terça-feira, 22 de dezembro de 2015

SAUDAÇÃO DE NATAL


A todos os habituais visitantes desta página, os meus votos dum santo Natal.
Copio uns versos que me encantam e contêm uma mensagem apropriada para o momento:

Ele vai chegar, o Príncipe da Paz!
Maranatá: vem, Senhor Jesus!
Vem, Senhor Jesus!

O Senhor virá e despertará todo o coração
E o mundo terá sempre a esperança de acolher a Salvação.
O Senhor trará a Sua bondade à Humanidade.
Vem, Senhor Jesus, visitar Teu Povo,
Que procura a Santidade.

sábado, 19 de dezembro de 2015

O Pe. Leopoldino e a Comissão Examinadora de 1944


Anuncia-se uma reflexão em Balasar sobre o Pe. Leopoldino Mateus, o pároco do tempo da idade adulta da Beata Alexandrina, enquadrada se não erro na comemoração dos 60 anos da sua saída da freguesia. Nós temos estudado o Pe. Leopoldino tão aprofundadamente como antes ninguém o tinha feito. Considerámos o longo período que precedeu a sua ida para Balasar, o seu papel de pároco, a sua relação com a Beata Alexandrina, a sua colaboração na imprensa poveira, o seu lugar como primeiro historiador da freguesia e o seu valor como literato.
O Pe. Leopoldino recebeu Balasar em grande agitação. Contaram-nos até que junto à residência do pároco anterior alguém chegou a colocar, de noite naturalmente, um alguidar e uma faca. Inversamente, ele entregou a freguesia num estado de grande serenidade, mas mais do que isso: a freguesia mostrou estar-lhe profundamente agradecida. É caso para dizer que ele cumpriu do modo mais positivo a sua missão.
Apesar disso, achamos que nem tudo correu bem. O Pe. Leopoldino, estamos em crer, tinha um defeito originado talvez duma virtude sua. 
Nos noticiários que, como muitos outros párocos, enviava para a imprensa, nunca tinha inimigos, só amigos. Mas quando ele chamava amigo ao Lino Ferreira, a gente fica de pé atrás.
No Processo Informativo Diocesano, o Dr. Azevedo informa que, nas reuniões dos sacerdotes que vinham confessar à freguesia, o Pe. Leopoldino nem sempre falava da Alexandrina do mesmo modo: “nas reuniões em que a maioria dos sacerdotes era pela Alexandrina, ele elogiava-a muito e, nas reuniões em que a maioria deles era contrária, divagava e omitia”.
Disseram-nos que o mesmo Pe. Leopoldino soube sempre dialogar quer com os que, como justamente ele, apoiavam o Estado Novo, quer com os que eram da oposição. Parece porém que esse modo de congraçar todos assentava em alguma falta de verticalidade…
Os Signoriles afirmam que, na decisão da comissão examinadora, “muito peso teve a influência exercida pelo pároco” (Figlia del Dolore Madre di Amore, página 318).
Isto tem certamente a ver com uma declaração do Dr. Azevedo (cuja fonte original de momento não temos à mão) em que ele assevera que o Pe. Leopoldino “foi o mais severo e o mais influente na decisão” da comissão de 1944.
Se foi assim, e não há razão para crer que não tenha sido, esta actuação do pároco de Balasar foi muito grave. Esperava-se que ele fosse objectivo e sereno, que marcasse um distanciamento claro, sem hesitações face aos detractores da Beata.
Esta posição do Pe. Leopoldino teve consequências duradouras e muito nocivas. Quando, no Processo Informativo, foi preciso declarar incompetente a comissão de 1944, tal pôs em causa a direcção recente da diocese. E, em nosso ver, as nefastas consequências disso ainda perduram na actualidade…
Todos sabemos que o Pe. Leopoldino publicou mais tarde artigos muito favoráveis à Alexandrina, mas nunca referiu o que se tinha passado uma dúzia de anos antes... Foi pena pois um sério esclarecimento seu teria ajudado muito.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

"CONTO DO NATAL" PELO PE. LEOPOLDINO MATEUS (1)


Na imprensa da Póvoa de Varzim de entre 1934 e 1957 publicaram-se vários contos do Natal. Tratava-se dum título genérico: cada conto em particular poderia ter título próprio, e às vezes tinha.
Inclinamo-nos a crer que todos estes textos eram da autoria do Pe. Leopoldino, que só assinou um. Os outros ou saíram sem assinatura ou traziam no lugar dela uma ou duas iniciais ou um nome que poderia ser pseudónimo. Foram publicados sempre em jornais a que ele dava colaboração e são muitos os pontos de semelhança entre eles. É este o mais antigo.

