quarta-feira, 23 de junho de 2010

Excelente notícia


D. Jorge, Arcebispo de Braga, já escreveu ao Arcebispo de Dublin a fazer o pedido para que a Beata Alexandrina seja declara co-patrona do 50º Congresso Eucarístico Internacional de 2012.

Um patrão que era um “perfeito carrasco”… E é dizer pouco!

O Lino Ferreira foi um algoz para a Alexandrina. Mas foi-o mais do que se diz usualmente. Escreve o P.e Humberto que ele era uma “pessoa muito astuta e hipócrita a ponto de incutir medo às pessoas de bem; foi escolhida frequentes vezes para depor como testemunha no tribunal”. Pelos vistos, este homem casado nutriu uma paixão pela adolescente Alexandrina. E um dia…
“Parece-me – disse ao P.e Humberto – que foi uma vez, enquanto carregávamos um carro de mato no pinhal. Eu, por brincadeira (!), fiz a proposta à Alexandrina de ela consentir em ser a minha amante, o que é coisa muito comum e natural, mas a cachopa respondeu-me logo: – Eu não! Não quero! – Ela não dava margem a coisas pouco boas”.
Que comentário se pode fazer a isto? Talvez a leitura deste soneto do P.e Abel Varzim possa ser esse comentário:

Desci, a passo e passo, a longa escada
Que leva em linha recta à podridão.
Mal eu cheguei, soou como um trovão
A mais feroz, sarcástica risada.

E vi!... eu vi a face desvairada
Do Mal erguer-se. E – tétrica visão –!
Fazer-me a mesma torva recepção
Numa sonora e louca gargalhada.

Que fazes tu aqui? Tudo isto é meu!
Só meu! De mais ninguém! Fica-o sabendo!
E, com rancor, tentou despedaçar-me.

Fiquei! Mas quem combate não sou eu,
Porque eu, só de ver o Mal, ia morrendo.
E morrendo inda estou só de lembrar-me.

terça-feira, 22 de junho de 2010

"Eis a Alexandrina": um livro esquecido do P.e Humberto

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Temos estado a folhear o livro do P.e Humberto Eis a Alexandrina. Há lá páginas e pormenores que não se podem ignorar. O episódio que vamos transcrever não precisa de quaisquer palavras de introdução. Baste só dizer que José Ferreira da Silva e Sá era filho do célebre Chefe Sá, da Estação das Fontainhas:

Por virtude deste seu espírito, sumamente evangélico, a Alexandrina viu voltarem-se de novo para Deus muitas almas que d'Ele se tinham afastado.
Documentarei este regresso com as próprias palavras de uma das testemunhas, o Sr. José Ferreira da Silva e Sá, omi­tindo porém o nome do protagonista do episódio descrito e também alguns pormenores que poderiam facilitar a sua iden­tificação:
«Um cavalheiro de Coimbra tinha a mãe doente. O pai era negociante, um irmão médico e outro advogado. Quem mo apresentou foi um representante do Banco Pinto & Sotto Mayor, dizendo-me que ele desejava falar com a Ale­xandrina para obter a cura da mãe.
Como nesse dia tivesse uma reunião com os presidentes das Juntas de Macieira e Gueral, disse-lhe que esperasse. Mas ele resolveu levar-me de carro a essa reunião, e chegámos a casa da Alexandrina ao anoitecer. Pedi para ser recebido e entrei.
O cavalheiro ficou de pé, comovido até às lágrimas, e não se atreveu a dizer palavra. Eu animei-o, dizendo-lhe: - A Ale­xandrina é muito nossa amiga e pedirá a cura da mãe.
Mas a Alexandrina disse: - Eu nada faço, eu nada valho, eu nada posso!
E, olhando para o cavalheiro e erguendo a voz: - Quem pode é você. Arrepie caminho. Confesse-se condignamente! E depois comungue, comungue muitas vezes. Consiga que o seu pai, a sua mãe, o seu irmão médico e o outro, advogado, arrepiem também caminho. Que se confessem e comunguem! (Note-se que a Alexandrina não conhecia nem o cavalheiro nem a família!) Quando estiverem em estado de graça, então peçam a Deus e Ele os atenderá. Porque, se o senhor estivesse zangado aqui com o Sr. Sá e lhe quisesse pedir uma dúzia de contos, primeiro fazia as pazes com ele e depois apresentava­-lhe o seu pedido.
Não sei dizer a comoção do cavalheiro. Fomos embora.
Entrando no carro, ele disse-me: - Sinto-me outro daquilo que eu era.         
Mais tarde, um ano depois, veio cá visitá-la acompanhado pelos dois irmãos. Estiveram em minha casa para me cumpri­mentarem. Quando os dois irmãos entraram no carro, ele disse-me: - Eu, em facto de religião, era assim, assim. Mas os meus irmãos eram ateus, e hoje são religiosos quase faná­ticos. Também a mãe já cá veio agradecer a cura».
Era assim que, junto ao leito da Alexandrina, por tantos anos vítima dos pecadores, se cumpriam as palavras que Jesus lhe disse em 30 de Abril de 1954: «Nenhuma alma sai daqui como entrou. Quantas ressurreições!» 

