terça-feira, 22 de junho de 2010

"Eis a Alexandrina": um livro esquecido do P.e Humberto

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Temos estado a folhear o livro do P.e Humberto Eis a Alexandrina. Há lá páginas e pormenores que não se podem ignorar. O episódio que vamos transcrever não precisa de quaisquer palavras de introdução. Baste só dizer que José Ferreira da Silva e Sá era filho do célebre Chefe Sá, da Estação das Fontainhas:

Por virtude deste seu espírito, sumamente evangélico, a Alexandrina viu voltarem-se de novo para Deus muitas almas que d'Ele se tinham afastado.
Documentarei este regresso com as próprias palavras de uma das testemunhas, o Sr. José Ferreira da Silva e Sá, omi­tindo porém o nome do protagonista do episódio descrito e também alguns pormenores que poderiam facilitar a sua iden­tificação:
«Um cavalheiro de Coimbra tinha a mãe doente. O pai era negociante, um irmão médico e outro advogado. Quem mo apresentou foi um representante do Banco Pinto & Sotto Mayor, dizendo-me que ele desejava falar com a Ale­xandrina para obter a cura da mãe.
Como nesse dia tivesse uma reunião com os presidentes das Juntas de Macieira e Gueral, disse-lhe que esperasse. Mas ele resolveu levar-me de carro a essa reunião, e chegámos a casa da Alexandrina ao anoitecer. Pedi para ser recebido e entrei.
O cavalheiro ficou de pé, comovido até às lágrimas, e não se atreveu a dizer palavra. Eu animei-o, dizendo-lhe: - A Ale­xandrina é muito nossa amiga e pedirá a cura da mãe.
Mas a Alexandrina disse: - Eu nada faço, eu nada valho, eu nada posso!
E, olhando para o cavalheiro e erguendo a voz: - Quem pode é você. Arrepie caminho. Confesse-se condignamente! E depois comungue, comungue muitas vezes. Consiga que o seu pai, a sua mãe, o seu irmão médico e o outro, advogado, arrepiem também caminho. Que se confessem e comunguem! (Note-se que a Alexandrina não conhecia nem o cavalheiro nem a família!) Quando estiverem em estado de graça, então peçam a Deus e Ele os atenderá. Porque, se o senhor estivesse zangado aqui com o Sr. Sá e lhe quisesse pedir uma dúzia de contos, primeiro fazia as pazes com ele e depois apresentava­-lhe o seu pedido.
Não sei dizer a comoção do cavalheiro. Fomos embora.
Entrando no carro, ele disse-me: - Sinto-me outro daquilo que eu era.         
Mais tarde, um ano depois, veio cá visitá-la acompanhado pelos dois irmãos. Estiveram em minha casa para me cumpri­mentarem. Quando os dois irmãos entraram no carro, ele disse-me: - Eu, em facto de religião, era assim, assim. Mas os meus irmãos eram ateus, e hoje são religiosos quase faná­ticos. Também a mãe já cá veio agradecer a cura».
Era assim que, junto ao leito da Alexandrina, por tantos anos vítima dos pecadores, se cumpriam as palavras que Jesus lhe disse em 30 de Abril de 1954: «Nenhuma alma sai daqui como entrou. Quantas ressurreições!» 

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