Corria o ano de 190… A vida romântica tinha perturbado o bem-estar duma família de uma linda vila pela pequena frequência de banhistas, que tornaram a sua praia de parcos rendimentos. Aproxima-se o Natal, cuja festa de largas tradições devia ser triste porque em muitos lares reinava a miséria com todo o cortejo de horrores.
Numa escola de ensino primário andavam a aprender as primeiras letras duas crianças vizinhas, porque viviam perto, mas distanciadas, porque uma era rica e outra pobre.
Apesar da classe distinta, os dois condiscípulos amavam-se reciprocamente e estudavam a lição juntos porque ocupavam a mesma carteira. Algumas vezes o pobre vinha cheio de fome, a tiritar de frio e o rico passava-lhe um trigo para matar a fome.
Quando estava a chegar a Noite de Natal, a criança rica contava ao seu companheiro de estudo a alegria que nessa festa venturosa reinava na sua família com a vinda dos seus irmãos que frequentavam a Universidade, dos seus tios que estavam estabelecidos na cidade de Braga, dos seus primos que regressavam do colégio.
Era, enfim, um dia grande a que não faltariam variadas iguarias, doces muito finos e até os presentinhos do Menino Jesus descidos pela chaminé quando todos dormissem. - E na vossa casa o que há nessa linda noite de ventura e regozijo? - A criança pobre, ruborizando-se o rosto, fechando os olhos e deixando cair uma lágrima, nada respondeu. Mas o rico, logo compreendeu que na mansarda do seu amigo não se faria a Ceia de Natal, porque seus pais, pobres e humildes pescadores, nada tendo ganhado no mar pela invernia, nada podiam dar aos seus filhos!
Na noite do Natal, na casa do rico, tudo era alegria e movimento, os filhos que chegavam, os tios que abraçavam, os primos que cumprimentavam. Tudo era festa, tudo regozijo! Chegada a hora da ceia, todos se dirigem para a sala do jantar cuja mesa posta apresentava apetitosas iguarias. Lar cristão, depois de dar graças a Deus, todos começaram a sua refeição. Em todos os rostos se divisava a alegria, todos comiam com apetite. Só o mais novinho se conservava triste e abatido, sem comer nem beber. Os pais, notando-o, perguntaram-lhe a causa do seu mutismo e a criança nada respondeu. Depois de reiteradas instâncias, o menino, titubeando e lacrimoso, disse: - Em nossa casa tanta fartura e o filho do pescador não tem nada para comer, vai-se deitar sem ceia. - Que coração generoso! O pai, sentindo-o, mandou logo a criada chamar o pobre, sentou-o à beira do seu filho e logo entre os dois amigos se travou a mais animada conversa. Os dois meninos dormiram juntos aquela noite e de manhã, tocando a Missa do Galo na capela do Facho, antes de sair de casa, foram ver o lar e, lá encontrando as prendas, deram graças ao Menino Deus.
Dirigiram-se com a família para a igreja que estava feericamente iluminada, o povo crente enchia por completo o grande templo, o Padre Lindo começa a missa e ao entoar a Glória repicam os sinos, tocam as campainhas, ouvem-se os pandeiros e ferrinhos e levantado o pano aparece o Menino assistido de S. José e Nossa Senhora, bafejado pelo boi e pelo jumento e adorado pelos pastores.
Uma alegria geral se divisa em todos os rostos e finda a cerimónia religiosa com o beijar da imagem do Menino Jesus, saiu o povo do recinto sagrado e cá fora, dando as Boas Festas, regressaram a seus lares entoando os lindos cânticos que escutaram na igreja. Os dois pequeninos eram inseparáveis e comentavam a seu modo a festa e voltaram ao seu lar a receber as ofertas do Menino do Céu!
Esta amizade das criancinhas deu conhecimento à família rica da miséria do lar do pescador que ali recebeu a sua assistência e carinho, desaparecendo da sua mansarda a fome e a nudez. Desta forma, o Menino Deus mais uma vez trouxe à terra a paz, a alegria e a fraternidade.
Bendita seja a festa do Natal! K
A Propaganda, 23/12/1934

É claro que isto decorre na Póvoa, que o Facho é a Lapa, etc.: é o P.e Leopoldino que escreve.

domingo, 13 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (8a)

A Paixão revivida com movimentos

Entre 1838 e 1942, reviveu em êxtase a Paixão de Jesus com uma mímica tal que as poucas pessoas que no seu quarto assistiam entendiam perfeitamente a sucessão dos passos daquela dolorosíssima via-sacra. A sua crueza  escandalizou; mas constituía a garantia divina de que o pedido da Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria era de origem divina.
Depois continuará a reviver a Paixão, mas apenas intimamente, sem sinais exteriores.
A 20 de Janeiro de 1939, durante o êxtase, Jesus afirmou à Alexandrina que ela continuaria a reviver a Paixão daquele modo até o mundo ser consagrado à Mãe (Carta ao Pe. Mariano Pinho). No dia 27 de Março de 1942, sofreu pela última vez a Paixão na sua forma de participação física.
Na sexta-feira seguinte, 3 de Abril, Sexta-feira Santa, não voltou a sofrer a Paixão na referida forma, mas reviveu no seu íntimo as várias fases dela. No mesmo dia, Jesus diz-lhe:
- Não temas, minha filha, que não és mais crucificada. A crucifixão que tens é a mais dolorosa que se pode imaginar na história (SS, 3-4-1942[1]).
A Alexandrina numa das cenas da Paixão (pintura contemporânea).



[1] SS – Sentiments of the Soul, Alexandrina’s largest work, is a kind of diary.

sábado, 12 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (7c)

A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

Quando Churchill afirmou que antes da batalha de Alamein (no Egipto, em 1943) os Aliados não tiveram nenhuma vitória e depois de Alamein não tiveram nenhuma derrota, sem o imaginar, estava a comprovar a decisiva importância da Consagração para apressar o fim da Guerra Memorial.
Isso faz pensar que em Balasar devia ser construído um grande memorial que assinalasse a Consagração.

Citações
- Manda dizer ao teu director espiritual que, em prova do amor que dedicas à minha Mãe Santíssima, quero que seja feito todos os anos um Acto de Consagração do mundo inteiro... Assim como pedi a S. Margarida Maria para ser o mundo con­sagrado ao meu Divino Coração (Cartas ao Pe. Mariano Pinho 1/8/35).

