terça-feira, 27 de setembro de 2011

Assalto em Balasar

Ontem foi assaltada com explosivos a caixa automática multibanco da sede da junta de freguesia de Balasar. Veja aqui a notícia.
Sede da Junta de Freguesia de Balasar. A caixa do multibanco ficava na entrada principal.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Que me espera agora no novo ano?

Via todos os sofrimentos passados durante o ano sem nenhuns me pertencerem nem nenhumas orações; se me pertenceram, mal nasceram, morreram. Estava a terminar o ano e eu sem nada ter que dar a Jesus. Principiei a ver de tal forma a minha miséria, o meu nada!
Recordava o meu Pai espiritual prisioneiro e a sofrer tanto por minha causa! Pensava em todas as luzes que me foram tiradas e que tanta falta me fizeram para me guiarem e aproximarem de Jesus. Pensava no meu médico assistente e pessoas queridas que tantos cuidados, carinhos e amor me têm dispensado. E eu assim, tão nada e miserável! Não pude resistir, principiei a chorar.
Ó meu Jesus, ai, tantos cuidados e passos perdidos por minha causa! Ai, o que eu sou e a quem eles pensam fazer as coisas! Recompensai-os, meu Deus, enchei-os de Vós, do Vosso amor.
Foi um dia cheio de amargura. Recebi alguns mimos que me deram alegria. Quando a alma principiava a senti-la, a saboreá-la, logo vinha Jesus com um corte separar tudo. Faça-se a Vossa vontade, ó meu Amor, por Vosso amor.
À meia-noite agradeci a Jesus todos os benefícios recebidos durante o ano e tudo o que me tinha feito sofrer. Pedi para que rezassem comigo um Te Deum em acção de graças. Terminado ele, acrescentei:
Obrigada por tudo, meu Jesus, por toda a dor e por toda a alegria. Perdoai as minhas ingratidões para convosco. Que me espera agora no novo ano? Mandai-me o que quiserdes, Jesus, que tudo aceito, mas não me falteis com a graça precisa e dai-me todo o Vosso amor.
Sentimentos da Alma, 31.12.1944

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Correias em Balasar


Já aqui abordámos várias vezes temas históricos de Balasar, não nos lembramos porém de alguma vez nos termos referido aos Correias que por lá passaram na Idade Média. O facto é que eles possuíram nesta freguesia largas propriedades – toda a freguesia de Gresufes – e tiveram interesses no Casal. No Casal esteve mesmo o pai – Pêro Pais Correia – duma notabilidade peninsular – Paio Peres Correia, que foi certamente uma das figuras cimeiras da Europa do seu tempo. Na Praça Maior de Salamanca existe um medalhão que o recorda (existe outro em Burgos). Para mais informação sobre os Correias e sobre Paio Peres Correia em particular, veja-se a página que lhes dedicámos.

Medalhão que representa Paio Peres Correia na Praça Maior de Salamanca.

sábado, 10 de setembro de 2011

“Richeldis de Faverches and Our Lady of Walsingham”


Novo DVD das Mary's Dowry Propductions 

“Richeldis de Faverches and Our Lady of Walsingham”


As incansáveis irmãs Bevans lançaram novo DVD. Parece ter um alcance cultural e de divulgação do Catolicismo muito grande. Veja aqui.
Para Nossa Senhora de Walsingham, abra aqui.
Ou  aqui para outras hiperligações relacionadas com o DVD.

O DVD sobre a Beata Alexandrina vai ser passado na EWTN… para o mundo!

sábado, 3 de setembro de 2011

Um tratado de mística

O nosso (do autor deste blogue) conhecimento de mística é muito limitado, apesar de há dez anos estudarmos a Beata Alexandrina. Como o Dr. Dias de Azevedo e cremos que também o P.e Humberto recorriam à exposição de J. G. Arintero Evolución Mística, procurámos o livro e descobrimo-lo em linha, ao menos em parte, aqui.


