terça-feira, 25 de maio de 2010

Manuel Sá

Manuel Ferreira da Silva e Sá é um daqueles balasarenses adoptivos a quem a freguesia muito deve. Natural de Leça de Palmeira, veio para chefe da estação das Fontainhas em 1 de Novembro de 1900 e aí assentou definitivamente arraiais. Foi um homem de múltiplos ofícios, como disso deu conta o P.e Leopoldino:
Manuel Sá
“Muito dinâmico e culto – abandonara os estudos quando lhe faltava apenas um ano para concluir o curso de Engenharia – a ele se deve a fundação, em 1903, de um Grupo Cénico que levou ao palco dramas sacros e comédias hilariantes; em 1913, de uma Escola de Ginástica, gratuita; em 1923, do Clube dos Caçadores, que chamava grande concurso de gente para as disputas aos tiros aos pombos; em 1924, da Tuna, que foi um bom elemento de propaganda local, pelos concertos dados aqui e em outros locais do País, como Famalicão, Guimarães, Amarante, etc., sendo muito apreciado o grupo artístico regido pelo fundador, que era músico distinto; e, para coroar a sua obra patriótica, em 4 de Janeiro de 1929, iniciou a feira semanal, auxiliado pelos lavradores Srs. Joaquim António Machado, João Domingues de Azevedo, José António de Sousa Ferreira, Luís Murado Torres, João de Sousa Ferreira e Antónia Murado, conseguindo da Câmara a abertura da avenida que liga a estrada nacional ao largo da feira”.
Durante anos, houve em Balasar um notável interesse pelo teatro, que certamente nasceu do Grupo Cénico por ele fundado.
Faleceu em 4 de Junho de 1936.
Nessa altura um tal D. Araújo escreveu sobre «Manuel de Sá», no jornal poveiro Ideia Nova o que segue:

 Acaba de deixar este mundo, em casa de seu extremoso genro e inteligente Presidente da Comissão de Freguesia da União Nacional de Balasar, Sr. José António de Sousa Ferreira, o saudoso Ma­nuel Sá, que foi chefe - lugar que sempre desempenhou com apru­mo - da estação de Fontainhas da Companhia dos C. de F. do Norte de Portugal.
Homem de «inteligência límpida e serena», de copiosos conhecimentos, cheio de acção mas «prudente nos seus projectos», de uma sincera modéstia que o caracterizava, de coração verdadeiramente esmoler, que ao toque da mais subtil indigência se des­fazia em puras generosidades, de uma paciência que era só dele, excepcional, deveras apreciável, foi e é por todos admirado e res­peitado.
Paladino do progresso da sua terra, da harmonia, do bem-estar, do bem viver, muito trabalhou abnegadamente, não com o intuito de ganhar prestígio, mas para que pudesse, com isso, proporcionar, al­vejando, um pouco de desafogo, um pouco de alegria, um pouco da honesto e justo divertimento a to­dos aqueles que à sua volta, quotidianamente, lutavam e lutam pela vida.
E assim pelo preço de muitos esforços, de muito labor, de mui­tas canseiras, de muito dispêndio de dinheiro, conseguiu, e em 1928 inaugurou, com todos os necessários requisitos, um mer­cado-feira, entre invejas, apatias e aversões, facilmente despreza­das pela sua especial tenacidade e desassombro; em 1926, fundou um Teatro que, por várias vezes, foi entusiasticamente aplaudido, mesmo fora da terra; em 1923, constituiu apaixonadamente uma orquestra, que guiou e amparou carinhosamente, merecendo os de­vidos louvores em Braga, Guimarães, Amarante, Santo Tirso, Tai­pas, etc.; criou uma «Escola de tiro» ou «Torneio aos pombos», em 1921, onde foram disputados valiosos prémios por atiradores insignes, como Dr. Elísio de Cas­tro, Baptista de Sá, o grande di­rector de tiro, etc.; foi um dos fundadores e regente da Tuna dos empregados do Caminho de Fer­ro do P. à P. e Famalicão; enfim, perdeu Balasar e portanto Póvoa um modelo de trabalho, de disciplina, de iniciativa, digno até de ser estudado e imitado por quem se sinta encorajado de continuar a sua obra.
Além de músico exímio, foi um excelente atirador. Concor­reu a vários torneios do país e neles mereceu o justo prémio do seu saber, de sua arte de atirar.
Balasar, portanto, deve-lhe de­dicar, embora modesta, uma me­mória, como preito de gratidão e estima. 

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