- Minha filha, Eu escolhi-te para coisas mais subli­mes! Servi-me de ti para comunicar ao Papa o desejo que tenho que seja consagrado o mundo à minha Mãe Santíssima (Cartas ao Pe. Mariano Pinho, 1/11/37).
Papa Pio XII a proclamar a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria em 31 de Outubro de 1942.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (7b)

A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

Na vida da Alexandrina
Em 1936, começam as diligências para a Consagração.
Em 1938, inicia a vivência da Paixão com movimentos.
Em 1941, o Pe. Terças publicou um relato da vivência da Paixão que divulga o nome da Alexandrina no país, o que ela de modo nenhum desejava.
Em 1942, começa o jejum e anúria completos, que durarão até à morte; retiram-lhe o Director, Pe. Mariano Pinho.
Fragmento da primeira página do Diário do Minho publicado pela Diocese de Braga na véspera da Consagração. Em cima, à direita, fala das Aparições de Fátima, ao fundo e no cimo esquerdo dá notícias da Segunda Guerra Mundial.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (7a)

A Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria

Em 1935, Jesus pediu à Alexandrina a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, que só se efectuou sete anos depois, em 31 de Outubro de 1942, em plena guerra mundial.
Durante estes anos muita coisa aconteceu no mundo e também na vida da Alexandrina.

No Mundo
Em Portugal, vivia-se sob o regime autoritário de Salazar - que era melhor que o regime tirânico republicano que vigorara de 1910 a 1926.
Na Espanha já desde há anos decorria a carnificina republicana; e entre 1936 e 1939, viver-se-iam os horrores da guerra civil.
Na Itália, dominava o fascismo de Mussolini.
Na Alemanha, Hitler preparava-se para mergulhar o mundo na guerra mundial.
À frente da Rússia estava Estaline, uma das máximas aberrações políticas de todos os tempos.
Em 1939, iniciou-se a segunda guerra mundial, na qual os EUA participaram desde finais de 1941 (Pearl Harbour).
Revolucionários espanhóis fuzilam a imagem do Sagrado Coração de Jesus.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (6)

Na escola de Jesus

A Alexandrina passará 30 anos no leito, dentro das paredes do seu quarto.
A princípio ainda alimentou a esperança da cura, que pedia a Nossa Senhora de Fátima, aparecida na Cova de Iria dez anos antes; mas o que recebeu foi o amor ao sofrimento.
Jesus chama-a entretanto para a sua escola e ela descobriu que o mote orientador da sua vida iria ser: sofrer, amar, reparar.
Jesus convidou-a à crucifixão e ela aceitou a proposta sem hesitar, intrepidamente.
Jesus conduziu-a então aos mais elevados cumes da vida mística e fez-lhe as promessas mais sublimes para o seu papel no mundo e na Igreja.

Quotations
Foi em Setembro de 1934 que eu com­preendi que era a voz de Nosso Senhor e não uma exigência, como julgava. Foi então que Ele me pediu e falou assim:
- Dá-me as tuas mãos, que as quero crucificar; dá-me os teus pés, que os quero cravar comigo; dá-me a tua cabeça, que a quero trespassar com a lança, como Me trespassaram a Mim. Consagra-me todo o teu corpo; oferece-te toda a mim!.. Autobiografia

- Dá-me o teu sangue pelos pecados do mundo. Ajuda-me no meu resgate.
Sem Mim não podes nada; comigo terás poder para tudo, para acudires aos pecadores e a muitas, muitas coisas (Cartas ao Pe. Mariano Pinho: 3/1/35).











A Beata Alexandrina em 1935.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

HONRA E GLÓRIA AO SENHOR NOS ALTOS CÉUS!


Honra e glória ao Senhor nos altos Céus!
Chegou enfim o dia da minha alegria
E de todos os que são verdadeiramente devotos da querida Mãezinha!
Ó Virgem da Assunção, ó Mãezinha Imaculada,
Mais que os Anjos pura e bela!
Criou-Vos o Senhor tão pura, tão pura,
Com a sua mesma pureza,
Criou-Vos para serdes sua Mãe.
Oh, como és bela e imaculada,
Em Ti não há mancha de pecado!
Ó Céus, falai de mim,
Por mim aclamai à Mãe do Senhor e Mãe nossa,
A Rainha dos Céus e da Terra!

Mãezinha, sou tua, faz-me pura!

domingo, 6 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (5)

O Salto

No Sábado Santo de 1918, o dia em que a Alexandrina fazia 14 anos, Lino Ferreira, juntamente com dois emigrantes brasileiros vindos em visita à família, forçaram, com fins criminosos, a entrada da sala onde ela, a Deolinda e mais outra jovem se encontravam. Para se livrar deles, a Alexandrina saltou duma janela abaixo. Aquele salto heróico de três metros e meio afectou-lhe a coluna e veio a imobilizá-la na cama a partir de 1925, com 21 anos. 
A Alexandrina saltou da janela da sua casa identificada pela seta. 

sábado, 5 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (4)

Adolescência

Regressada a Balasar, a Alexandrina foi em breve viver para o lugar do Calvário, para um pequena casa que a mãe herdara. Tornou-se depois catequista e cantora na igreja; era muito activa na prática da caridade e dada à oração, sem perder as suas qualidades de menina brincalhona, ciosa do seu vigor físico.
Aos doze anos, trabalhou durante algum tempo em casa de um vizinho, o Lino Ferreira, que chegou a propor-lhe que se tornasse sua amante e foi para ela um carrasco. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (3)

