir a capela data de 1834, já após a Convenção de Évora-Monte, quando exercia as funções de pároco o P.e Domingos José de Abreu.
Durante os anos de 1830-33, Balasar teve repetidas visitas de funcionários régios, idos de Barcelos, que estavam a actualizar o Tombo da Comenda de Balasar. Alguma intervenção hão-de ter tido nos acontecimentos que então se desenrolavam na freguesia.
Durante os anos de 1830-33, Balasar teve repetidas visitas de funcionários régios, idos de Barcelos, que estavam a actualizar o Tombo da Comenda de Balasar. Alguma intervenção hão-de ter tido nos acontecimentos que então se desenrolavam na freguesia.
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