Hino aos Sacrários
Em cada Missa, dirigindo-nos a
Deus, cantamos: “O céu e a terra proclamam a vossa glória!”
É este impulso de louvor divino que
toda a criação eleva ao seu Deus que anima o Hino aos Sacrários da Beata Alexandrina,
que é semelhante e muito diferente do Benedicite
bíblico (desde logo porque o Sacrário é criação cristã).
A Alexandrina sabe, até porque
Jesus lho disse, que é de lá que vem tudo o que é bom. Antes de começar esta
sua oração, ela exprimia-se assim:
Ó querida Mãezinha do Céu, ide dar beijinhos aos sacrários, beijos sem conta, abraços sem conta, mimos sem conta, carícias sem conta, tudo para Jesus sacramentado, tudo para a Santíssima Trindade, tudo para Vós.
Multiplicai-os muito, muito e dai-os de um puro e santo amor, dum amor que não possa mais amar, cheios de umas santas saudades por não poder ir eu beijar e abraçar a Jesus sacramentado e à Santíssima Trindade, a Vós, minha Mãe querida. Pois não sois Vós a criatura mais amada e mais querida de Jesus? Oh, dai-os então em meu nome, com esse amor com que amais e sois amada!
O hino estende-se por dez estrofes, cada uma com o seu refrão. Não tem versos
propriamente ditos nem imagens. Além do indispensável refrão, o que se encontra
nestas frases são enumerações.
Nas primeiras quatro estrofes, ela parte de si, do que possui e do que
faz; as outras convocam todo o ser existente, com destaque para o não humano,
para o louvor.
Eu quero que cada movimento dos meus pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejamactos de amor para os vossos Sacrários.Eu quero que cada letra das orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que conte ou oiça contar, sejamactos de amor para com os vossos Sacrários.Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejamactos de amor para os vossos Sacrários.Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, oferecida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejamactos de amor para os vossos Sacrários.Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas oferecidas pétala por pétala, todos os grãozinhos de sementes e cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo comoactos de amor para os vossos Sacrários.Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorjeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, comoactos de amor para os vossos Sacrários.Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, comoactos de amor para os vossos Sacrários.Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, comoactos de amor para os vossos Sacrários.Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra, o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse “tudo” fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos comoactos de amor para os vossos Sacrários.
A propósito deste hino, leia-se também o Cântico do Irmão Sol, de S. Francisco de Assis.
Baldaquino de Sacrário oferecido pela Alexandrina à sua paroquia.
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