Na Póvoa de Varzim

Aos seis anos, a mãe enviou a Alexandrina para a Póvoa de Varzim para estudar, onde já estudava a Deolinda. A menina não se aplicou, preferindo dar largas à brincadeira. Quando regressou, sabia pouco do que lhe quiseram ensinar.
Mas a sua passagem pela Póvoa mostrou-lhe a vida urbana duma pequena cidade – muito diferente da da sua freguesia rural –, deu-lhe a conhecer o mar e permitiu-lhe sentir o que era a Igreja sob a perseguição republicana.
As leis despóticas de Afonso Costa eram apoiadas sobretudo pelos sucessivos administradores, Dr. Pedro Campos, Prof. Tomás dos Santos e Santos Graça, e pelos jornais A Propaganda, O Intransigente e O Comércio da Póvoa de Varzim.
Nesta perseguição, o maçónico Santos Graça tem um lugar especial por ter ocupado o cargo mais tempo, por ter feito os arrolamentos dos bens das paróquias, por ter promovido o silenciamento do jornal O Poveiro e o exílio do prior local.
Além disso, sabendo muito bem que o Colégio do Sagrado Coração de Jesus não era das Doroteias, mas sim de uma delas, não as defendeu como era seu dever.
Foi neste período que a Alexandrina fez a Primeira Comunhão e o Crisma.
Altar-mor da Matriz da Póvoa de Varzim; foi frente a ale que a Alexandrina fez a sua Primeira Comunhão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (2)


Infância

Na casa onde nasceu a pequena Alexandrina devia então haver uma grande família: avó, várias tias jovens, porventura algum tio que não tivesse ido para o Brasil e um ou outro pequeno primo, filho do tio Joaquim.
O pai de D. Ana chamou-se António José da Costa e o avô paterno Manuel José da Costa. A sua casa terá chegado a ser uma das abastadas do lugar.
O pai do António Xavier foi José Joaquim Gonçalves Xavier; era padeiro e nasceu em 1838; faleceu em 1905, em 19 de Julho, com 67 anos. Tinha feito testamento em 11 do mesmo mês e ano. Nele, as meninas da Maria Ana, ali de tão perto, não foram reconhecidas como netas pelo avô…
Alexandrina foi uma criança saudável, vigorosa, divertida, vaidosa, com gosto pelo trabalho e com sensibilidade poética para as belezas da criação. Passou a infância no campo, no seu lugar de Gresufes, recebendo uma educação profundamente cristã.

Ao tempo da sua infância foi construída a actual igreja paroquial (entre finais de 1907 e começos de 1910).
Alexandrina nasceu num frio dia de Março frente a esta lareira.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (1)


O nascimento

Os pais da Beata Alexandrina Maria da Costa foram Ana Maria da Costa e António Xavier. Eram vizinhos, mas solteiros. António Xavier emigrou para o Brasil e foi em duas sucessivas vindas que foram concebidas primeiro a Deolinda e depois a Alexandrina.
Quando Ana Maria da Costa engravidou da Alexandrina, ainda antes de a menina nascer, António Xavier cometeu a cobardia de casar com uma rapariga da Póvoa de Varzim.

Confrontada com esta situação, a jovem mãe assumiu-se como viúva e passou a cuidar unicamente do sustento e educação das filhas.
Foi depois uma mulher exemplar, empreendedora e de muita oração.

Muito há-de ter sofrido, mas Jesus prometeu à Alexandrina que levaria a mãe dela para o Céu sem passar pelo Purgatório.
D. Ana, a mãe da Beata Alexandrina.
Gresufes. A seta indica a casa onde a Beata Alexandrina nasceu.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

BEATA ALEXANDRINA (0)


Sabendo embora que há muitas biografias sobre a Beata Alexandrina, escrevi esta breve síntese com um fim específico. Baseei-a principalmente nas obras dos Signoriles.

domingo, 1 de novembro de 2015

Em Balasar no dia de Todos os Santos

Passámos hoje por Balasar. Era pouco depois do meio-dia nesta solenidade de Todos os Santos. Decorria então a Santa Missa, a que presidia o Pe. Lázaro.
Como não trouxemos de lá nenhuma novidade, colocamos aqui duas fotografias: a primeira mostra o adro paroquial pejado de automóveis, a segunda mostra o resultado das últimas obras de restauro da Casa de D. Benta. Havia um parentesco muito distante entre esta balasarense do século XVIII e a família da Beata.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Irmãs da Santa Cruz

Estivemos ontem em Balasar onde se encontravam também algumas irmãs da congregação da Santa Cruz. Sabendo a importância da Santa Cruz aparecida em Balasar e o continuado martírio da Beata Alexandrina faz todo o sentido que tal comunidade se interesse pela Beata do Calvário. Clique aqui para  entrar no site da comunidade."
Veja esta citação que se encontra no site:
"Só quem verdadeiramente ama a Cruz pode cantar com os Anjos o cântico da Cruz."

Mãe Gabriele

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Canonização dos pais de Santa Teresinha

Foram ontem canonizados os pais de Santa Teresinha. Como esta jovem santa era uma devoção tão particular da Beata Alexandrina, o acontecimento merece todo o relevo.
Veja-se aqui.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Descanso eterno ou canto eterno?


Gostamos muito da mensagem que colocámos aqui no dia 13 de Outubro: a boa cantora Alexandrina ia em breve entoar hinos à glória de Deus.
Um dos prefácios da Santa Missa conclui assim:
Por isso, com os Anjos e os Santos, proclamamos a vossa glória, cantando numa só voz:
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo!
O céu e a terra proclamam a vossa glória!
Hossana nas alturas!
Bendito O que vem em nome do Senhor!
Hossana nas alturas!
Este modo de conceber a vida eterna, porque também se trata dela, é bem mais motivador do que “o descanso eterno entre os esplendores da luz perpétua”. O nosso cansaço terreno não precisará duma eternidade celeste de descanso.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quem cantará com os Anjos?


