Veio
Jesus, falou-me tão meigamente:
-
Minha filha, flor solitária, mimo da humanidade, dor que salva, amor que tudo
vence… Minha filha, jardim do paraíso, em ti semeei, a ti vem o mundo colher
flores de virtudes, flores de amor. Minha filha, tesouro escondido, em ti se
encerram as riquezas divinas.
Tesouro
escondido, porque quase tudo desconhece o que em ti depositei. Minha filha,
pomba branca, pomba angélica, a tua vida é um trinado de louvor a Jesus, a toda
a Trindade Divina e à minha Mãe Santíssima.
Venho
a ti, estou em ti, deste palácio não posso ausentar-me. O Rei não deixa a sua
rainha. És porto de abrigo, és porto de salvação, és o abrigo dos pecadores, a
salvação da humanidade.
É
aterradora a guerra? Nada temas. O Rei com a sua rainha, rainha com o seu Rei
poderoso, tudo vence. Os soldados estão firmes, combatem pelo seu Rei, obedecem
aos seus mandados.
-
Ó meu Jesus, sou tão pequenina, como podeis encontrar-me? Sou só miséria, como
podeis fitar em mim os Vossos divinos olhares? Tenho vergonha, não posso
levantar os meus para Vós. Compadecei-Vos de mim. Eu sou flor, eu sou jardim,
sou tudo o que dizeis, porque Vós semeais, Vós cultivais; sois Vós o
jardineiro, sois Vós a flor, sois Vós tudo, tudo, tudo, meu Jesus.
Sois
o porto de salvação, porque a mesma salvação sois Vós. Reparai e vede a minha
dor, tende dela compaixão. Quero amar-Vos e não sei como, quero sofrer pelo
mundo para o salvar e não sei sofrer. Temo o meu desfalecimento, temo cair para
não mais me levantar.
-
Não temas, flor mimosa, adorno do meu divino Coração, não temas, porque não
estás só, os Anjos acompanham-te dia e noite, fazem sentinela ao palácio da
minha rainha.
S.
José veio visitar-te. Viste-lo com a minha bendita Mãe? A criancinha que ela
tinha ao colo, de braços atados ao seu pescoço, eras tu mesma, minha filha. És
a criancinha de Jesus, és a mesma de Maria. Com Ela salvarás o mundo que te foi
confiado, o mundo que hás-de salvar. Dei-to, é teu, não temas, que não te é
roubado.
Viste
o painel que por detrás e acima da minha bendita Mãe e de S. José pudeste
contemplar? Era o da Trindade Divina, Trindade que te ama, Trindade que se
consola em ti. É o Céu a contemplar-te, é o Céu a dar-te a vida, vida de que
vives e para quem vives. É teu o Céu e é de muitas almas a quem salvares, almas
que sem os teus sofrimentos nunca se salvariam. Vão gozar de Mim, vão gozar do
Céu: a ti o devem, à tua imolação, ao teu sacrifício, ó minha querida
redentora.
Recebe
o meu amor, ó amor meu, dá-o, distribui-o com abundância por toda a humanidade.
Em breve, será conhecida, em breve, será espalhada a tua dor, o teu amor
inigualável.
-
Obrigada, meu Jesus. Que todo o mundo se salve, que todo o mundo Vos ame louca
e apaixonadamente: são os meus desejos, são as minhas ânsias. É essa e só essa
a causa do meu sofrer. Tenho tantas, tantas ânsias e saudades do Céu! Queria
voar para lá e, quando não pudesse entrar para dentro, queria ao menos arrancar
do meu peito o coração e metê-lo dentro do Paraíso e dizer:
Jesus,
Mãezinha, aqui tendes o meu coração, dentro dele está o mundo, guardai-o, que é
Vosso; vou para a terra sofrer e amar, enquanto esse mesmo mundo for mundo.
Ah,
se eu pudesse fazer assim! Se eu pudesse dar esta consolação a Jesus!
Entregar-Lhe o mundo todo, todo salvo!
Ó
meu Jesus, não deixeis ir mais almas para o inferno: são Vossas, é o Vosso Sangue,
não o deixeis perder.
12/1/1945
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