sábado, 19 de junho de 2010

Arca de Maria

Da Arca de Maria, pediram-nos ontem um relato ilustrado e impresso do que foi a Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Esperamos satisfazer o pedido.
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Para nós, pessoalmente, José Saramago foi sobretudo o inimigo da Igreja. Mas ela será “sempre combatida, mas nunca vencida”.
Com a morte do escritor, abre-se à frente de todos uma nova página.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Pousada Real de Gestrins

Há dias, disseram-nos, uns alemães andaram em Balasar a perguntar onde ficavam as muralhas. Que saibamos nunca houve lá muralhas, mas houve uma pousada ou pousa real, em Gestrins, segundo as Inquirições. Mas para isso bastava uma casa de lavoura com certo espaço e algumas condições.

Os marcos da Casa de Bragança que existem na freguesia recordam, muito de longe, essa pousada.
Também perguntavam pela Fonte de S. Pedro.

Em Balasar também houve uma mamoa, cujos últimos restos podem ter sido destruídos na altura da abertura da estrada da Póvoa para Famalicão, entre o Cubo e o princípio de Negreiros.


Imagem: marco da Casa de Bragança, nos Guardinhos, Balasar.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Duas propriedades rústicas junto do Monte Calvário ao tempo da aparição da Santa Cruz

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A Bouça da Valinha, no lugar do Calvário

“Item, a Bouça da Valinha, no lugar do Calvário, que antigamente se chamava Bouça Velha, tapada de parede sobre si, e está de mato, com carvalhos e sobreiros, a qual, sendo medida, pelo lado norte, principiando na quina do nascente, tem cinquenta e quatro varas e meia, pelo poente tem cem varas, pelo sul tem cinquenta varas, e pelo nascente, fazendo curva parar dentro da mesma bouça, tem cento e quatro varas. Parte pelo norte com campo chamado Prado, foreiro a esta Comenda, que possui António João Furtado; pelo poente parte com Tomadia, do mesmo Furtado; do sul parte com monte baldio e caminho que vai para o Lousadelo; e do nascente parte com o mesmo caminho que vai para Lousadelo. Levará de semeadura dez alqueires de centeio, e possui o caseiro António da Costa Raposo”.

A leira da Ponte: ao lado dela apareceu a Santa Cruz

“Item, uma leira, ao sul do rio, que no tempo do prazo era um mato baldio e hoje é campo, o qual tem de comprido, do nascente ao poente, pelo lado norte, noventa e cinco varas e pelo sul tem cento e doze varas, pelo poente, fazendo alguma volta, tem sessenta e cinco varas, e pelo nascente finda em ponta aguda. Parte do norte com o rio Este, do sul parte com monte baldio, do poente parte com a calçada da ponte e caminho que vai para a igreja. Levará de semeadura oito varas e meia de centeio. Possui a cabeça deste prazo”. 

sábado, 5 de junho de 2010

Notícias da França

O Afonso Rocha enviou-nos um noticiário do que lá vai sendo feito. Aqui fica o principal:

