quinta-feira, 27 de maio de 2010

P.e Leopoldino Mateus

Finalmente, ficamos a saber quem era o P.e Leopoldino Mateus que em 1933 foi paroquiar Balasar. Muito elucidativa e com pormenores desconhecidos esta apresentação que o jornal poveiro A Defesa fez dele nos seus 50 anos. Veja-se o que se escreveu ao centro da primeira página, em 20 de Janeiro de 1929, sob o título “P.e Leopoldino Mateus”.

Na última segunda-feira celebrou as suas bodas de ouro natalícias o nosso prezado amigo e distinto colaborador Sr. P.e Leopoldino Rodrigues Mateus. O ilustre sacerdote nasceu nesta vila, numa casa da rua do Norte (António Graça), no dia 7 de Janeiro de 1879 e é filho legítimo do Sr. Francisco Rodrigues Mateus, distribuidor dos Correios, aposentado, e da Sra. D. Josefa Rosa de Jesus, ainda vivos. Foi baptizado solenemente no dia 9 de Janeiro do mesmo ano, na Igreja Matriz, pelo coadjutor Rev. António José Garcia, sendo padrinhos o Sr. Leopoldino Rodrigues da Costa Silveira e a Sra. D. Germana Rosa de Jesus, já falecidos.
Em 1885 matriculou-se na Escola Camões, em que era professor o Sr. Joaquim Francisco Fernandes Cunha, e em 1886 foi transferido para a Escola Gomes de Amorim (Pereira Azurar), em que era professor o Sr. José Alves Vieira, de saudosa memória.
Tendo feito o exame de Instrução Primária no Liceu de Braga, em Abril de 1890, e destinando-se à carreira eclesiástica, entrou em Outubro do mesmo ano para o Seminário de Santo António e S. Luís Gonzaga, onde frequentou o curso de preparatórios, que concluiu em Julho de 1895.
Por falta de idade, só entrou em Outubro de 1896 para o Seminário Conciliar de Braga, onde concluiu o Curso Teológico em Junho de 1899. Foi professor no Colégio de S. Joaquim, em Chaves, de 1900 a 1901, e celebrou a sua primeira missa na Igreja Paroquial desta vila no dia 28 de Setembro de 1901. No dia 1 de Janeiro de 1902, entrou para capelão do Senhor dos Navegantes, nas Caxinas, até Outubro de 1906, em que foi admitido como capelão da Confraria das Almas, onde se conserva.
A 8 de Agosto de 1908, foi nomeado pelo saudoso Prelado D. Manuel Baptista da Cunha coadjutor desta vila, lugar que tem desempenhado com zelo e actividade, ininterruptamente, durante a paroquialidade dos Reverendos Priores Manuel Martins Gonçalves da Silva, José Martins da Silva Gonçalves, Álvaro de Campos Matos, Aurélio Martins de Faria e Alexandrino José Leituga. Tendo-se dedicado à pregação, já tem percorrido uma boa parte do norte do país, onde tem sido muito apreciado.
Nas corporações religiosas já foi, durante algum tempo, juiz da Confraria de Nossa Senhora do Rosário e segundo secretário da Senhora de Lourdes e Mesa da Associação do Coração Agonizante de Jesus; fez parte da Comissão da Senhora do Desterro, dando-lhe grande impulso, e hoje é membro da Comissão de Santo António, da Matriz. Em corporações civis, foi presidente da direcção da Associação de Socorros Mútuos (A Povoense), em 1907, salvando-a do perigo que a faria soçobrar, mais do que uma vez presidente da assembleia-geral da mesma e presidente do conselho fiscal, durante dois anos, da Mutualidade. É o actual presidente da assembleia-geral da Fúnebre Familiar e foi presidente do conselho fiscal da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários durante o biénio findo.
De Julho de 1912 a Junho de 1917 foi presidente da direcção da Associação de Caridade «A Beneficente», cargo em que desenvolveu um carinho e dedicação exemplar pela causa dos pobrezinhos e durante alguns anos foi membro activo da Conferência de S. Vicente de Paulo.
Dedicando-se ao jornalismo é redactor efectivo do considerado semanário local «A Voz do Crente», colaborador do nosso semanário e do «Comércio da Póvoa de Varzim», do «Mensageiro Eucarístico» de Braga e correspondente do importante diário católico de Lisboa «As Novidades» e do semanário do Porto «A Ordem». Tem feito parte de diversas comissões festivas, principalmente da Festa Marítima, em que tem revelado o seu amor pela Póvoa.
O nosso estimado colaborador foi muito cumprimentado no dia das suas bodas de ouro, tendo havido na Igreja Matriz missa e grande comunhão pelo seu aniversário natalício – 50 anos. Fazemos votos ao Céu pelo prolongamento da sua preciosa e estimada existência. J.A.M.


N’A Voz do Crente de 4 de Janeiro escrevera-se, depois de o P.e Leopoldino ser declarado “orador sagrado, ilustre e primoroso jornalista e nosso colaborador assíduo e dedicado”:

No desempenho das funções dos eu ministério, o Rev. Leopoldino Mateus, diligente e canseiroso, desenvolve uma actividade pasmosa e modelar. Apesar disso nunca o tempo lhe falta para nos prestar os seus valiosos e apreciáveis serviços”.
A redacção aproveita este ensejo para lhe tributar “o nosso agradecimento pela sua boa colaboração e prestar-lhe a nossa solidariedade jornalística contra as insinuações baixas e torpes  com que alguns pretensiosos, cheios de orgulho e presunção, têm tentado ofuscar o brilho das suas primorosas crónicas, cheias sempre da mais sã doutrina”.


Infelizmente, ainda não é aqui que se esclarece o papel que o P.e Leopoldino teve nas duras lides jornalísticas dos primeiros anos da República. Mas uma coisa já aparece, conviria um dia reunir uma antologia dos seus escritos.
Para Balasar, receber um pároco com este currículo foi muito importante.

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