No princípio de Outubro de 1955, a poucos dias do falecimento, a Alexandrina ouve o anúncio da partida.
Hoje, 2 de Outubro, dia dos Santos Anjos, senti que me tocaram num ombro e ouvi cantar os Anjos. Perguntei:
— Quem cantará com os Anjos?
Nosso Senhor respondeu:
— Tu, tu, tu, em breve, em breve, em breve!

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Pe. Mariano Pinho na festa do Sagrado Coração de Jesus de 1942 em Bagunte


No jornal de Vila do Conde a Renovação, de 28 de Fevereiro de 1942, vem esta notícia que informa que o Pe. Mariano Pinho ia em breve pregara Bagunte:

É no próximo dia 4 de Março que principiam nesta freguesia as práticas do tríduo do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa se realiza no dia 8 do mesmo mês.
As práticas e sermões da festa estão confiadas ao distinto orador sagrado Dr. Mariano Pinho.
A parte musical está confiada à menina Maria Gonçalves, gentil filha do nosso bom amigo Sr. António Gonçalves Fontes, e a parte coral a um grupo de meninas desta freguesia.
Oxalá esta freguesia colha frutos abundantes das práticas deste tríduo e que as almas se dêem todas a Cristo a fim de atrair as bênçãos de Deus a todo o mundo, que bem afastado tem andado dele.
Aproveitamos esta boa ocasião para implorar do Sagrado Coração de Jesus a paz para o nosso querido Portugal e para todo o mundo.

No dia anterior,  27 de Fevereiro, a Alexandrina tinha escrito:

Pensava já ter-Vos dado tudo; enganei-me, viestes agora fazer a última colheita. Colhei tudo, colhei depressa e colhei-me depois para Vós.
Dei-Vos definitivamente no dia 20, até quando mo quiseres dar, o meu Paizinho Espiritual. Dei-Vos no dia 24 toda a correspondência que dele tinha, a qual me serviu de luz e encaminhou para Vós.


Significa isto que, mesmo estando ali na freguesia ao lado de Balasar, o Pe. Mariano Pinho não a visitou.

domingo, 20 de setembro de 2015

Carta postulatória do Senhor Arcebispo de Braga


Braga, 13 de Outubro de 1979

Santíssimo Padre

O meu venerando e imediato antecessor de feliz memória, D. Francisco Maria da Silva, iniciou com devoção, em 14 de Janeiro de 1967, e encerrou com alegria, em 10 de Abril de 1973, o Processo canónico para a beatificação e canonização da Serva de Deus ALEXANDRINA MARIA DA COSTA.
Nascida em Balasar, paróquia desta Arquidiocese, em 30 de Março de 1904, ali faleceu em 13 de Outubro de 1955, há precisamente vinte e quatro anos, contando cinquenta e um de idade.
Não a conheci pessoalmente.
No entanto, por várias vias, chegaram até mim, enquanto exerci o múnus sacerdotal em Coimbra e o serviço episcopal em Moçambique e Angola, o eco das suas heróicas virtudes e a fama da auréola de santidade que a envolveu durante a vida – e após a morte.
Verifico agora que a convicção de aquela Serva de Deus ser verdadeira santa está arreigada no povo humilde, tal como nos homens cultos que com ela privaram – nomeadamente sacerdotes e médicos – ou simplesmente a conheceram.
Embora julgue saber que os Bispos de Portugal, constituídos em Conferência, tendo dado o seu apoio ao processo canónico, aguardam como feliz remate a sua canonização, creio dever fazê-lo também a título pessoal, por ser o actual Pastor da Igreja diocesana que ela serviu com as suas orações e enriqueceu com o alto exemplo das suas virtudes durante a vida e após a morte.
O Povo de Deus desta Diocese e circunvizinhas espera ansiosamente a sua glorificação na Terra.
E o Arcebispo de Braga junta a sua voz à do povo humilde mas dotado de sensibilidade e intuição religiosa e leva até junto de Vossa Santidade a expressão viva dos seus ardentes desejos.
Convicto de que a sua glorificação terrestre muito contribuirá para o enriquecimento espiritual da Comunidade cristã, quer na sua configuração local, que mesmo a nível da Igreja Universal, ouso solicitar a Vossa Santidade a graça da próxima beatificação da Serva de Deus ALEXANDRINA MARIA DA COSTA.
+ Eurico Dias Nogueira

Arcebispo Primaz

sábado, 19 de setembro de 2015

Carta do Pe. Heitor Calovi ao Cónego Molho de Faria em 1981 (2)


O Cónego Molho de Faria envolvera-se irresponsavelmente numa situação que agora se tornara embaraçosa e era preciso agora muita humildade para corrigir o mal feito.
O Pe. Heitor Calovi é aqui muito directo e pode até parecer irónico, mas não era com certeza o caso.
Esta carta põe em evidência o papel de motor que os Salesianos tiveram nas várias diligências da Causa e o papel sobretudo burocrático da Diocese.