Tradução da informação da Wikipédia alemã sobre J. G. Arintero:

"Juan González Arintero OP (nascido em 24 de Junho de 1860, faleceu em 20 de Fevereiro de 1928), dominicano desde 1875, padre católico, teólogo espanhol, ensinou, principalmente em Salamanca, apologética e teologia espiritual. Fundou em 1921 em Bilbau a revista La Vida Sobrenatural, a primeira das revistas de teologia mística. Esta foi modelo para outras revistas europeias, como o Revista de Ascese e Mística (Zeitschrift für Aszese und Mystik, Innsbruck 1926).
Arintero é um dos fundadores da espiritualidade moderna. A sua importância reside no fato de que sua abordagem integrativa ajudou a superar a separação neo-escolástica de ascese e mística. Tópico de interesse é também a sua eclesiologia evolutiva. A dimensão mística da Igreja (Corpus Christi mysticum) é o princípio da sua realização colectiva e conclusão".

A Revista de Ascese e Mística foi fundada provavelmente ao tempo em que o P.e Mariano Pinho estudava em Innsbruck.

Águas passadas…


Este valioso artigo do Dr. Dias de Azevedo aborda, como ele informa logo a começar, o tema das referências da imprensa à Alexandrina e ainda a sua inédia. No que à imprensa diz respeito, escaparam dois artigos saídos em 1947 no Jornal de Notícias, em 4 e 11 de Novembro. Para que não fiquem dúvidas, colocamos cópia de parte do primeiro desses artigos, em cujo cimo se vê a data da publicação.

Um colega amigo perguntou-me há meses a data das referências, pró e contra, ao “caso” de Balasar, e quais as revistas e jornais em que foram feitas.
Prometi-lhe dar essa relação, mas fui adiando a resposta. Novamente insistiu esse colega em que não esquecesse o que lhe prometi, querendo saber também quantos internamentos oficiais foram feitos para registar e constatar a total abstinência alimentar da nossa saudosa Alexandrina. Agora que se trata dos preparativos para o processo da sua beatificação, vem a propósito relembrar essas referências pedidas. Vou satisfazer, na medida do possível, a natural curiosidade desse meu colega, neste boletim.
O Sr. P.e Terças, no seu quinto volume da Vida de Cristo, narrou e anotou os factos que viu, em casa da Alexandrina, em 29 de Agosto de 1941. Muito e muito contristou aquela mártir de Balasar essa narração, que vinha divulgar o que se passava o mais oculto possível.
Depois, a Brotéria, em Janeiro der 1942, numa nota a pág. 83, critica a referência daquilo que chama “pretensos fenómenos místicos”, dizendo ainda que o que se atribui a um sacerdote da Companhia é “da exclusiva responsabilidade pessoal deste”. Mais tarde, a Brotéria, em Janeiro de 1947, classifica a Alexandrina de visionária, e eu, em 24 de Fevereiro seguinte, dei-lhe, n’ O Comércio do Porto, a resposta que entendi ser justa.
Depois, em 20 de Junho e 1 de Agosto de 1953, O Gaiato publicou duas notas, a que respondi, no Diário do Norte, em 30 de Junho, 7 de Julho e 4 de Agosto do dito ano. A resposta de 30 de Junho começou assim:

Depois de ligeira leitura, veio-me à memória aquele triste caso de S. Leonardo de Porto Maurício ter ido dizer ao Papa que S. Paulo da Cruz e seus companheiros eram homens perigosos e intrujões. Não teria ido de bom grado e sim por obediência, mas foi – este é o triste facto. No entanto, estes dois santos e grandes missionários foram canonizados no mesmo dia.

