domingo, 16 de dezembro de 2012

Meditação de Natal


Os Evangelhos não nos dizem nada da infância nem da juventude de Jesus. S. Mateus e S. Lucas falam do nascimento, para afirmar que ele foi virginal, segundo o anúncio de Isaías, e para afirmar a filiação divina. S. Lucas tem depois aquele episódio da ida anual a Jerusalém aos doze anos, mas é facto isolado. Só podemos imaginar como foi a vida de Jesus na infância e na juventude. Neste caso, interessa-nos a juventude.
Para fazermos ideia do que ela foi precisamos de saber alguma coisa sobre o judaísmo do tempo. Como foi a vida dele durante os anos em que viveu em Nazaré?
Ele seria aplicado e alegre no trabalho, piedoso, frequentador da sinagoga, atento aos necessitados. Mas sem dar muito nas vistas, como a sua Mãe. Se considerarmos os modelos de vida activa, Marta, e de vida contemplativa, Maria, do Evangelho de S. João, Jesus e sua Mãe viveriam mais a vida contemplativa. Vida que Jesus limitou com a sua pregação ambulante e pública e a que Nossa Senhora se terá entregado sempre.
S. José, esse terá entretanto falecido.
Por volta dos 30 anos Jesus ter-se-á aproximado do profeta que então se manifestou, S. João Baptista.
S. João Baptista era um homem do sul, ao contrário de Jesus, e devia ter tido alguma ligação aos essénios. Era um homem do deserto e do Jordão. Faz lembrar a entrada dos hebreus na Terra Prometida. O seu baptismo (no Jordão) proporcionaria como que o ingresso na nova terra. Jesus era do norte.
Mas não é só a diferença de origem geográfica que separa e separará Jesus do Baptista. Jesus vai até às pessoas, convive com elas, instala-se numa cidade, Cafarnaum, ao contrário do Baptista que se instalou no deserto, usava umas vestes estranhas e se alimentava de modo também estranho. João testemunha a respeito de Jesus e Jesus testemunhará a respeito de João.
Mas isto são diferenças menores, a maior, por sinal, destaca-se também na ligação a S. João Baptista: a filiação divina. O baptismo no Jordão é um episódio maior dessa revelação. Os evangelistas referem-no, de um modo ou de outro. Aí é ouvida a voz de Deus Pai a testemunhar a filiação divina de Jesus, enquanto o Espírito Santo desce sobre Ele em forma de pomba.
Afirmar de um homem comum que é o Filho de Deus é abismal, como há-de ser abismal proclamar que Ele ressuscitou.
Nos Evangelhos, para o leitor menos atento, parece que o que está em causa é sobretudo o ensino de Jesus, o amor que devemos a todos e a relação com Deus. Mas estes ensinamentos não se separam das duas questões anteriores: é o Filho de Deus que ensina, é do Ressuscitado que os evangelistas falam. A importantíssima tarefa deles foi mesmo proclamar a sua filiação divina, proclamar que Ele ressuscitou e recolher o seu ensino. Ensino que S. Paulo quase não menciona, bastando-lhe reconhecê-Lo como aquele que cumpriu as promessas do Antigo Testamento.
Não foi fácil para as primeiras comunidades absorverem a afirmação da filiação divina nem a da ressurreição. Nem é para nós. O Natal devia proporcionar uma séria, aprofundada meditação sobre estes verdadeiros mistérios. A fé não pode ser coisa superficial, deve ser exigente, para depois merecer uma adesão entusiasta.
Quem de nós faria inteiramente sua esta citação da Carta de S. Paulo aos Colossenses?
Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura:
porque n’Ele foram criadas todas as coisas: nos Céus e na Terra, visíveis e invisíveis (...)Por Ele e para Ele tudo foi criado.Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste.Ele é a cabeça da Igreja, que é o Seu corpo.Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos;
em tudo Ele tem o primeiro lugar.

Apelo de Jesus através da Beata Alexandrina

Desceu Jesus do Céu e vai falar pela sua porta-voz. Ouvi, meus filhos:
Sereis meus filhos, se me amardes e seguirdes a minha Lei.
Sereis benditos do meu Pai: abrasai-vos no meu amor. Dar-vos-ei todas as graças.
Sereis meus filhos se professardes a minha Lei.
Sereis meus filhos se, por meu amor, levardes a vossa cruz.
Sereis meus filhos se, por meu amor, fordes apóstolos do bem.
(30-10-53)

Sem comentários:

Enviar um comentário