Do que não restam, dúvidas – pois também dispomos de documentos para o afirmar – é do facto de VR. se ter servido, para elaborar o “Parecer”, das informações veiculadas pela ex-religiosa Maria Machado, melhor dito, das suas acusações e insinuações maldosas e ressentidas, próprias do seu temperamento arrebatado e conflituoso. Da Maria Machado e de outra ex-religiosa, a Felismina dos S. Martins, espírito débil dominado por aquela.
No depoimento da Felismina lê-se o seguinte: “Muito amargurada, resolvi-me escrever uma carta ao meu confessor, o Dr. Molho de Faria, para desabafar. A Teresa F. Matias incitou-me a isto e prontificou-se a ajudar-me a escrever a carta por ser mais esperta do que eu”. Da primeira, é interessante e sintomático verificar como no seu depoimento, em 1965, aparecem como que em embrião certas apreciações que encontramos perfilhadas e desenvolvidas por VR. no “Parecer”.
Foi na base de tais informadoras, sem se preocupar de verificar se quanto elas afirmavam correspondia à verdade, que VR. emitiu o seu juízo negativo, concluindo “nada haver encontrado que ateste algo de sobrenatural extraordinário…”, antes acrescentando “haver indícios seguros para se afirmar o contrário”! Um mínimo de isenção e de preocupação por descobrir a verdade implicava que fosse ouvida a irmã, a mãe, o Pároco, outras pessoas de reconhecido critério e isenção, mas sobretudo fosse ouvida a Alexandrina.
Tem graça! Tenho aqui diante de mim os originais de duas cartas que VR. escreveu ao P. Pinho, uma datada de 2.3.1943 e outra sem data, mas provavelmente anterior à data do “Parecer” (envio-lhe fotocópia das duas). Na segunda escreve textualmente: “No dia 31 de Maio estive em Balasar. Fui chamado ao lugar do Calvário. Disse aquilo que julguei então fazer falta, não pretendendo substituir aquilo que não se substitui, mas ajudar a obra de Deus. Fiquei bem impressionado… Adiantei-me a exigir uma reserva escrupulosa seja diante de quem for, mesmo diante de mim. Sem nada tomar desde Sexta-Feira Santa, lá continua a formidável e misteriosa agonia tão necessária no momento que passa…”
E, na primeira, há passagens verdadeiramente curiosas, que nos deixam perplexos sobre a mudança de linguagem empregue no “Parecer”: “… Li ainda a carta que se dignou enviar, com excertos dos escritos da Alexandrina, em que parece já se vai historiando o acontecimento máximo qual a Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria… Gostei e admirei muito… Admirei sobretudo o espírito de simplicidade e máxima confiança em Deus. Há tanta beleza e exactidão em algumas coisas de real dificuldade teológica que, ao sabermos donde provêm, não podemos não ver claramente o dedo de Deus”.
Fico francamente intrigado e custa-me a acreditar que a mudança de 180 graus operada em VR. a respeito do “caso” da Alexandrina se tivesse processado a partir de informações intriguistas e coscuvilhice. Não quero adiantar mais alvitres, mas deixo à sua consciência a resposta sobre as verdadeiras causas…
E pronto, acabei.
Se com esta minha insistência magoei Vossa Reverendíssima, peço-lhe sinceramente desculpa, mas afianço-lhe que não esteve nas minhas intenções. O que procurei, talvez com uma certa vivacidade – aliás compreensível – foi esforçar-me por fazer ver a VR. a justeza da causa que defendo, não certo para proveito meu, mas sim, repito-o, por amor à Causa e à verdade, que tem de ser o seu suporte.
Com sentimentos de respeito e consideração, creia-me
dev.do (devotado) in Domino (no Senhor)
Pe. Heitor Calovi
(Vice-Postulador)

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Carta do Pe. Heitor Calovi ao Cónego Molho de Faria em 1981 (1)


Esta carta, e há pelo menos outra semelhante, é um documento histórico de grande importância: em 1981, a Causa da Alexandrina estava parada e era preciso que o Cónego Molho de Faria se retractasse de muitas das afirmações infundadas do “Parecer” de 1944.
Porque o documento é extenso, dividimo-lo em duas partes.

Lisboa, 21 de Janeiro de 1981
Reverendíssimo Senhor Cónego
Tenho estado bastante tempo indeciso sobre se haveria ou não de lhe escrever novamente, uma vez que Vossa Reverendíssima deu por encerrado o assunto que esteve na origem da minha recente correspondência. Afirmando que “não há nenhuma oposição entre os dois testemunhos (o de 1944, desfavorável à Alexandrina, e a deposição no Processo Informativo Diocesano, favorável); eles completam-se”, e que na sua “resposta está tudo”, VR. pensa que está tudo bem e que a Causa segue normalmente o seu curso. Mas não é assim. Numa carta que o Postulador da Causa me enviou antes do Natal, ele insiste em advertir que o “Parecer” (de 1944) não pode ir às mãos do Promotor Geral da Fé sem que se lhe junte uma declaração sobre a falta de objectividade das afirmações que nele se fazem a respeito da Alexandrina ou, então, sem explicar em que bases assentam as mesmas afirmações e quais os critérios de credibilidade que tais bases oferecem. A Causa está parada à espera dessa declaração – vinda do Autor do “Parecer” ou, se este se negar, do Senhor Arcebispo. Sim, do Senhor Arcebispo, porque, diz o Postulador, “a Causa, antes de ser dos Salesianos ou do Pároco de Balasar, é do próprio Arcebispo de Braga”, e portanto a ele compete tomar as providências necessárias para o desbloqueamento da situação.
Posso adiantar-lhe que já falei com o Senhor D. Eurico e que lhe entreguei todo o “dossier” referente a este assunto (o “Parecer”, fotocópia das afirmações de VR. ao tribunal de Braga em 1968, cópia da minha correspondência, da sua resposta e da carta do Postulador). Transmiti-lhe igualmente o pedido para que se fizesse depressa, pois é só isto que ainda falta juntar à documentação destinada ao Promotor Geral da Fé.
Como afirmei no início, pensava ter esgotado as diligências que estava incumbido de fazer neste sentido. Há dias, porém, tive conhecimento, pelo Pároco de Balasar, de que VR. estivera de visita à campa da Alexandrina no primeiro sábado deste ano… Decidi-me, então, fazer à sua compreensão – para não dizer à sua consciência – um último apelo que, a ser correspondido, viria abreviar este compasso de espera em que a Causa se encontra.
O que VR. deveria declarar é mais ou menos o seguinte:
“No “Parecer” por mim elaborado em 16.6.1944, como Presidente da Comissão de Teólogos encarregada pelo Senhor Arcebispo Primaz de Braga de estudar o caso da Alexandrina de Balasar, foram feitas diversas afirmações acerca da mesma Alexandrina que não se basearam num conhecimento directo da Serva de Deus (nunca foi interrogada por nenhum dos membros da Comissão), mas tão-somente em informações colhidas de viva voz, e por escrito, de pessoas de Balasar que eram notoriamente movidas por sentimentos malévolos contra a mesma Alexandrina”.
Reconhecendo que o documento – ao menos no respeitante às afirmações negativas sobre o comportamento da Serva de Deus – está viciado à partida por esta falta de objectividade, o seu valor probativo cai completamente, pese embora o crédito e o aval que na altura o Senhor Arcebispo lhe deu.

