A Sua divina voz fez-se ouvir: Ele falou
em meu coração:
- Anjo bendito, obedece à voz do teu
Senhor: levanta a minha vítima inocente, livra-a das garras de Satanás!
Nestes momentos, eu estava sobre uns
abismos medonhos traçados a sangue. Fiquei de repente nas minhas almofadas, já
de mãos soltas e libertada do demónio. Não sei dizer a dor que sentia:
desfazia-me o coração. Que pena eu tinha de Jesus! Que receio de O ter
ofendido! Não fiquei assim por muito tempo: voltou Jesus a falar-me:
- Não te entristeças, minha filha, tu
não pecaste. Não queres dar-Me consolação? Não queres dar-Me reparação?
Necessito tanto dela nesta hora!...
Olha, vim ao teu coração buscar alegria,
vim ao teu coração buscar amor, consolação e a reparação que desejo. Alegra-te,
confia, em ti encontro tudo! Não queres alegrar-Me? Alegra-te comigo!
- Bem sabeis, meu Jesus, que tudo Vos
quero dar, que só quero viver para Vós e para as almas. Mas sabeis também que a
minha tristeza, a minha dor é o receio de ter pecado. Não posso viver sem Vós!
- Não pecas, filhinha, não te deixo
pecar; não vives sem Mim.
Olha, queres saber porque ontem não te
falei?
Olha, dei-Me a ti com mais amor, com
mais intimidade do que se comungasses, e não te falei para mais de ti receber.
Por não te falar, foi que te tirei o
medo e o receio de falares comigo e pus em ti as ânsias, os desejos de Me
ouvires e de mais te unires a Mim.
Procedi assim, primeiro, para aclarar
mais e melhor a tua vida, para dar mais luz àqueles que não querem ver. Quero
que eles vejam, que eles conheçam como Me comunico a ti, como é a minha vida em
ti. Em segundo lugar, para saciar mais a minha sede em ti e tu a tua em Mim.
Tu és a fonte pura, és fonte de água
cristalina.
Vem o Rei beber à fonte da sua rainha, e
a rainha sacia a sua sede no seu Rei.
Vem o Esposo matar as suas ânsias
divinas na sua esposa amada, na esposa sem igual.
Vem o jardineiro ao seu jardim, ao
jardim que aos pecadores pertence.
Venham eles a ele colher as flores
angélicas.
Venham eles a ele abrilhantarem-se,
venham eles a ele perfumarem-se: são aromas celestes, são aromas divinos.
Sentimentos
da Alma, 5/2/1945
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