Este
é o testamento de Manuel António da Costa, o bisavô materno da Beata Alexandrina.
Não é muito o que se sabe dele, mas nascera em 1803 e foi um dos homens mais
abastados da freguesia. Deve ter falecido em 1887. O seu filho e herdeiro chamou-se José António da Costa e foi pai, entre outros filhos, de Maria Ana da Costa, a mãe da Alexandrina, e de Joaquim António da Costa, o tio Joaquim.
Testamento de Manuel António da Costa
Testamento que faz Manuel António da
Costa, casado, de Balasar, em oito de Junho de mil oitocentos e oitenta e seis.
Em nome de Deus, amém.
Saibam quantos este público instrumento de
testamento de última e derradeira vontade virem que no ano do nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e oitenta e seis, aos oito de Junho,
nesta Vila de Rates e meu cartório, foi presente o outorgante testador Manuel
António da Costa, casado, lavrador, da freguesia de Balasar, meu conhecido e
das cinco testemunhas ao diante nomeadas e no fim assinadas, sendo estas
cidadãos portugueses e idóneos, estando ele testador no perfeito gozo das suas
faculdades intelectuais, em liberdade e sem constrangimento nem coacção de
pessoa alguma, e como eu tabelião com as testemunhas de tudo nos certificámos,
do que dou minha fé, perante as quais e na minha presença por ele outorgante
foi dito que tinha deliberado o fazer o seu testamento de última e derradeira
vontade e por isso pedia a mim tabelião que lho escrevesse nesta minha nota
conforme o ditasse, ao que eu tabelião me prontifiquei.
Primeiramente declara que é católico
apostólico romano e que nesta fé protesta viver e morrer.
Logo que falecer, quer que seu filho
José António da Costa, hoje casado, lhe cumpra o seu enterro, funeral e bem de
alma conforme lhe impôs na escritura de doação de onze de Janeiro do ano de mil
oitocentos e oitenta e seis, lavrada na nota do tabelião Silva, da Póvoa de
Varzim.
E relativamente ao temporal, declara que
é casado à face da Igreja com Joaquina Maria da Silva, de cujo matrimónio tem
os seguintes filhos: José, Ana, Teresa, Josefa e Maria, todos casados, aos
quais institui como seus únicos e universais herdeiros, como já declarou na
citada doação.
Disse mais ele testador que na já citada
doação, que conjuntamente (com a) sua
dita mulher fizeram ao dito seu filho José António da Costa, reservam o terço
de todos os seus móveis, semoventes e dinheiros de ouro e prata para disso
dispor por testamento, como na mesma doação consta, e por isso desde já nomeia
e deixa o terço da sua menção nos referidos móveis e semoventes e dinheiro de
ouro e prata que ao falecimento dele testador for encontrado às ditas suas filhas
Ana, Teresa, Josefa e Maria, mas debaixo das condições seguintes: que no sétimo
dia depois do falecimento dele testador mandarão rezar duas missas aplicadas
pelas almas em geral do fogo do Purgatório e nesse mesmo dia darão aos pobres
da sua freguesia e mais necessitados e que ouçam as duas missas pelas almas,
como dito fica, a quantia de cinco mil réis.
E nomeia como encarregado deste serviço
ao seu genro António José Domingues de Azevedo, de sua freguesia.
E por esta forma tem feito o seu
testamento de última e derradeira vontade, que quer se cumpra e se guarde como
no mesmo se contém e declara, revogando qualquer outra disposição que a este
fim ou testamento haja feito.
Assim o disse na presença das
testemunhas, o Rev. José de Marques Lima, João Baptista Rodrigues Leite,
lavrador, Clemente Gomes da Costa, carpinteiro, ambos casados, Manuel de
Azevedo, sapateiro, e Manuel Pereira da Silva, carpinteiro, ambos solteiros sui juris, todos desta vila, que vão
assinar com o testador, depois de ser lido em presença de todos, em voz alta e
inteligível, tudo em acto contínuo e sem interrupção, do que outrossim dou fé,
sendo colado devidamente por mim, inutilizado no fim deste um selo de estampilha
no valor de quinhentos réis.
E eu, António José da Silva, tabelião,
que o escrevi e assino em público e raso.
Manuel António da Costa, Padre José de
Marques Lima, João Baptista Rodrigues Leite, Clemente Gomes da Costa, Manuel de
Azevedo e Manuel da Silva Pereira.