Confirmo, pois, tudo o que expus a VR. na minha carta do ano passado e asseguro-lhe que não me move nesta insistência outra razão que não seja o amor à Causa e à verdade. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Carta postulatória do Bispo de Setúbal D. Manuel da Silva Martins

Chegou-nos recentemente às mãos cópia da carta postulatória do Bispo de Setúbal D. Manuel da Silva Martins a pedir ao Santo Padre a Beatificação e Canonização da Alexandrina. É um notável, sereno, belo testemunho:
Beatíssimo Padre
Humildemente venho rogar a Vossa Santidade que eleve às honras dos altares a Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa que, depois duma vida de exemplo heróico de amor a Deus e ao próximo, admirada e venerada por todo o Povo de Portugal, faleceu em odor de santidade em 13 de Outubro de 1955, na pequena aldeia de Balasar, da Arquidiocese de Braga.
Conheci pessoalmente a Alexandrina; visitei-a várias vezes, chegando até a ministrar-lhe a Sagrada Comunhão; assisti, maravilhado, a um dos seus êxtases. Tudo nela me impressionou e edificou profundamente.
Estou convencido que era verdadeiramente uma alma de Deus e era evidente o amor especial com que o mesmo Deus privilegiava esta Sua Serva.
Pouco ou nada inclinado à aceitação destes fenómenos de “santidade” que aparecem um pouco por todo o lado, no caso presente julgo coram Deo que se trata realmente de um fenómeno de real e extraordinária santidade.
Permito-me, pois, com tanta gente de Portugal, pedir confiadamente a Vossa Santidade que, se for para honra e glória de Deus, proclame solenemente a santidade desta nossa companheira de testemunho Alexandrina Maria da Costa.
Setúbal, Portugal, 17 de Outubro de 1979.
+ Manuel da Silva Martins, Bispo de Setúbal

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Novo número do Boletim de Graças

Se o número passado do Boletim de Graças nos pareceu estar abaixo do nível habitual, este melhorou francamente.
Além da Reparação, tema maior da mensagem da Beata, salientamos a notícia, por Maria Rita Scrimieri, dum eloquente testemunho de uns poucos de peregrinos filipinos. Encantador.
Gostámos também de ver a notícia ilustrada do falecimento da D. Eugénia Signorile, o testemunho de um antigo visitante da Alexandrina e um trabalho sobre o Pe. Leopoldino com o anúncio duma palestra sobre este antigo pároco de Balasar.

A concluir, faz-se um apelo no sentido de as pessoas emprestarem aos responsáveis da causa quaisquer escritos que possuam (foi já a pensar nele que transcrevemos o que vinha no caderninho da Felismina Martins). 

sábado, 5 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (5)

O último fragmento do caderninho da Felismina Martins já o tínhamos transcrito. Veja-se aqui. É de 1943, do dia 16 talvez de Junho. A Felismina já estaria a preparar-se para deixar a casa da Alexandrina. É uma mensagem que incentiva à luta.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (4)


Nestes êxtases, a Alexandrina ainda não faz o seu enquadramento narrativo, como acontecerá mais tarde. Os temas deste reaparecem em muitos outros.
Isto não é a versão oficial por isso pode haver erros de copista, como há. Como tenho feito, corrijo os de ortografia e pontuação, mas desta vez assinalo com itálico dois de redacção.
Desconheço o canto final. Se algum dos leitores o conhecer, agradeço que o transcreva em comentário.
  
