quinta-feira, 5 de maio de 2011

O P.e Leopoldino, autor mariano (2)

Senhora de Portugal

As gerações vão-se sucedendo, as nações por fortes e valo­rosas que sejam vão derruindo, os grandes do mundo vão desparecendo, e com eles os seus domínios; só Portugal, este jardim à beira mar plantado, vai resistindo às guerras e aos terra­motos, às invasões e às cobiças e ameaças dos imperantes. Porquê? Porque esta Nação, que o povo português denominou Terra de Santa Maria, é feudo da SS. Virgem, que a tomou à sua guar­da e que, assim como triunfou e triunfa das iras satânicas, assim vai defendendo a sua Terra das ambições dos seus adversários – e tantas foram elas.
Portugal vive há oito séculos e cada século da sua existência é um rosário de benemerências da sua Rainha e Senhora. Ele nasce, vive, desenvolve-se e sal­va-se à sombra da Cruz e sob a protecção incontestável de Nos­sa Senhora da Conceição.
Logo desde a Fundação, os monarcas lusitanos prestaram honrosas homenagens a Santa Maria: o Conde D. Henrique, transformando em capela sua a Igreja de N. Senhora, em Gui­marães, e D. Teresa, venerando na Sé de Braga uma das mais an­tigas imagens da Virgem; Santa Maria de Carquére, em Lamego, perpetua através dos séculos a cura miraculosa de Afonso Hen­riques. Acompanhando os Sobe­ranos, em todo o reino cristão se levantam capelas, ermidas e mosteiros para louvar a sua Se­nhora Celestial.
Após a difícil conquista, cum­pre-se o voto do primeiro Rei por português e o sumptuoso Mosteiro de Alcobaça surge em honra da Mãe do Céu. O Porto, conquistado aos mouros, é denominado "Ci­dade da Virgem" e numa das suas portas é colocada a imagem de N. Senhora da Vandoma.
Segue se o Rei-Trovador a poetar um cancioneiro em louvor de N. Senhora e a fundar e assis­tir todos os anos, no dia 8 de Dezembro, à festa da Conceição. D. Afonso III dá a sua filha o nome de Maria e D. Sancho II funda o Convento de S. Domin­gos onde se inicia a devoção do Rosário. D. João I, D. Afonso V, D. João II, levam à África, a maior glória de Portugal, o amor de Deus e a devoção a Maria. D. Duarte defende a Imaculada Conceição de Maria; D. João I compõe o seu livro Horas de Santa Maria; D. João III, o Rei­-Piedoso, reconstrói o belo tem­plo da Santa Madre de Deus em Xabregas, podendo-se dizer que o período áureo da veneração a Maria SS. em Portugal foi desde João III a D. Sebastião.
Em Março de 1646, as Cortes votaram a proclamação de N. Senhora como Padroeira de Portugal e o próprio D. João IV, Rei Libertador, de joelhos, na capela da Praça da Ribeira, as­sim a exaltou. D. João V mandou erigir, no Convento de Mafra, a capela da Conceição ao lado da capela-mor. D. João VI cria a Ordem Militar de N. Senhora da Conceição em Vila Viçosa, em 1818.
E assim foi continuando a devoção dos portugueses, dia a dia, até que Maria SS. visitou a Cova da Iria, aparecendo a três pastorinhos e santificou o Con­dado de Ourém, onde seis sécu­los antes o Santo Condestável tinha cumprido o seu voto. Nes­se mesmo lugar, em 13 de Maio de 1946, foi coroada a sua Imagem como Rainha do Céu e da Terra, como Senhora de Portu­gal.
Foi então que o próprio Pon­tífice disse: “… Vós, Portugue­ses, coroando a Imagem da Vir­gem Nossa Senhora, assinastes um atestado de Fé na sua Rea­leza, de uma submissão leal à sua autoridade, de uma corres­pondência filial e constante ao seu Amor. Fizestes mais ainda – alistastes-vos cruzados para a conquista e reconquista do seu Reino – que é o Reino de Deus; quer dizer, obrigastes-vos à face da Terra, a amá-La, a servi-La, a imitá-La – para com o seu favor servirdes melhor o Rei Divino".
Eis a Voz do Alto que deve ressoar constantemente nos nos­sos ouvidos, e essa Voz, presen­te ao nosso espírito, anima-nos a ser fiéis a Deus e a prestar con­tínuos actos de louvor e piedade filial a Nossa Senhora da Con­ceição, Senhora de Portugal e Padroeira da Póvoa de Varzim. Ideia Nova, 3/12/1949.

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