quarta-feira, 29 de abril de 2015

Quando quiseram remeter a Beata Alexandrina ao silêncio (3)

Esclarecimento da Felismina

Pensamos que este esclarecimento é parte da deposição da Felismina no Processo Informativo Diocesano. É um documento elucidativo, que o Pe. Humberto transcreveu no Cristo Gesù in Alexandrina.

Morei na casa da Alexandrina doze anos, tratada como irmã e pessoa de família. Foi nos anos da maior pobreza, em que sofremos muito e precisamente no período em que foi atormentada pelo demónio que a deitava abaixo da cama e era preciso segurá-la para que não se ferisse. Mantive segredo de tudo, mesmo se alguém da freguesia às vezes me perguntava se era verdade que se levantava da cama. Também assisti ao fenómeno da paixão muitas vezes.
Eu tinha um temperamento mau e a Alexandrina fazia-me reparos. Como é natural, não gostava, mas estimava-a muito
Foi-me difícil suportar o temperamento da mãe, mesmo se a Alexandrina intervinha com conselhos, que eu não queria aceitar. Falei disso ao Pe. Pinho, queixando-me e ele disse-me: - Muitas vezes o Senhor esconde as virtudes duma pessoa por baixo de pequenos defeitos.
Quando sucederam as coisas desagradáveis duma das primas e vi que a Alexandrina a recebia como se nada se tivesse passado e lhe dava toda a confiança, não consegui conter-me.
Comecei a frequentar a casa de Maria Machado e a confidenciar com ela; e também com a Teresa Matias. Tendo de sair às vezes em trabalho, ficava fora mais do que o preciso. A Alexandrina começou a perguntar-me o motivo das demoras, aconselhando-me a não me comportar assim para não desgostar a mãe.
Por tudo isto resolvi tornar-me independente. Fui encorajada pela Machado, que me ajudou a encontrar casa. E um dia, mesmo que com saudade, saí de lá para sempre. Isto foi em 1944.
Naturalmente fiquei abalada quando tive a impressão de ter perdido a confiança de toda a família e dos amigos que visitavam a doente. Magoada, tomei a decisão de escreve uma carta ao Cón. Molho de Faria, meu confessor, a título de desabafo. Teresa Martins incitou-me a fazê-lo e assim, mais prática do que eu, ofereceu-se para me ajudar a escrever. Já passaram tantos anos que já não recordo bem o que escrevi. Recordo contudo que pus duas frases contra a Alexandrina.
Deus não permita que seja um obstáculo para a causa dela, tanto mais que ela foi sempre muito boa para mim e me quis sempre bem. Ajudou-me a comprar a casa e ajudou os meus pais; no fim da sua vida pagou-me parte das despesas para um curso de exercícios em Fátima.

Notei que depois de sair de lá não me autorizava aos êxtases de sexta-feira, mas limitava-se a dizer-me para pedir autorização a um sacerdote, o que eu fiz.

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