"O meu amigo Jean-Luc Bourgeois, que fez a conferência sobre a Beata Alexandrina em Paray-le-Monial, é um dos maiores floristas franceses, tem diversos armazéns e desloca-se regularmente à Holanda por esse motivo. Ora acontece que o mês de Maio é um período de forte trabalho para ele, como o poderá facilmente compreender, e particularmente este ano em que o “Dia das Mães” foi aqui festejado no último domingo do mês passado. Eis a razão porque ainda não teve tempo de me fazer a reportagem que lhe pedi.
Todavia, continuamos a nossa labuta para o Congresso Eucarístico na Irlanda e por isso mesmo enviámos uma carta acompanhada dos dois livros sobre a Beata Alexandrina, ao Senhor Arcebispo de Dublim, fazendo o mesmo pedido que a “Alexandrina Society”.
Enviei hoje mesmo uma carta ao Senhor Bispo da diocese de Fréjus-Toulon, Dom Dominique Rey, para lhe pedir que nos apoie e, para a próxima semana, vou ter encontro com o Senhor Arcebispo de Reims (onde vivo) e vou procurar motivá-lo a também nos ajudar, ele que nos felicitou pelo nosso Site “Nouvelle Évangélisation”.
Dom Dimonique Rey é um íntimo amigo do Jean-Luc Bourgeois. Durante a minha estadia em Portugal terei ocasião de lhe falar do Jean-Luc, ou até mesmo ocasião de lho apresentar, se ele puder deslocar-se a Portugal no momento em que eu lá estarei.
Tudo isto está sendo feito (por leigos!), não para que recebamos glórias, porque isso não interessa a nenhum de nós, mas para que a Beata Alexandrina seja cada vez mais conhecida e amada.
Posso anunciar-lhe também que a Paulette Leblanc aumentou aquele seu trabalho que se intitula “La spiritualité d’Alexandrina” e que estamos à espera do prefácio que nos faz um sacerdote francês (também enamorado da Alexandrina). Logo que este documento chegue, vai ser integrado no “manuscrito” e enviado à Graficamares para impressão.
O mesmo acontecerá com o livro da Senhora Eugénia Signorile – Só por amor!, quando tivermos a autorização da editora italiana".

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Para não ler…

É de facto para ler algum lixo que aqui vamos colocar. Ter ele sido escrito é que foi erro.
Se fosse possível reunir tudo o que o P.e Leopoldino publicou, resultaria um grosso volume. A nosso ver contudo isso não é possível. E a razão é que ele, ao menos durante muito tempo, não assinou o que escrevia para os jornais.
Ele deve ter começado a publicar muito cedo, talvez em jornais vila-condenses, quando tinha a seu cargo a capela de Nosso Senhor dos Navegantes.            
No começo de Janeiro de 1912, quando o P.e Leopoldino completaria 32 anos, O Poveiro, de que era colaborador, anunciou o seu aniversário e deu-lhe os parabéns:
“Os nossos parabéns vão não só a ele, que ele tudo merece, mas a seu extremoso pai e a sua família, que o não esquecerá. Ao padre Leopoldino Mateus, acérrimo defensor das doutrinas da Igreja, um apertado abraço e muitos anos de vida na boa carreira que segue em honra da nossa terra”.
Pois um jornal republicano ultra achou por bem tirar estas inqualificáveis conclusões da delicada saudação:
“1 – que o Padre Leopoldino fez anos, no dia 7 de Janeiro, que se resolveu vir visitar a luz do sol a este mundo;
2 - que tem sido um bom camarada do Laurindo, do Prior e dum outro imbecil a quem chamam Alfredo Fernandes da Silva, o Fresco, espécie dum nojento trapo arremessado a uma sargeta, coadjuvando-os nas escabrosidades da cloaca jornalística;
3 - que, para honra da crença professada por aquela merdífera raça de gentalha, a companhia do padre Mateus é indispensável e insubstituível;
4 – que, por tudo isso e pelo mais que não souberam dizer, engasgados como ficaram, pelo taco das grandes comoções, o padre Mateus teve de pagar algumas canecas de vinho e receber os mil e um parabéns da pitoresca confraria.
Pois receba, agora, o padre Leopoldino Mateus também as nossas felicitações, pelo seu aniversário natalício, e continue a deliciar-nos com as caldeiradas do seu engenho e arte de escrever «relâmpagos», que parecem «frescas» baboseiras de fadista aperaltado; «secções alegres», destinadas a anavalhar, caluniosamente, a honra alheia e «críticas de tacão», para rebaixar os sentimentos dos democratas e enaltecer as «virtudes» dos milhafres da grei jesuítica. E tudo em nome de Deus?!...”
Esta linguagem (que infelizmente ainda é possível encontrar hoje em certos meios), comenta-se a si mesma; mas a elevação d’O Poveiro era conhecida, tanto que em tiragem ultrapassava de longe os outros semanários da terra e aos poucos projectava-se como de dimensão nacional, quando os republicanos o silenciaram.
Alude-se no escrito a colaboração jornalística atribuída ao P.e Leopoldino, mas não é garantido que essa atribuição corresponda à verdade.

