segunda-feira, 20 de julho de 2015

Testamento de Manuel António da Costa, bisavô materno da Beata Alexandrina


Este é o testamento de Manuel António da Costa, o bisavô materno da Beata Alexandrina. Não é muito o que se sabe dele, mas nascera em 1804 e foi um dos homens mais abastados da freguesia. Deve ter falecido em 1887.

Testamento que faz Manuel António da Costa, casado, de Balasar, em oito de Junho de mil oitocentos e oitenta e seis.

Em nome de Deus, amém.
Saibam quantos este público instrumento de testamento de última e derradeira vontade virem que no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e seis, aos oito de Junho, nesta Vila de Rates e meu cartório, foi presente o outorgante testador Manuel António da Costa, casado, lavrador, da freguesia de Balasar, meu conhecido e das cinco testemunhas ao diante nomeadas e no fim assinadas, sendo estas cidadãos portugueses e idóneos, estando ele testador no perfeito gozo das suas faculdades intelectuais, em liberdade e sem constrangimento nem coacção de pessoa alguma, e como eu tabelião com as testemunhas de tudo nos certificámos, do que dou minha fé, perante as quais e na minha presença por ele outorgante foi dito que tinha deliberado o fazer o seu testamento de última e derradeira vontade e por isso pedia a mim tabelião que lho escrevesse nesta minha nota conforme o ditasse, ao que eu tabelião me prontifiquei.
Primeiramente declara que é católico apostólico romano e que nesta fé protesta viver e morrer.
Logo que falecer, quer que seu filho José António da Costa, hoje casado, lhe cumpra o seu enterro, funeral e bem de alma conforme lhe impôs na escritura de doação de onze de Janeiro do ano de mil oitocentos e oitenta e seis, lavrada na nota do tabelião Silva, da Póvoa de Varzim.
E relativamente ao temporal, declara que é casado à face da Igreja com Joaquina Maria da Silva, de cujo matrimónio tem os seguintes filhos: José, Ana, Teresa, Josefa e Maria, todos casados, aos quais institui como seus únicos e universais herdeiros, como já declarou na citada doação.
Disse mais ele testador que na já citada doação, que conjuntamente (com a) sua dita mulher fizeram ao dito seu filho José António da Costa, reservam o terço de todos os seus móveis, semoventes e dinheiros de ouro e prata para disso dispor por testamento, como na mesma doação consta, e por isso desde já nomeia e deixa o terço da sua menção nos referidos móveis e semoventes e dinheiro de ouro e prata que ao falecimento dele testador for encontrado às ditas suas filhas Ana, Teresa, Josefa e Maria, mas debaixo das condições seguintes: que no sétimo dia depois do falecimento dele testador mandarão rezar duas missas aplicadas pelas almas em geral do fogo do Purgatório e nesse mesmo dia darão aos pobres da sua freguesia e mais necessitados e que ouçam as duas missas pelas almas, como dito fica, a quantia de cinco mil réis.
E nomeia como encarregado deste serviço ao seu genro António José Domingues de Azevedo, de sua freguesia.
E por esta forma tem feito o seu testamento de última e derradeira vontade, que quer se cumpra e se guarde como no mesmo se contém e declara, revogando qualquer outra disposição que a este fim ou testamento haja feito.
Assim o disse na presença das testemunhas, o Rev. José de Marques Lima, João Baptista Rodrigues Leite, lavrador, Clemente Gomes da Costa, carpinteiro, ambos casados, Manuel de Azevedo, sapateiro, e Manuel Pereira da Silva, carpinteiro, ambos solteiros sui juris, todos desta vila, que vão assinar com o testador, depois de ser lido em presença de todos, em voz alta e inteligível, tudo em acto contínuo e sem interrupção, do que outrossim dou fé, sendo colado devidamente por mim, inutilizado no fim deste um selo de estampilha no valor de quinhentos réis.
E eu, António José da Silva, tabelião, que o escrevi e assino em público e raso.

Manuel António da Costa, Padre José de Marques Lima, João Baptista Rodrigues Leite, Clemente Gomes da Costa, Manuel de Azevedo e Manuel da Silva Pereira.

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