quinta-feira, 30 de abril de 2015

Quando quiseram remeter a Beata Alexandrina ao silêncio (4)


Tu cá tu lá com uma das três

Nova transcrição de Sob o Céu de Balasar:

“Aquela que fora instrumento da dolorosa intriga manobrada pelas duas mais astutas e malignas adversárias da Serva de Deus, dois anos mais tarde entrou em si e pediu um encontro com a doente.
Alexandrina, sem a nomear, fala disso no seu diário (14 de Março de 1945):


Na segunda-feira, ainda antes de receber o meu Jesus, chegou a Deolinda junto de mim e disse-me que na igreja lhe tinha pedido para visitar-me a pequena que tinha vivido connosco. Eu ansiava esta reconciliação, não pelo grito de a minha consciência me acusar culpada, mas porque entendia que entre pessoas piedosas não devia existir nada disto, pois seria motivo de mau exemplo e de desgostar a Jesus.
Até esta ocasião, quando pensava se um dia viria a ver à minha frente quem tanto me tinha feito sofrer, embora irreflectidamente, sem o pensar, parecia-me que seria o mesmo que me darem uma punhalada no coração e me tirarem a vida. Tinha os desejos que isto acontecesse, mas tinha medo de não resistir.
No momento em que minha irmã me disse isto, Jesus transformou-me a minha alma. Deixei de sentir o golpe que me parecia ser dado com a presença dessa pessoa. Fiquei indiferente a tudo, como se de nada me interessasse.
Ao receber o meu Jesus, entreguei-Lhe o caso, para Ele resolver conforme a Sua divina vontade. Passei o dia em sobressalto, receosa sempre de não fazer a vontade de Nosso Senhor. E os sofrimentos foram aumentando.
Hoje, veio-me a notícia, pouco depois de comungar, que, talvez ainda de manhã, tivesse de receber essa visita. Voltei-me para o Sagrado Coração de Jesus e disse-Lhe:
- Meu Jesus, fazei que a receba com a bondade e amor do Vosso Divino Coração. Dai-me a Vossa humildade, fazei que eu esqueça a dor que me causou, como quero que esqueçais a dor e a ingratidão que para Vós tenho tido. Ó Mãezinha, pela Vossa agonia junto à cruz, pelas Vossa dores, fazei que eu proceda de modo a dar toda a consolação a Jesus e o maior proveito para as almas.
Recebi-a com sorriso, com a maior mansidão possível. Tive de vencer-me, fazer muita violência sobre mim mesma. O coração sufocado, por vezes não podia falar nem respirar. Fiz-lhe compreender o seu mau procedimento e, quando me pediu desculpa e perdão, disse-lhe:
- Se Nosso Senhor não te castigar sem eu Lhe pedir, por eu Lhe pedir também, não te castiga. Eu quero esquecer tudo, como quero que Ele esqueça a minha ingratidão e a do mundo inteiro.
O meu coração encheu-se de compaixão por ela e de toda a alma lhe perdoei, via nela Nosso Senhor.

Aquela jovem (a Felismina) fora recebida em casa da Serva de Deus quando, ainda pequena, os seus pais tinham caído na mais escura miséria. Com ela fora recebida também a sua irmãzinha mais nova, para quem Alexandrina, depois, veio a angariar o enxoval, a fim de poder entrar numa congregação religiosa.
‘Quem diz que ama a Deus e não ama o seu próximo é mentiroso’, ensina S. João Evangelista”.

Repare-se a Beata Alexandrina avaliou de modo dramático as ofensas recebidas. Só podiam ter sido muito graves.

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