Uma igreja com largo interesse
histórico
A Igreja do Matinho devia vir de antes
de Portugal se tornar nação independente e, em tempos recuados, embora a igreja
tivesse um fim eminentemente religioso, também nela tinham eco os momentos
políticos.
Dezenas de gerações de anónimos
balasarenses, ao longo de quase mil anos, aí foram baptizadas e enterradas, ou
dentro ou nas imediações, lá ocorreram centenas e centenas de casamentos de
gente anónima mas também de gente que deixou um nome na história, como os
Grã-Magriços e em concreto D. Benta. Foi nela que se baptizaram os pais da
Beata Alexandrina e a própria Alexandrina.
Foram lá sepultados muitos sacerdotes
naturais ou não da freguesia, os pais da Viscondessa de Azevedo, Custódio José
da Costa, os “ossos” do Comendador do Maranhão, o Cirurgião da Bicha, vários
ex-vereadores, Manuel Boucinhas.
Em tempos de epidemias e pestes, como a
Peste Negra, esta igreja testemunhou os horrores então vividos.
Aí se celebraram eucaristias semanais de
preceito e as feriais.
Politicamente, nela ecoaram momentos
de grande tensão; de muitos deles só a podemos imaginar, como foi o caso dos
acontecimentos da revolução de 1383-1385 e da Restauração. Mas conhecemos os
escaldantes documentos do tempo do Liberalismo, os vindos da autoridade
legítima de Braga e os das autoridades cismáticas, todos lá lidos.
Muitos actos importantes ocorreram
dentro dela ou no seu exterior. Era neste que se reunia a Confraria do Subsino
e sem dúvida aí era feita a recolha da décima. Na porta eram afixados editais,
às vezes de grande alcance, como o que pôs em marcha a elaboração do Tombo da
Comenda de 1830-1832[1].
Conservam-se na actual
igreja várias imagens idas da do Matinho.
[1] O Juiz do Tombo mandava explicitamente que afixassem
edital na porta da igreja:
“E mando ao escrivão do Tombo que este fez o faça afixar pelo porteiro
do mesmo Tombo no pelourinho ou lugar competente e mais público desta vila e
outro igual na porta da igreja da dita freguesia e Comenda de Balasar, fazendo
dar os pregões necessários, e se conservarão afixados por espaço de nove dias,
etc.
Dado e passado nesta vila de Barcelos, sob meus sinal e selo, aos
dezasseis dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e trinta anos”.
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