Em 5 de Agosto, 13 de Agosto, 17 e 21 de Outubro, o Jornal de Notícias publicou artigos pró e contra o Caso de Balasar e o Jornal do Médico também publicou artigos pró e contra em 8 de Agosto, 19 de Setembro, 10 de Outubro, 17 de Outubro, 24 de Outubro, 14 de Novembro e 26 de Novembro de 1950.
Foram nos jornais publicados um ou outro artigo, mas não tenho presentes as datas.
Sobre o internamento oficial da Alexandrina, houve um de 40 dias, rigorosíssimo, no Refúgio da Paralisa Infantil, na Foz do Douro, terminando o relatório dos médicos por dizer que não sabiam explicar clinicamente a vida das Alexandrina com a sua abstinência alimentar absoluta.
Atendendo a tudo isto, o Sr. P.e Mariano, S.J., o primeiro director espiritual da Alexandrina, escreveu no seu interessante e segundo livro No Calvário de Balasar, a pág. 187, o seguinte:

Novos espinhos: concluído o rigoroso exame de quarenta dias sobre a abstinência total de sólidos e líquidos por parte da Alexan­drina, parece deveriam os adversários do caso, ao menos por prudência, calar-se. Mas nada disso: recrudesceu mais o seu zelo.
Houve até quem, ouvindo falar do exame, acorreu pres­suroso ao Dr. Gomes de Araújo, antes que ele entregasse o seu relatório, a preveni-lo que “devia ter cuidado com o dito relatório, porque a Doente de Balasar era uma impostora... Que ficasse certo que se tratava de uma mistificação...” […]
Pareceu então ao Dr. Manuel de Azevedo ser de to­da a conveniência que a Autoridade eclesiástica competente estudasse o caso e desse o seu parecer e orientação; e assim o significou ao Sr. Arcebispo Primaz várias vezes.

Foi tudo isto verdade; além disso, o Sr. Prof. Doutor Carlos Lima e eu afirmámos no nosso relatório que às sextas-feiras a Alexandrina representava fenómenos que julgávamos pertencer à Mística, que se pronunciaria sobre a sua classificação.
Ora, desta vez, em 1953, foi resolvido que o Sr. P.e Dr. Luís Filipe Caballero, antigo assistente na Faculdade de Medicina, em Espanha, se encarregasse, directa ou indirectamente, de fazer o estudo desses fenómenos, que muitos chamam e chamarão místicos, até que a Autoridade Eclesiástica se pronuncie em contrário.
Mas o Sr. P.e Dr. Luís Filipe Caballero resolveu pedir o auxílio de um neuro-psiquiatra, creio que bom médico, mas ateu, que queria constatar, em internamentos hospitalares, a inédia da Alexandrina, mas sendo vigiada, de dia e de noite, por médicos. Eu, como médico assistente, concordava com essa vigia ou estudo, mas feita na casa da Doentinha por mulheres, contratadas por eles, saindo de casa, para outra, todas as pessoas da família da Doentinha, responsabilizando-me por todas as despesas. Isto é, eu não queria que a Doentinha saísse de casa porque o seu estado não o permitia, sendo dessa opinião o Sr. Prof. Carlos Lima e o Sr. Dr. Gomes de Araújo.
Podiam fazer, de novo, o estudo das faculdades mentais da Doentinha e verificar, mas na casa dela, ocupada só por pessoas da confiança dos Srs. P.e Dr. Luís Filipe Caballero e do neuro-psiquiatra. Claro que a Autoridade Eclesiástica não tinha desta vez manifestado qualquer desejo, que a Doentinha cumpriria, ainda que morresse na viagem. Não obtendo resposta sobre o novo estudo que queriam fazer, eu escrevi a seguinte carta:

