Sobre este hino escreve o Pe. Humberto Pasquale que ele “em o ritmo dum salmo” e que “é pontilhado de arrebatamentos poéticos e percorrido pelo ardor seráfico de Francisco de Assis”. O P.e Mariano Pinho fala dele como “canto precioso de louvor que recorda o Canto ao Sol de S. Francisco ou o Benedicite”. O Casal Signorile, por sua vez, chama-lhe “estupendo Cântico de Oferta”: “o seu amor (de Alexandrina) abrasado, incontido, transbordando do coração cheio, irrompe num estupendo Cântico de Oferta”.
Uma vez veio a Balasar um bispo que era professor do ensino superior. Na Missa fez uma homilia muito cuidada, concluindo-a com a leitura do Hino aos Sacrários. Houve depois um sacerdote que lhe disse que a parte mais feliz da sua alocução tinha sido sem margem para dúvidas o final. Como o autor deste blogue esteve presente, pode confirmar inteiramente tal opinião.
O poema não recorre à imagem ou à metáfora, recorre antes aos processos elementares da repetição e da enumeração, e é abrangente: as suas dez estrofes, terminadas em refrão, convocam todo o Universo para o louvor de Jesus na Eucaristia.
“Longe do Céu, longe de Jesus estão todos os que estão longe do sacrário.
Eu quero almas, muitas almas verdadeiramente eucarísticas”, dirá um dia o mesmo Jesus à Alexandrina.
Reveja-se o hino:
Reveja-se o hino:
Ó meu Jesus, eu quero que cada dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que respirar, cada segundo das horas que passar, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu quero que cada movimento dos meus pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu quero que cada letra das orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que cante ou oiça cantar, sejam
actos de amor para com os vossos Sacrários.
Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, oferecida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam
actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas oferecidas pétala por pétala, todos os grãozinhos de sementes e cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como
actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorjeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, como
actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, como
actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como
actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra, o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse tudo fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos como
actos de amor para os vossos Sacrários.
Autobiografia