O Lino Ferreira foi um algoz para a Alexandrina. Mas foi-o mais do que se diz usualmente. Escreve o P.e Humberto que ele era uma “pessoa muito astuta e hipócrita a ponto de incutir medo às pessoas de bem; foi escolhida frequentes vezes para depor como testemunha no tribunal”. Pelos vistos, este homem casado nutriu uma paixão pela adolescente Alexandrina. E um dia…
“Parece-me – disse ao P.e Humberto – que foi uma vez, enquanto carregávamos um carro de mato no pinhal. Eu, por brincadeira (!), fiz a proposta à Alexandrina de ela consentir em ser a minha amante, o que é coisa muito comum e natural, mas a cachopa respondeu-me logo: – Eu não! Não quero! – Ela não dava margem a coisas pouco boas”.
Que comentário se pode fazer a isto? Talvez a leitura deste soneto do P.e Abel Varzim possa ser esse comentário:
Desci, a passo e passo, a longa escada
Que leva em linha recta à podridão.
Mal eu cheguei, soou como um trovão
A mais feroz, sarcástica risada.
Que leva em linha recta à podridão.
Mal eu cheguei, soou como um trovão
A mais feroz, sarcástica risada.
E vi!... eu vi a face desvairada
Do Mal erguer-se. E – tétrica visão –!
Fazer-me a mesma torva recepção
Numa sonora e louca gargalhada.
Do Mal erguer-se. E – tétrica visão –!
Fazer-me a mesma torva recepção
Numa sonora e louca gargalhada.
Que fazes tu aqui? Tudo isto é meu!
Só meu! De mais ninguém! Fica-o sabendo!
E, com rancor, tentou despedaçar-me.
Só meu! De mais ninguém! Fica-o sabendo!
E, com rancor, tentou despedaçar-me.
Fiquei! Mas quem combate não sou eu,
Porque eu, só de ver o Mal, ia morrendo.
E morrendo inda estou só de lembrar-me.
Porque eu, só de ver o Mal, ia morrendo.
E morrendo inda estou só de lembrar-me.
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