Desconhecíamos inteiramente o facto, mas realmente, entre finais de 1913 e meados de 1914, Cândido Manuel dos Santos enviou regularmente correspondência para o jornal poveiro O Intransigente. Estávamos longe de imaginar este balasarense aliado da ala mais radical do republicanismo.
Não é bem a vulgar correspondência aldeã, é uma rubrica, intitulada Posta Restante, onde por vezes disserta longamente sobre ocorrências da freguesia. Por ela ficamos a saber que foi primeiro cabo de Infantaria 8 e que escreve com razoável fluência e segurança, uma ou outra vez até com graça; a sua prosa não parece de principiante.
O caso mais curioso que aborda, aliás, de corrida, é o duma troca que Santos Graça imaginou: para que Poça da Barca pudesse ser anexada à Povoa, esta cederia Balasar a Vila do Conde. No âmbito do costumado despique com a ala democrática republicana liderada por Santos Graça, a redacção do semanário, em 3/5/1914, repudia escandalizada a ideia.
Estes escritos de Cândido dos Santos têm o interesse de nos falarem da Balasar da adolescência da Alexandrina e mesmo de como aí conviviam as duas orientações republicanas, a mais moderada e a mais radical. Além disso, encontram-se neles muitos nomes de balasarenses, pelo que é possível ainda hoje a alguém de mais idade identificar de algum modo pessoas e casas que estavam por um lado e por outro.
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