Nós sabíamos que José Régio tinha publicado uma antologia de poesia religiosa, mas só agora tomamos conhecimento dela. Tem por título Na Mão de Deus e por subtítulo Antologia da Poesia Religiosa Portuguesa. Na organização da recolha colaborou Alberto Serpa.
É um trabalho de autores conhecedores da matéria e só é pena que há muito esteja fora do mercado.
Colocamos aqui um soneto, de lá transcrito, de que é autora uma poetisa anónima do séc. XVII; a nossa Beata ficaria radiante se o lesse.
A vós correndo estou, Braços sagrados,Nessa cruz sacrossanta descobertos,Que para receber-me estais abertosE por não castigar-me estais cravados.
A vós, divinos Olhos, eclipsados,De tanto sangue e lágrimas cobertos,Que para perdoar-me estais despertosE para não devassar-me estais fechados.
A vós, pregados Pés, por não fugir-me,A vós, Cabeça baixa, por chamar-me,A vós, Sangue vertido, para ungir-me,
A vós Lado patente, quero unir-me,A vós, preciosos pregos, quero atar-me,Para ficar unida, atada e firme.
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