sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Da Santa Cruz à Beata Alexandrina

Senhoras e Senhores Peregrinos pela Paz

Nas suas comunicações à Beata Alexandrina, Jesus chama-lhe doutora das ciências divinas, escola de toda a humanidade, luz e farol do mundo, etc., etc. Por isso, é preciso que quem vem a Balasar vá daqui mais informado, conheça melhor a mensagem dela, que é também a do Evangelho. Se ela é luz e farol do mundo, escola de toda a humanidade, ela convida à esperança.
É certo que muita gente se afasta da Igreja, que a juventude é incitada pelos mais diversos meios a abandoná-la, mas a vitória está do lado dos que permanecem, daqueles que, como a Beata, lhe são fiéis contra ventos e marés.
Jesus disse uma vez à Alexandrina: 
A tua vida é semelhante à da Santa Igreja: a Igreja sempre combatida, nunca vencida até ao fim dos séculos.
Eu não conheço santos que tenham sido antecipadamente anunciados, mas a Beata de Balasar foi. Isto é extraordinário! Ela foi misteriosamente anunciada pela Santa Cruz.
A aparição da Santa Cruz em 21 de Junho de 1832 não foi um fenómeno muito vistoso: na encosta duma pequena elevação a menos de 200 metros do rio, apareceu desenhada no chão uma cruz, em tamanho que podia corresponder ao do instrumento de suplício original: 3,3×1,76 m[1]. Mas impressionou as pessoas.
O pároco, o reitor António José de Azevedo, mês e meio depois, no dia 6 de Agosto, achou por bem informar as autoridades eclesiásticas da diocese de Braga sobre “um caso raro acontecido nesta freguesia de Santa Eulália de Balasar”. Fê-lo numa exposição rigorosa, objectiva, sóbria, sem tomar partido: indicou a data da aparição, o tamanho da cruz e terminou pedindo instruções sobre como lidar com a devoção entretanto surgida e sobre uma medida que disse que tomara: nomeara “um homem fiel e virtuoso para guardar as esmolas”. Esse homem era Custódio José da Costa.
Esta medida foi a mais oportuna, pois ele, reitor, ainda antes do fim daquele mês, cessava a actividade em Balasar. Desconhecemos se morreu ou se foi vítima das circunstâncias revolucionárias do momento. Efectivamente, em 8 de Julho de 1832 aconteceu um episódio que iria mudar radicalmente o país e que teve as mais graves consequências para a Igreja: vinda de Inglaterra, via Açores, uma esquadra de liberais desembarcou perto do Porto e dois anos depois punham termo ao absolutismo em Portugal. Em Balasar, na Diocese de Braga, como de resto no país todo, seguiu-se uma década terrível, inclusive com um corte de relações com a Santa Sé de quase dez anos.
Em finais de 1833, será colocado um jovem reitor em Balasar, mas poucos meses depois foi expulso, só regressando oito anos mais tarde (mas houve sempre um sacerdote para ministrar os sacramentos).
No meio da tempestade, Custódio José da Costa resistiu, com a sua determinação e mesmo com o seu dinheiro, que não hesitou em aplicar em favor da nova devoção. Apesar das dificuldades, conseguiu divulgar e fazer respeitar essa devoção ao longe e ao largo, como é testemunhado pelos ex-votos.
Há na paróquia de Balasar um importante documento, de 1834, sobre a Santa Cruz: é uma sentença do tribunal eclesiástico de Braga. Na sua origem, está uma investigação exigente sobre a aparição e sobre se havia ou não condições para criar e manter aberta ao culto a capela da Santa Cruz.
Além da capela actual, com a sua cruz pintada, houve uma outra, muito próxima, a nascente, e certamente bastante mais ampla. ambas foram devidas à determinação de Custódio José da Costa.
Aquela grande cruz, com a imagem de Nossa Senhora das Dores ao pé, que se vê à esquerda da entrada da Igreja Paroquial, devia pertencer à segunda dessas capelas.
Ouçamos agora como em 21 de Janeiro de 1955 Jesus falou à Beata Alexandrina sobre a Santa Cruz:
Há mais de um século que mostrei a cruz a esta terra amada, cruz que veio esperar a vítima. Tudo são provas de amor!
Ó Balasar, se me não correspondes!...
Cruz de terra para a vítima que do nada foi tirada, vítima escolhida por Deus e que sempre existiu nos olhares de Deus!
Vítima do mundo, mas tão enriquecida das riquezas celestes que ao Céu dá tudo e por amor às almas aceita tudo!
Em 21 de Junho próximo faz 180 anos que a Santa Cruz apareceu. Hoje nós podemos avaliar melhor o sentido dela e sabemos que é do maior alcance. Ela sozinha merecia uma basílica…


[1] Curiosamente, a altura da cruz aparecida é igual à da altura da janela por onde a Beata saltou.

Sem comentários:

Enviar um comentário