Sexta-feira dolorosa, 4 de Abril de 1941

- Que lindo, que encantador que é o Céu! Como é bela e deliciosa a morada que Jesus preparou para as almas que O amam!
Ditosa a alma que ama a Jesus e só a Ele tem por esposo! É mais feliz que os Anjos. O anjo ama a Jesus e é puro porque Jesus o criou puro. A alma que ama a Jesus e é esposa de Jesus sobe alto e muito alto.
Ó alma ditosa, ó alma abrasadora, que és mais do que os Anjos!
Vive, alma amante, só para o teu Deus! Vive, alma amante, só para Lhe dares as almas!
A consolação de Jesus está em receber em Si os pecadores. Toda a alegria de Jesus está em possuí-los em seu divino Coração.
Jesus é louco pelas almas que Lhe dão almas. É por isso que Jesus todo Se enlouqueceu pela sua Alexandrina. É por isso que Jesus a ama e Jesus lhe quer como a nenhuma outra alma.
- Jesus, que véu negro veio cobrir o meu coração! Agradeço-Vos o vosso amor, agradeço-Vos a vossa loucura comigo, mas confunde-me e envergonha-me. Estou coberta de defeitos, só vejo em mim misérias.
Quase que não posso consentir a loucura do vosso amor por mim. Que Vós amásseis, que Vos enlouquecêsseis pelas almas puras que Vos amam, agora que descêsseis tão baixo, ao mais baixo que encontrais na terra…
- É debaixo de todas essas misérias, de toda essa pequenez que Jesus encobre toda a sua grandeza e amor.
Se Jesus não tinha onde Se esconder, logo era descoberto. Jesus quer esconder-Se na sua heroína para que ela seja pequenina e vá passando e vá despercebida aos olhos do mundo.
Jesus quer fazer da louca da Eucaristia grande, muito grande, mas só depois da morte. É por isso que caiu sobre ela as humilhações e o mal-entendido.
Jesus é grande nas almas pequeninas. Foi desde sempre que Jesus só com os pequeninos se encontra bem.
- Quero ser assim pequenina para oferecer ao meu Jesus o lugar mais consolador onde Ele Se possa encontrar.

Já vou ver o meu Jesus!
Já vou ver o meu Jesus!

Depois cantou assim:

Estava a Virgem chorosa
No Calvário, agonizante.

Etc.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O caderninho da Felismina Martins (3)


Este terceiro fragmento, que também parece um êxtase muito completo, vem de 9 de Maio de 1941, de quando se preparava a consagração do mundo devastado pela guerra ao Imaculado Coração de Maria.

- Escutai atentos!
Se não fosse a crucifixão desta heroína, já a voz do canhão tinha soado em Portugal!
Convertei-vos, pecadores, abrasai-vos, corações!
Ainda é tempo de vos salvardes! Jesus chama e espera.
O Eterno Pai prepara-se para castigar. Jesus exige de Portugal uma contínua oração.
Se se levanta depressa e se reconcilia com o seu Deus, será salvo.
Há uma força na terra irresistível ao Coração de Deus: Jesus atende às almas que O amam, Jesus atende às almas que por Ele se deixam crucificar.
Neste Calvário está o farol que ilumina o mundo e atrai para si as bênçãos do Céu.
Jesus delicia-Se no arminho desta alma, Jesus consola-Se na pureza. É dele que recebe o mais puro e santo amor, é da heroína deste Calvário que Portugal tudo tem de esperar.
- Jesus, não posso resistir a mais. Que vergonha, que confusão a minha!
Não vedes como estou manchada? Não vedes como estou cheia de defeitos?...
Sei que não enganais nem Vos podeis enganar. Perdoai-me, mas quero dizer-Vos que Vos confundis comigo.
Jesus sorriu-Se com o seu sorriso divino.
- É na humildade que está toda a consolação e glória de Jesus, é na pequenez da alma que Jesus Se exalta.
Jesus deixa estas manchas para nelas Se esconder. Jesus esconde-Se na alma que vive só, escondida.
Jesus quer dizer tudo da sua heroína, da pupila dos seus solhos.
Quanto mais a alma se humilha, mais Jesus a há-de exaltar. Quanto mais a alma se diz pobre, Jesus mais a há-de enriquecer.
Jesus eleva-se às alturas (?) pela alma que de rastos quer viver.
Que loucura de amor Jesus tem pelos corações puros e inocentes!
Jesus enlouquece-Se pela alma que Lhe dá almas.
- Ó Jesus, enlouquecei-Vos por mim e fazei-me enlouquecer por Vós!
Eu quero dar-Vos almas, quero salvar-Vos a humanidade.
- Avante, ó louca da Eucaristia, pede oração e penitência!
A oração e a penitência e as vítimas de Jesus são a salvação da humanidade.
- Imolai-me, Jesus, a cada momento, não me poupeis a dor, mas poupai o mundo aos tremendos castigos do Eterno Pai!

Já vou ver o meu Jesus, está tão triste o meu Amado!

Está triste o meu Jesus,
Chora lágrimas de dor.
Quer salvar o mundo,
Quer salvar o pecador.

Vem, vem, pecador,
Vem contrito,
Vem contrito e arrependido!
Vem, vem, vem,
Vem ao Sacrário,
Nele mora o Infinito!

Jesus, vem ao meu coração! Se Te possuo, nada mais quero, meu Senhor!
Tu és a minha riqueza, ó meu amor da Eucaristia!
Tu és a minha loucura, ó Amor sacramentado!
Vem, Jesus, vem depressa para mim!
Quero-Te amar, quero-Te possuir!
Vem, ó loucura do meu coração, abrasa-me com os raios do teu amor!

Vou descansar, meu Jesus (?).
- Ó Mãe, salva Portugal!
Ó Mãe, com as tuas dores!
Ó Mãe, salva Portugal
E converte os pecadores!
Mãezinha, roga por nós a Jesus.
Ó Mãe, ó Mãe, atende a tua filhinha!
Não quero a guerra em Portugal, quero paz no mundo inteiro!

Não esqueças os meus pedidos, ó Mãe!