sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Poesia da Beata Alexandrina (2)


Hino aos Sacrários

Em cada Missa, dirigindo-nos a Deus, cantamos: “O céu e a terra proclamam a vossa glória!”
É este impulso de louvor divino que toda a criação eleva ao seu Deus que anima o Hino aos Sacrários da Beata Alexandrina, que é semelhante e muito diferente do Benedicite bíblico (desde logo porque o Sacrário é criação cristã).
A Alexandrina sabe, até porque Jesus lho disse, que é de lá que vem tudo o que é bom. Antes de começar esta sua oração, ela exprimia-se assim:
Ó querida Mãezinha do Céu, ide dar beijinhos aos sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta, mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus sacramentado, tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós.
Multiplicai-os muito, muito e dai-os de um puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar, cheios de umas santas saudades por não poder ir eu beijar e abraçar a Jesus sacramentado e à Santíssima Trindade, a Vós, minha Mãe querida. Pois não sois Vós a criatura mais amada e mais querida de Jesus? Oh, dai-os então em meu nome, com esse amor com que amais e sois amada!
O hino estende-se por dez estrofes, cada uma com o seu refrão. Não tem versos propriamente ditos nem imagens. Além do indispensável refrão, o que se encontra nestas frases são enumerações.
Nas primeiras quatro estrofes, ela parte de si, do que possui e do que faz; as outras convocam todo o ser existente, com destaque para o não humano, para o louvor.

Eu quero que cada movimento dos meus pés, das mi­nhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.

Eu quero que cada letra das orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que conte ou oiça contar, sejam
actos de amor para com os vossos Sacrários.

Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, ofe­recida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.

Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas oferecidas pétala por pé­tala, todos os grãozinhos de sementes e cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como
actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gor­jeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, como
actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, como
actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o que o mundo encerra, todas as grande­zas, riquezas e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como
actos de amor para os vossos Sacrários.

Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra, o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse “tudo” fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos como
actos de amor para os vossos Sacrários.
 A Alexandrina ofereceu à sua paróquia um precioso baldaquino de Sacrário. Jesus Sacramentado arrebatava-a, por isso a sua dádiva tinha de ser obra de valor.
A propósito deste hino, leia-se também o Cântico do Irmão Sol, de S. Francisco de Assis.
Baldaquino de Sacrário oferecido pela Alexandrina à sua paroquia.

Sem comentários:

Enviar um comentário