Ex.mo Sr. Dr. P.e Luís Filipe Caballero

Primeiramente, saúdo V.ª Ex.ª, dando-lhe a informação que as visitas à Doentinha de Balasar estão suspensas há quinze dias, não a visitando ninguém, a não ser uma ou outra pessoa sua antiga conhecida ou conhecida de pessoas da família da Doentinha, a fim de tratarem assuntos seus, particulares ou familiares. Pode ser, pois, marcado o dia da nossa primeira visita e serem iniciados os estudos neuro-psíquicos e ser principiada a verificação da abstenção total de alimentos, na Doentinha, parecendo-me na verdade desnecessário esse estudo da sua abstinência alimentar, como muito bem diz, numa carga a mim dirigida, o Sr. Doutor Carlos Lima, um dos antigos relatores.
Pensando bem na dificuldade da deslocação da Doentinha, quis interrogar sobre ela o Professor Sr. Dr. Carlos Lima e o Sr. Dr. Gomes de Araújo. Responderam-me que a deslocação era cheia de perigos e que estavam prontos a dizer isso mesmo numa conferência sobre o caso. Mais disse o Sr. Dr. Gomes de Araújo que estava pronto, se assim o quisessem, a completar o seu Relatório, em que disse que se aguardava que uma explicação fizesse a verdadeira luz. Por isso, parecia-me não ser desacertado, mas antes conforme à nossa deontologia, ouvir esses dois senhores médicos, que conhecem há anos a Doentinha, e por terem sido dos primeiros relatores do estudo clínico de há anos, e cuja cópia apresentei a V.ª Ex.ª, aproveitando eu agora o ensejo de rogar a fineza de não serem extraviados esses meus vários documentos a V.ª Ex.ª justamente confiados. No entanto, V.ª Ex.ª resolverá o que julgar mais conveniente sobre ouvir ou não esses dois médicos mencionados, ficando eu isento de qualquer futuro melindre desses Senhores.
Nenhum destes se melindrariam se o estudo fosse agora feito somente por V.ª Ex.ª, mas, desde que sejam ouvidos outros Senhores, parece-me que era bom ouvir também o Sr. Professor Dr. Carlos Lima e o Sr. Dr. Gomes de Araújo.
Posto isto, e para assentar as bases do estudo clínico da Doentinha, sem divergências de maior, eu quero dizer a V.ª Ex.ª o que julgo ser o meu dever, como médico assistente dela.

1.º - O estudo dessa Doentinha, para base do seu estudo ascético-místico, parece-me consistir principalmente em verificar o seu estado psíquico e ser constatada, de novo, se assim o quiserem, a sua abstinência alimentar. Este estudo será feito, sob vigilância contínua e juramento de religiosas ou mulheres de vida séria, podendo ser até descrentes, se assim o quiserem, mas da confiança de V.ª Ex.ª, não concordando que essa vigilância seja feita por homens, ainda que médicos, principalmente de noite. Sob este ponto de vista, o da vigilância da inédia da Doentinha, o nosso depoimento não será mais valioso do que o depoimento de pessoas fidedignas e do conhecimento de V.ª Ex.ª.
Como já disse, esse estudo já foi feito, durante 40 dias, e deveria bastar, como escreveu o Sr. Prof. Dr. Carlos Lima, mas faça-se o que, nesse sentido exposto, V.ª Ex.ª entender. O que agora interessa e faz falta é o estudo dos Teólogos, e para estes principiarem esse estudo bastaria verificar o estado normal das faculdades mentais da Doentinha.

2.º - Como médico assistente da Doentinha, não posso aprovar nem a deslocação dela, pois eu apresento a sua casa nas devidas condições de ser rigorosamente observada a sua abstinência alimentar, nem ainda qualquer exame traumatizante ou qualquer colheita de líquido céfalo-raquidiano, podendo ser feito o respectivo hemograma.
Para base do estudo dos Teólogos parece-me haver só duas coisas essenciais a verificar, se quiser fazer tábua rasa do que já foi feito: a verificação da sua inédia e o estudo psíquico da Doentinha. O resto é secundário e só serve para estabelecer divergências e martirizar a Doentinha, bem digna dos nossos maiores respeitos.
Podendo nós fazer uso desta carta conforme acharmos justo e conveniente, agradecendo e aguardando uma resposta, subscrevo-me com muita consideração e respeito

De V.ª Ex.ª Att Vener. E Mt. Obgd.º

Ribeirão, 14 de Julho de 1953.

Manuel Augusto Dias de Azevedo

Boletim de Graças, 1966, nº 105