Nos 178 anos da aparição da Santa Cruz de Balasar

Era então Dia do Corpo de Deus como hoje. O Pároco chamava-se António José de Azevedo, e tinha um cura, o Reverendo José António da Silva. A Igreja ficava na parte norte do actual cemitério. As duas margens do rio Este já estavam ligadas por uma ponte rudimentar, mas o lugar seria bastante ermo.
As festas que depois se celebraram em honra da Santa Cruz deram notoriedade ao milagre. Dele falou Gomes de Amorim, dele falou um jornalista poveiro em 1932, mas foi com certeza o P.e Leopoldino Mateus quem, em tempos recentes (1933-1935), lhe deu a maior publicidade ao enviar 13 artigos para O Propaganda. A sentença que existia no cartório da paróquia deve-lhe ter parecido um valiosíssimo documento.
Fragmento dum registo de baptismo de 1828 onde Custódio José da Costa ocorre como padrinho (quinta e sexta linhas). A devoção à Santa Cruz muito lhe deve.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A primeira ida do P.e Mariano Pinho a Balasar

A primeira ida do P.e Mariano Pinho a Balasar, em 16 de Agosto de 1933, está muito bem documentada. Regista-a a Cruzada, regista-a um livro de actas do cartório paroquial e regista-a ainda uma notícia do jornal A Propaganda, além Autobiografia.
Vejamos aqui a notícia d’A Propaganda, de 3 de Setembro.

Realizou-se nesta importante freguesia do nosso concelho uma grandiosa festividade em honra do Sagrado Coração de Jesus, precedida de um tríduo de práticas pelo Rev.o P.e Mariano Pinho, apostolado orador sagrado.
A pregação do ilustre orador foi tão frutuosa que toda a população da freguesia, com poucas excepções, se abaixou à Mesa Eucarística, recebendo o Pão dos Anjos, administrado pelo novo pároco, Rev.o P.e Leopoldino Mateus, que foi incansável na organização e direcção desta solenidade. À Mesa Santa curvaram-se criaturas que já há alguns anos não davam preceito às Igrejas [sic], o que muito alegrou o coração do nosso pároco.
Na mesma ocasião, a pedido e esforço do nosso Rev.o Pároco, foi fundada pelo Director Diocesano, Rev.o P.e Pinho, a Obra das Cruzadas Eucarísticas, inscrevendo-se 70 [segundo a Cruzada] crianças de ambos os sexos, devidamente uniformizadas.
A festa concluiu com uma linda procissão eucarística em que tomaram parte as Confrarias da freguesia com os seus estandartes, cruzados eucarísticos entoando lindos hinos a Jesus Sacramentado, passando por caminhos tapetados de verdes e por entre alas compactas de povo desta freguesia e das circunvizinhas.
Recolhida a procissão, todas as crianças da cruzada, devidamente vestidas com os seus uniformes, tiraram com o Rev.o Pároco uma fotografia nas escadas do Calvário, encarregando-se deste serviço um hábil amador.
Merecem parabéns pelo bom êxito da festa e da Obra das Cruzadas o Rev.o pároco, Leopoldino Mateus, a distinta professora oficial, Sra. D. Maria da Conceição Leite Reis Proença, e mais algumas zeladoras que foram incansáveis na sua organização. Foi uma festa que muito devia agradar ao SS. Coração de Jesus e santificar os fiéis desta laboriosa freguesia.

Nas imagens: em cima, capela-mor da Igreja de Balasar antes do restauro de 1978; em baixo, fotografia dos Cruzados de Balasar segundo a Cruzada. É possível que o P.e Pinho também tivesse ficado na fotografia, um pouco atrás o P.e Leopoldino.

terça-feira, 1 de junho de 2010

P.e Álvaro Matos

A Beata Alexandrina diz na Autobiografia que foi das mãos do P.e Álvaro Matos que recebeu a Primeira Comunhão. Como é que ela lhe recordou o nome? Certamente porque o viu repetidas vezes mais tarde quando voltou à Póvoa onde ele era Pároco.
Este sacerdote era natural de S. Pedro de Miragaia, Porto, onde nasceu em 1876, e veio em criança com a família para Vila do Conde. Frequentou o curso teológico no Seminário Conciliar de Braga entre 1896 e 1899.
Ordenado sacerdote em 1900, esteve à frente das Oficinas de S. José, em Braga, durante quase 10 anos. Deixou as Oficinas em 1909, seguindo em viagem demorada para o Brasil e Rio da Prata. Regressou depois a Braga, mas, por morte do pai, veio para a Póvoa, sendo nomeado pároco em finais de 1914.
“Contava em cada povoense um amigo, tinha o raro condão de conquistar a estima dos católicos mais praticantes como dos mais acérrimos livres-pensadores”.
Faleceu com 46 anos, após um período de doença e agudo sofrimento.
Sucedeu-lhe na Póvoa o P.e Aurélio Martins de Faria, sobrinho do antigo pároco de Balasar e depois arcipreste António Martins de Faria.