No próximo dia 20, pelas 15 horas, vamos
falar no Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim sobre “A resistência popular ao
cisma liberal em Terroso e Rates (1838-1842)”. A palavra cisma era então usada
em dois sentidos opostos: os liberais, de inspiração maçónica, que tinham
cortado relações com a Santa Sé, culpavam de cismáticos aqueles que se lhes
opunham, aqueles que faziam o possível por obedecer a uma autoridade religiosa
legítima.
A partir de certa altura toda a gente em
Portugal devia ser cismática: uns porque o eram (os governantes e
aqueles que pelo país fora davam seguimento às suas orientações), outros porque
assim eram mentirosamente chamados, como está nos documentos de então. Veja-se
este:
Administração
Geral do Distrito do Porto
1.ª Repartição,
n.º 17
Ilustríssimo Sr.
Administrador do Concelho da Póvoa de Varzim
Ilustríssimo
Senhor
Constando
oficialmente nesta Administração Geral que na freguesia de Santa Maria de Terroso,
desse Concelho, grassa escandalosamente o cisma, e até se celebraram Sacrifícios e fizeram Baptismos em casas particulares, ordena S. Ex.cia o Sr.
Administrador Geral que V. Senhoria proceda à captura daqueles que forem
achados em flagrante e a todas as mais diligências que lhe foram ordenadas na
circular n.º 23 por esta Repartição, de 15 de Março deste ano, empregando
sempre a maior vigilância para não progredir tão grave mal.
Por esta
ocasião, manda o mesmo Senhor lembrar a V. Senhoria o cumprimento do ofício
confidencial que lhe foi dirigido em 15 deste mês.
Deus guarde V.
Senhoria.
Secretaria da
Administração Geral do Porto, 29 de Maio de 1838.
António Luís de Abreu,
Secretário-geral.
Recorde-se que estamos a 6 anos da
aparição da Santa Cruz.
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