Quase a concluir o noticiário saído em 22 de Abril de 1950 no
Idea Nova, o Pe. Leopoldino informou:
No dia 30 de Março fez 46 anos a
Sra. Alexandrina Maria da Costa (Vicente), do lugar do Calvário.
Na sexta-feira – dia 14 – fez 25
anos que esta doente caiu na cama para nunca mais se levantar; 25 anos de sofrimento
suportados com resignação é alguma coisa de valor espiritual perante Deus. Que
Nosso Senhor seja o Cireneu a ajudá-la a levar a sua cruz até ao fim da sua
vida.
Três anos depois, em 18 de Julho de 1953, ao tempo das
avalanches de visitas, foi mais longe. Numa pequena nota intitulada “A Doente
de Balsar”, no Ala Arriba, escreveu:
Já uma vez nos referimos aqui àquela
doente que vai para trinta anos se vê presa ao leito devido à paralisia de que é
portadora e que há uns doze anos não pode alimentar-se porque o seu organismo não
aceita qualquer alimento.
Fizemos essa afirmação baseados
em informações de médicos e, entre eles, o que é seu médico assistente há mais
de uma dezena de anos.
Caso extraordinário, é motivo de dúvida
para uns e descrença para outros, mas em muitos provoca já a convicção de que só
pode verificar-se por intervenção divina.
Há mais de dez anos, sumidades médicas
do Porto quiseram tirar a prova e, desconfiados de que se tratasse de embuste,
exigiram o internamento em casa apropriada onde pudessem exercer fiscalização
aturada e eficaz.
Foram quarenta dias de exame e
tortura para a paciente, que resignadamente suportou no Porto quanto quiseram
exigir-lhe a fim de poderem desfazer o logro que supunham encontrar.
E a ciência não descobriu o segredo
do alimento que sustenta aquele corpo franzino e atrofiado e aquela alma generosa
e boa, grande e pura, que Deus conserva na terra até à hora santa em que a sua Divina
Vontade lhe conceda o merecido lugar junto de Si.
Esse alimento das almas não é,
nunca foi dispensado pela doente Alexandrina Maria e é-lhe levado diligente e diariamente
pelo velho abade da sua freguesia, a ridente, airosa e ampla Balasar.
É tal informação que nós não
demos aos nossos leitores quando pela primeira vez nos referimos a este caso.
Fazemo-lo hoje convictos de que
nem a Igreja nem os seus ministros nos censurarão por isso porque a doente
segue e defende a verdade, a eterna doutrina que Jesus Cristo instituiu na
terra.
O que foi transcrito antecipa o conjunto de dezasseis
artigos que, a seguir à morte da Alexandrina, ele lhe dedicou.
A princípio, não havia qualquer livro publicado,
apenas os artigos do Pe. Mendes do Carmo no Diário do Minho. Em Janeiro de
1956, saiu Uma Vítima da Eucaristia.
O Pe. Leopoldino foi uma testemunha especial do que se passou com a doente do Calvário, a quem levou diariamente a Comunhão, como aliás ele destaca. Mas os seus artigos abordam vários aspectos da vida e obre dela numa síntese que merece leitura. São um testemunho notável e em certo sentido precioso pois mantiveram acesa a chama da devoção nascente de que a falecida era alvo.