Depois deitou água numa bacia e começou
a lavar os pés aos discípulos (Jo. 13, 5)
Vi-O depois tomar em suas divinas mãos uma bacia
grande, redonda; cingir o seu pescoço com uma toalha e seguir o lava-pés.
Senti que um[i] a quem causava muita impressão
lavar-lhe os pés, a um olhar e poucas palavras, até já se despia para, se
preciso fosse, lavar-lhe todo o corpo.
No lava-pés, Jesus não só lhos lavava, mas o seu
divino Coração baixava tanto que até lhos queria beijar. Eu sentia que Jesus
com o seu espírito lhos beijava. Que lição para mim! Que humildade a de Jesus!
Fui aprender a ser pequenina. Jesus, o Senhor de tudo,
fez-se o mais pequenino no meio dos apóstolos Ele amava tanto, tanto!
Ah! Se eu pudesse exprimir aqui todo o amor, toda a
bondade e ternura de Jesus, que bem podia fazer às almas! Mas não sei melhor.
Jesus dava do seu divino Coração para cada um dos seus discípulos o seu
divino amor, em raios luminosos como sol a aparecer no horizonte. Todos os
discípulos o receberam e deixaram-se por ele iluminar. Apenas Judas se fechou e
recusou o Seu brilho e luz.
Tomai e comei: isto é o meu Corpo… Bebei
dele todo. Porque este é o meu Sangue... (Mt. 26, 26-72)
Que noite, que santa noite! A maior de todas as noites. A noite do
maior milagre, do maior amor de
Jesus! O seu divino Coração estava preso àqueles que lhe eram tão queridos.
Para poder partir, tinha que ficar entre eles; para subir ao Céu, tinha que
ficar na Terra. [ii] Assim O obrigava o seu
amor divino.
O sofrimento amado, quem te compreenderá?
Queria que todos conhecessem aquele mistério de pão e vinho
transformados no Corpo e Sangue do Senhor! Que milagre prodigioso! Que abismo
insondável de amor! Apesar de se sentir mergulhada nele, não o compreendia para
o saber explicar; só o soube sentir, e só no Céu o compreenderei.
Vi o doce Jesus a abençoar o pão.
Queria saber dizer, poder mostrar, no memento da bênção, os olhares que
Jesus levantou ao Céu.
De olhos fitos no Céu, em chamas de fogo, orou por tanto tempo a seu
Eterno Pai.
Vi o seu rosto de tal forma inflamado, que mais parecia ter em Si só a
vida do Céu, do que ser uma semelhança nossa: não perecia homem, mas sim só
Deus: amor, só amor.
Que encanto! O seu santíssimo rosto era se luz, parecia que só fogo o rodeava; com os olhos encantadores
fitos no Céu e um Sorriso doce abençoava o pão, que pouco depois por todos
distribuía.
Foi tal a luz, foi tal o amor que a todos embebeu: Jesus, os apóstolos
e eu!
E naquele momento de amor e maravilha sem igual, senti
que o mundo era outro. Jesus dava-se a ele em alimento e partia para o Céu, e
com ele ficava; aquele amor estendeu-se por toda a humanidade.
Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue
fica em Mim e Eu nele (Jo. 6, 56)
Que cena tão tocante, que cena só de amor, só de um Deus! E a
Eucaristia, meu Deus, que maravilha, quando Jesus a instituiu!
Nunca senti tanto ao vivo as ternuras e o amor de Jesus com os seus
discípulos. Todos os discípulos comungaram das mãos de Jesus, abrasados em
amor. Hei-de dizer que Judas comungou também. Ele estava mais afastado: Jesus
estendeu a Sua divina mão para o lado dele com o Manjar celeste.
Judas ficou logo como um condenado do inferno, tal era o seu desespero.
Jesus falava sempre com a mesma doçura e meigos
sorrisos.
E os apóstolos, naquela hora mais que nunca, se
encheram de Jesus [iii], se inflamaram de amor e
chegaram a compreender tudo quanto Ele lhes dizia.
Só na sala
da Ceia experimentei, por alguns momentos, a grandeza do Seu amor, grande como
o Céu e a Terra, grande como a mesma grandeza de Deus.
Como Ele amou; como Ele ama! Os Seus desejos, que vivêssemos d’Ele e
para Ele.
A Mãezinha, retirada um pouco, mas presente, compartilhava de tudo
isto.
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