Esclarecimento da Felismina
Pensamos que este esclarecimento é parte da deposição da
Felismina no Processo Informativo Diocesano. É um documento elucidativo, que o
Pe. Humberto transcreveu no Cristo Gesù in Alexandrina.
Morei na casa da Alexandrina
doze anos, tratada como irmã e pessoa de família. Foi nos anos da maior
pobreza, em que sofremos muito e precisamente no período em que foi atormentada
pelo demónio que a deitava abaixo da cama e era preciso segurá-la para que não
se ferisse. Mantive segredo de tudo, mesmo se alguém da freguesia às vezes me
perguntava se era verdade que se levantava da cama. Também assisti ao fenómeno
da paixão muitas vezes.
Eu tinha um
temperamento mau e a Alexandrina fazia-me reparos. Como é natural, não gostava,
mas estimava-a muito
Foi-me difícil suportar
o temperamento da mãe, mesmo se a Alexandrina intervinha com conselhos, que eu
não queria aceitar. Falei disso ao Pe. Pinho, queixando-me e ele disse-me: - Muitas
vezes o Senhor esconde as virtudes duma pessoa por baixo de pequenos defeitos.
Quando sucederam as
coisas desagradáveis duma das primas e vi que a Alexandrina a recebia como se
nada se tivesse passado e lhe dava toda a confiança, não consegui conter-me.
Comecei a
frequentar a casa de Maria Machado e a confidenciar com ela; e também com a
Teresa Matias. Tendo de sair às vezes em trabalho, ficava fora mais do que o
preciso. A Alexandrina começou a perguntar-me o motivo das demoras, aconselhando-me
a não me comportar assim para não desgostar a mãe.
Por tudo isto
resolvi tornar-me independente. Fui encorajada pela Machado, que me ajudou a encontrar
casa. E um dia, mesmo que com saudade, saí de lá para sempre. Isto foi em 1944.
Naturalmente fiquei
abalada quando tive a impressão de ter perdido a confiança de toda a família e
dos amigos que visitavam a doente. Magoada, tomei a decisão de escreve uma
carta ao Cón. Molho de Faria, meu confessor, a título de desabafo. Teresa Martins
incitou-me a fazê-lo e assim, mais prática do que eu, ofereceu-se para me
ajudar a escrever. Já passaram tantos anos que já não recordo bem o que
escrevi. Recordo contudo que pus duas frases contra a Alexandrina.
Deus não permita
que seja um obstáculo para a causa dela, tanto mais que ela foi sempre muito
boa para mim e me quis sempre bem. Ajudou-me a comprar a casa e ajudou os meus
pais; no fim da sua vida pagou-me parte das despesas para um curso de
exercícios em Fátima.
Notei que depois de
sair de lá não me autorizava aos êxtases de sexta-feira, mas limitava-se a dizer-me
para pedir autorização a um sacerdote, o que eu fiz.
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